Ditongo Alentejano
“Sou uma mulher simples, mas não sou cega nem surda, Manel. É essa moça da cidade que veio morar aqui para a aldeia. Está fazendo de ti um tonto.”
O pastor afundou-se um pouco mais na samarra.
“Não digas disparates, Dores.”
“Estás vendo? Já nem pronuncias o –e em posição átona final como –i.”
“Tolice. Estou chupando uma azeitona.”
“E o –i em lugar do –e pretónico? E a ditongação de –e em –ei?”
Manel dobrou-se devagar e aconchegou as achas da lareira, tentando ganhar um pouco de tempo. Como não se apercebera que andava ditongando o –e?