O cerco ao Presidente
José Sócrates soube esperar pela data limite para a dissolução da Assembleia da República para radicalizar o discurso, se necessário no estrangeiro e perante credores, e colocar o ónus da aprovação do Orçamento na oposição.
Esta estratégia é boa para o PS e funciona. Pena que não seja boa para o país e que apenas funcione porque o Presidente da República se chama Cavaco Silva.
Por mais do que uma vez atraiçoado pelo Primeiro-Ministro, não estava já na hora de o Presidente da República se ter apercebido que, com Sócrates, não há regular funcionamento das instituições democráticas, precisamente porque este funcionamento se não confunde com a garra ou a motivação ou lá o que é do nosso Primeiro, que lhe serve de justificação para a funcionalização do Estado a seu bel-prazer?
Ao contrário do que por aí se escreve, não foi Passos Coelho o maior encurralado com a estratégia de Sócrates. Foi o Presidente da República. E se Passos foi encurralado porque não tem grandes opções, já o Presidente foi encurralado porque quis. Ou por sistemática nabice, que é pior.