Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

Reflexão do dia

Pedro Correia, 15.03.25

"Aqueles que pedem a paz a todo o custo não têm imaginação para prever o mundo novo que aí vem, que de novo não tem nada e é, na verdade, o mundo antigo dos maus velhos tempos. Sem direito, sem instrumentos de coacção caucionados pela ONU, sem NATO, sem Estados Unidos, a ordem liberal internacional, como lhe chamam os anglo-saxónicos, para todos os efeitos, acabou.

O colapso da Ucrânia não será o último colapso europeu. Tudo dependerá exclusivamente do apetite e do bom senso de Putin. Boa sorte com isso."

Sérgio Sousa Pinto, no Expresso

Leituras

Pedro Correia, 15.03.25

500x.jpg

 

«A autoria mortal da "Noite Sangrenta" de 21 de Outubro de 1921 não foi reivindicada por ninguém, embora a execução violenta de António Granjo, Carlos da Maia e Machado Santos tenha sido reclamada pelo cabo José Olímpio perante um jornalista em estado de choque emocional. Condenada por organizações políticas, dirigentes e grupos ideológicos, a "Noite Sangrenta" representou um golpe de morte na Primeira República. Por muito obscura que continue a ser a sua motivação, as suas consequências políticas foram o princípio do fim de um regime que quis responder às aspirações do movimento republicano de democratizar o sistema liberal monárquico, sob uma forma republicana, e falhou.»

João Miguel Almeida, A Noite Mais Sangrenta, p. 148

Ed. Manuscrito, 2024

O "sistema"

Paulo Sousa, 15.03.25

"Em pouco mais de um ano, dois governos caíram por suspeitas graves sobre a conduta do primeiro-ministro. Ora, essas suspeitas não resultaram de casos sem relação entre si. Os incidentes não são obviamente iguais, mas ambas as situações derivam do mesmo problema: a maneira como a classe política da actual democracia usa um Estado hipertrofiado para exercer um poder muito pouco democrático e extrair rendas em proveito pessoal. O que transparece nas operações Marquês, Tutti Frutti, Influencer e agora neste caso de Luís Montenegro não é a idiossincrasia desta ou daquela personagem, mas um “sistema”. É talvez mais claro agora que as reformas em Portugal, isto é, a liberalização da economia e a reestruturação do Estado e dos serviços públicos, não são apenas uma questão de equilíbrio e de eficiência, mas uma questão de democracia e de ética. O regime nunca deixará de sujar-se enquanto os políticos forem tentados a tirar partido das “influências” que o estatismo lhes dá. É essa, neste momento, a principal fonte da instabilidade política em Portugal."

 

Rui Ramos, Observador

Lápis L-Azuli

Maria Dulce Fernandes, 15.03.25

aaaaaa.jpeg

Hoje lemos Luis Zueco, "O Mercador de Livros"

Passagem a L' Azular: “- Escusado será dizer que o talento não está relacionado com a fé, nem com a bondade, são coisas muito distintas. Por isso, há que ser prudente na hora de julgar um homem; o mais tonto pode ser um artista habilidoso ou o mais cruel ser um bom governante, o ser humano é assim... contraditório e incompreensível na sua história.”

Como se tem vindo a comprovar, os tontos são uns artistas pródigos em habilidades disparatadas, e os cruéis governam como sempre govenaram: gerem "bem", mas quase sempre  em seu proveito e em proveito daqueles a quem devem favores. 

Mas não podemos excluir nunca que os cruéis podem ser uns habilidosos palhaços e os artistas de comédia podem ser homens de bem, eleitos democraticamente por sufrágio universal. É  tudo uma questão de mão. Embaralha, volta a dar, faz bluff, cara de pedra, abre a boca, sai asneira e sempre quero ver o que acontece quando os trunfos começarem a desaparecer, e não tiverem na mão as tais cartas com as quais esperam ir a jogo e arrebatar uma vitória incondicional.

DELITO há três anos

Pedro Correia, 15.03.25

21523202_SMAuI.jpeg

 

Maria Dulce Fernandes: «O Cavaleiro da Triste Figura no seu imaginário ilusório e fantasioso onde moinhos de vento são medonhos gigantes e rebanhos temíveis exércitos, é peremptório em proclamar que não crê em bruxas mas seguro está de que as mesmas existem. A magia, assim como as artes divinatórias, é tão antiga como a humanidade.»

