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Nação, palavra proibida de Janeiro a Dezembro. E que só ressuscita três dias por ano, a propósito do chamado debate do Estado da Nação (adaptação lusitana do original norte-americano State of the Union).
Caída a cortina parlamentar, voltamos ao proibicionismo militante. Nação, termo interdito. Remetido para o segundo verso do Hino, só entoado em três ou quatro estádios de futebol.
Fala-se de país (pequeno), de Estado (grande), de lugar, de rectângulo. De sítio, de coisa. Até de choldra. Como se fossem sinónimos. Como se fossem termos mais apresentáveis para nos designar.
Mas não são.
Benagil (Lagoa)
Fernando Sousa: «Bradley Mannings não será condenado a prisão perpétua, porém incorre numa pena de 136 anos. Extraordinário! A juíza que presidiu ao tribunal militar que julgou o soldado que filtrou centenas de milhares de ficheiros para a WikiLeaks foi no entanto magnânima: descontou-lhe 112 dias pelos oito meses em que esteve metido numa cela de 2x2,5 metros e sem janelas, com direito apenas a uma hora diária de recreio. Que humanidade! Mas o mais extraordinário é que o Governo dos Estados Unidos, que se mandou ao Iraque como gato ao bofe com base em mentiras e que vem recusando investigar alegações de tortura e outros crimes, tenha decidido processar Mannings por ter revelado provas de comportamentos de guerra criminosos. »
Helena Sacadura Cabral: «Exceptuando o Cristiano e a Irina que ainda despertam os portugueses da letargia em que vivem, o que é certo é que já não há jardins da Parada ou betinhos que nos valham. A globalização fez desaparecer o beautiful people e, os resquícios que ainda subsistem, não dão para mais de duas páginas com fotos e texto escassos. A crise é, nos nossos dias, pasme-se, o tema central das revistas cor de rosa que assim se tingem de um cinzento outonal. Que pena. Que falta nos fazem aqueles floreados da época!»
João André: «No caso do acidente ferroviário em Espanha, aquilo que mais me incomoda é a forma como a vida do condutor tem sido completamente devassada pela comunicação social. Ainda antes de se saber o que tinha sucedido (além da existência de muitos mortos) já se sabia quem era o condutor, que idade tem, que tinha colocado uma foto na sua página do Facebook, etc. Perante o tratamento dado ao caso pela comunicação social, é normal que o público tenha reagido como uma turba raivosa com ganas de enforcar o condutor da árvore mais alta da Galiza.»
Luís Menezes Leitão: «Ontem Rui Rio anunciou urbi et orbi a sua candidatura a substituir Passos Coelho. As suas declarações constituem uma pedrada no charco e representam um claro sinal de que há na actual política portuguesa um amplo sector que não se revê na incompetência política do actual PSD nem está disposto a assistir ao desastre que seria a entrega do país a António José Seguro. Rui Rio cortou a direito e diz o que muita gente está a pensar. Não é aceitável que numa democracia madura os políticos não digam a verdade no Parlamento, pelo que se forem apanhados em falso não têm outra alternativa senão demitirem-se ou serem demitidos. Mas é claro que Passos Coelho não o fará a Maria Luís Albuquerque, uma vez que nem sequer reagiu quando na oposição se colocou a mesma questão em relação a José Sócrates.»
Eu: «Como já referi aqui e aqui, não faz o menor sentido limitar direitos políticos consagrados na Constituição da República com interpretações extensivas da lei ordinária. A ausência da clarificação que a Assembleia da República deveria ter feito ao diploma que interdita mais de três mandatos consecutivos na mesma câmara municipal ou na mesma junta de freguesia foi um erro que não pode ser compensado com outro, de maior gravidade. A melhor doutrina jurídica ensina-nos que a compressão de um direito só é admissível com menção expressa na letra da lei, não invocando um seu putativo "espírito" à mercê de calendários políticos. Os "revolucionários brancos" terão de arranjar muito em breve outra causa para se manterem à tona das ondas mediáticas. Esta tornou-se um "não-assunto", como bem lhe chamou Vital Moreira.»
