Canções com meio século (1466)
Sueño con Serpientes, Silvio Rodríguez
(Álbum: Días y Flores, 1975)
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Sueño con Serpientes, Silvio Rodríguez
(Álbum: Días y Flores, 1975)
«É bom que Zelenski, um ditador sem eleições, se mexa depressa ou deixará de ter um país.»
Donald Trump, na sua rede digital (19 de Fevereiro)
(A fotografia retrata uma exposição da Magma Fotografia, na estação dos CFM de Maputo, em 2009. A fotografia exposta será de Solange dos Santos ou de Dominique Andereggen, não tenho a referência completa)
"Zé / Zezé, então e como é que está aquilo em Moçambique?...", perguntam-me diariamente amigos, agora que "as coisas" de lá se afastaram um pouco dos "escaparates" da imprensa. - escrevia eu há um mês. Agora perguntam-me menos, as notícias por cá escasseiam e outras questões prementes convocam o interesse: as nossas inúmeras trapalhadas do CHEGA, às quais se seguiram as previsíveis de Montenegro. Lá fora mantém-se a desgraça de Gaza, acoplada ao patético/pateta anseio de uma Riviera ali medrada. E, agora mesmo, a ascensão final da Criatura TrumPutin. Esta tanto animando essa execrável mescla, vigente desde a invasão da Ucrânia, fez ontem três anos (!), dos nossos comunistas - das versões III e IV Internacionais - e fascistas - entre estes em especial os que estiveram estas décadas travestidos de "sociais-democratas" pêessedistas ou "demo-cristãos". Os quais andam agora, eufóricos pois "saídos do armário", quais "bichas loucas" em histriónica "parata fascista".
Enfim, olhando a História, percebemos que a revivemos. Pois a oriente temos hordas de guerreiros norte-coreanos rumo a Viena, os boiardos russos vão sendo defenestrados em massa, o pretendente Navalny foi morto há um ano (cumpriu-se há pouco). Entretanto, a oeste Drake vagueia pelas nossas costas, reforçado por frota de mercenários vikings, convertidos ao calvinismo africano. E há dias, arrogante, mandou-nos como emissário um puritano de Salem, para exigir "tributo". E esta nossa gentalha rejubila. Porquê? Por não gostar que "Roma" imponha alguns limites às superstições locais... São uns labregos, já o referi.
Neste ambiente como atentar nas coisas de Moçambique? Mesmo assim ainda há quem me pergunte novidades sobre o país. Faço então um curto resumo, para não cansar os (um pouco) interessados. O candidato presidencial Venâncio Mondlane, autoproclamado "presidente do povo", continua as suas sortidas, colhendo impressionantes e espontâneos banhos de multidão: agora em Vilanculos, há dias em zonas populares de Maputo e em localidades da sulista província de Gaza (a Gaza moçambicana, não a mediterrânica, como julgou o ex-viking Musk). Alguns dos seus seguidores mais próximos continuam a sofrer tentativas de assassinato, ditos como praticadas pelos consabidos "esquadrões da morte". A isso reage a população, destruindo algumas instalações estatais e do partido do poder, fenómenos mais correntes no Sul do país, algo relevante pois em zonas de tradicional adesão maioritária ao Frelimo. E continuam a grassar bloqueios rodoviários e em torno de zonas comerciais, sinalizando a imprevisibilidade do rumo nacional e a atrapalhação da "ordem pública". Como detalhe, verdadeira minudência, lembro que algumas rádios de Nampula viram-se impedidas de transmitir, tendo regressado algum tempo depois, decerto que tendo tomado em conta o "aviso à navegação" recebido. Bastante preocupantes são as notícias da disseminação de grupos amotinados (agora ditos "namparamas", num uso inovador do termo, que vem substituir os anteriores "bandidos armados" ou "insurgentes"), os quais alastram, principalmente nos distritos da Zambézia. E diante dessa epidemia de "jacqueries" temo que se venha a tornar em pandemia.