 

Eu: «Confrontado perante a invasão russa da Ucrânia, Pacheco [Pereira] ilude o essencial da questão: estamos perante a maior agressão à livre autonomia de um Estado soberano por outro na Europa desde a II Guerra Mundial. Ao ponto de em três semanas ter provocado 2,8 milhões de refugiados agora em trânsito no continente, fugindo do seu país fustigado por bombardeamentos letais. A União Europeia prevê que o número total de desalojados das suas habitações em solo ucraniano ascenda em breve aos sete milhões. O antigo eurodeputado do PSD, com manifesta relutância em debater o tema, usa um dos seus habituais truques retóricos: introduz outros na discussão, relativizando a invasão russa numa amálgama de agressões registadas noutros momentos, noutros contextos e noutras latitudes. (...) De caminho, aproveita para polvilhar esta logorreia com condimentos racialistas, descendo ao patamar de um Mamadou Ba, na enésima variação à "culpa do homem branco", causa de todos os males do mundo. Insinuando que, no essencial, agimos por impulsos racistas. Eis, literalmente, uma forma de ver o mundo a preto e branco. Ignorando que o caucasiano louro, neste filme de terror, é o déspota do Kremlin - não o judeu Zelenski, Presidente da Ucrânia.»

Este programa de lavagem exige centrifugação

Sérgio de Almeida Correia, 14.03.25

marcelo.jpg

(créditos: daqui)

Cumpriu-se o prometido. Ou a ameaça, dependendo da perspectiva. O Presidente da República anunciou a dissolução da Assembleia da República e convocou eleições legislativas para 18 de Maio.

Como todos estavam avisados, ninguém se admirou com a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa. Preferem tremoços em vez de amêndoas? Pois aqui os têm. E logo veremos quem fica com as cascas.

Na breve alocução que fez, o Presidente não se afastou daquela que tem sido a sua leitura das condições de governabilidade e do exercício da autoridade política elencadas noutras ocasiões. Uma vez mais, como fizera durante a crise do ministro Galamba, trouxe à liça o problema da confiabilidade, ou seja, da "ética da pessoa exercendo a função". E, oportunamente, assinalou que "não se pode ao mesmo tempo confiar e desconfiar". Não há meio-caminho. Tem razão.

Com a concordância dos partidos políticos e do Conselho de Estado vamos iniciar novo ciclo eleitoral. O calendário é bastante apertado corre-se o risco de aumentarem os sinais de exaustão dos portugueses para com os partidos e a classe política. A seu tempo se verá.

O incómodo de muitos autarcas será grande. O resultado das legislativas traz consigo o risco de influenciar decisivamente o resultado das eleições autárquicas do início do Outono nalguns municípios em que pela sua dimensão e proximidade ao centro do poder político as influências deste são mais profundas, os factores de crispação maiores e a luta político-partidária mais agressiva.

Neste contexto, a postura dos candidatos apresentar-se-á como fundamental para retirar animosidade ao discurso, introduzindo serenidade ao combate eleitoral, evitando o eriçamento do tom. O modo como decorrer este período até às eleições, e em especial a campanha eleitoral, poderão contribuir para aproximar ou afastar ainda mais as pessoas da política. Os níveis de abstenção vão em muito depender da forma como a campanha decorra. A democracia e a saúde do regime voltam a estar em xeque.

Para além da necessidade de se escolher a composição do novo parlamento e aquele que será o futuro primeiro-ministro, seria bom que os partidos percebessem uma coisa: os portugueses só irão às urnas sentindo-se esclarecidos, por um lado, e confiantes de que continua a fazer sentido votar.

De há muito que o aumento de personalização das campanhas e um sistema eleitoral fechado, incapaz de se renovar e aproximar dos eleitores, assente num caduco sistema de listas, em que tirando os primeiros nomes poucos sabem quem são os fulanos que se vão sentar em São Bento, o que fazem e o que pensam, de onde vêm e para onde querem ir, pouco contribuem para o esclarecimento. Muitos deixaram de votar por convicção e apenas para não terem de escolher aquele que lhes parece ser no momento o menor dos males.

Uma coisa é ter dificuldade em escolher um de entre dois hotéis igualmente bons, com óptimo preço, serviço magnífico e excelente localização. Outra é ser obrigado a olhar para propostas que muitas vezes pouco se diferenciam, em virtude de condicionamentos externos e internos, escritas em mau "politiquês" por uns ignaros com passado nas "jotas" e que acabaram a escolaridade obrigatória em gabinetes ministeriais escrevendo ofícios que começam com "somos a apresentar", subscritas por gente de quem à partida se desconfia, e que poucas razões dá para nela se confiar, e em que o factor decisivo residirá na contagem do número de arguidos, manhosos, medíocres e analfabetos mais conhecidos de cada uma das listas para se acabar votando na que apresentar menos em cada uma dessas categorias.

Sem querer ser ingénuo, gostaria de ver uma campanha centrada em propostas apresentadas por pessoas em quem se possa confiar, o que é cada vez mais raro.

Mas como há muito perdi as ilusões, que não a esperança, ainda acredito que será possível transformar os próximos dois meses e meio num ciclo de lavagem acelerado.

Admitamos, pois, o princípio de que a partir de segunda-feira o país e as ilhas se transformarão numa gigantesca máquina de lavar roupa, onde enfiaremos os líderes dos partidos concorrentes às eleições e os candidatos à primeiro-ministro, mais os respectivos rebanhos.

