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Delito de Opinião

Licença sine die

Maria Dulce Fernandes, 31.07.25

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Com a chegada de Agosto, o mês de férias por excelência, creio também chegada a altura de dar descanso ao Lápis L-Azuli. Depois de mais de um ano com publicação bi-semanal, um tempo de pausa não é de todo descabido.

Conto que regresse em Outubro, no mesmo formato, talvez com novas roupagens, mas sem modernismos, ou maneirismos, de escrita exagerados. Depende. Depende de tudo. Mas voltará, isso é garantido.

Irei pontualmente dando um "arzinho da minha graça" que, apesar de ultimamente andar sem graça nenhuma, ainda vai resistindo. Hoje e sempre e enquanto for necessário.

Boas férias para todos, e obrigada por me acompanharem no Delito há cerca de sete anos como autora.

Bem hajam. 

Até já.

Eu gosto mesmo é do Verão

Sérgio de Almeida Correia, 31.07.25

img_460x290uu2020-08-22-19-28-57-258706.jpg.webp(créditos: daqui)

"As autoridades de Macau confirmaram a detenção de um homem de apelido Au por alegado “conluio com forças externas, pondo em perigo a segurança nacional”. É o primeiro caso relacionado com a lei de Segurança Nacional na RAEM que foi criada em 2023.

Ao que foi possível apurar, o suspeito é o ex-deputado Au Kam San, que foi detido ontem e presente hoje ao Ministério Público, onde está a ser ouvido. 

Em comunicado, as autoridades dizem que é suspeito de desde 2022, incitar ao ódio contra o Governo Central e o Governo da RAEM e de tentar destabilizar as eleições de 2024 para o cargo de Chefe do Executivo.

De acordo o mesmo documento, existe a suspeita de que Au Kam San esteja em conluio com uma organização anti-China sediada no estrangeiro. É dito que Au fornece a essa organização uma grande quantidade de informações falsas, para serem exibidas publicamente fora de Macau e através de meios online. 

Suspeita-se ainda que o ex-deputado tenha mantido contactos frequentes com várias entidades anti-China no estrangeiro. 

Segundo a acusação terá fornecido repetidamente informações falsas sobre Macau a esses grupos ou aos meios de comunicação social por eles geridos, para fins de propaganda e divulgação, com o objectivo de incitar o ódio dos residentes de Macau e de cidadãos estrangeiros desinformados contra o Governo Central da China e o Governo da RAEM, bem como prejudicar as eleições para Chefe do Executivo em 2024, e incitar a acções hostis de países estrangeiros contra Macau.

No comunicado é dito que após uma longa investigação e recolha de provas, a PJ conseguiu recentemente identificar este residente de Macau de 68 anos, de apelido Au, como suspeito do caso. Na tarde de ontem, Au Kam San foi detido na sua residência no centro da cidade, sendo posteriormente levado à Polícia Judiciária para investigação.

Já hoje, a PJ levou o suspeito para o Ministério Público para ser ouvido, sob a acusação de violação do Artigo 13.º da Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado, que enquadra o "Estabelecimento de ligações com organizações, associações ou indivíduos de fora da RAEM para a prática de actos contra a segurança do Estado".

A pena prevista para este crime varia entre os três e os dez anos de prisão." (TDM Rádio Macau)

 

É notável, e chega a ser comovedora, a forma franca, transparente e exemplar como a Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre o Futuro de Macau de 1987 e a Lei Básica têm vindo a ser cumpridas.

Espero que o Prof. Cavaco Silva tenha pedido a Miguel Relvas e Martins da Cruz para mandarem rezar uma missa de acção de graças. De preferência nos Jerónimos. E que José Luís Carneiro, Sérgio Sousa Pinto e Augusto Santos Silva não faltem. Não valerá a pena avisar Luís Montenegro, que agora anda preocupado com os torneios estivais e a preparar a viagem a Pequim.  

Mas para ser franco, eu gosto mesmo é do Verão. "De passearmos de prancha na mão / Saltarmos e rirmos na praia / De nadar e apanhar um escaldão / E ao fim do dia, bem abraçados / A ver o pôr-do-Sol / Patrocinado por uma bebida qualquer".

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A primeira casa que reconstruí  - 4

Paulo Sousa, 31.07.25

As primeiras coisas que os pedreiros fizeram foi tratar da demolição do telhado, paredes interiores e remoção do entulho. Com uma mini-escavadora teria sido mais rápido, mas só lá entraria depois de mandar o muro abaixo ou teria de se instalar uma grua. Avançou a marreta, pá e carro de mão, alavanca, picareta e chuva de Novembro no lombo. Como esta parte da obra foi negociada à hora, juntei-me ao serviço. Poupei na despesa e ganhei o respeito daquela malta rija, da velha guarda. Ser trolha, apesar de ser uma profissão cada vez mais bem paga, tem um injusto ónus social que não ajuda a atrair sangue novo. Não me surpreende que em pouco mais de uma década a esmagadora maioria dos operários de construção civil sejam estrangeiros.

