O nosso duplo prejuízo (2)
Confirmadíssimo na Assembleia da República: «O PCP pediu uma audição ao presidente da Galp Energia para dar explicações sobre os lucros da energética apresentados ontem, em particular o aumento de quase 200 por cento nos resultados do quarto trimestre do ano passado face ao período homólogo de 2007.» Os comunistas dizem que já nessa altura tinham alertado para a «lentidão inaceitável» do acompanhamento dos preços no mercado externo e acrescentam agora que os lucros obtidos pela Galp «confrontam-se de forma escandalosa com as brutais dificuldades económicas que a generalidade dos portugueses e das pequenas empresas atravessam».
É este papel do PCP de intervenção social que marca a diferença, quando óbvio e realista, como no caso. E é também este o papel social de que o PS de Sócrates se distanciou: o governo não pode interferir na gestão e blá-blá-blá-blá.
Ora, o governo não pode interferir na gestão de empresas em que o Estado tem o peso de ser accionista, mas pode interferir junto dos privados para ter aos seus pés o que lhe convém, através do «clima de medo» de que se fala e que muitos sentem na pele, calados.
Em suma: a política social deste governo é a de deixar alastrar o incêndio, para depois vir acudir feito bombeiro com as televisões atrás. E com a mangueira curta, para que não haja abusos.
Assim, em matéria de combustíveis não interfere nos preços da Galp, mas pode distribuir depois uns subsídios. Só para alguns. Do que resulta o nosso prejuízo passar a ser triplo: pagar preços inflacionados, pagar com eles mais impostos e taxas e ainda suportar a distribuição de subsídios...