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Delito de Opinião

Presidenciais (12)

Pedro Correia, 03.01.11

É absurdo as eleições presidenciais continuarem a realizar-se em meados de Janeiro, o mês mais frio. Sei do que falo: andei na estrada em Janeiro de 2006, acompanhando como jornalista a caravana eleitoral de Manuel Alegre, que se viu impedida de se deslocar a certas regiões - a Bragança, por exemplo - devido a fortes nevões. Um deles deixou-nos bloqueados no Marão: lá tivemos de regressar imprevistamente ao Porto às tantas da noite, com a agenda por cumprir.

São absurdas estas corridas presidenciais com as festas de Natal e de Ano Novo de permeio. Que dispersam as atenções e distanciam os eleitores dos candidatos, fomentando a abstenção. O primeiro calendário eleitoral, em Junho de 1976, fazia bastante mais sentido. E até o segundo, no início de Dezembro, em 1980. Janeiro é que não faz sentido algum. Estranhamente, até agora não ouvi uma palavra sobre o assunto da parte dos candidatos ou de certos comentadores que gastam serões televisivos a debitar banalidades, incapazes de deixar transparecer uma ideia original ou esboçar um ângulo de análise digno de reflexão.

Igualmente criticável, em nome da mais elementar ética política, é que o Presidente ainda em funções mas já recandidato em marcha acelerada para a contagem dos votos aproveite o pretexto do Ano Novo, a 22 dias do escrutínio, para se dirigir publicamente aos portugueses. Mandariam as boas regras que Cavaco Silva este ano se tivesse abstido desta alocução, como sucedeu com anteriores inquilinos de Belém em circunstâncias semelhantes.

Em política, como em tudo o resto, a seriedade não se proclama. Pratica-se. E não é sério um candidato aproveitar-se de uma vantagem destas para conseguir tempo de antena suplementar.

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