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Depois de levantadas as paredes e colocado o telhado, era a hora de definir os locais por onde passaria a instalação eléctrica e canalização. Como o projecto não incluía a localização nem a quantidade das tomadas e interruptores, esta parte foi toda decidida e feita por mim. Os pedreiros foram para outra obra e durante algum tempo fiquei eu a tratar de abrir os roços para as tubagens e a chumba-los com cimento.
Sempre fui bricoleiro, mas era reduzido o contacto que tinha tido com coisas como amassar cimento, massa forte, massa fraca, três por um, quatro por um, com ou sem saibro para ter goma ou não (entendedores entenderão). A segunda vez ficou melhor que a primeira e algum tempo depois já podia avançar o electricista e o canalizador. Na parte eléctrica também consegui que o técnico só tivesse metido a mão na massa para a montagem do quadro e da rede informática.

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Aqui chegado, o plano era parar a obra até ter algum interessado na sua compra. A razão oficial era que assim poderia adequar os acabamentos ao gosto do cliente. A razão real era porque a drenagem a que as minhas finanças tinham sido sujeitas até aquela fase da obra aconselhava a não ter pressa. Por sorte, através de um dos mediadores imobiliários com quem tinha fechado contrato, apareceu um casal estrangeiro que, surpresa minha, logo quiseram fazer a promessa de compra e venda, mesmo sem ter posto os pés no local. Nunca seria capaz de sinalizar uma casa sem a visitar primeiro, mas o mundo é diverso e tem mais graça assim.
Daí em diante, já com o folgo do sinal na algibeira e com a massagem à alma por ter conseguido transformar uma ruína em algo interessante, tudo passou a correr mais depressa. A montagem da cozinha, depois de escolhida pelos compradores numa popular loja de mobiliário, ficou também por minha conta.
Para o final estava guardado outro trunfo em que tinha tropeçado ainda há mais anos e que guardara metodicamente para mais tarde. Aquela era a ocasião certa. Uma cerâmica aqui próxima desmontou um forno antigo e depositou os tijolos usados num terreno ali próximo que pertencia ao dono. Muitos anos passaram, a cerâmica faliu e os tijolos ficaram esquecidos debaixo do mato e sobre os quais já tinham nascido vários eucaliptos. Quando numa volta de bicicleta os descobri, não descansei antes de conseguir o contacto do dono, que já nem sabia que ali tinha aquilo. Fiz uma proposta por atacado para o lote completo, fechamos negócio e durante várias semanas andei a transportar tijolos para casa. Em algumas dessas várias idas e vindas fiz questão que o já referido escuteiro me acompanhasse. Além de que assim entretido ficaria afastado dos ecrãs, garanti-lhe que naquela tarefa iríamos verificar sensorialmente uma abstracção matemática. Ele começou por achar que era uma conversa da treta, mas acabou por ficar curioso. Talvez por não estar habituado a que lhe minta, acabou por aceder. E não é que o cota tinha razão? Perante a descoberta, tirou várias fotos para levar para a escola e mostrar ao professor e à turma. Quando começamos a remover os tijolos sobre os quais tinha nascido um dos eucaliptos... ali estava ela... a raiz quadrada!!

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DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 31.07.25

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Eu: «Uma entrevista pode ser um grande momento de televisão. Aconteceu na semana passada, no primeiro canal da RTP, no programa Grande Entrevista. António Barreto - um dos genuínos senadores portugueses - pensou em voz alta, durante quase uma hora, sobre algumas das mais relevantes questões nacionais. Com a eloquência habitual e uma notável capacidade de articular ideias. Sem enrolar palavras, sem fazer vénias, sem receio de dizer aquilo que realmente pensa. Enfim, um sábio. Em diálogo com o jornalista Vítor Gonçalves, hoje um dos melhores entrevistadores da televisão portuguesa. Alguém que está ali realmente para ouvir os entrevistados e não para se ouvir a si próprio - o que vai sendo cada vez mais raro.»