Entretanto há dias houve a ansiada reunião do Comité Central do Frelimo, sobre a qual muitos diziam ser o momento da passagem do testemunho, efectivando uma maior autonomia política do actual presidente Chapo, abrindo assim o "novo ciclo" de poder - este por cá já há tempos "anunciado na tv" pelos comentadores lóbistas Paulo Portas e Miguel Relvas -, e concomitantes novas práticas de exercício governativo.
E alguns dias após essa reunião magna houve pronunciamentos dos próceres moçambicanos, delineando o conteúdo desse "novo ciclo". O antigo presidente Guebuza deu uma conferência na semana passada, explicitando que "o colono trouxe a ideia que o africano é corrupto". Entenda-se, que a premente acusação de corrupção generalizada do regime se deve ... à maldade exploratória dos colonialistas. Para os alheados das questões moçambicanas (e africanas) esta formulação tem de ser esmiuçada, pois não é apenas uma diatribe. As elites políticas que ascenderam ao poder após as independências sempre se legitimaram pelo seu papel anticolonial. E o Frelimo sempre insistiu nesse tópico. Agora, 50 anos depois da independência, com o país naquele estado, face a uma população cuja esmagadora maioria tem menos de 35 anos - netos e bisnetos dos colonizados -, tentar insistir neste tópico (certeiro ou errado, pouco importa) é evidência de que a elite política (na qual Guebuza é importantíssimo) não compreende o real, não reflecte sobre ele. E assim nunca assumirá um qualquer "novo ciclo" (apesar do que por cá dizem os comentadores televisivos Miguel Relvas e Paulo Portas...).
Logo de seguida o novo presidente Chapo foi mais longe no sistematizar do conteúdo desse "novo ciclo": primeiro que a luta contra as "manifestações é a continuidade da guerra dos 16 anos". A expressão é um programa político: por um lado, o epíteto "guerra dos 16 anos" é um lema dos frelimistas (ladeado por outro "título", o de "conflito armado"), que nega a referência a uma "guerra civil", forma de então - e ainda agora - negar a realidade social da Renamo, reduzindo-a a marioneta de agressão estrangeira. E, por arrasto, afixando essa "inexistência" ao que se passa agora. Por outro lado, Chapo - mais novo que Guebuza - ao afirmar isto não só procura reduzir os manifestantes a agressores (externos) como busca a legitimação do poder na invocação da pacificação de uma guerra terminada há... 30 anos. E um discurso autolegitimador que, como o anterior, não colhe diante desta pirâmide etária. Ou seja, tanto pela negação sociológica como pela retórica autolegitimadora, a via do actual presidente sublinha que a elite política - e nesta caso a das fracções vigentes - não compreende o real, não reflecte sobre ele. E assim, repito, nunca assumirá um qualquer "novo ciclo"...
Depois, e para que não restem dúvidas sobre as suas intenções e as do poder instituído, foi a Pemba discursar e anunciou ontem que "Vamos derramar sangue para combater as manifestações", enfatizando ainda que "vamos fazer jorrar sangue"...
Enfim, "Zé/Zezé, então e como está aquilo em Moçambique?...", perguntam-me os amigos, diante da imperial do fim da tarde. "Não sei", respondo, entristecido.
Washington juntou-se ontem a Moscovo, na Assembleia Geral da ONU, num voto contrário à condenação do assalto russo à Ucrânia e ao apoio à integridade territorial deste país soberano. No própria dia em que se assinalava o terceiro aniversário da criminosa agressão a Kiev, a mando do regime totalitário de Vladimir Putin.
Só 16 países representados na Assembleia Geral acompanharam russos e norte-americanos nesta posição. Entre eles, a Bielorrússia, a Nicarágua, a Guiné Equatorial, a Eritreia, o Mali, o Sudão e a Coreia do Norte.
Podemos concluir: nunca os EUA andaram tão mal acompanhados.
Isto não impediu a resolução - proposta pela generalidade dos países da União Europeia e pela própria Ucrânia - de ser aprovada por larga margem: 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções.
