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Delito de Opinião

Obras

José Meireles Graça, 28.02.23

Há quase dois anos que no entorno da minha casa, à margem do que já foi uma estrada e é hoje um arruamento com um aldeamento fino de macacos de um dos lados, e vivendas de projecto canhestro do outro, decorrem obras. Consistem elas na construção de passeios onde os não havia (uma necessidade), e repavimentação com o tradicional cuidado de as tampas de saneamento raramente ficarem à face, além de triângulozinhos limitados por pedra trabalhada, e jardinzinhos minúsculos, tudo segundo critérios que o projectista haverá de conhecer e algum labrego aprovou.

Ou talvez não, porque a razão pela qual o piso, em determinado troço, era de alcatrão (e já fora, há uns quarenta anos, em paralelepípedos) passou agora a cubos, que de repente desaparecem para passar novamente a alcatrão; e porque os passeios têm uma tipologia aqui, cómoda, e outra, incómoda, ali – a tal razão é decerto do tipo daquela que figura nos catálogos das exposições de artes plásticas: paleio de chacha pedante em mau português, significando nada.

Não procurei saber o custo da obra – com certeza, por envolver uma grande quantidade de trabalhadores e maquinaria pesada há tanto tempo, de larguíssimos milhões.

Ou seja, em nome do reconhecimento de que a antiga estrada já não o é, e da construção de uns passeios, está-se a torrar uma imensidão de fundos em arrebiques cuja utilidade é medíocre.

Os locais acham que está a ficar tudo muito bonito. E a nenhum ocorre que é enquanto contribuintes que ajudam a pagar a festa, mesmo que o grosso da despesa seja suportada pelo contribuinte líquido europeu, que tem às costas o fardo dos homens do sul.

A despesa da obra. Porque a manutenção ficará a cargo do município e, aparentemente, a perspectiva de um imenso esquadrão de gente, de joelhos, a tirar e pôr florzinhas, deve ser vista como uma coisa positiva – sempre são postos de trabalho no sítio certo, isto é, no Estado, que como é geralmente sabido tem recursos próprios que não vêm dos impostos.

Este exemplo comezinho de gestão municipal é o que há por todo o país: Equipamentos de utilidade pública sem nenhuma espécie de análise de custo/benefício, obras faraónicas, um discurso de penúria por parte dos autarcas, mas recursos como nunca se viu.

Há por aí uns estudos sábios feitos por economistas (uma classe de pessoas que se dedica a provar matematicamente que os seus preconceitos estão certos) que demonstram que a gestão municipal é mais eficiente do que a do Estado central. Não duvido nada, mas apenas no sentido de que o Estado central ainda é pior, pelo que a prudência aconselharia que não se juntasse a fome com a vontade de comer.

E de corrupção é bom nem falar porque, com a divulgação de casos, vão-se apurando os processos: alguém alguma vez foi ver se a velocidade de aprovação de licenciamentos é a mesma para todos os gabinetes de arquitectura, sejam ou não da terra – por exemplo? Ou como são preenchidos os quadros dirigentes das empresas municipais? Ou, ou, ou?

De modo que a transferência de competências, que foi a forma encontrada para ultrapassar o referendo da regionalização, é bom de ver que não será acompanhada de uma diminuição dos quadros de pessoal central. E, em que pese aos meus amigos liberais, a ideia de uma maior eficiência como consequência da proximidade é apenas isso: uma ideia razoabilíssima no papel, mas que, iluminada pelos nossos hábitos culturais e tradições, se limitará a multiplicar a corrupção, a despesa pública e os lugares de gestão para políticos hábeis tanto mais a gerir carreiras quanto ineptos para administrar até mesmo um minimercado. Há dessa variedade em Lisboa? Há e são demais. Mas os municípios são 308 e freguesias mais de 3000.

E então eu, que tal, estou satisfeito com as obras que alindaram a entrada para o meu caminho? Estou. O diabo é o IMI.

