Aventuras políticas e tiros no escuro
O Senhor Primeiro-Ministro está demissionário, mas mantém-se igual a si próprio. Ou, melhor dito, varia conforme a sua semelhança. Em essência, é incompetente e irresponsável e especializou-se em manipular, ocultar, omitir e negar a realidade. Sendo estas características permanentes, a intensidade com que as pratica aumenta em função da vontade que vai detectando nos que o rodeiam para lhe aparar o jogo. O facto de ter um partido submisso e aparentemente entusiástico dá-lhe forças renovadas. Sondagens que não o colocam ao nível rasteiro onde ele sabe que devia estar dão asas às suas piores qualidades. Só este contexto em que, aparentemente, tudo lhe foi e é permitido, sem qualquer responsabilização, justifica o topete de apresentar um programa eleitoral que assenta em falsidades e em mistificações. Tudo isto é tanto mais grave quanto é certo que este é o ainda líder do governo. E que, nessa qualidade, está a negociar condições da ajuda externa que, como o próprio reconhece, serão completamente diferentes daquelas que constam do programa eleitoral e que foram decalcadas do PEC IV. Ora, perante tamanha desfaçatez e a aparente indiferença e permissividade de um grupo significativo de portugueses, importa deixar claro a José Sócrates que nem todos, apesar de tudo, estamos disponíveis para dar cobertura às suas trampolinices. Aqui fica o registo de algumas vozes que ajudam a perceber onde estão as aventuras políticas e os tiros no escuro a que Sócrates se refere:
Estela Barbot (FMI)
“É crucial que os decisores de política e os gestores públicos prestem contas e sejam responsabilizados pela utilização que fazem dos recursos postos à sua disposição pelos contribuintes”.
Carlos Costa (Governador do Banco de Portugal)