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Delito de Opinião

Convidado: MIGUEL FÉLIX ANTÓNIO

Pedro Correia, 18.10.10

 

A falta de memória no jornalismo

 

Ser convidado para escrever no Delito de Opinião é uma honra e uma responsabilidade que espero não defraudar, já que muito gostaria de repetir. Conheço o Pedro Correia, o autor do convite amigo, há mais de uma dúzia de anos e habituei-me a apreciar nele o símbolo do jornalismo isento (na medida em que é possível o sermos no tratamentos dos factos) e com memória, aspecto que cada vez mais é muito deficitário nas redacções, mas exemplo também do comentário desassombrado, pertinente e certeiro.

A propósito desta memória, ou pior da falta dela, não resisto a contar um episódio que se passou recentemente na festa de aniversário de um “tórrido” semanário que ilustra bem a pobreza – infelizmente esta não se confina exclusivamente aos aspectos monetários, porque se assim fosse melhor estaríamos – com que somos confrontados.  

Uma fotógrafa de uma conhecida revista do “social”, depois de ter tirado o retrato a um pequeno grupo de convidados – onde pontificavam um muito prestigiado jornalista e um ex-líder partidário muito conhecido na década de 90 (eu sei que do milénio passado, mas caramba…) – perguntou aos próprios os seus nomes, evidenciando uma ignorância indesculpável.

Talvez por ter caído nela, por ter tido vergonha, quando o ex-líder partidário lhe perguntou se não reconhecia o dito jornalista, acabou por dizer que conhecia a cara do político que a havia interpelado, mas não o nome. 

Provavelmente, disse eu, pensou tratar-se de um actor de novela ou de um desses personagens que são conhecidos por aparecerem nas revistas…

Lamentável, digo também eu, o estado a que muitos órgãos de comunicação social se deixaram chegar, com os prejuízos muitos assinaláveis que causam, não apenas aos leitores mas igualmente na imagem de jornalistas prestigiados e autênticos como o Fernando, o Pedro e tantos outros.   

É que não existe apenas deficit orçamental: existem muitos outros e, porventura, igualmente graves, que urge combater com determinação e sem complexos.

 

Miguel Félix António

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