Lápis L-Azuli

Maria Dulce Fernandes, 30.07.25

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Ainda não lemos Dan Brown: "O Segredo dos Segredos"

Esta é a sinopse, que qualquer um de nós pode ler: "Robert Langdon, prestigiado professor de simbologia, viaja até Praga para assistir a uma palestra inovadora de Katherine Solomon, uma cientista reconhecida no campo da noética, com quem começou recentemente um relacionamento amoroso. Katherine está prestes a publicar uma obra revolucionária, cujas explosivas revelações sobre a natureza da consciência humana ameaçam abalar séculos de crenças estabelecidas.

Quando um terrível assassinato provoca o caos, Katherine desaparece sem deixar rasto e o seu manuscrito é destruído. Desesperado por encontrar a mulher que ama, Langdon embarca numa corrida contra o tempo pela mística Praga, enquanto é implacavelmente perseguido por uma organização poderosa e um inimigo assustador saído das mais antigas lendas da cidade.

De Praga a Nova Iorque, passando por Londres, Langdon mergulha nos mundos da ciência mais avançada e da tradição histórica, navegando por um labirinto de códigos e símbolos, até finalmente desvendar uma verdade perturbadora sobre um projeto secreto que mudará para sempre a nossa visão da mente humana."

Li todos os livros de Dan Brown. Gostei mais de uns do que de outros, claro. Vi os três filmes adaptados de três das suas obras, assim como a série televisiva, e adorei as antíteses à unidade de lugar, principalmente quando todos os lugares me trouxeram tão gratas memórias. Os livros são bem construídos e de leitura fácil, muito apropriados para uma sombra fresca na calmaria de um qualquer paraíso muito nosso.

Dan Brown é um dos muitos autores que sigo online e admiro-lhe a precisão investigativa. Quer isto dizer que ele vai lá ver como é, como foi, e como pode ser contado. 

É verdade que " O Código DaVinci" é o seu " livro dos livros", com direito a menção em todas as outras capas de livros seus. É injusto.

Penso em Praga com muito carinho e saudade. É uma cidade linda, surpreendente e fabulosa, plena de alegria e mistério. Espero que seja tratada como merece e que a intriga do conteúdo seja excitante e em torno dos fabulosos e ancestrais mistérios, que envolvem a cidade e a sua história com a capa de muitos segredos ainda por desvendar.

Em Setembro se verá.

A primeira casa que reconstruí - 3

Paulo Sousa, 30.07.25

Desde o nível mais básico de intervenção, que seria simplesmente tornar a casa habitável, até contratar um arquitecto, manter a fachada, os muros exteriores e reformular totalmente o interior, acabei por escolher a segunda opção. Teria de meter um projecto na Câmara, sujeitar-me ao inferno burocrático dos licenciamentos, esperar muito mais tempo, mas nessa altura já gostava tanto daquele espaço que atamancá-lo seria sempre um desaproveitamento.
Enquanto o lento carrossel do processo começou a rodar, fui adiantando a limpeza do espaço. Com uma carrinha de caixa aberta emprestada, desimpedi o espaço interior. Dentro da família apareceu quem aceitasse as tábuas velhas e secas para lenha e ao longo de vários fins de semana o espaço pareceu aumentar.
O projecto ficou pronto em poucos meses e seguiu para a secção de obras da Câmara de Alcobaça, que funciona razoavelmente (em comparação com demasiadas congéneres funciona exemplarmente). Pouco mais de um ano após a compra, pude levantar a licença. Esperei ainda algumas semanas até que o empreiteiro tivesse disponibilidade e as obras começaram no Outono de 2023.
Não vale a pena descrever cada um dos passos seguintes, mas importa dizer que sempre achei que o valor futuro daquele espaço dependeria do enfoque nos detalhes. Por mais profissionais que os pedreiros sejam, e nisso tive sorte, é preciso jogar com antecipação, é preciso ter respostas para as perguntas que eles ainda não fizeram. Quando se define onde deve ser levantada uma parede, deve considerar-se, entre outras coisas, as medidas dos móveis dessa divisão, a espessura do reboco, a esquadria das divisões, as consequências na divisão contígua, entre muitos outros parâmetros. E ali havia várias dúvidas que resultavam do levantamento topográfico não ter sido feito pelo interior, devido ao perigo que era lá entrar. A espessura real das paredes exteriores não coincidia com o que foi estimado e isso acrescentou dúvidas abundantes ao longo da obra. Para evitar paralisar os trabalhos, todas essas questões têm de ser antecipadas e respondidas no momento certo. Esse não é um trabalho que exija grande esforço físico, mas pelas horas a olhar para as plantas e a imaginar o que dali vai sair, exige muita energia. Que tipo de aquecimento seria o mais adequado? Como a rua é servida de gás canalizado, onde é que se pode instalar o contador do gás? E o da electricidade e da água? Têm de ser encastrados na parede e para usar a rebarbadora e um ponteiro, não preciso de contratar um pedreiro, pois para mim trabalho de borla. Depois de comprar uma rebarbadora, foi um martelo demolidor, uma aparafusadora, cavaletes e uma mesa de andaime. E o enxoval de ferramenta nunca mais parou de aumentar.