Assim se consumou, para quem ainda alimentasse dúvidas, a ruptura do consenso euro-atlântico por decisão unilateral da Casa Branca. À vista de todo o mundo, num lugar tão emblemático.
Confirma-se: esta administração de Donald Trump e J. D. Vance vai conduzindo os Estados Unidos da América a um colapso moral. Não demorou meses ou anos, como muitos previam. Bastaram trinta e poucos dias.
João Campos: «Nos últimos dias o Governo tem estado especialmente bem, tanto na condenação inequívoca da agressão russa como na solidariedade estendida ao povo ucraniano.»
José Pimentel Teixeira: «Vem constando que António Costa, reforçado pela maioria absoluta parlamentar, levará Fernando Medina para o seu próximo governo. Entregando-lhe, segundo os mesmos rumores, a importante tutela das Finanças. É uma boa notícia para o país, pois será garantia de uma boa relação com o regime russo.»
Paulo Sousa: «Já com milhares de ucranianos deslocados em fuga da guerra, com muitos outros a dormir nas estações de metro, fazendo lembrar os tempos do Blitz sobre Londres, sem podermos saber a dimensão das baixas civis, a pergunta que ouvi numa entrevista a um oficial das Forças Armadas reformado foi sobre quais as linhas vermelhas que a Rússia não poderá pisar. O que é que afinal ainda falta acontecer para que os europeus acordem?»
Sérgio de Almeida Correia: «Não pode haver condescendência com a mafia putinesca. É tão ladrão o que vai à vinha como o que lhe faculta os meios, o ajuda a levar o escadote e ainda fica de vigia para que o outro consuma o furto.»
Eu: «Ao contrário dos portugueses, cúmplices de Putin, os comunistas espanhóis condenam sem reservas a agressão da Rússia à Ucrânia.»
Até ao fim do mês, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez
I Can See the Sun in Late December, Roberta Flack
(Álbum: Feel Like Makin' Love, 1975)
Estamos a 24 de Fevereiro: é dia de honrar a memória dos mártires ucranianos. Centenas de milhares de pessoas, incluindo numerosos civis, assassinadas às ordens de Vladimir Putin. Os sinos dobram por elas.
É também o dia de evocar os milhares de cidadãos russos que o tirano do Kremlin enviou para a fogueira homicida da guerra. Cerca de um milhão de vítimas - entre mortos, feridos e desaparecidos - na tentativa frustrada de "conquistar" e anexar a Ucrânia, iniciada faz hoje três anos.
Desde então, os sipaios de Moscovo conseguiram avançar apenas cerca de 40 km em terreno devastado e despovoado, sem valor estratégico. Sem capturarem uma só capital de província. Sem exibirem superioridade terrestre e marítima. Forçados a recuar após terem estado a escassa distância de Kiev na primeira fase do conflito. Humilhados quando o mundo soube que as forças ucranianas, num fulminante contra-ataque, penetraram em solo russo, apoderando-se de 560 km² na região de Kursk. Foi há seis meses, em Agosto passado, e continuam lá.
Trágica ironia da História: ninguém até hoje, neste século, vitimou tantos russos como o próprio Putin.
Beatriz Alcobia: «A Ucrânia assentiu em destruir as suas armas nucleares com condições. As condições incluíam a garantia de que a Federação Russa se comprometesse a não atacar a Ucrânia. A Rússia concordou e essas condições e garantias ficaram escritas no memorando de Budapeste que foi assinado a 5 de Dezembro de 1994, pelos líderes da Ucrânia, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos.»
João Pedro Pimenta: «Não tenhamos dúvida: é um desafio mais perigoso e exigente do que o dos mísseis de Cuba e dos instalados na RDA nos anos oitenta. E mais uma prova de que este século XXI, depois do optimismo que se viveu nos finais do anterior, está a ser uma desgraça. Começou com um atentado apocalíptico, prosseguiu com a maior crise financeira das últimas décadas, tivemos uma pandemia há dois anos que ainda não acabou e agora esta séria ameaça de guerra. Um primor de século.»
