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Delito de Opinião

Investigar e informar

João Carvalho, 27.09.10

 

O grupo empresarial público Águas de Portugal tem uma frota de cerca de 1200 veículos, incluindo quase 400 automóveis de gama alta, 34 dos quais foram trocados este ano por carros também de alta cilindrada e cuja utilização (pelos quilómetros percorridos e consumos de gasolina apresentados) levanta dúvidas.

Ao mesmo tempo, a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos propõe aumentos de tarifa entre os 19 e os 42 por cento, coisa que as câmaras municipais recusam aceitar, como está bom de ver.

De momento, o Governo decidiu suspender a plano de renovação da frota de automóveis da Águas de Portugal e deu a esta um prazo para que dê conta dos respectivos impactos financeiros, critérios de atribuição de viaturas e regulamentação sobre o assunto.

A Águas de Portugal vai ter umas semanas para estudar e apresentar a resposta ao Governo, mas não perdeu tempo a adiantar-se com uma nota dirigida à comunicação social para dizer patati-patatá.

Independentemente da continuação e desfecho deste folhetim, duas conclusões podem já tirar-se e nenhuma delas é novidade:

— mal estará o país em que a comunicação social não puder investigar por sua conta e substituir-se às autoridades que não tomarem a iniciativa;

— a comunicação social não pode andar de lupa a cobrir todo o território nacional e é bom reflectirmos e termos isso presente.

Em suma: a justiça há-de ser sempre necessária e precisa de funcionar para podermos acreditar que não será tudo eternamente mau, mas é essencial que a seriedade, a correcção, a verticalidade, a moral, a palavra, a responsabilidade e todos esses valores em torno da coisa pública regressem ao ponto de partida. A ética, enfim, não pode continuar a ser excepção, ou não há sociedade que resista muito mais.

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