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Delito de Opinião

Dois meses e meio é muito tempo!

Rui Rocha, 28.03.11

O Governo do Canadá foi derrubado na mesma semana em que o Primeiro-Ministro português apresentou a sua demissão. Lá, como cá, seguem-se eleições antecipadas. Em Portugal, o acto eleitoral decorrerá algures entre o final de Maio e o princípio de Junho. No Canadá, as eleições estão já marcadas para 2 de Maio. Ou seja, os canadianos, tal como os ingleses, precisam de pouco mais de um mês para realizar eleições. Os portugueses demoram perto de dois meses e meio a organizar o acto eleitoral. Como não acredito que os canadianos e os ingleses sejam pouco exigentes no que diz respeito às garantias do processo democrático, a diferença só pode  ser atribuída a um sistema pesado e ineficiente. E essa ineficiência tem, pelo menos, duas consequências muito negativas. Desde logo, o país fica entregue, durante demasiado tempo, a um governo de gestão. Na melhor das hipóteses, o executivo fica diminuído nas suas competências e politicamente esgotado. Na pior, porventura a mais próxima da realidade, utiliza cada um desses dias para pôr a máquina do Estado ao serviço dos seus interesses e das suas clientelas. Por outro lado, a campanha eleitoral prolonga-se para lá do razoável. Em Portugal, a qualidade do debate já não costuma ser por aí além. Depois de dois meses e meio de arremesso não há quem resista à mediocridade. Tudo isto constitui mais um factor de degradação da qualidade da democracia e de alheamento dos cidadãos. Todos sabemos que a renovação da classe política e das suas atitudes é um desígnio urgente, mas de concretização muito demorada. Entretanto, já não seria mau se conseguissemos tornar os processos democráticos mais rápidos e eficientes.

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