De pé

Pedro Correia, 28.02.23

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A humilhante retirada dos americanos de Cabul em 2021 - imitando a que ocorrera em Saigão em 1975 - encorajou o ditador russo a ordenar aos seus generais, tal como Hitler em 1939, para ocuparem toda a Ucrânia em Fevereiro de 2022. A Ucrânia oriental já estava anexada desde 2014.

Havia precedentes mais próximos na geografia, sempre encorajados pela frouxidão do chamado "Ocidente", com uma União Europeia quase desmilitarizada e os Estados Unidos vocacionados para os amenos negócios do Pacífico.

Foi assim na Geórgia em 2008 e na Crimeia em 2014: Putin passou impune. Como passara na Tchetchénia logo após assumir o poder, em 2000: afogou a revolta popular em sangue, reduzindo tudo a escombros. Como sucedera na Síria a partir de 2015, com a tropa russa praticando vergonhosos crimes de guerra em socorro da tirania de Assad, com meio milhão de cadáveres no cadastro.

Felizmente Joe Biden, após o fiasco do Afeganistão e alguma hesitação inicial face à Ucrânia, soube reagir como as circunstâncias impunham. Mas quem fez a diferença, enquanto verdadeiro líder do mundo livre, foi Volodimir Zelenski: não aceitou boleias para o exílio, mas exigiu armas para combater o invasor.

 

Lá se mantém ele, de pé, dando um exemplo de resistência ao seus compatriotas. E aos seus contemporâneos de todos os quadrantes. 

Neste mundo onde tantos têm estado de cócoras. Basta lembrar a atitude de alemães e franceses durante anos, totalmente indiferentes à fúria predadora do carniceiro russo que queria instalar em Kiev um fantoche semelhante ao grotesco Mussolini bielorrusso, seu fiel vassalo. 

Zelenski bradou: «Não passarão.» E não passaram.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 28.02.23

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Este é O Dia Mundial das Doenças Raras

«Em média, uma em cada 20 pessoas vive com uma doença rara pelo menos uma vez na vida. O objectivo do Dia das Doenças Raras é melhorar o conhecimento sobre estas doenças e alertando para as necessidades daqueles que com elas vivem.

Lançada pela Organização Europeia para Doenças Raras, esta iniciativa foi assinalada pela primeira vez em 2008, no dia 29 de Fevereiro. Data “rara”, que surge apenas uma vez em quatro anos. Desde então, o Dia das Doenças Raras ocorre no último dia deste mês, também conhecido por ter um número raro de dias.

O tratamento de muitas doenças raras é insuficiente, assim como as redes de apoio às pessoas com estas doenças e suas famílias.

Têm sido realizados milhares de eventos, desde corridas e caminhadas até exposições de arte e workshops. Para inspirar mudanças na sociedade e trazer esperança a muita gente em todo o mundo.»

 

Normalmente e felizmente também, as doenças raras existem numa escala de, por exemplo uma em cada com mil pessoas, mas haver uma só pessoa a sofrer não será uma pessoa demais? Existem muitas doenças raras, porque em não havendo uma delas que encaixe num padrão conhecido, encaixa seguramente num padrão mais generalizado e abrangente. Costumam dar-lhes o nome ou nomes de quem as "descobre", mas não de quem as trata.

 

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Hoje é  O Dia Mundial das Panquecas

«Este dia é comemorado anualmente na Primavera desde o início da sua primeira comemoração, em 2006. 

Também conhecidas como bolos grelhados ou bolos quentes, as panquecas são um doce de origem milenar. Os antigos gregos e romanos faziam uma sobremesa semelhante com farinha de trigo, azeite, mel e leite coalhado. Shakespeare menciona as panquecas em algumas peças. Durante o Renascimento inglês, eram temperadas com especiarias, água de rosas, vinho xerez e maçãs. Esta prática de despejar a massa numa frigideira e fritá-la é comum em diversas culturas do mundo.»

