Um INE surpreendente
O INE descobriu que a economia portuguesa subiu 0,4 por cento no terceiro trimestre do ano e explicou, feliz, que foi por via do «aumento expressivo das exportações». Essa felicidade é ainda maior porquanto a previsão oscilava entre uma contracção de 0,5 por cento e um crescimento de 0,3 por cento, afinal "expressivamente" ultrapassada em 0,1 por cento (pelas minhas contas).
Acontece que eu não tinha má impressão sobre o INE. Mas agora, com esta surpreendente tendência para adjectivar os números e empolar as insignificâncias, fico com a ideia de que o INE está a meio caminho de se tornar mais um "expressivo" porta-voz do primeiro-ministro.
Nada disto é novo. Com Vítor Constâncio, o distanciamento objectivo do Banco de Portugal perdeu-se frequentemente em exercícios de apoio ao Governo. Pelos vistos, fez escola: o INE parece interessado em ser outro eco do discurso governamental.