Luís Menezes Leitão: «A fraqueza da actual liderança dos EUA e a falta de preparação do Ocidente para suster a ameaça russa conduziram a Europa uma guerra que se pode revelar absolutamente dramática. E esperamos que isto não sirva de exemplo para outras potências procurarem também resolver pela força os conflitos que têm há muito congelados. Recorde-se a China em relação a Taiwan.»
Paulo Sousa: «Se a Rússia fosse uma democracia razoavelmente funcional, onde o poder estivesse diluído num parlamento verdadeiramente representativo e não tão concentrado no círculo extremamente restrito que rodeia Putin, todo o enquadramento seria diferente. Todo o poder russo assenta na força da autoridade não escrutinada e numa propaganda que condiciona os seus meios de comunicação.»
Sérgio de Almeida Correia: «Nestes momentos é preciso saber de que lado se está. E manifestá-lo sem receio. Eu estou do lado de Yaremchuk e do povo ucraniano, em defesa da sua liberdade de escolha, do seu direito a viver em paz, e de um mundo mais livre e mais seguro, contra a ditadura de Putin, os seus amigos, os idiotas úteis, os parceiros de ocasião, a sua corte de mercenários, dependentes e capangas.»
Eu: «Os trágicos acontecimentos que presenciamos, vendo devorar uma nação europeia com 43 milhões de habitantes, não se esgotam nas três frentes de guerra na Ucrânia. Está em curso um sismo de máxima magnitude na geopolítica mundial, com a formação de um eixo Moscovo-Pequim, análogo ao pacto estabelecido em 1940 por Hitler e o seu fiel vassalo Mussolini (representado nos nossos dias por Lukachenko, o grotesto ditador bielorrusso) com os sinistros mandarins de Tóquio.»
Até ao fim do mês, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez
Silent Eyes, Paul Simon
(Álbum: Still Crazy After All These Years, 1975)
(créditos: RTP/António Pedro Santos)
Todos deverão estar recordados de que no ano passado, poucas semanas depois das eleições legislativas, o PS apresentou a sua lista de candidatos ao Parlamento Europeu, nela fazendo entrar alguns deputados que tinham acabado de assumir funções na Assembleia da República para uma legislatura de quatro anos, no que vi como mais uma violação ostensiva e desavergonhada do contrato eleitoral, em total desrespeito pelo princípio do cumprimento dos mandatos e as promessas efectuadas perante os eleitores.
Escrevi então que "não me passou despercebida a forma tão pouco razoável como Pedro Nuno Santos e o PS violaram o contrato com o eleitorado que nas legislativas de 10 de Março havia votado no partido, convencido de que Marta Temido, Francisco Assis e Ana Catarina Mendes iriam respeitar e cumprir o mandato para que haviam sido eleitos. E na mesma ocasião perguntei: "Se a ideia era candidatá-los nas eleições europeias, então para quê fazê-los eleger para a Assembleia da República? Para depois se fazerem substituir por nulidades que ninguém conhece? Como é possível gente séria e decente estar na política e prestar-se a isto?"
Não há muito tempo, um estudo da Pordata com base em em dados do Eurobarómetro de 2023, concluía que "62 por cento dos cidadãos em Portugal exprimem falta de confiança na Assembleia da República", valor já nessa altura superior em 6 pontos percentuais à média europeia de 56 por cento, mostrando os números que 8 em cada 10 portugueses tendiam a não confiar nos políticos, havendo uma percentagem superior a 70% que acreditava que o sistema politico não permitia, ou só permitia em escassa medida, a influência dos cidadãos.
Estes números eram alarmantes e estou convencido de que se repetissem esse estudo hoje os resultados serão ainda piores.
Sempre tive o ministro Pedro Duarte como um dos poucos com capacidade política no actual PSD, como uma pessoa calma, bem formada, com um discurso articulado e um módico de ponderação e bom senso.
