Idolatrado ditador
Fidel Castro continua a ser retratado desta forma por olhares só na aparência isentos. Fazem-me lembrar uma fabulosa frase de Millôr Fernandes: "Jamais diga uma mentira que não possa provar."
Nestas coisas há que ter um mínimo de memória para evitar escrever disparates em excesso. O "comandante" que agora surge tão preocupado com a "guerra nuclear" foi o mesmo que em plena crise dos mísseis em Outubro de 1962 - que pôs o mundo à beira da III Guerra Mundial - escreveu ao então líder soviético, Nikita Kruchtchov, dizendo-lhe que se os americanos invadissem Cuba Moscovo deveria retaliar lançando mísseis sobre os Estados Unidos, "ainda que a ilha desaparecesse do mapa".
Sabe-se hoje qual foi a resposta lapidar de Kruchtchov: "Nós lutamos contra o imperialismo não para morrer mas para conseguir a vitória do comunismo." Uma mensagem que enfureceu Castro, déspota sem aspas. Ao ponto de autorizar manifestações de rua em Havana onde se gritou: "Nikita, mariquita, lo que se da no se quita."
São assim alguns auto-intitulados "libertadores do povo", ainda tão venerados em certa escrita idolátrica dos nossos dias. O mínimo que lhes devemos chamar é ditadores. Sem aspas. A primeira linha de combate a qualquer tirania ocorre no vocabulário que escolhemos. E não há palavras inocentes neste combate.