Brel era completo: um grande poeta, intérprete e músico. E ainda um óptimo actor. Há uma comédia dele que eu adoro e recomendo sempre: L'emmerdeur. Já a vi n vezes e rio-me sempre como se fosse a primeira vez.
Sinto saudades do tempo em que as rádios 'generalistas' (ainda antes de este termo horroroso ter sido inventado) passavam Brel a qualquer hora, Ana. Nesse tempo essas rádios educavam os ouvintes com música de diversas proveniências e em diversos idiomas, sem estarem submetidas às multinacionais do disco. Um dia destes falarei disso aqui.
Fazes bem. Nos dias de hoje, em plena época de ouro da World Music, as canções que não são em inglês praticamente não tocam nas rádios. Não se percebe a contradição.
É verdade. E lamentável. Nós felizmente fazemos parte de uma geração que cresceu a ouvir canções em vários idiomas - português, inglês, francês, espanhol, italiano... Adquirimos, graças a isso, uma amplitude de gostos muito maior do que o ouvinte médio actual, que só dispõe de rádio «formatada» até à náusea. Felizmente hoje existem vias alternativas de ouvir música. Mas o ouvido, e portanto o gosto, está já condicionado - e «formatado» - à partida.