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Delito de Opinião

Sabia que... (61)

João Carvalho, 29.12.10

... o homem de Neandertal, extinto há 30 mil anos, já se alimentava de carne e de vegetais e cozinhava o que comia? Pois parece que sim, porque é esta a conclusão de um estudo agora publicado na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences que teve por base a análise de partículas de alimentos contidas nas placas de tártaro dos dentes de ossadas do homem de Neandertal descobertas em sítios arqueológicos do Iraque e da Bélgica.

Foi através dessas análises que se descobriram grãos de amido provenientes de várias plantas, entre as quais uma erva selvagem, e vestígios de tâmaras, amidos e diferentes legumes, raízes e tubérculos, os quais teriam de fazer parte da alimentação desses nossos antepassados, que antes se pensava serem sobretudo caçadores e, portanto, carnívoros. Além disso, os vestígios demonstraram que alguns desses alimentos tinham sido modificados por efeito de cozedura, o que também confirma que eles dominavam o fogo. Ainda nem todos os alimentos estão identificados, mas já deu para perceber que os grãos ingeridos não eram previamente moídos e que nem sequer dispunham de utensílios de pedra para o efeito, o que faz supor que eles não se dedicavam à agricultura.

Uma coisa é certa: apesar da alimentação saudável de vegetais, cozidos e grelhados lhes proporcionar uma vida feliz — como este simpático e sorridente casal apanhado há mais de 30 mil anos quando ele piscava o olho à sua amada (foto da esquerda), ou a família que prepara um barbecue no campo longe da poluição de Bagdad e de Bruxelas (foto do topo), ou a evidente elegância das suas silhuetas (foto do meio) — não conseguiram sobreviver até hoje. Podemos, portanto, tirar os cavalinhos da chuva com essas tretas todas que andam a impingir-nos sobre dietas e longevidade.

Quanto ao resto, não fica ainda provado que o homem de Neandertal do Iraque tenha protagonizado uma espécie de reencontro com as origens naquela atracção fatal de George W. Bush pelos iraquianos. Porém, fica mais que provado que o homem de Neandertal da Bélgica nos legou uma linhagem ainda hoje influente: parte dos seus descendentes actuais continua a abominar a agricultura. E Portugal, sempre na linha da frente da obediência às directivas dos homens de Bruxelas, conseguiu livrar-se dessa arrelia que é fomentar a cultura da terra e a produção alimentar, pois toda a gente sabe que é muito melhor e mais fácil esperar que a comidinha nos caia do céu.

 

N.B. — Sobre o post aqui mesmo por baixo, os nossos leitores atentos já devem ter reparado que o resultado da "licença sabática" do nosso Paulo Gorjão foi deixá-lo menos atento. Era só deixar este blogue deslizar mais um bocadinho para baixo...

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