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Delito de Opinião

O popular Piñera, um anti-Chávez

Pedro Correia, 16.10.10

 

As crises revelam os homens: nada melhor do que um drama inesperado para conhecer a face autêntica de um político. A inédita epopeia dos mineiros soterrados a 700 metros de profundidade, acompanhada com emoção em todo o mundo, constituiu uma oportunidade ímpar para testar a capacidade de liderança de Sebastián Piñera, um homem assumidamente de direita que teve o pesado encargo de substituir a social-democrata Michelle Bachelet, dirigente muito querida dos chilenos, no Palácio de La Moneda.

Acusado por sectores da esquerda radical de nostalgia pela ditadura de Pinochet, Piñera triunfou nas urnas – à segunda volta – em Janeiro de 2010. Mas só agora se impôs verdadeiramente como dirigente popular e quase incontestado graças ao modo firme, convicto e determinado como conduziu o resgate dos 33 mineiros, dando ordem para que não fossem poupados esforços nem cifrões na concretização desse objectivo, cortando drasticamente o programa oficial das celebrações do bicentenário da independência do Chile e fazendo ver aos proprietários da mina que terão de respeitar integralmente os direitos dos trabalhadores.

Piñera é uma espécie de Hugo Chávez às avessas: defende a iniciativa privada e o pluralismo politico, sem transformar os adversários em “inimigos” ou “traidores”, como faz a toda a hora o Presidente venezuelano. Com menos retórica e muito menos bravatas, já consegue ser mais popular que ele.

 

Publicado no DN

 

ADENDA: Muitos mineiros enfrentam um destino trágico. Uma derrocada numa mina de carvão chinesa provocou 20 mortos, havendo 17 trabalhadores soterrados. Também na Colômbia há hoje dois mineiros encurralados, igualmente numa mina de carvão. E no Equador registaram-se quatro mortes numa mina de ouro. Piñera, e bem, ofereceu ajuda.

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