O ministro que ainda não se demitiu
Por uma absurda – e imperdoável – falha do sistema informático, muitos portugueses não puderam votar na eleição presidencial. O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, veio pedir desculpa. Mas se houvesse um verdadeiro escrutínio público dos governantes em Portugal, o ministro não pedia desculpa: pedia a demissão. Já decorreu uma semana e as explicações que deviam ter sido dadas com urgência vão tardando. Vai-se acentuando a convicção de que nunca se saberá ao certo quantos milhares de portugueses se viram impedidos de exercer o direito de voto, que é sagrado em democracia. Nem jamais se saberá, por maioria de razão, até que ponto este facto gravíssimo poderá ter desvirtuado os resultados eleitorais.
Longe vão os tempos em que, num Governo socialista, a culpa não morria solteira. Basta lembrar o gesto digno de Jorge Coelho, então ministro das Obras Públicas, na trágica noite em que caiu a ponte de Entre-os-Rios. Aconteceu só há uma década mas parece ter ocorrido há uma eternidade.