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DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 30.07.25

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Cristina Torrão: «No dia em que houver entendimentos destes, eu deixo de votar PSD! Podem dizer-me que o meu voto de nada vale. Mas, para mim, é uma questão de honra e declaro-o neste blogue, no qual não me faltam testemunhas: deixarei de votar no único partido em que, até agora, votei!»

 

João Sousa: «O JN de hoje publica isto na primeira página. Assim mesmo: "empregos criados por Costa". Estará o jornal a acusar Costa de ter feito 360.000 nomeações políticas?»

 

JPT: «Muitos criticam a ministra da Cultura por convidar os jornalistas para beberem um drinque. Respeito essas opiniões mas prefiro essa abordagem conceptual à da ministra da Saúde que não nos quer a mamar copos

 

Eu: «Rui Rio prepara-se para accionar disciplinarmente os sete deputados do PSD que ousaram votar contra o vergonhoso pacto com o PS para trocar a presença quinzenal obrigatória do primeiro-ministro na Assembleia da República por deslocações bimestrais de Sua Excelência ao hemiciclo. Tão vergonhoso foi esse pacto que 28 deputados socialistas também votaram contra, incluindo vários ex-ministros e ex-secretários de Estado: Ana Paula Vitorino, Ascenso Simões, Bruno Aragão, Capoulas Santos, Carla Sousa, Cláudia Santos, Eduardo Barroco de Melo, Fernando Anastácio, Filipe Neto Brandão, Francisco Rocha, Hugo Oliveira, Isabel Moreira, Joana Sá Pereira, João Paulo Pedrosa, Jorge Lacão, José Magalhães, Marcos Perestrello, Maria Begonha, Marta Freitas, Miguel Matos, Nuno Fazenda, Olavo Câmara, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Sérgio Sousa Pinto, Sónia Fertuzinhos, Susana Correia, Tiago Barbosa Ribeiro, Tiago Martins.»

Leituras

Pedro Correia, 29.07.25

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«Não tardou que Timor se ensombrasse, no desenvolver do segundo conflito mundial, com a ocupação japonesa que deixou o território em ruínas. Grande parte da destruição deve-se não aos japoneses mas às chamadas "colunas negras", que eram grupos armados de nativos conluiados com os invasores, que se dedicavam à pilhagem e ao assassínio dos seus rivais. (...) Havia então em Timor cerca de quatrocentos portugueses europeus, dos quais cerca de uma centena eram deportados por motivos políticos.»

João Loureiro, Postais Antigos & Outras Memórias de Timor, p. 13

Ed. João Loureiro e Associados, 1999

A primeira casa que reconstruí - 2

Paulo Sousa, 29.07.25

Entrar lá dentro era um perigo. O chão de madeira tinha zonas completamente podres e ameaçava ceder na próxima passada. Parte do forro do tecto já tinha caído e nos poucos metros quadrados não construídos a erva era da minha altura.

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É nesta altura que talvez faça sentido falar sobre a solidão de quem decide meter-se num negócio. Tudo à minha volta era mato, tábuas velhas e podres, utensílios queimados pelos anos que ficaram para trás no dia em que aquele sítio deixou de ser um lar. Um sofá podre, uma gaiola enferrujada, um capacete de motorizada que já tinha servido de ninho de ratos, cacos de faianças partidas e inúmeras provas de que quem ali tinha vivido, sofreria de um certo grau da patologia designada por acumulação compulsiva. Perante aquele cenário, quase assustador, senti que estava a observar um diamante em bruto. A orientação solar da casa era perfeita, a marca Aljubarrota garantia-lhe pedigree, a reduzida dimensão era à medida da minha capacidade de investimento, os muros que a rodeavam garantiam a privacidade e à frente da casa havia sempre estacionamento. Talvez eu estivesse errado e aquele monte de entulho nunca iria valer a energia necessária para o recuperar. Poderia ficar encravado sem dinheiro para conseguir acabar as obras e naquela altura nem sabia que valor seria necessário investir nem como aproveitar o espaço. Mas as dúvidas nunca deixam de pairar sobre a cabeça de quem mergulha num negócio, especialmente se não o dominar. Estás a meter-te nisto para quê? Podias ser funcionário público, daqueles que dizem que trabalham em casa, ou mesmo que tivesses de ir à repartição, às cinco da tarde já estavas naquele sofá onde nunca te sentas, mas que serve de metáfora ao não fazer nada. Porra, raio de comparação! Vou a jogo e pronto. Se não correr bem, cá me hei-de arranjar. Pago para aprender e fico com mais uma história para recordar. E não gozes com os funcionários públicos, que também podias ter nascido assim!