Valentim, Amália Rodrigues
(Single: Valentim, 1973)
As eleições de Espanha, que redundaram num triunfo relativo do PP de Feijóo e na resistência do PSOE, mostraram ainda mais, como se fosse necessário, como o país está partido e se tenta fazer uma divisão esquerda-direita intransponível. Pedro Sánchez preferiu aliar-se com tudo o que mexia a permitir por abstenção a investidura de um governo minoritário do PP, respaldado a pactos de regime. Isso permitiria que o Vox não interferisse com um governo PP, mas para Sanchez isso não era suficiente, e, como se viu, para conservar o seu poder, preferiria aliar-se ao diabo do que ver um governo do PP, com ou sem Vox. E de facto isso pode acontecer, se tiver de novo o apoio da esquerda radical, o Sumar que deixou o Podemos nas lonas, tão cor-de-rosa por fora e tão retintamente vermelho por dentro, herdeiro em linha directa das que por ali se encontravam no tempo da Guerra Civil. A nova estrela local, Yolanda Díaz, afirmou há não muitos anos querer acabar com o espírito da transição e com a própria monarquia. Realce-se que Díaz é natural do Ferrol, ironicamente tal como o Generalíssimo Franco, cidade que outro ilustre conterrâneo, Gonzalo Torrente Ballester, dissera nunca ter criado nada que prestasse. Para além do Sumar, Sánchez precisará do apoio de muitas outras formações, como os desavindos partidos independentistas catalães, que até caíram estrondosamente, uma data de formações regionalistas, e do País Vasco, o habitual PNV, que governa a região, mas sobretudo o Bildu, sucessor directo do Herri Batasuna, o braço político da ETA, que continua a ser chefiado pelo mesmo Arnaldo Otegui. É com este saco de gatos que Sánchez pretende manter o PP afastado do poder.
O pretexto do Vox redunda em falsidade, como se vê, mas é muito usado e aparentemente eficaz. Aqui, Sánchez está muito próximo de António Costa, que usou e abusou do fantasma do Chega para obter votos à esquerda e impedir o PSD de melhores resultados e também obteve visível êxito. A estratégia pode ser boa agora, mas poderá trazer graves consequências mais tarde. A eternização do poder, a falta de alternativas e a normalização da direita radical podem fazer com que esta cresça mesmo a médio prazo, rompendo quaisquer cordões sanitários e aproveitando-se da terra que os socialistas vão queimando. E há precedentes além-Pirenéus.
Nos anos oitenta, estando no poder, onde conseguiu controlar os comunistas, e para evitar a progressão da direita gaullista e republicana, François Mitterrand conseguiu alterar a regra eleitoral do modelo de voto maioritário para um proporcional. Permitiu assim que a Frente Nacional de Le Pen ganhasse um número apreciável de deputados no parlamento às custas da direita e, desde então e por arrasto, dos comunistas, coisa que Mitterrand talvez não imaginasse à época mas lhe seria útil para se desembraçar deles colocando o PSF como partido hegemónico da esquerda francesa. O então presidente era um tacticista sob as vestes do idealista, e seguia as teses maquiavélicas que tanto influenciaram dois estadistas do século XVII: os cardeais Richelieu e Mazarino. Essa influência transmitiu-se-lhe mesmo de forma pessoal: soube-se que tinha uma segunda família e uma filha a que deu o nome de...Mazarine, o que não era certamente por acaso.
Só que tudo isto teve um preço. Hoje em dia, não só o PCF é quase irrelevante e a direita republicana está em declínio como o próprio PSF se tornou um partido de terceira categoria, de influência quase nula, empastelado numa coligação chefiada por um demagogo de esquerda radical, ao passo que o cenário político está dividido entre este último, o centro radical de Macron e a dinastia Le Pen, que Mitterrand ajudou a guindar-se. Eis o resultado de se querer manter o poder a todo o custo insuflando-se as direitas radicais para enfraquecer as moderadas: um dia, o desespero e a revolta de ver o poder ocupado pelos mesmos acabará por dar aos radicais o poder, catapultando-os com enorme aumento de votos. Isso já está a acontecer noutras paragens. Aconselhava-se por isso os srs. Sánchez e Costa a olhar para França e a não brincarem aos defensores da democracia - e sobretudo a não brincarem apenas com os radicais do seu espectro político.
