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Delito de Opinião

O cerco ao Presidente (3)

Adolfo Mesquita Nunes, 30.09.10

A oportunidade da apresentação das medidas de austeridade do Governo ajuda, salvo melhor opinião, a confirmar a minha teoria de que José Sócrates procurou encurralar Passos Coelho e Cavaco Silva. Senão vejamos.

 

Primeiro, José Sócrates enganou Passos Coelho, dando a entender que os socialistas não estavam na disposição de enfrentar a realidade adoptando medidas de austeridade. Com isto, provocou uma reacção histérica de Passos Coelho e pressionou uma posição de maior inflexibilidade do PSD.

 

Depois, aproveitando o histerismo de Passos e a aparente recusa de viabilização do Orçamento pelo PSD, Sócrates ameaçou com a demissão, criando o clima necessário para provocar a entrada em cena de Cavaco Silva. Com isto, obrigou Cavaco a sancionar as políticas orçamentais do Governo, porquanto se não admite que Cavaco tivesse andado a pressionar os partidos para aprovar algo que fosse mau para o país.

 

Tendo conseguido a intervenção de Cavaco, Sócrates decidiu-se por fim a anunciar as medidas de austeridade que, dias antes, escondera de Passos Coelho, suavizando as críticas de todos os sectores e quadrantes e escapando às pressões internacionais (pode lá acreditar-se que estas medidas foram pensadas em 2 ou 3 dias?). Com isto, fornece ao PSD o espaço necessário para, seguindo as directivas de Cavaco, e em nome do interesse nacional, viabilizar o Orçamento (o que não significa que não tenha de desdizer-se, uma vez mais...).

 

Tudo somado, José Sócrates vai ter o seu Orçamento, sancionado pelo Presidente da República e com a anuência do partido que aspira substituir os socialistas. Pelo caminho, fez Passos Coelho passar por histérico, obrigando-o, aliás, a desdizer-se uma vez mais (teremos, quem sabe, mais um pedido de desculpas). Nos dias que correm, com a miserável situação do país e perante a escancarada incompetência técnica do Governo, não deixa de ser admirável.

 

(Postado originalmente, com adaptações, no Aparelho de Estado.)

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