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Delito de Opinião

O desabafo estéril

Paulo Gorjão, 13.03.11

Gostei de ler esta reflexão de  José Manuel Fernandes, que subscrevo no essencial. A manifestação foi um grande desabafo colectivo. Um desabafo heterogéneo, o que explica ao mesmo tempo a sua força e a sua fraqueza. Mas depois desta catarse colectiva, não existe outro modo -- construtivo, evidentemente -- de dar expressão prática à saturação dos portugueses se ela não for canalizada para a agenda dos partidos políticos. Ora, os problemas começam aqui. Tal como a Ana Sofia Couto, o que me interessa são as soluções. Desse ponto de vista, do desabafo de ontem não emergiu -- nem emergirá, em circunstâncias normais -- qualquer contributo concreto. Esse é o lado negativo do protesto de ontem, i.e. a sua natureza (no essencial) contra tudo e a favor de nada.

P.S. -- Regresso ainda ao texto da Ana: estou de acordo que o maior desafio consiste em criar emprego e, consequentemente, atrair investimento. Nós sabemos a(s) resposta(s): na expressão, salvo erro de Miguel Cadilhe, temos de reduzir os custos de contexto. O problema está na sua implementação. Somos todos reformistas, excepto quando o alvo das reformas somos nós. Infelizmente, nos últimos 15 anos, sucessivos governos foram protelando sempre que possível as reformas. José Sócrates é o exemplo mais óbvio e mais gritante dessa incapacidade.

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