Sucede que essa boa imagem desapareceu completamente depois da conversa que aquele manteve com Vítor Gonçalves no programa Grande Entrevista da RTP, sendo-me difícil compreender como é que políticos profissionais podem ser tão políticamente medíocres, proferindo afirmações como as cândidas que deixou sobre a sua eventual participação na corrida à Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas do próximo Outono.
Num executivo que o seu primeiro-ministro prometeu ser para mais de quatro anos, dizendo Luís Montenegro na sua tomada de posse que os agentes políticos precisavam "mostrar a sua maturidade e o seu grau de compromisso com a vontade dos portugueses", e em relação ao qual sublinhou estar para durar, é dele próprio e da sua gente mais próxima que saem sucessivos tiros nos pés. Desta vez foi o ministro Pedro Duarte.
Após a medíocre prestação do primeiro-ministro durante o debate da moção de censura apresentada pelo Chega, que já mereceu a alfinetada do Presidente da República, e em que Montenegro parecia apostado em alinhar pelo discurso demagógico, populista e de meias-verdades para não dar as respostas devidas, numa teatralização vitimizadora só comparável àquele número de Cavaco Silva que, irritado com as críticas de um deputado socialista à sua posição em relação ao que aconteceu no BPN, dizia que para se ser mais honesto do que ele seria necessário nascer duas vezes, veio Pedro Duarte prestar um mau serviço a si próprio, à política e aos políticos, cravando mais um prego no caixão da confiança política dos portugueses no seus agentes e no regime.
É inacreditável como perante a situação em que estão os partidos, com o nível de desconfiança nos políticos, e com tudo o que está a acontecer, com a escabrosidade da acusação do processo Tutti-Frutti em todo o lado, com uma mini-remodelação forçada que acabou de ser feita, o ministro Pedro Duarte confesse publicamente o seu desencanto pelas funções que exerce, dizendo que apesar de ter entrado para uma equipa que pretende governar para quatro anos, não se realiza no que faz e está ansioso por sair para se candidatar à Câmara Municipal do Porto, essa sim a sua "cadeira de sonho".
Seria aceitável, por exemplo, que um jogador de futebol, quaquer profissional, ele mesmo, por exemplo, enquanto trabalhador da Microsoft Portugal, desse uma entrevista pública, meses depois de ser contratado por um clube ou uma empresa, e dizer que estava naquelas funções e naquela entidade a fazer o que não gostava e que preferia ir jogar para outro clube ou apresentar-se noutra empresa?
Se desde sempre o seu sonho é ser presidente da Câmara Municipal do Porto, o que qualquer pessoa pode facilmente compreender, por que raio Pedro Duarte aceitou integrar o Governo de Luís Montenegro há menos de um ano? O homem terá noção do que disse e da posição em que se colocou? Se fosse ministro num governo meu seria libertado nesse mesmo dia.
Os calendários eleitorais são conhecidos com antecedência e todos sabíamos que este ano os portugueses voltarão às urnas para escolher os seus representates nas autarquias. Pedro Duarte também sabia e podia ter aproveitado estes meses para se preparar para a corrida. Na posição em que está dentro do partido, com a proximidade que tem a Montenegro e com a sua infuência nas estruturas locais do PSD e na cidade, seria muito fácil ser "imposto" como candidato ao Porto.
Escusava de ter feito este número como ministro, quase como se estivesse a fazer um frete e a ocupar as horas vagas antes de se dedicar a outras actividades mais interessantes do que ser ministro num governo do PSD e de Luís Montenegro.
A posição que assumiu também volta a colocar em xeque o primeiro-ministro que o escolheu, revelando total desprezo pelo discurso oficial, pelo juramento de lealdade efectuado perante os portugueses aquando da sua tomada de posse e um enorme desrespeito pela função governativa e pelos eleitores.
