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Delito de Opinião

Uma democracia.

Luís M. Jorge, 23.05.11

 

Fui mais vezes a Espanha em 2010 que nas quatro décadas anteriores. Fiquei a gostar muito daquela gente que come fritos, bebe cañas e fuma como se não houvesse amanhã. Acima de tudo, encantou-me trabalhar com espanhóis.

 

A quantidade de bulshit diminui consideravelmente mal se atravessa a fronteira. A conversa de merda, essa tradição portuguesa, nunca perturba as reuniões com nuestros hermanos. É um país que se revela a criar empresas, a fazer produtos e a obter resultados.

 

Pensei nisto hoje enquanto procurava notícias sobre as eleições regionais: Bambi perdeu em toda a linha. Ora, ao contrário da direita portuguesa nunca embirrei com Zapatero. Sei que o PSOE aprovou o casamento gay, como lhe competia, e que depois se dedicou a intervir nos costumes com algum exagero. Mas não consigo avaliar se corrompeu a economia, se tomou de assalto as estruturas intermédias do Estado, se manipulou a justiça ou se coarctou a liberdade de imprensa como fizeram os socialistas portugueses.

 

Uma coisa é certa: os espanhóis parecem acreditar que um mau Governo deve ser castigado nas urnas. É uma ideia exótica, difícil de exportar para o nosso lado da península. Nisto revelam concepções muito diferentes da eficácia política e do confronto democrático.

 

Que Portugal se arraste enquanto Espanha progride é apenas mais um sintoma da nossa escassa capacidade de regeneração.

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