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Delito de Opinião

O inominável

Pedro Correia, 06.04.11

 

Deixa um país mais endividado, mais insolvente, mais instável, mais depauperado, mais desigual, mais desagregado, mais desprotegido, mais pobre, mais distante da média europeia, mais dependente do estrangeiro, com menos esperança.

Deixa uma sociedade mais intolerante, mais crispada, muito menos confiante nas instituições, muito mais dissociada da democracia, mais à mercê do primeiro demagogo que irrompa no horizonte.

Deixa um partido mais frágil, mais fechado, mais desacreditado, menos influente, menos mobilizador, mais desprestigiado, mais distante do pulsar da sociedade.

O inominável deixa uma pesada herança - no País e no partido. Não admira, por isso, que muita gente já nem consiga citar-lhe o nome. Aludem a ele dizendo "o que está no governo". Por vezes, para o designar, recorrem à expressão "esse indivíduo" ou a outras, várias das quais irreproduzíveis.

Para o País, vítima da sua inultrapassável arrogância e da sua manifesta incompetência, a possibilidade de vê-lo enfim a léguas do poder constitui um bálsamo digno de registo.

Para o partido, é um trágico equívoco apresentar-se a eleições com "esse indivíduo" como cabeça de cartaz: ele funciona como uma garantia antecipada de um desaire histórico. Porque os eleitores conhecem-no hoje bem de mais. Ao ponto de muitos já nem conseguirem pronunciar o nome deste vendedor de ilusões, o último que parece ainda capaz de acreditar nos ecos voláteis da sua própria propaganda.

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