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Delito de Opinião

Ditongo Alentejano

Bandeira, 04.01.11

“Sou uma mulher simples, mas não sou cega nem surda, Manel. É essa moça da cidade que veio morar aqui para a aldeia. Está fazendo de ti um tonto.”

O pastor afundou-se um pouco mais na samarra.

“Não digas disparates, Dores.”

“Estás vendo? Já nem pronuncias o –e em posição átona final como –i.”

“Tolice. Estou chupando uma azeitona.”

“E o –i em lugar do –e pretónico? E a ditongação de –e em –ei?”

Manel dobrou-se devagar e aconchegou as achas da lareira, tentando ganhar um pouco de tempo. Como não se apercebera que andava ditongando o –e?

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