 

Como já devem ter calculado, sou um bocadinho gulosa e há dias em que me apetece ter um Ambrósio a quem pedir algo. À falta dos bombons e do simpático chauffeur, uma massa de panquecas, com frutos secos, de preferência pinhões ou pistachios, feita na frigideira dos crepes ou na maquineta dos waffles, coberta com xarope de bordo, mel ou agave, faz as minhas delícias. Já me aventurei em façanhas salgadas, com imensos vegetais, e é sempre muito agradável, como prato principal ou acompanhamento.

(Imagens Google)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 28.02.23

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JPT: «Este meu desgosto, já de décadas, com "A Bola" oscila agora, face à memória dos meus 8-9 anos, quando saía da praia às 10.30 para ir para a bicha de compradores do jornal, ali na rua dos cafés de São Martinho do Porto, que o jornal chegava (de Lisboa) às 11 horas. E logo esgotava. Tempos em que os dedos se sujavam com a tinta do jornal...»

 

Patrícia Reis: «Uma rapariga faz por ser normal, quer dizer, por cumprir nos mínimos olímpicos. Hoje descobri que os óscares foram há uma semana e estou deprimida. Mesmo

 

Eu: «É preciso saber escutar os sinais emanados desta ampla mobilização cívica, de carácter pós-ideológico mas profundamente política. Porque este sinais prenunciam mudanças decisivas nas instituições europeias, que não podem permanecer indiferentes às vozes dos cidadãos. Seria demasiado fácil ridicularizar movimentos como o de Grillo, mas a este suceder-se-ão outros, em qualquer país, todos apontando na mesma direcção: há que aproximar as estruturas políticas da cidadania, sob pena de condenarmos a democracia ao insucesso, um pouco à semelhança do ocorrido nas décadas de 20 e 30 do século passado que serviram de via aberta às piores tiranias que o mundo conheceu.»

O PS como Banco Alimentar

jpt, 27.02.23

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Há alguns anos regressei ao Portugal. E nisso, após 25 anos, regressei à casa que fora paterna e ao meu velho bairro, os Olivais. Desde então, de vez em quando, fui blogando sobre a Junta de Freguesia, ocupada por um inenarrável conjunto de militantes do PS - pois não só é notória a sua incompetência executiva como o é, e ainda mais, a concepção patrimonialista e paternalista, vilmente anacrónica, que aquela gente tem do poder. E também porque de conversa em conversa se vão ouvindo episódios enjoativos das suas práticas - mas não se podem escrever, pois o vulgar freguês não tem provas. Enfim, lá fui resmungando com o estado do bairro sob a presidência da inacreditável Rute Lima (a cuja é também colunista do jornal da SONAE, o que mostra o tipo de gente que vem dirigindo o periódico). Pois apesar da descrença no PS ainda assim me espantava como era possível que um partido daqueles se atrevesse a descer tão baixo, promovendo gente desta laia para dirigir uma freguesia com mais de 30 000 eleitores no centro da capital.
 
Há 15 dias a TVI emitiu uma reportagem sobre as práticas da Junta de Freguesia dos Olivais, a qual por si só deveria ser letal. Mas nada se passou... Hoje emite uma segunda, ainda mais tétrica - isto vai ao ponto, entre outras várias coisas, de uma das vereadoras da Junta, a da Educação, ser diariamente abastecida de refeições distribuídas nas escolas para alimentar a sua família... Fazendo literal a velha expressão "tacho".
 
E tudo isto não é um defeito "local", da nossa freguesia: aliás, a presidente Rute Lima (a tal colunista do jornal de referência "Público") foi logo contratada para integrar a nova presidência da câmara de Loures, quando esta foi tomada pelo PS ao PCP, sinal de como é apreciada pelos seus correligionários. E a hipocrisia é ainda maior: vê-se na reportagem de hoje que a "presidente" da concelhia do PS (a ex-ministra Temido, que é militante daquele partido há uma dúzia de meses mas já preside...) a anunciar que o partido "acompanha com preocupação" os acontecimentos: não conheciam a presidente e sua equipa (há mais de uma década na freguesia)? A colunista do "Público" acumula Olivais e Loures sem que saibam de seu perfil e trote?
 
