O Ranking da Fífia
Como se sabe, o número de clubes que acede às competições europeias depende do lugar ocupado no ranking da UEFA. Na corrida eleitoral a coisa também é parecida. Dizem as sondagens que o único lugar disponível nas Champions será para Cavaco Silva. É muito provável que o candidato não tenha estofo para os grandes desafios de uma liga de campeões. Percebe-se que Cavaco não tem fio de jogo. A estratégia e o sistema táctico deixam muito a desejar. As exibições não entusiasmam os seus próprios adeptos. Mas, o campeonato que termina no próximo dia 23 está a ser marcado pelas faltas de comparência. E Cavaco tem ganho muitas partidas sem ter sequer de sujar os calções. É certo que tem lama no equipamento. Esta não resulta, todavia, de cortes de carrinho, à flor da relva, forçados pelo arreganho político dos oponentes. Foi-lhe atirada por hooligans que integram as claques das equipas adversárias e que invadiram o campo. Assim, apenas o acesso à Liga Europa fica em discussão. Aqui tem o nome de Segundo Lugar. E, tal como no futebol, é um prémio de consolação. Vale de bem pouco se não permitir ao candidato passar da fase de grupos que, nas presidenciais, se chama Primeira Volta. Passar à Segunda Volta já poderia ser considerado um resultado político interessante. O problema é que superar a fase de grupos também depende de pontuação. E o sistema apresenta algumas originalidades. Os cadidatos da segunda circular política só conseguiriam aceder à Segunda Volta se marcassem poucos pontos no Ranking da Fífia. Ora, os eventuais challengers insistem em apresentar-se como sparring partners de Cavaco. Ontem, o melhor que Alegre encontrou foi uma comparação entre as actuais eleições e aquelas em que participou Humberto Delgado. Só passaram cinquenta e dois anos. Confirma-se. Para Alegre, o tempo voa. Parece-lhe que foi ontem. É um caso nítido de Destino Delgado. Contra um Alegre desfasado no tempo, surge um Nobre perdido no espaço. Coisa de quem, tendo viajado pelo mundo todo, tem dificuldade em saber exactamente onde está. Ontem berrava que só o impediriam de chegar a Belém se lhe dessem um tiro na cabeça. O acto em si seria impossível porque ninguém sabe onde Nobre a tem. Em Portugal não é certamente. Pois aqui não se faz política assim. Talvez fosse avisado que alguém dissesse a Nobre que não estamos na Venezuela. O lema de ambos parece ser atrás de fífias, fífias virão. Até ao desastre final. As campanhas eleitorais servem para ganhar eleições. Quando isso não é possível, deviam servir para os apoiantes não se sentirem frustrados quando as eleções acabam: "fizemos tudo o que pudemos". Alegre e Nobre parecem empenhados em levar esta ideia ao extremo. O nível geral é tao baixo que quando a campanha acabar até os seus apoiantes vão ficar contentes. Apesar dos maus resultados.