A herança.
Trinta anos depois da morte de Sá Carneiro, o mais frontal e aristocrático dos homens, o que nos resta da direita portuguesa? Isto:
Cavaco Silva puxa a mulher por um braço: «Esta é a minha senhora. Esta senhora trabalhou praticamente a vida toda.» Maria de Fátima contrapõe, com voz sumida: «Também eu...» O candidato nem a ouve. Tem uma arenga para despachar, não pode perder a oportunidade: «Sabe qual é a reforma dela? Não chega a 800 euros por mês. Foi professora em Moçambique, em Portugal, mas ainda ninguém descobriu, em Portugal, a reforma da minha mulher. Portanto depende de mim, tenho de trabalhar para ela. Mas como ela está sempre ao meu lado e não atrás, merece a minha ajuda.»
E isto:
"Só há prenda para a mais nova, as outras já não são crianças. Os adultos este ano não têm presentes porque não há meios para isso", revelou o líder do PSD à margem do lançamento do livro de Luísa Castel-Branco, ‘Para Ti'.
Uma agremiação de sonsos. Um populismo reles. Uma tristeza.