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Delito de Opinião

O Macro-Altar

jpt, 28.01.23

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Sou ateu. Nem baptizado fui. E aqui confesso, envergonhado, mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa, que nunca completei a leitura do Livro (o exemplar lá de casa é esta versão, em edição 20 ou 30 anos anterior). Em assim sendo não venho armado em exegeta. Venho quase nu, qual eremita vestido apenas de espanto.

Invadiu-me este devido à polémica que neste adro vai. Pois há quem critique os grandes gastos estatais, mesmo alguma pompa, com a visita do Santo Padre. Ao que respondem (bons?) católicos, ciosos, que essa presença papal promoverá a vinda de muitos romeiros e assim receitas gigantescas.

Este tipo de raciocínio vem aconselhado na Bíblia? Como argumentação própria dos (bons?) católicos? Não há dúvida, tenho de repegar no Livro, ser exaustivo, entendê-lo para afinal (v)os perceber. E desde "no princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Disse Deus: "haja luz", e houve luz...". Isto a ver se essa luz me iluminará sobre taxas de aeroporto, câmbios, flixbus, airbnb & hostels, pizzas, glovo, hamburguers, lojas chinesas de recuerdos, uber vs bolt, ali todos agregados em torno do macro-altar, novo templo. Enfim, a doutrina, segundo estes (bons?) católicos.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 28.01.23

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Hoje é O Dia Europeu da Protecção de Dados

«Este dia, criado em 2006, celebra-se anualmente a 28 de Janeiro, como forma de marcar a abertura da Convenção de Protecção de Dados do Conselho da Europa, conhecida como “Convenção 108”. 
Nesta data, os governos, parlamentos, organismos nacionais de protecção de dados e outros intervenientes procuram sensibilizar a opinião pública para a importância de protegermos a nossa privacidade, que é um bem inestimável. 
Fora da Europa, é conhecido​ como o Dia da Privacidad​e.»
 
 
É importante que os nossos dados pessoais não sejam divulgados sem nosso conhecimento e autorização nem vendidos em mailing lists cujo principal objectivo é dar a conhecer novos produtos, invadindo diariamente a nossa caixa de correio e de spam com dezenas de mensagens de correio, 90% delas sem qualquer tipo de interesse.
Como tudo, tem os seus exageros. No barco que faz a ligação de Manhattan para a Liberty Island, uma senhora brasileira interpelou o meu marido muito pouco educadamente, exigindo ver que fotos ele tinha tirado, porque se se desse o caso de a ter em uma das fotografias, teria de apagar a foto de imediato ou pagar por ela. O curioso é que, estando eu a fotografar a estibordo e o meu marido a bombordo, eu estava garantidamente presente em algumas das fotos da senhora em questão. Quando lhe pedi se poderia ver as fotos dela, porque afinal aplicar-se-ia o mesmo princípio, disse-me de imediato que as suas fotos eram privadas e tinha direitos. Nem houve mais conversa, apesar de o meu marido ter ficado convencido que aquela prosa toda teria sido apenas um pretexto para meter conversa. Pois sim.
 

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Hoje é O Dia Internacional da Redução de Emissões de CO2

«Como o aquecimento global afecta o globo terrestre, reduzir as emissões de CO2 para controlar esse efeito deveria ser um evento global, o que nos remete ao Dia Internacional de Redução das Emissões de CO2, celebrado a 28 de Janeiro de cada ano. Uma vez que o CO2 influencia a mudança climática, este evento pretende mudar a maneira como os países operam e contribuir para um ambiente mais limpo.

Ao longo dos séculos, as pessoas viram a urbanização criar mudanças climáticas óbvias – os padrões de chuva mudaram, o clima flutuou e até mesmo as calamidades naturais aumentaram. No entanto, ninguém, nem mesmo os cientistas, acreditava que os humanos pudessem influenciar o clima do planeta.

O dióxido de carbono está presente desde a formação da Terra. Mas quanto mais emissões produzirmos, mais afectaremos negativamente o planeta. Desde 1950, o mundo mudou. Muitas economias emergentes contribuíram para as emissões globais. A pesquisa sobre mudanças climáticas iniciada na década de 90 deu uma contribuição significativa para a resposta global às mudanças, a ponto de agora sabermos exactamente o que fazer para mitigar os piores efeitos e apoiar medidas anti-emissões.»

 

A muitos e diferentes níveis, as medidas tomadas para prevenir as emissões poluentes têm estado a ser cumpridas e têm estado a surtir os efeitos pretendidos. Tudo o que for para travar ou minimizar qualquer tipo de poluição só pode ser positivo.

