Pode ter a certeza que não, Dr. Mário Soares
Em artigo publicado no DN da passada 3ª feira, Mário Soares defendeu:
(i) a remodelação do governo; (ii) que o governo diga a 'verdade inteira aos portugueses'; (iii) que 'o primeiro-ministro fale aos portugueses, a todos, olhos nos olhos, sem intermediários, pelas televisões e pelas rádios'.
Soares, antes de mais, constatou o óbvio: o primeiro-ministro não tem dito a verdade ao país. Posto isto, parece estar convencido de que é possível repor uma relação de confiança entre José Sócrates e os portugueses. Está enganado. Sócrates ocultou-nos intencionalmente a verdade. Em proveito próprio e em nome de desígnios estranhos ao interesse nacional (a sanha do TGV é só um exemplo). O problema não está na composição do governo, nem a solução na alteração da mensagem. A questão essencial está no abuso de confiança que foi perpetrado por Sócrates. Agora, os portugueses não acreditam numa única palavra do primeiro-ministro. Pior, qualquer afirmação de Sócrates e, por arrasto, dos membros do seu governo, é objecto de galhofa. Parafraseando Eça de Queirós, o governo fala do TGV, gargalhada; Teixeira dos Santos apresenta o orçamento, gargalhada. Desgraçadamente, o país precisa de políticos sérios e não de canastrões em tirocínio para uma carreira na stand up comedy. Pode governar-se contra a contestação social. É impossível governar contra a pilhéria. A pilhéria alimenta a bloga, a conversa de café e os jornais. Mas, também mina irremediavelmente a credibilidade da governação. E a falta de credibilidade é a razão directa da Bancarrota. Por isso, o problema, pessoal e intransmissível, é Sócrates. Não se trata de lhe comprar ou não um carro em 2ª mão. Trata-se de chegar à única conclusão possível: a de que Sócrates é um veículo político em fim de vida. A solução é o abate. Assim, respondendo a Mário Soares, acredito que milhões de portugueses estarão disponíveis para baixarem a vista até ao nível dos olhos do Engº. Sócrates. Com um único objectivo. O de o ouvirem dizer, cara a cara, 'Desculpem' e 'Demito-me'.