«Em 2014, foi instituído [na China] o primeiro dia oficial de celebração da Constituição. E, nesse mesmo dia, a palavra mais censurada na internet e nas redes sociais foi justamente a palavra... "Constituição"! Nada poderia ter sido mais eloquente no sentido de dizer que a lei e as suas instituições devem servir o Partido Comunista Chinês e não garantir os direitos dos cidadãos.»
François Bourgon, Na Cabeça de Xi (2017), p. 96
Ed. Zigurate, 2022. Tradução de Carlos Vaz Marques
Notícia de primeira página desta edição do Expresso
Sabe porque é que a enseada entre Peniche e o Baleal se chama Cova da Alfarroba?
E sabe com que outra efeméride está relacionada a tragédia da chalupa Olívia, a 1 de Outubro de 1905, em Lisboa?
E que a Emissora Nacional encenou uma aterragem na lua de um astronauta português, catorze anos antes da Apollo 11?
Podemos ler sobre estas e outras curiosidades n' O Sal da História, blogue de Cristiana Vargas e que eu já aqui destacara, há dois anos. Mas nunca é demais relembrá-lo, pois fala-nos de coisas que a História facilmente esquece. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos - há sempre uma boa razão para lermos O Sal da História.
Martinhal (Vila do Bispo)
É fácil cair numa visão escatológica do poder, aquilo do isto estar pior do que nunca... Pois a realidade sempre parece dura, também devido à memória selectiva que nos faz matizar as agruras passadas. E sempre surgem problemas na governação. Tudo isso sublinhado pelo democrático escrutínio feito pela imprensa.
As actuais interrogações na Defesa, por hábito sector secundário para a opinião pública, são exemplo de tudo isto. Mas este mero fotograma enfrenta esse decadentismo espontâneo. Pois o ombrear dos dois últimos ministros da Defesa obriga a lembrar aquele que os antecedeu, Azeredo Lopes. O do episódio mais pungente deste regime, quando se defendeu em tribunal afirmando-se intelectualmente incapaz de compreender os relatórios sobre os assuntos que tutelava. Goste-se ou não dos seguintes, Cravinho e Carreiras, não é crível que estes venham a descer a tamanha indignidade. Ou seja, por este lado se deduz que nem tudo está a resvalar para o Apocalipse!
Mais importante para se ultrapassar o tal decadentismo é perceber que não é muito fiável o fluxo informativo crítico do rumo nacional. Não por acinte ideológico ou interesses esconsos das empresas da imprensa e seus trabalhadores. Mas devido à sua incultura incompetente, que lhes impede a compreensão do real. E assim lhes inviabiliza qualquer análise fidedigna. Também disso esta imagem é exemplo maior. No rodapé (aquilo a que os básicos chamam agora "oráculo", algo que os torna credores de péssimos, até mortais, augúrios) a SIC anuncia que "(o ministro) Cravinho foi novamente no Parlamento". Este linguajar boçal é uma empresarial onamatopeia intelectual. Algo recorrente, ali e alhures, mas raramente tão gutural. Entenda-se, esta gente que forma a opinião pública não tem os instrumentos básicos (léxico, sintaxe, quejandos) para pensar com discernimento. Por isso quando com afã professam o tal decadentismo convém recordar que nem sabem falar. Sendo assim, ao invés do que tantos propalam, não estamos a resvalar para o Apocalipse. Ou seja, há futuro...!