Deixemo-nos de rodeios ou hesitações: o PS é isto. Da morcã que confisca a alimentação escolar para a sua família (alargada) aos académicos e jornalistas socratistas que agora acampam na Cultura ou nas Obras Públicas. E a tralha entre eles. Pois já não é um partido. É mesmo só um Banco Alimentar. Para gente execrável.

50 Anos, 50 Vultos

jpt, 27.02.23

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"50 anos, 50 vultos" (de portugueses), é uma iniciativa comemorativa do cinquentenário do mais-do-que-nunca lisboeta jornal "Expresso" (Medina e Moedas são dois dos escolhidos, haverá maior lisboetice do que esta?). Os critérios são sempre subjectivos, e a direcção do Expresso é soberana nesta selecção - até porque não prejudica nada nem ninguém neste seu rol, pois dele não vem mal ao mundo.
 
Eu é que, hiper-sensível, me acabrunho um pouco mais. Pois não é que os jornalistas escolheram um punhado de vultos do desporto, devido aos seus cometimentos e aos seus impactos na sociedade. Mas estes dois não estão. Das duas uma: ou a malta do "Expresso" não percebe nada daquilo a que se propôs. Ou eu estou muito velho. Ou, pior ainda, "ambas as duas...".

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 27.02.23

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A 27 de Fevereiro assinala-se O Dia Internacional do Urso Polar

«Os ursos polares são classificados como mamíferos marinhos, carregando consigo uma espessa camada de gordura corporal e um revestimento repelente à água para mantê-los isolados contra o ar gelado e a água do Oceano Árctico. O Dia Internacional do Urso Polar é uma importante oportunidade para nos lembrarmos do que está aqui em jogo, preservando o futuro destes magníficos mamíferos.

Tem sido difícil para os cientistas rastrear as origens do urso polar, mas uma descoberta recente na Noruega pode ter fornecido a resposta. Uma mandíbula rara encontrada na ilha de Svalbard, em 2004, permitiu aos cientistas estimar que a espécie surgiu há cerca de 150 mil anos.

Em 1973, os EUA, a Dinamarca, a Noruega e a ex-URSS assinaram o Acordo Internacional sobre a Conservação dos Ursos Polares e do seu Habitat. O acordo regulamentou a caça comercial e o governo dos EUA classificou os ursos polares como ameaçados de extinção. A organização sem fins lucrativos Polar Bears International (PBI) foi formada em 1994 e estabeleceu programas de acção para proteger este animal. O primeiro Dia Internacional do Urso Polar aconteceu em 2011 e tem sido comemorado todos os anos desde então.»

 

São uns animais cuja beleza e majestade é inegável. De tantos animais que estão expostos no Zoo de Lisboa (agora renovado e com espaço próprio para cada espécie com condições idênticas aos seus habitats naturais), os ursos polares devem ser provavelmente os que se sentem melhor no Inverno. Temperaturas de 4°C nem são suficientes para um bom banho, mas devem assemelhar-se a um duche de água quente num dia sufocante. 

 

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Hoje é O Dia Internacional do Pokémon 

«O fenómeno Pokémon nunca morre – e também não desaparece. Surgiu em 1996 e continua popular entre as novas gerações. 

“Pokémon” vem da expressão japonesa poketto monsuta, que significa "monstros de bolso". O seu criador chama-se Satoshi Tajiri. Desde muito jovem tinha um fascínio por insectos: aspirava a ser entomologista, mas esse desígnio foi sendo substituído pela sua paixão por vídeo-jogos. Em 1991, colaborou com a Nintendo no jogo de quebra-cabeças “Yoshi”. Depois criou "Pokémon", que em 1997 foi adaptado a série televisiva no Japão. A história segue um garoto chamado Satoshi, que pretende tornar-se o maior mestre Pokémon, junto com seu companheiro Pikachu.