Creio que as rádios, as televisões e os jornais estão mais do que habituados a estes ciclos de lavagem, muito embora os detergentes que têm usado, culpa das agências de comunicação, sejam normalmente muito rascas, e os candidatos continuem a sair de lá dentro, no final de cada programa, pouco perfumados, já desfiados e ainda encardidos devido à ausência de pré-lavagem.

Como depois seguem directamente para o estendal de São Bento, só quando começam a secar e a ser impiedosamente expostos e batidos pelo vento é que nos apercebemos do seu estado e da má qualidade do material que nos impingiram, ultimamente mais visível nos que por lá se têm agitado.

Preparemo-nos então para enfiar os melhores trapos que os partidos nos oferecem dentro de uma boa máquina de lavar – também se pode aproveitar para lá meter umas becas e uma batinas que andam muito ruças e com pouco préstimo –, sujeitando-os a uma boa barrela.

Para isso, podemos começar com um bom programa de pré-lavagem, a que se seguirá um ciclo longo de oito semanas, sempre na máxima rotação da máquina, e com uma dose generosa de detergentes, tão bons que não permitam aos mais esgaçados, no final do programa, saírem dali para mais lado algum. A seguir, aos sobrantes, dê-se--lhes uma boa centrifugação. Sempre acima das 1200 rpm.

Estou convicto de que com a ajuda da comunicação social e da PJ, que tanto contribuíram para nos revelarem, entre outras preciosidades, os mistérios de Paris, a ilustre casa de Espinho, as marquises do interior, o enxoval do Arruda, os canudos da Lusófona, as coutadas do macho latino, os vinhos do Isaltino, os estafetas de Alcochete, os clientes do Calor da Noite, e até recapturarem uns hóspedes de Vale de Judeus que tinham ido mudar uns pneus, será possível fazer uma boa lavagem.

Esperemos é que até lá aquelas rolas e corvos que nidificam nos pisos superiores do Palácio Palmela não se lembrem de interromper o programa de lavagem para irem à procura de uns talões de Multibanco e de uns bilhetes para a bola que saíram pela janela, num dia de ventania, porque uma das mulheres da limpeza se esqueceu dela aberta.

Se assim for, virá toda a roupa limpinha e bem cheirosa para, salvo avaria de última hora no leme ou encalhanço no nevoeiro do Bugio, hipótese que nunca se poderá excluir, aconchegar o senhor almirante.

Um ano com D. Dinis (13)

Ordem de Cristo

Cristina Torrão, 14.03.25

Ordem de Cristo.jpg

Faz hoje 706 anos que foi instituída, no reino de Portugal, a Ordem de Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, através da bula Ad ea ex quibus de João XXII. O papa determinava que a nova Ordem se destinava a manter a cruzada religiosa contra os sarracenos. Atribuiu-lhe a regra de Calatrava, sujeitou-a à jurisdição do abade de Alcobaça e colocou a sua sede em Castro Marim.

A Ordem de Cristo veio substituir a dos Templários, suprimida pelo papa Clemente V, influenciado pelo rei francês, Filipe IV, que tudo fez para difamar os cavaleiros do Templo.

Na Península Ibérica, porém, a campanha de difamação não encontrou grande eco, devido à fama dos Templários, criada nas lutas da Reconquista. À semelhança dos outros reis hispânicos, D. Dinis protegeu a Ordem e promoveu diligências para que uma outra fosse criada, entregando à Ordem de Cristo todos os bens que tinham pertencido aos Templários. Teve, no entanto, de enfrentar alguma oposição interna:

Em Março, quando se deu início à construção de um claustro no mosteiro de Alcobaça, Dinis recebeu notícias da Santa Sé confirmando os receios do Mestre. Numa bula de 22 de Novembro, intitulada Pastoralis praeeminentiae, Clemente V recomendava a todos os príncipes da Cristandade a prisão dos Templários e a confiscação dos seus bens. Dinis entrou em contacto com o genro Fernando IV e o cunhado Jaime II e resolveu-se não se tomarem medidas, enquanto se aguardava pelo resultado do inquérito do clero hispânico.

Em Abril, quando Dinis chegou à Beira, constatou tal resolução estar longe de agradar a toda a gente. O bispo da Guarda D. Vasco Martins de Alvelos advogava o cumprimento das recomendações do pontífice:

- Ignorais uma bula papal? E olvidais que Jacques de Molay confessou os pecados mais terríveis? Heresia, usura, sodomia! Se os franceses se davam a essas práticas repugnantes, os hispânicos não serão mui diferentes…

- Credes realmente que os freires do Templo fomentavam tais costumes? - contrapôs Dinis. - Sob tortura, qualquer um é levado a confessar, principalmente, o que não fez. Além disso, o Mestre francês desmentiu a sua confissão dois meses mais tarde.