Que garantias terão hoje os eleitores de que os mandatos em democracia são para ser cumpridos? Que confiança se pode ter nestas escolhas? Quem pode confiar em partidos e políticos que se comportam deste modo? Que saúde tudo isto traz à democracia e às instituições? Não será melhor dispensar já Pedro Duarte das suas funções ministeriais, aliviando-o do fardo que carrega? Que ética, já que ele falou nela, é esta? Em que manual se inspirou?
Estarias a favor ou contra os polacos em Setembro de 1939?
A democracia é, por natureza, o regime do homem comum. Quem sonha com lideranças carismáticas e providenciais para resgatar a pátria arrisca-se a manter um conflito insanável com a democracia.
Este pensamento acompanhou o DELITO DE OPINIÃO durante toda a semana
José Navarro de Andrade: «O Eng. Ilídio Monteiro foi muita coisa importante na vida, que mereceu devida menção na sua morte. Por mim vale por ter sido pequeno. Sempre que a banda do A.D.R. "O Paraíso" precisava de um instrumento novo, lá ia de bota cardada por aqueles vinhedos fora, fazer uma serenata à porta da sua casa de Vale Fornos, quando sabia que ele lá estava. O homem ouvia a charanga - que por acaso toca com muita afinação - e no fim passava o cheque com um "obrigado". Uma insignificância nunca negada que só favoreceu uma aldeola.»
Luís Menezes Leitão: «Há muito tempo que acho que a estratégia de comunicação do Bloco de Esquerda é um disparate gigantesco, o que talvez explique a facilidade com que esse partido multiplica as tendências, as cisões e até os seus líderes.»
Sérgio de Almeida Correia: «Não há imagem mais perfeita do caminho percorrido, do reconhecimento do trabalho de um tal Pedro Reis, das conquistas conseguidas com a troika, da excelência dos nossos produtores, da reforma do Estado e do apoio do Governo à estratégia de diplomacia económica, do que a do galinheiro.»
Eu: «À segunda será de vez? O presidente da Ajuda Médica Internacional candidatou-se a Belém em 2011, sem apoios partidários, e obteve um terceiro lugar, com 14% dos votos. Surpreendendo assim os "analistas políticos" do costume - incapazes de enxergar o óbvio, especialistas em acertar no totobola à segunda-feira - que lhe vaticinavam uma percentagem microscópica nas urnas.»
Cold Wind to Valhalla, Jethro Tull
(Álbum: Minstrel in the Gallery, 1975)
«Se a beleza é aleatória, a estética é um imperativo e um dever.»
Teresa Veiga, Vermelho Delicado, p. 123
Ed. Tinta da China, 2024
O virar de mesa de pernas para o ar em curso na geopolítica global dá azo a muitas unhas roídas e à procura de situações passadas de onde seja possível pescar dicas para lidar com a actualidade.
Lembrei-me de um livro, que li há uns anos, sobre uma operação levada a cabo por Moscovo, e que devo ter emprestadado pois não o encontro onde deveria estar. Muito resumidamente consistia em criar uma sósia da primeira-dama do EUA, para depois a substituir pela verdadeira. Com um activo infiltrado em tal nível de proximidade com o POTUS, o KGB conseguiria um acesso sem precedentes ao último decisor do seu maior rival. Apenas uma imaginação prodigiosa conseguiria urdir um enredo tão arrojado. A obra, A Segunda Dama, é assinada por Irving Wallace e chegou-me ás mãos numa edição Livros do Brasil.
Entretanto chegamos a 2025 e, nos últimos dias, já tropecei em diversas entradas nas redes sociais que afirmam que Trump, desde uma das suas falências nos anos 90, é ele próprio um agente ao serviço dos russos. Nunca saberemos se é apenas mais uma teoria da conspiração, mas a questão que me coloco é seguinte: se fosse verdade, o que é ele teria feito de diferente nos últimos dias?
Hoje lemos Dan Brown, "O Símbolo Perdido".
Passagem a L' Azular: "E não, "Google” não é sinónimo de “pesquisa.”
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Em boa verdade, se não é, parece.