Apaguem a luz
Hoje, o INE veio confirmar o que já se sabia. O buraco do BPN foi nacionalizado. Por isso, as responsabilidades têm que estar inscritas no Orçamento de Estado. O Ministro das Finanças sabe disto melhor que ninguém. Apesar disso, para além de ter garantido aos portugueses que não lhes sairia um cêntimo do bolso, tentou empurrar a inscrição orçamental com a barriga. Podia e devia tê-lo feito em anos anteriores. Agora, foi obrigado a fazê-lo para o ano de 2010. No que diz respeito às empresas públicas de transportes, trata-se de caso claro de desorçamentação. A partir de certa altura, optou-se por financiar a sua activiadade por via de endividamento directo garantido pelo Estado. As responsabilidades estão lá na mesma. A diferença é que esse expediente permitia retirar do Orçamento de Estado as transferências necessárias. Por isso, a argumentação de Teixeira dos Santos é, mais uma vez, uma vergonha. Queixa-se o Ministro de alteração de regras. Na verdade, está na posição do futebolista sarrafeiro que passou o jogo a distribuir cartuchada. O árbitro foi sendo complacente. A certa altura, perante mais uma entrada dura, decidiu-se finalmente por mostrar o cartão amarelo. Teixeira dos Santos, em vez de estar calado, dedica-se agora a esbracejar, dizendo que o cartão é injusto porque já fez outras entradas iguais ao longo da partida. O ponto fundamental é que, quer no caso do BPN, quer no do buraco das empresas públicas de transportes, a responsabilidade existe e os portugueses vão ter que a pagar. Tal como vai acontecer relativamente às parcerias público-privadas. Chegado à governação, o Professor de Finanças decidiu converter-se no Professor Mandrake. O dia de hoje marca o fim da ilusão. Sócrates e Teixeira dos Santos ficarão na história de Portugal por terem protagonizado um projecto consumado de co-incineração das contas públicas.