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Delito de Opinião

Há cinco anos jogávamos melhor

Pedro Correia, 07.09.10

 

Depois do primeiro empate com Chipre (em casa), a primeira derrota contra a Noruega. Cinco pontos perdidos nos primeiros dois jogos de qualificação para o Europeu de 2012, disputados em menos de uma semana. A selecção portuguesa acaba de ser derrotada (0-1) em Oslo, num desafio em que foi ainda mais manifesta a mediocridade da equipa - sem líder técnico, sem comando no terreno, sem consistência táctica, sem força anímica. Uma sombra em relação ao onze que deslumbrou milhões de espectadores em anos recentes, que parecem já muito recuados. E ninguém pensa certamente que se trata de um problema conjuntural: as deficiências são estruturais e podem levar muito tempo a ser corrigidas. A eliminação da nossa selecção sub-21 na qualificação para o Europeu de 2011, dois anos depois de Carlos Queiroz ter sido recebido em ombros com a promessa de "dinamizar" o futebol jovem, demonstra bem que os problemas não se circunscrevem à selecção A.

No jogo de hoje, a leitura de jogo de Agostinho Oliveira - com ou sem palpites de Queiroz, o que aliás é irrelevante - foi péssima. A perder aos 21 minutos, a equipa técnica portuguesa foi incapaz de mexer no onze em tempo útil. Quando o seu jogador-fetiche, Danny, entrou enfim, aos 71 minutos, já o destino do jogo estava traçado. Liedson, que poderia resolver, devia ter entrado logo no início do segundo tempo. E continuo sem entender por que motivo João Moutinho, que é titular do FC Porto, voltou a permanecer no banco (desta vez sem sequer entrar em campo), enquanto jogavam três médios - Tiago, Meireles e Manuel Fernandes - que não disputaram até ao momento um único desafio oficial, nesta temporada, nas equipas onde actuam.

 

Para além dos péssimos resultados em campo, o balanço confrangedor deste Portugal da era Queiroz, na fase pós-Mundial, traduz-se ainda nos seguintes factos:

- Tínhamos um excelente guarda-redes, considerado um dos melhores que actuaram na África do Sul. Mas Eduardo parece ter-se perdido para a selecção. O frango de antologia que hoje deixou entrar não deixa lugar a dúvidas.

- Tínhamos três jogadores com provas dadas na selecção que decidiram não voltar a vestir a camisola das quinas: Deco, Paulo Ferreira e Simão Sabrosa.

- Tínhamos uma equipa coesa, com notável equilíbrio entre a defesa e o ataque, e passámos a ter um conjunto de jogadores desligados, desinspirados, psicologicamente arrasados.

- Tínhamos um País mobilizado para os desafios da selecção, com ou sem bandeiras nas varandas. Hoje os portugueses estão totalmente divorciados da equipa nacional.

- Tínhamos um conjunto disciplinado que deixou de o ser. Porquê? Cristiano Ronaldo disse muito numa curta frase: "Perguntem ao Queiroz."

 

Receio bem, entretanto, que o pior ainda esteja para vir. Para já, ficou-nos o eco dos "olés" entoados hoje pelo público norueguês na fase final do desafio. Nada demonstra com mais clareza a triste figura feita pelos nossos jogadores em Oslo, sinal evidente de que o futebol português está a bater no fundo. Há cinco anos jogávamos melhor.

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