O ministro Amado fala como se estivesse calado
Ao fim de vários dias de ensurdecedor silêncio, o Ministro dos Negócios Estrangeiros veio hoje, ao final da tarde, pronunciar-se finalmente sobre o banho de sangue que Kadhafi está a infligir ao seu próprio povo. Os números apontam, até ao momento, para centenas de mortos e milhares de feridos. Os métodos utilizados incluem o recurso a mercenários, o assassinato e o bombardeamento de manifestantes. Perante este massacre, Luís Amado tem a dizer o seguinte:
Ou seja, o Ministro não condena o regime ou a violência. Não exige a suspensão imediata da repressão. Não perde um momento a apelar a uma transição para a liberdade. Simplesmente, espera. E espera consciência. De quem tem as mãos manchadas de sangue derramado por inocentes ao longo de 42 anos. Ao crime chama Luís Amado dinâmica de violência. E isso demonstra bem que a posição do governo português sobre a questão da Líbia é estática. Na verdade, continua ancorada na hipocrisia e na subserviência aos interesses de um celerado que já não tem o apoio, sequer, dos seus próprios ministros e corpo diplomático.