O assunto estava em marcha e, tal e qual como as rodas de entrada, já não iria andar para trás.

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Continua

Estranhos companheiros de percurso

Pedro Correia, 29.07.25

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A política faz estranhos companheiros de percurso. Um antigo fiel escudeiro do inenarrável Bruno de Carvalho no Sporting foi escolhido para candidato do Chega à Câmara Municipal de Lisboa por um antigo fiel escudeiro do imprestável Luís Filipe Vieira no Benfica. 

A clubite partidária une agora o que o fanatismo futebolístico separava. Mas nada garante que eles vivam felizes para sempre.

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 29.07.25

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Sérgio de Almeida Correia: «O tempo apaga muita coisa, é verdade, mas não apaga a dor, nem o erro.»

 

Eu: «Durante anos recebemos no sossego do lar o entulho verbal de cartilheiros, muitas vezes ligados ao cordão umbilical de clubes desportivos e agindo como marionetas destes, poluindo as pantalhas com os seus gritos histéricos, o seu sectarismo patológico e a sua desonestidade intelectual. E a coisa, pelos vistos, até rende para além do reduto da bola: um desses pantomineiros, por sinal um dos mais sabujos, é hoje deputado da nação e lidera um putativo partido político.»

A primeira casa que reconstruí - 1

Paulo Sousa, 28.07.25

Já passou meia dúzia de anos. Tudo começou num sábado em Aljubarrota enquanto esperava que o meu filho saísse dos escuteiros. Os locais para estacionar nesta vila histórica não são muitos, mas lá me safei após duas ou três voltas pelas ruas apertadas. Desliguei o motor e mesmo à frente do para-brisas estava um casebre em ruínas. No velho portão estava escrito um número de telefone. A casa era pequena, estava em mau estado e, sem qualquer dúvida, não era habitada. Por curiosidade registei o número de telefone.
A princípio foi apenas por curiosidade sobre o valor que estavam a pedir. A casa pertencia a duas irmãs que viviam em diferentes zonas do país, mas só uma é que a queria vender. Consegui o número da outra, a mais velha, mas nem mesmo depois de duas insistências a consegui demover. A ideia que se começava a formar na minha cabeça quase que se desfez.
Alguns meses mais tarde, voltei a ligar e é nesta altura que deixa de valer a pena contar todos os detalhes, que envolvem conversas com uma das sobrinhas e mais algumas negas. Nisto passou mais um inverno, em que a cumeeira do telhado cedeu. No inverno seguinte não voltei a ligar. O assunto estava arrumado.
Mais de dois anos após a primeira atenção, num outro sábado, enquanto esperava novamente pelo mesmo escuteiro, liguei mais uma vez e finalmente a luz verde acendeu-se. A dona mais velha tinha mudado de opinião e já podíamos, sim senhor, falar de preços. A escritura foi marcada e assim chegou o dia em que me fiz proprietário de uma casa em ruínas.

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Continua

O estado da imprensa

jpt, 28.07.25

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Vampire Weekend é um agrupamento musical - do qual nunca ouvira falar. Virão a Portugal actuar - como noticia a SIC Notícias. Acontece que a notícia de que aqui deixo ligação teve uma formulação anterior publicada - da qual deixo imagem. Demonstrando que é uma notícia escrita de modo automático (o tal GPT). 

É fácil apontar a um qualquer "estagiário" - versão "pós-moderna" do bode expiatório. Mas é evidente que não é esse o problema. A imprensa nacional não age nem, de facto, reage diante das mudanças actuais. Tecnológicas e outras. Faz uma mera navegação de cabotagem. Soçobra.

(Criticar por criticar?, dizer mal por dizer mal? Não. Aludo a uma "notícia" sobre um grupo pop-rock. Atente-se como a indústria musical, que foi a primeira área comunicacional a sofrer o embate do furacão tecnológico digital, se conseguiu reconfigurar. E isso não foi feito reduzindo-se a estas pobres artimanhas...)

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 28.07.25

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João Campos: «Houve muita coisa de que tive saudades durante os últimos meses (de algumas ainda tenho), mas não tive de todo saudades de passar por canais de notícias e de ver três ou quatro australopithecus futebolis a rosnar por causa de rumores da bola em vez de, sei lá, noticiários, documentários e outros programas informativos.»

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