Tributem-me pela minha rica saúde
A Ministra Ana Jorge não põe de lado a hipótese de um imposto para a Saúde. Perante esta declaração levantou-se um coro de críticas. Que não sei quê do Sistema Nacional de Saúde. Que não sei quantos sobre o Estado Social. Que não sei mais aquilo sobre a Saúde tendencialmente gratuita. Ora, parece-me que estas vozes erram o alvo. Provavelmente não atentaram bem no que a Ministra disse. O imposto seria sobre a Saúde. Repito: sobre a Saúde. Por isso, os doentes não têm que se preocupar. E o imposto sobre a Saúde faz algum sentido. É provável que já não seja possível tributar mais o rendimento. Porque, na verdade, já não temos rendimento nos bolsos para tributar. Por isso, resta ao Estado tributar a Saúde daqueles que ainda a vão tendo. Para redistribuir pelos que estão doentes. Parece-me justo. E tenho a certeza que é isso que a Ministra quer dizer. Certezinha absoluta. Porque, de outra maneira, a coisa não faria muito sentido, pois não? Vejamos, o objectivo não pode ser tributar os que estão doentes porque existe, alegadamente, um conjunto de utentes que abusa do sistema. É que se for isso, a Ministra está a tomar o Vara por Juno. Está a fazer pagar o Justo pelo Armando. E isso realmente não me parece bem. E ainda me vejo obrigado a vir aqui desfiar o Que não sei quê do Sistema Nacional de Saúde e o Que não sei quantos sobre o Estado Social e o Que não sei mais aquilo sobre a saúde tendencialmente gratuita.