- O que prova a sua falta de carácter.

- Ou constatar o não cumprimento de certas promessas?

O bispo olhou o seu monarca desconfiado:

- Que quereis dizer?

- Frei Vasco Fernandes é de opinião que Jacques de Molay terá confessado os crimes, acima de tudo, perante a promessa de que, se o fizesse, os restantes irmãos seriam poupados aos suplícios por ele próprio já experimentados. Mais tarde, ao verificar tal não passar de um artifício, desmentiu a sua confissão.

- Ora, Alteza, é claro que eles se protegem uns aos outros. A opinião de Frei Vasco Fernandes, neste caso, é mais do que suspeita.

- Tenho Frei Vasco Fernandes em grande estima e confio no seu juízo. Como aliás em todos os membros portugueses da Ordem. Bem sabeis como eles sempre lutaram com bravura contra a ameaça sarracena e como a sua presença é preciosa em muitos pontos da fronteira, garantindo a defesa e o povoamento.

In "Dom Dinis - a quem chamaram o Lavrador"

 

Nota: o link que utilizei, há nove anos, para identificar a imagem que ilustra este postal, já não existe. Fiquei assim sem qualquer tipo de referência, pelo que peço a compreensão dos visados.

Miguel Macedo

Pedro Correia, 14.03.25

mm.jpg

 

Foi injustiçado. Foi vítima de uma acusação infame que liquidou a sua carreira política. Foi alvo de uma investigação sem provas e de uma acusação irresponsável que o destruiu por dentro - e talvez lhe tenha deteriorado a saúde a um ponto que até ele mal pôde avaliar. Tinha sido secretário de Estado, deputado, líder parlamentar. Era um competente ministro da Administração Interna.

Talvez pudesse ter sido presidente do PSD - o seu partido de sempre. Nunca saberemos. Acusado de "prevaricação e tráfico de influências", abandonou de imediato funções públicas e remeteu-se à vida privada. Aconteceu em 2014. Se ocorresse uns anos depois, teria visto provavelmente o seu retrato exposto em obscenos cartazes de propaganda política chamando-lhe "corrupto" - alvo da demagogia mais rasteira para ajustar contas com o regime democrático.

Não se escondeu, não virou a cara, não optou pela litigância de má-fé para estender prazos rumo à prescrição.

Negou todas as acusações, comportando-se com irrepreensível dignidade.

 

Seis anos depois, ao ser ilibado na sede própria, o tribunal, a notícia não fez manchete: foi varrida para discretos rodapés. Os "justiceiros" da imprensa estavam de folga ou assobiaram para o lado nesse dia. 

Recebeu-a com alegria, mas também com amargura: a tardia sentença judicial absolveu-o de qualquer suspeita, mas a sua morte cívica fora decretada muito antes. Mesmo assim, ninguém lhe ouviu uma palavra de azedume. Nem lhe passou pela cabeça "processar o Estado" ou pôr-se aos gritos, declarando guerra ao Ministério Público. Deu, também com isto, um notável exemplo de contenção republicana. 

Ressurgiu há um ano, como discreto comentador político longe do chamado "horário nobre": o último foi exibido há escassos dias. Morreu ontem aos 65 anos, vítima de fulminante síncope cardíaca.

A sua voz apagou-se cedo de mais. Faz-nos falta como alerta contra os demagogos de turno que andam por aí sem freio nos dentes, mais assanhados que nunca. Agitando o espantalho da insegurança para apertarem o torniquete à liberdade. 

 

A minha respeitosa homenagem a Miguel Bento Martins da Costa de Macedo e Silva, que agora nos deixa, para dolorosa surpresa geral.

A Assembleia da República prestou-lhe merecido e justo tributo póstumo, como se impunha. É triste que só a morte sirva para convergirmos no essencial. Conscientes de que a democracia política é tão frágil como a vida humana: pode apagar-se com demasiada facilidade se não cuidarmos bem dela em cada dia que passa.

Patrícios e Plebeus*

Paulo Sousa, 14.03.25

Há dias no site do Município de Alcobaça preenchi o formulário do Livro de Elogios, com o seguinte texto:

“É maravilhoso viver num município que exige 500€ pela ligação de uma casa de habitação à rede de águas e que envia a factura pelo correio sem nenhuma forma de pagamento alternativa que não exija uma ida presencial aos serviços municipalizados. O facto de o país e os portugueses terem de governar a vida trabalhando todos os dias da semana e de se depararem com esses mesmos serviços encerrados numa segunda-feira de carnaval será falha exclusiva do país que não tem o pedigree suficiente para alcançar a graça de ser funcionário público. Viva o funcionalismo, abaixo a ralé. Muito obrigado, Senhor Presidente.”