Este pensamento acompanhou o DELITO DE OPINIÃO durante toda a semana
Helena Sacadura Cabral: «Fiz uma pesquisa das palavras mais utilizadas na actual oratória, às quais entendi dar um cunho pessoal de modo a que, quem necessite, possa ir mais longe na utilização das mesmas. Assim, sugere-se que a mentira seja apenas uma inverdade, e a miséria uma questão de ajustamento económico. Continuando, teremos a salvação nacional como sinónimo de simples acordo entre partidos do arco da governação e os swaps uma encrenca financeira que utilizada em certos contextos é uma excelente opção e noutros uma péssima escolha.»
Eu: «A primeira notícia verdadeiramente triste de que me lembro na minha família - como já evoquei aqui - foi a morte do meu avô, na segunda metade da década de 60. Lá vem ela relatada também nas páginas do Jornal do Fundão, sob letras grandes e negras: "Necrologia". Era muito novo para me recordar de pormenores - e nem sequer estive presente no funeral: por esses dias, eu e o meu irmão ficámos à guarda dos meus outros avós, pais da minha mãe. Deixou-me portanto uma sensação amarga e doce, a leitura desta notícia a tantos anos de distância na sala onde funciona o arquivo do jornal. (...) O avô Luís era "muito considerado", "bairrista devotado", conhecido pelas "qualidades pessoais" e com "inúmeros amigos". Um legado destes, documentado nas páginas de um prestigiado semanário, vale por toda a fortuna que pudesse ter recebido em herança. Obrigado, Jornal do Fundão, por teres feito do meu avô notícia. E por teres conseguido tornar também doce uma recordação que para mim era apenas triste.»
Réu Confesso, Tim Maia
(Álbum: Tim Maia, 1973)
Como seria de esperar, as Jornadas Mundiais da Juventude ocupam metade da primeira página do Jornal Católico da diocese de Hildesheim desta semana. A fotografia que ilustra o artigo foi tirada durante as JMJ na cidade do Panamá, há quatro anos. A legenda diz que os jovens portugueses fotografados estavam a comemorar a realização das próximas Jornadas em Lisboa.
O título do artigo Beten, feiern, Urlaub machen significa "Rezar, festejar, passar férias". O texto centra-se num jovem alemão de 23 anos, Luca Rusch, que participa nas Jornadas pela terceira vez. Da primeira, na Polónia, tinha acabado de fazer 16 anos. É por isso com grande entusiasmo que ele, mais dezoito jovens da sua paróquia, se preparam para ir a Lisboa. Andaram o último ano e meio a angariar fundos para a viagem, através de acções, na sua igreja (o artigo não especifica quais), que, segundo ele, aumentaram a coesão do grupo. Vão ficar três semanas em Lisboa (já aí devem estar). E, na verdade, diz ele, ficam mais algum tempo no nosso país. Quando Lisboa "acabar", vão aproveitar para passarem uns dias de férias ao Algarve.
Pois então, divirtam-se!
O ministro grego da Protecção Civil, Notis Mitarakis, demitiu-se ontem, alegadamente “por razões pessoais”. Foi obrigado a resignar pelo primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, por ter estado de férias nos últimos dias, enquanto a Grécia ia sendo devastada por violentos incêndios.
Que diferença em relação ao que aconteceu no Verão de 2017 em Portugal.
Hoje lemos: Charles Bukovski, "Correios".
Passagem a L-Azular: “Deus ou alguém continua a criar as mulheres e a atirá-las às ruas. O traseiro desta é muito grande e os peitos daquela são muito pequenos, e esta é doida e aquela é doida e aquela outra é religiosa e aquela ainda, lê folhas de chá e esta aqui não consegue controlar o flato, e aquela ali tem um nariz grande, e aquela tem pernas ossudas... criatura sexual, uma maldição, o fim de tudo.”
Deveria ler-se: "Quem desdenha, quer comprar. As mulheres felizmente não nasceram de qualquer costela masculina como insistem os criacionistas, os mesmos que peroram que o mundo é tão quadrado quanto ou seus escassos neurónios, ou não seriam as fêmeas inteligentes, multifacetadas e quase perfeitas. E belas. Sobretudo belas. O problemas dos machos, até mesmo "aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando", é o de cada vez mais preferirem outras companhias, mais activas e estimulantes em vez do real deal.
