2011 em dezoito linhas
O ano promete, de acordo com o Borda d´Água: o Inverno será longo e frio, embora com pouca chuva, a Primavera ventosa, o Verão bastante húmido, o Outono seco e fresco, o trigo, o azeite, o mel e o vinho serão em pouca quantidade, as ovelhas serão atingidas por elevada mortandade, e, sendo o ano de Saturno, teremos doze meses de destruição, fome, carestia, inquietação, miséria, angústia e tristeza. O planeta será particularmente impiedoso, segundo Célia Cadete, que assina o Juízo do Ano, com as pessoas, que serão atingidas por febres e epidemias, separações e divórcios, e os bebés que tiverem a infelicidade de nascer sob o signo, devendo os homens vir a ter rostos grandes e feios, e os olhos inclinados para a terra, e assimétricos, além de um nariz grande, lábios grossos e sobrancelhas juntas, os cabelos negros e ásperos e os dentes encavalitados, e as mulheres magrinhas até dizer chega, esqueléticas, e de peitos volumosos, prognosticando uma sociedade em vésperas de decomposição. Não me parece uma má antevisão – digo-o sem ponta de ironia, um estilo que não cultivo – atendendo aos previsíveis resultados das presidenciais do Dia de S. Ildefonso, quaisquer que eles sejam, e aos das próximas legislativas, que também não auguram nada de bom, os últimos sinais políticos de que o mundo acabará mesmo em 2012.