Agora mais calmo, reconheço que exagerei. Exagerei no valor que tenho a pagar, que não é de 500€ mas de apenas 479,70€. E exagerei igualmente quando escolhi o Presidente da Câmara como sendo o alvo deste elogio.

Dizem-me que o igual tratamento dos cidadãos perante a lei está plasmado na Constituição da República Portuguesa. Eu olho à minha volta e não vejo isso. Assume-se sem qualquer pudor, que os funcionários públicos podem alcançar a reforma mais cedo que os trabalhadores do privado; o conceito do Salário Mínimo Nacional tem igualmente um significado diferente, e mais favorável, para quem trabalha para o Estado; a ADSE funciona como um SNS Premium, os seus beneficiários argumentam que não, dizendo que têm de pagar por ele, mas eu insisto nisso pois estou excluído dessa possibilidade; as famigeradas 35 horas de trabalho por semana, em comparação com as 40 dos demais, também não deve ser esquecidas; a impossibilidade prática de despedimento é mais um peso sempre do mesmo lado da balança. Como se tudo isto fosse pouco desequilibrado, a tolerância de ponte no Carnaval, e outros feriados, são dias de descanso reservados aos “servidores públicos”. A tudo isto, o Município de Alcobaça acrescenta a segunda-feira gorda.

É nesta altura que me lembro da sociedade do Império Romano, em que os Patrícios e os Plebeus sabiam o que eram, aquilo a que tinham direito e o que nunca poderiam alcançar. Mas pelo menos assumiam-no sem se darem ao trabalho de fingir que todos somos iguais perante a lei.

De facto, exagerei no meu elogio, a culpa não é do senhor Presidente da Câmara de turno, mas apenas dos portugueses que mansamente aceitam tal cabresto.

Sobre a despesa cobrada pela ligação do contador da água, e como a casa será para colocar no mercado, a seu tempo tal custo será transferido para o comprador da mesma. As casas estão caras, não estão? Quanto do seu custo são alcavalas ferradas pelo Estado Português?

 

PS: Depois de terminado o texto, voltei a fazer as contas e com o pedido de orçamento e outras despesas de serviço o valor aproximou-se dos 520€.

 

* Publicado no jornal Região de Cister

DELITO há três anos

Pedro Correia, 14.03.25

21523202_SMAuI.jpeg

 

Beatriz Alcobia: «Há diferenças grandes entre os refugiados sírios e os ucranianos e não têm que ver com a cor da pele. Em primeiro lugar, os ucranianos que fogem da guerra são quase todos mulheres e crianças. Não há, entre os ucranianos, uma percentagem de bombistas radicais que entram misturados para criar células de terroristas contra os europeus, homens que enchem as mesquitas de ódio e incitamento à violência contra os europeus.»

 

Maria Dulce Fernandes: «Que a história se repete, não é novidade, nem que as recorrências sejam aprazíveis. No que toca a condições atmosféricas nem sequer é premonição, é um facto que, neste caso particular, acontece na Primavera e no Outono, todos os anos de todos os séculos. Regressa sempre com as chuvas, com os degelos e com espírito de César. Chega, vê e vence. Que o digam Napoleão e Hitler. Esperemos que ao Psicopata Russo também lhe faça bom proveito.»

Naufrágio à vista de terra firme

Sérgio de Almeida Correia, 13.03.25

IMG_3633.jpg

Quem tiver acompanhado em directo a discussão da moção de confiança que o Governo de Luis Montenegro levou ontem à Assembleia da República, certamente que não deixará de reflectir, por pouco tempo que seja, sobre o que ali aconteceu. Para lá dos discursos, as expressões faciais e corporais dos protagonistas, os gestos, a colocação da voz do primeiro-ministro, o estilo do discurso e em particular o olhar, à medida que a sessão avançava, eliminavam as poucas dúvidas que ainda restassem sobre a sua rejeição.

Na bancada do Governo, tirando alguns esgares e sorrisos de circunstância, perdera-se a pose impante e altiva de quem manda e vai governar durante quatro anos. Olhares perdidos, longínquos, rostos fechados, circunspectos, denotando um misto de preocupação e de resignação.

Creio que muitos dos ministros do XXIV Governo teriam preferido que a moção nunca tivesse sido apresentada. Ou, então, que Montenegro a tivesse retirado antes da votação final. Provavelmente não o saberemos nos próximos tempos, mas dia virá em que essa parte da história será desvendada. Ali havia que mostrar solidariedade, ainda que só pela presença física, que o espírito e alma de cada um não se entregam assim, nem se conformam com a simples ritualização procedimental.

O primeiro-ministro procurou cumprir o seu papel sem a confortável ousadia de quem está convencido de que leva a razão pela mão. O desgaste das últimas três semanas, a compressão do olhar, muitas vezes ausente, mostravam que o seu tempo se aproximava do fim. A teatralização perdeu eficácia. O que ao longo dos últimos dias foi conhecido era afinal demasiado grave e contundente para não fazer mossa.

