Dar lucro sem energia
«EDP — viva a nossa energia». É assim que termina um longo filme publicitário da EDP que anda a passar nas televisões. Depreendo que tenha correspondência em rádios, jornais, outdoors e por aí fora. E pergunto-me: porquê e para quê? Estará a EDP com receio que a gente a ponha na rua e que passe a viver sem ela? Ou é para ela não pagar impostos pelo que investe em comunicação?
Compreendo que a EDP tenha entregue uma forçosamente choruda soma a criativos, publicitários, agências, meios de comunicação, cineastas, actores, músicos, etc., pela sofisticada publicidade. Aceito que todos eles precisem de ganhar algum. Mas... e nós? Nós, que temos de viver com a EDP dentro de portas, não lucramos nada? Com menos publicidade e revisão ("em baixa") dos preços que a EDP nos cobra, não daria para pouparmos uns tostões que tanta falta fazem a cada vez mais pessoas?
«Eu gosto de ti, amo-te muito, quero-te tanto...» — diz a EDP às tantas. A sério? — pergunto eu. «... Em momentos» — acrescenta o actor. Bem me parecia — concluo eu.
Não há dúvida que a luz quando chega nunca é para todos. Como de costume, o serviço é público, mas só por momentos e só alguns é que lucram. E ainda sobra para bónus e prémios de gestão que mais parecem primeiros prémios da lotaria do Natal. Pois cá vamos vivendo, sim, mas cada vez com menos energia. Metidos num túnel de trevas.