Da série passou-se aos cromos, lançados em 1998. Foram uma das mais populares modas dos anos 90. E continuam a seduzir os miúdos dos nossos dias.

 

Há cerca de três anos que venho perguntando à minhas neta o que ela gostaria para o seu aniversário. Sabendo de antemão a resposta, uma festinha para os amiguinhos, amiguinhas e família, começo a planear com a antecedência necessária. Não fugindo ao que é habitual, escolhe o tema, a "Alice" há dois anos, "Rockstar" no ano passado e... pasmai! " Pokémon" este ano! O quê? Porquê? "Porque gosto! E o Pikachu é tão fofinho!" 

Lembro-me da loucura dos Pokémon há vinte e tal anos, mas este ano, como as preocupações foram mais do que as informações, não fazia ideia da renovada maluquice. Preparei o que pude em termos de decoração, mas tive que pôr a rapaziada a trabalhar. Não ficou mal, mas tive de lhe dar um toque personalizado e, digamos, mais feminino? Entretanto a minha filha mais nova fez surgir da sua "gaveta particular cá de casa", três álbuns com cartas, magnetes e outras coisas estranhas, dos Pokémon! Eu podia jurar que nunca tinha visto aquilo por cá! Entregou os álbuns à sobrinha e nomeou-a fiel depositária do "tesouro" numa cerimónia repleta de emoção! Palavra de honra!

Não há muito tempo, estava eu no trabalho em horário de morcego, numa daquelas noites calmas, amenas, doces e escorregadias como um duchesse, chega um dos rapazes à minha beira e pede se pode sair por dez minutos porque tem um assunto importante para tratar. "A esta hora? Há problema? "Não, nada disso, graças a Deus, disse sem tirar os olhos do telefone, "É que está um Pokémon no jardim e queria ir lá apanhá-lo". A sério?

(Imagens Google)

A força da falta de carácter

Paulo Sousa, 27.02.23

No passado dia 21 de Maio, António Costa deslocou-se a Kyiv numa visita diplomática em que pretendeu mostrar o apoio de Portugal à dificil situação que se vive na Ucrânia.

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Foto Jornal de Negócios

Bem sabemos como é fácil uma pessoa se entusiasmar com o calor do momento. E bem sabemos também, quão farto está António Costa das tricas da política tuga, dos seus casos e casinhos, de aturar jornalistas avençados e mais farto ainda de aturar os que não aceitam avenças. Não será necessário um grande esforço para imaginarmos como lhe deve ser agradável mudar de ares de vez em quando. Do ponto de vista profissional, olhando para o que já fez na vida, ele anseia é por aquilo, por viajar, cumprimentar, sorrir, prometer, dizer banalidade redondas e logo depois seguir viagem. Aturar jotinhas radicais disfarçados de gente séria? Fonix. Quem quiser que os ature.

Ter estado ali, ao lado de Zelenski, é mesmo por aquilo que ele anseia. Acelerar a fundo contra a realidade é a estratégia que já delineou. O mandato de Charles Michel termina a 30 de Novembro de 2024, o relógio não pára e até lá tem de se livrar dos parolos.

Em Kyiv, no calor do momento, Costa não foi curto nas promessas e toca de garantir uma ajuda portuguesa de 250 milhões de euros. A foto ao lado do presidente ucraniano já ninguém lha tira e já estará, certamente, na sua galeria pessoal, entre uma foto dele com o Cristiano Ronaldo e outra com José Sócrates.

Entretanto, já regressado ao que Eça classificou como choldra, alguém lhe terá dito que tinha estado a fazer contas e tal, e como as coisas estão sempre mudar, também ele teria de ajustar a promessa. Costa podia contrapor com aquela conversa da palavra dada, mas Zelenski nem sequer vota cá, que se lixe.