À medida que o debate progredia, aumentava o incómodo à sua direita e à sua esquerda, embora não tão eloquente como na bancada do PSD, onde as paupérrimas intervenções de Hugo Soares e Paulo Núncio em nada contribuíam para a desejada continuidade do Governo. A aflição tornou-se maior quando se percebeu que a desvairada proposta de uma CPI por 15 dias ou uma negociação de bastidores com o PS estaria condenada ao insucesso. E à vergonha.

Ventura fez o número habitual. Tom crispado e desafiador, naquela pose de marido enganado que vai fazer justiça, atirando culpas a tudo e a todos sem que os outros lhe dessem importância. Naquele momento o Chega já riscava muito pouco. A arenga, depois secundada pelo seu número dois, era irrelevante.

Mariana Mortágua, Rui Rocha e Rui Tavares estiveram bem na defesa das suas posições. A primeira, em ritmo pausado, com um discurso bem articulado, claro e incisivo, fez uma intervenção demolidora, colocando as questões cruciais. O líder do IL assumiu a pose de Estado, mostrando a sua disponibilidade para futuros entendimentos à direita. Rui Tavares procurou ser pedagógico. Inês Sousa Real referiu o óbvio. As intervenções da bancada do PCP, muito longe do brilho e de fulgor de outras eras, pouco acrescentaram, chegando a ser penoso ver como o grupo parlamentar minguou.

O líder do PS, que normalmente recorre a um discurso repetitivo, em tom monocórdico e excessivamente palavroso, por uma vez cingiu-se ao essencial sem demasiado espalhafato. Foi bem apoiado por Alexandra Leitão e Pedro Delgado Alves. Intervenções sem demasiado floreados, directas, numa linguagem compreensível para todos, são sempre muito mais eficazes, e tornaram irreversível o sentimento de rejeição da confiança pedida pelo Governo. 

Quando os telefones começaram a ser usados com mais frequência,  viu-se aquele número tosco do líder parlamentar do PSD, desesperadamente querendo fazer de ponto de Montenegro e salvador do Governo. Aí percebeu-se que tudo estava terminado. A intervenção final do esforçado Miranda Sarmento já não terá sido ouvida por ninguém. O apelo que fez naquela altura destinava-se a um saco roto.

Formalmente, a AR rejeitou o voto de confiança pedido pelo Governo. Substancialmente não foi este quem perdeu a confiança. O Público trazia esta manhã a fotografia do primeiro-ministro e o título, pouco rigoroso, dizia apenas "Caiu".

Na verdade, Montenegro não caiu. Nem se estatelou. O primeiro-ministro naufragou. E o mais incrível é que tudo aconteceu a 200 metros de terra firme. Levou com ele toda a tripulação, mais os passageiros, os clandestinos, as baratas e os ratos. Ninguém escapou.

Incapaz de perceber os muito sinais que lhe chegavam dos faróis e das bóias ao longo da costa, que o alertavam para um provável naufrágio ante o aumento das vagas que lhe entravam pelo convés, e que antes já o tinham deixado todo encharcado na ponte, confiante nas suas capacidades de Capitão Nemo da Costa Verde, Montenegro persistiu em manter o rumo enquanto mastigava um douradinho da Pescanova.

Há muito que se convencera de que o facto de os anteriores inquilinos da São Caetano à Lapa lhe terem confiado o navio era mais do que garantia de que aqueles marujos que o acompanhavam e o ajudaram antes a preparar a documentação para responder ao anúncio da Duck Cruises – Holidays and Trips Limited, mais conhecida como Cruzeiros à Pato – Férias e Viagens, Limitada, constituíam uma tripulação experiente e habituada a navegações oceânicas.

O primeiro-ministro ignorou os avisos de perigo iminente do faroleiro Santos e as indicações que este lhe dera pelo rádio para fazer um bordo de 90.º, a estibordo, e assim fugir das vagas e do nevoeiro, afastando-se das redes do pescador Arruda. Recusou alterar o rumo. Quando o seu compincha, em terra, agarrado aos binóculos de visão nocturna embaciados pelo nevoeiro, mas que ele só usava no olho direito para não pensarem que era um radical de esquerda, lhe começou a dizer para tirar a água que entrava pela amura de bombordo, já era um Capitão Montenegro em pânico que fugia da vaga em direcção à costa, correndo à frente daquela, sem perceber que o imediato Duarte e o cabo Leitão ainda andavam à procura dos coletes e dos remos dos salva-vidas que, afinal, tinham ficado esquecidos num armazém da Solverde, misturados com os sacos de golfe, as facturas da Spinumviva, os recados do Soares e o projecto de arquitectura que o Moedas pedira para justificar as obras na mansão da Travessa do Possolo.

