Tavira, a minha terra
Há cidades e vilas portuguesas onde me sinto sempre bem. Viana do Castelo, por exemplo, que há muito pertence ao meu roteiro afectivo. O Fundão, Castelo Branco e Coimbra, onde tenho as minhas raízes mais fundas. Mas também Chaves, Torre de Moncorvo, Amarante, Vila do Conde, Guimarães, Figueira da Foz, Tomar, Óbidos, Sintra, Castelo de Vide, Marvão, Évora, Alcácer do Sal, Mértola, Funchal, Horta.
E ainda Tavira, aonde regresso agora. Quase não se vê um turista: estamos ainda na 'época baixa'. Mas esta cidadezinha é sempre acolhedora. Com os seus largos, os seus jardins, as suas encostas, as suas igrejas, o seu castelo. A "casa de pasto" que anuncia meias doses a 3,5 euros. A Vela 2, onde já comi algum do melhor peixe grelhado que guardo na memória. A livraria Quinito, onde passo sempre para me abastecer de livros - acabo de trazer de lá um de Juan José Millás (O Mundo), outro de Rosa Montero (Instruções para Salvar o Mundo). O cineteatro, onde ontem à noite vi um filme interessantíssimo: A Onda (Die Welle), do alemão Dennis Gansel. O mercado, o rio, a ponte, a magnífica pousada, a geladaria de sempre, os ninhos das andorinhas no edifício do tribunal, os rostos que já me parecem familiares.
Há aqui uma certa doçura de viver que cada vez encontro menos em qualquer outro lugar. É também por isso que venho a Tavira com tanta frequência: apetece-me chamar minha a uma terra como esta.