(Imagem Google)
Três Castelos (Portimão)
Fernando Sousa: «O tema religião continua limitado entre nós a uns quantos colunistas, por exemplo Frei Bento Domingues, no Público, aos domingos, Fernando Calado Rodrigues, no Correio da Manhã, às sextas, e Anselmo Borges e Tolentino Mendonça, respectivamente no Diário de Notícias e Expresso, aos sábados. Não é ainda parte da nossa cultura, tradicionalmente laica e republicana. Nem - infelizmente - uma especialidade jornalística a cultivar. Por isso escolhi como blogue da semana o Religionline, um trabalho colectivo de Manuel Pinto, professor da Universidade do Minho, do jornalista António Marujo, ex-Público, com anos de experiência acumulada, e de Joaquim Franco.»
João André: «Há em relação à Holanda uma noção sobre as drogas que não é a mais correcta: as drogas leves (cannabis, no caso concreto) não são legais. As coffee shops, por seu turno, também não. O que há é uma política de tolerância em relação à sua existência. Desde que as quantidades de drogas vendidas sejam reduzidas e a venda ocorra apenas nas coffee shops, as autoridades não intervêm (isto cria a situação curiosa de ser possível comprar e vender drogas sem riscos legais, mas não ser possível cultivar as plantas sem se cometer crime). Este arranjo tornou-se de tal forma corrente que os próprios tribunais decidem habitualmente a favor de acusados quando alguém é detido por venda de cannabis.»
Luís Menezes Leitão: «A soberania de um Estado é essencialmente simbólica, pelo que depende da preservação dos seus símbolos. Ora, o que se tem visto nos países que se submeteram a este vergonhoso protectorado é a destruição total dos símbolos da soberania nacional. Os Governos transformaram-se em simples paus mandados dos credores, obedecendo cegamente a qualquer disparate por eles sugerido, mesmo que esteja em causa grande parte da herança cultural de um povo. Em Portugal, o país deixou de comemorar a sua independência e o regime republicano. Na Grécia vai-se paulatinamente destruindo tudo o que resta do Estado grego, transformando o país novamente num território ocupado.»
Marta Spínola: «Eu estou sempre a ler muita coisa e leio nada. Livros a meio são mais de muitos (não são eles, sou eu) e tenho saudades de me prender a um livro de início ao fim. Entretanto, peguei num outra vez. O livro que reli mais recentemente, coisa que faço frequentemente com este, é o "Notas de Cozinha de Leonardo Da Vinci". Desta vez, a propósito de um post no facebok que coincidiu com a altura em que assisti a um curso sobre a Mesa Aristocrática no século XVIII (e aconselho o blog da autora Ana Marques Pereira, Garfadas On Line) e me lembrou muito as notas de Mestre Leonardo dois séculos antes.»
Eu: «Leio a notícia do casamento dos meus pais, na segunda metade dos anos 50. São quatro parágrafos, encimando uma coluna também de "notícias pessoais" - incluindo um "pedido de casamento", a transferência para outra zona do País de um tesoureiro que "durante alguns anos exerceu as suas funções no Fundão onde, pelo seu nobre carácter e excelentes qualidades, conquistou sólidas amizades", a partida "com destino a Luanda do nosso conterrâneo e amigo" senhor Fulano de Tal "aceitando um convite que lhe foi dirigido pela Companhia dos Diamantes de Angola" e a boa nova da menina Maria do Céu..., "operada com pleno êxito ao nariz". (...) Relance de um jornalismo de proximidade, espécie de rascunho dos livros de História do futuro a partir do qual reconstituímos uma parcela significativa da vida quotidiana que passou. Um tempo em que os órgãos de informação desejavam "incontáveis felicidades" a jovens recém-casados: instantes felizes fixados para a posteridade numa coluna de jornal.»