O que se seguiu é do conhecimento de todos. Uma multidão de repórteres e operadores de imagem, de microfone em riste, com a jornalista Felgueiras à cabeça nas suas garridas galochas amarelas, estavam a postos para transmitirem em directo o naufrágio e os primeiros testemunhos dos náufragos.

Recolhidos pelo que restava de pessoal operacional do INEM e os mirones do Correio da Manhã, receberam algumas mantas, agasalhos secos e umas caixas de refeições ligeiras, antes de serem transportados até São Bento, onde iriam pernoitar. Quando aí chegaram, estranhamente, ninguém lhes franqueou a entrada. Na porta estava colado um aviso que dizia ter o senhorio resolvido o contrato devido à prática de actos ofensivos dos bons costumes.

Impedidos de ali se instalarem, onde entretanto haviam começado as obras para acolhimento dos futuros inquilinos, rumaram ao hotel de um velho conhecido. Esperavam aí obter um quarto duplo onde se acomodassem os três, com um preço aceitável e sem necessidade de grande conversa. Lamentavelmente não lograram os seus intentos. O contrato com o armador do navio e a seguradora caducara e os estalajadeiros não tinham quartos disponíveis. E, ao contrário do habitual, os fulanos recusaram liminarmente o regateio. O bispo Irineu Lavador que nessa manhã chegara a Lisboa num jacto privado procedente de Corumbá, carregado de dólares, tinha o hotel por sua conta e dos familiares e fiéis que se juntariam nessa noite numa celebração da sua seita no Estádio do Restelo, cujas portas abririam, milagrosamente, graças aos bons ofícios do deputado Almeida.

À hora a que escrevo estas linhas recebi informação de um amigo sapador, que festejava a sua recente promoção e o aumento salarial anunciado pelo chefe Sarmento com umas gambas e umas cervejolas, nas proximidades de Santa Apolónia, que me referiu ter visto os náufragos entrarem numa viatura da PSP, chamada de emergência ao local, depois daqueles terem sido corridos de Belém, onde pretendiam pernoitar, imaginem, à pedrada.

Essa recepção inusitada encaminhou-os daí para o Largo do Caldas, na esperança de que ainda lá estivesse um porteiro conhecido que lhes desse uma chávena de chá e os abrigasse. Sem sucesso. A electricidade e a água tinham sido cortadas por falta de pagamento. Entretido com os submarinos, o menino Nuno nunca mais se lembrara das contas.

Àquela hora, desesperados, com o Panteão Nacional ainda fechado, sem comboios para o Porto que parassem em Espinho e assegurassem ligação a Braga, refugiaram-se na Santa Casa da Misericórdia. Valeu-lhes um telefonema do Santana da Figueira. O que ninguém imaginava é que os deixassem ficar sentados nas escadas até ao nascer do dia. É que eram tantos os náufragos, devido à sobrelotação do navio, que nem ali havia mais camas disponíveis.

DELITO há três anos

Pedro Correia, 13.03.25

21523202_SMAuI.jpeg

 

José Pimentel Teixeira: «Boaventura Sousa Santos publicou no "Público" (pelo menos) dois textos de opinião dedicados à invasão russa da Ucrânia. Nada do que neles escreveu diverge das concepções que nas últimas décadas vem pronunciando sobre as diversas matérias do mundo, e que tão queridas e aclamadas vêm sendo em nichos da intelectualidade portuguesa: uma filosofia da história de teor conspiratório, crente na "mão invisível" que tudo causa e comanda, a omnipotência dos omnimalevolentes Estados Unidos da América; um método particular, o manuseio por cardápio das realidades históricas (ditas como apenas "construídas" pelos observadores) para sustentar um discurso apresentado como progressista e que se embrulha como democrático - ainda que refute a "democracia formal"... (...) A sua paupérrima deriva pela monocausalidade, intelectualmente indigna - convém notar que até chega a dizer que a dissolução guerreira da Jugoslávia em 1991 se deveu a que os EUA não queriam que subsistisse um país europeu do Movimento dos Não-Alinhados (em 1991!!!), um perfeito dislate. Disparatada mundividência que o leva agora à simples responsabilização dos Estados Unidos da América, da NATO e das democracias liberais europeias pelo advento da guerra russo-ucraniana.»

 

Paulo Sousa: «A ordem liberal europeia tem um dos seus mais sólidos pilares nas praias da Normandia. Sem a aberração do nazismo, a Europa e o mundo seriam hoje muito diferentes. Será que o ciclo de violência iniciado há dias por Putin ficará circunscrito à Ucrânia, e que serão os soldados ucranianos os únicos chamados para lutar e morrer pela liberdade? Que riscos estamos dispostos correr e que sacrifícios estamos dispostos a fazer para defender o que somos e a forma como vivemos?»

Farto de tácticas

Paulo Sousa, 12.03.25

A crónica de uma queda do governo anunciada, concretizou-se ontem e foi custoso de ver.