Com o savoir faire reservado aos habilidosos, António Costa não quis assim deixar de assinalar o aniversário da invasão russa e por isso ajustou a promessa feita para 55 milhões. É poucochinho, mas é de boa vontade.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 27.02.23

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Eu: «Há filmes que nos prendem logo ao primeiro fotograma. É o caso deste: o ecrã está escuro, apenas ouvimos sons. São as vozes das vítimas do 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque: as últimas palavras que proferiram, já encurraladas nas torres-túmulos, com as chamas a devastarem o outrora orgulhoso World Trade Center. Aqui não há margem para relativismos morais. Sabemos bem de onde vem o Mal - vem de quem odeia este sistema democrático e esta sociedade plural em que vivemos e quer transformar o mundo num imenso califado submetido à impiedosa Lei do Alcorão. Este é o fim, os meios não importam. Pode custar um cadáver, pode custar um milhão de cadáveres - é tudo uma questão de estatística, como ensinava Estaline, que nunca viveu dilacerado com tais rebates de consciência.»

Constituições do Mundo (11)

Afeganistão: Constituição de 2004

Pedro Correia, 26.02.23

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«O Afeganistão é uma República Islâmica independente, unitária e com um Estado indivisível.»


«A sagrada religião do Islão é a religião da República Islâmica do Afeganistão. Seguidores de outros credos são livres de praticar os seus rituais religiosos dentro dos parâmetros da lei.»

 

«No Afeganistão nenhuma lei pode contradizer os princípios e as normas da sagrada religião do Islão.»

 

Artigos 1.º, 2.º e 3.º da Constituição da República Islâmica do Afeganistão

Blogue da semana

Paulo Sousa, 26.02.23

António Barreto é um notável antropólogo, com uma notável carreira. Aprecio de cada vez que connosco partilha os seus pontos de vista sobre o que somos como país, sobre a forma como nos movemos e como insistimos em repetir as fórmulas já tentadas inúmeras vezes.

Para os que se comportam como donos da situação, a sua voz será frequentemente uma voz incómoda pelo desassombro, pela exactidão e acima de tudo pela honestidade.

Já o ouvi descrever como o melhor Presidente da República que Portugal nunca teve e acho que esse poderia ser, de facto, o seu mais rigoroso cartão de visita.

Sempre que diz o que pensa num texto de opinião, e julgo que seja sempre no Público, publica-o também no blogue colectivo Sorumbático.

Nem que fosse só por António Barreto, já merecia uma visita frequente.

O Sorumbático é o blogue da semana.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 26.02.23

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Hoje é O Dia Internacional dos Engolidores de Espadas

«Os engolidores de espadas, conhecidos como aquelas pessoas que passam instrumentos longos, pontiagudos e afiados pela boca até ao estômago, geralmente não obtêm o mesmo nível de fama e respeito alcançado por outros artistas. Talvez por isso, este dia foi criado especialmente para eles.

O mês de Fevereiro também é o Mês Nacional dos Distúrbios da Deglutição. Esta iniciativa visa angariar fundos para a pesquisa da cura do cancro do esófago e financiar o tratamento médico de engolidores de espada feridos.

Muitas luas atrás (em 2000 a.C.), faquires e sacerdotes xamãs na Índia desenvolveram esta arte para demonstrar o seu poder e vínculo aos deuses. Essa forma de arte espalhou-se depois na Europa através de Roma e da Grécia. Os jograis medievais e outros artistas de rua exibiam as habilidades nesta área. 

Alguns estudiosos admitem que os engolidores de espadas foram fundamentais para avanços médicos e científicos. Em 1868, o médico alemão Adolph Kussmaul teria usado um engolidor de espadas para inventar o endoscópio. Com o passar dos anos, estas exibições diminuíram, e mesmo em circos os engolidores tornaram-se raros. Hoje há muito poucos, mas têm direito a este dia.»