Ao longo dos últimos dias temos assistido a manobras da mais pura, e crua, táctica política. É óbvio que política sem táctica não é política, mas quando a política se esgota na táctica, perde-se o propósito da política. Recorrendo a uma imagem futebolística, é como um jogo embrenhado em fintas que se esqueceu da baliza.

tacticas.jpg

Como é que os protagonistas de ontem conseguirão explicar ao país a necessidade de um novo processo eleitoral? Que abismais diferenças separam a percepção que os dois maiores partidos têm para o país? Basta olhar para as mudanças que decorrem no concerto dos países, para que a questão anterior deva ser repetida. Que abismais diferenças separam a percepção que os dois maiores partidos têm para o país?

Na conversa com um amigo, fui confrontado com uma forma alternativa de ver os principais partidos do regime. Segundo ele, funcionam como marcas diferentes detidas pelo mesmo dono. Existe uma aparente concorrência, mas que se destina a alargar a oferta e a alcançar mais mercado. Publicidade à parte, podemos constatar isso mesmo nas marcas automóveis da VW, Skoda e Seat, ou também da Peugeot e Citroen. Partilham infra-estruturas, motores, peças, projectos e até a rede de assistência. Os vendedores têm objectivos que os colocam em concorrência directa, mas o patrão é o mesmo. Eu discordei. Basta observar o que se passou nas primeiras décadas do regime, para ver como se defendiam coisas bastante diferentes, disse eu. Então e se olharmos para os anos mais recentes? Já fiquei com mais dificuldade em responder. As medidas que o PSD tomou neste curto mandato foram rigorosamente as mesmas que em condições idênticas o PS teria tomado. Como o Pedro Correia aqui bem trouxe à conversa, o Centrão quase que faz lembrar o Partido Republicano da Primeira República. Só eles é que podem governar.

O país precisa de reformas mas o Centrão, o dono das várias marcas do mercado, não quer reformas nenhumas. As campanhas publicitárias garantem-nos que essas várias marcas são todas muito diferentes e por isso estas são impossíveis. E é nessa altura que assistimos à quase unanimidade da recente aprovação na desagregação das freguesias. Em que é que ficamos? Afinal é só isso que os aproxima?

Muita coisa já foi dita sobre o deprimente espectáculo ontem transmitido a partir do Palácio de São Bento, mas não pude deixar de concordar que quando se insiste em que as Jotas devam ser a base de recrutamento para a vida política, acaba-se por transformar a Assembleia da República numa reunião para a Associação de Estudantes. Quando se exige que apenas políticos gerados em laboratório possam exercer cargos de responsabilidade, acabamos a ser governados por gente sem mundo e sem outra vida que não seja a das fintas e reviengas. Quando não se aceita pagar salários decentes aos nossos governantes, temos de nos contentar com as terceiras ou quartas escolhas do que de bom tem o país.

Mesmo tendo ficado ontem sem voz, ou sem pio, André Ventura sabe tudo isto e é isso que tem tentado explorar com relativo sucesso. No entanto, e para que pudesse alguma vez ser uma alternativa, o líder espiritual da seita religiosa em que o Chega se tornou sofre de um problema insanável. Não é a falta de ambição de um dia vir a ser ministro de qualquer coisa, nem que não saiba qual a finta mais vistosa para cada momento, mas apenas por não querer mudar o país. O que ele gostava era de um dia vir a dominar esse mesmo Centrão, que agora tanto critica. A sua abstenção na proposta da desagregação de novas freguesias pode parecer apenas um detalhe, mas tem um enorme significado. Para além disso, está enfermo daquele mal incurável da não-confiabilidade. A confiança pode demorar uma vida inteira a conquistar-se, mas como bem sabemos, pode esfumar-se numa fracção de segundo. Basta imaginar o que seria se Montenegro não tivesse proferido o famoso “não é não” e que, até ontem, éramos governados por uma coligação de direita. Ventura, constante e solidamente, fez do Chega um parceiro político tóxico, que serve para protestar, mas que não serve para resolver. E que se encolhe os ombros perante a proposta de criação de mais “tachos” autárquicos. Pode até vir a conseguir mais mandatos para a Assembleia da República, mas para os preencher terá de ir recrutar bandidos já presos e malucos já internados.

Por tudo isto, e ainda mais que a seu tempo poderei aqui trazer, nas próximas legislativas não irei votar estrategicamente. Tenho votado PSD devido ao chamado voto útil. Graças ao método de Hondt a democracia em Lisboa, e nos grandes círculos eleitorais, é diferente da do resto país. De forma a evitar a perda de votos não tenho votado na IL, mas desta vez essa será a minha escolha.

Precisamos de governantes com mundo, com maturidade, com uma ideia de país que ultrapasse aquelas lógicas que só quem cresceu e viveu a militar nas Jotas entende.

Por serem necessários resultados diferentes, desta vez não irei votar nos mesmos.

Pág. 1/6