A actividade de engolir espadas confunde-se com as artes circenses. Muitos artistas da lâmina, profissionais aposentados, devem ter assentado arraias na nossa terra e de algum modo divulgado o seu mister, ou não fôssemos nós mestres na arte de engolir sapos. É claro que, como diz quem fornece o "material batraquial", parece que somos assim para o poucochinho.

 

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Hoje é O Dia das Feiras Populares

«Uma Feira Popular é a desculpa perfeita para desfrutar de uma grande festa com muitos enfeites e emoções. Basta pensar nos dias inebriantes da infância para evocar imagens de algodão doce, espectáculos divertidos e tardes ou noites divertidas. 

Por muito tempo, a Feira Popular sempre teve um ar de mistério e fascínio, provavelmente porque proporcionava certas emoções que não poderiam ser experimentadas em nenhum outro lugar.

As raízes do Dia das Feiras Populares estão nas históricas feiras itinerantes. Já em 98 d.C. o historiador romano Tácito descrevia as festas nas tribos germânicas para celebrar o fim do Inverno. Na Idade Média começaram a surgir exposições agrícolas e feiras comerciais. É justo dizer que essas foram as sementes da Feira Popular dos nossos dias.

No final do século XIX estas feiras começaram a apresentar rodas gigantes, jogos de sorte ou azar e exibições de curiosidades. Mais tarde surgiram as montanhas russas, os grandes carrosséis, carrinhos de choque... tudo o que encanta miúdos e graúdos.»

Tenho muito boas recordações da nossa feira popular, que não era itinerante, mas era espectacular para a miudagem. Eu gostava de tudo, ia em todas as atracções, comia algodão doce e bebia sempre um sumo. Ainda hoje, quando estou perto de frutas várias que cheiram realmente a fruta, a minha primeira ideia é a da feira popular. Tive pena de nunca ter levado a minha filha mais nova a experienciar uma das nossas noites mágicas, que apesar de não ter comparação com as congéneres europeias era aconchegante e divertida e muito, muito mágica.

(Imagens Google)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 26.02.23

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José António Abreu: «30% dos eleitores italianos votaram no partido do palhaço rico, 25% escolheram o do palhaço pobre. Ou, vá, menos rico. (...) A Itália fica à beira da ingovernabilidade e, por essa Europa fora, o último a rir que pague a conta.»

 

JPT: «Este mesmo, o "bar restaurante residencial Sporting", ali herdeiro, talvez avatar, de um antigo clube Sporting de Angoche (ou de António Enes, ou de Parapato, não tenho a certeza sobre o nome do velho clube desportivo). Logo entrei, feliz, dessedentando-me. Depois de algumas "Impalas", acompanhadas de resumos de futebol europeu na pequena TV sobre o balcão, um luxo para os parcos clientes, visitei as instalações.»

 

Teresa Ribeiro: «Há semanas, quando vi que lhes tinham colocado andaimes junto à fachada, exultei. Finalmente iam ser recuperados, pensei. Engano meu. Afinal três dos mais belos edifícios déco de Lisboa foram subtraídos da paisagem urbana como um friso de dentes podres. Magnificamente situado, o novo buraco na dentição da Joaquim António de Aguiar será com certeza preenchido muito em breve. Talvez com um implante art mérdo

 

Eu: «A fanática brigada antipecado que domina com mão de ferro o Irão - e tem bons amigos em Portugal - sentiu a pulsação muito acelerada ao vislumbrar o generoso decote de Michelle Obama na noite da distribuição dos Óscares. Como se já não lhes bastasse ver Argo - uma longa-metragem que denuncia sem pudores a ditadura islâmica - conquistar o Óscar de melhor filme. (...) Mas podia ser pior: escapou ao rigor da teocracia iraniana o pecaminoso cabelo de Michelle, que noutros tempos só por lá surgiria abrigado sob um véu igualmente tecido pela censura. Fica-me uma pequena dúvida: porque será que os censores se esqueceram também de cobrir com um pudico paninho o próprio Óscar, estatueta de um homem nu?»

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