 

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Hoje é O Dia Lego

«Fundada em 1932 por um carpinteiro dinamarquês, a Lego ainda é uma empresa familiar com sede em Billund, na Dinamarca, embora seja agora a empresa de brinquedos número 1 em vendas e uma das marcas mais poderosas do mundo. O nome LEGO é abreviatura de duas palavras dinamarquesas: “leg godt”, que significam “brincar bem”. 

Há exactamente 65 anos, a 28 de Janeiro de 1958, Godtfred Kirk Christiansen apresentou um pedido de patente para um tijolo de construção de brinquedos que seria aprovado seis meses depois. Essa patente para o seu "sistema altamente sofisticado de tijolos entrelaçados" levou a Lego a adquirir fama mundial. A patente dinamarquesa original não cobria apenas um único tijolo, mas todo um sistema de construção, onde vários elementos de construção de plástico entrelaçados "podiam ser montados num grande número de posições diferentes". É apenas uma questão de dar asas à imaginação – e deixar que as ideias criativas surjam durante a brincadeira.»

 

Devia ter eu cerca de oito anos quando a minha prima Maria Fernanda me ofereceu a minha primeira caixa de Lego. As peças eram minúsculas comparadas com as actuais e, para não correrem o risco de se perder, o tio Marcelino fez-me uma caixa em madeira com tampo de correr e uma série de divisões para a triagem e arrumação das peças. Passei muitas horas divertidas a construir casas, celeiros, pontes, monumentos...

Agora há peças com vários tamanhos, cores e feitios, jogos de computador e até filmes. Gostava de visitar a Legoland um dia. Nunca se é velho demais para voltar a ser criança. 

(Imagens Google)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 28.01.23

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André Couto: «"Daqui a pouco vêm aí outra vez os três reis magos, um do FMI e dois brancos, o do Banco Central Europeu e o da Comissão Europeia, e já se fala em mais medidas de austeridade". O Arménio não foi racista, se calhar enganou-se a ler... O Arménio foi infeliz, ponto. Fugiu-lhe o discurso para o preconceito e ninguém morre por isso, mas já morre pela reacção: dos homens de causas e convicções, de voz grossa e atitude firme, espero a mesma frontalidade na assunção dos erros próprios que na crítica aos erros dos outros e, nesse aspecto, esteve bem pior do que nas polémicas palavras.»

 

João André: «Cumpri em Dezembro 9 anos a viver na Holanda já sabendo que não chegaria aos 10. Irei começar em Abril uma nova etapa da minha vida profissional que me levará a viver novamente numa Alemanha onde estive pouco depois de terminar o curso. Ao todo passei 10 anos dos 19 da minha vida adulta a viver fora do país onde nasci.»

 

Luís Menezes Leitão: «O grupo socrático não lhe dá descanso, sonhando com o regresso à filosofia de Sócrates. Eles querem ver o PS voltar a defender o TGV, o novo aeroporto, as parcerias público-privadas, o cheque-bebé e o aumento aos funcionários públicos. E nem aceitam qualquer responsabilidade no estado de bancarrota, uma vez que o seu miraculoso PEC4 salvaria o país. É por isso que lançaram António Costa contra Seguro, que tem no currículo ter sido incapaz de dizer uma única palavra contra Sócrates, mesmo quando o país mergulhava no abismo.»

 

Eu: «O Impossível acontece para nos demonstrar que o homem, suposto dominador da natureza, mais não é afinal do que um minúsculo grão de poeira cósmica na intangível imensidão do universo. É disso que nos fala uma cena crucial do filme, quando uma senhora de 75 anos aponta o céu estrelado a um rapaz de sete, sedento de sabedoria, e lhe ensina a mais elementar das lições: as aparências iludem. Muitas estrelas que vemos refulgir no céu estão já mortas há uma eternidade e só o nosso débil olhar humano, incapaz de discernir o essencial do acessório, não se apercebe disso.»

Leituras

Pedro Correia, 27.01.23

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«Em mais lado nenhum a liberdade, o esquecimento, a morte e o prazer se juntam numa sedução tão assustadora como numa batalha.»

Nikolai Gogol, Tarass Bulba, o Cossaco (1835-1842), p.194

Ed. E-primatur, 2022 (3.ª ed). Tradução de Maria Vassilieva e Larissa Shotropa

O Santo Palco

jpt, 27.01.23

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Mais de 5 milhões de euros gastará a câmara municipal de Lisboa na construção de um palco destinado a umas jornadas católicas. Mas o tal altar-palco foi pensado como obra perene. Sobre estas construções religiosas a cargo do Estado já botei o que teria a dizer - noto agora, com assombro, que há já sete anos (!), a propósito da mesma câmara se dedicar à construção de uma mesquita. Resmunguei primeiro aqui e depois aqui (irado com uma atoarda de um director da revista "Visão"). Presumo que muitos dos apoiantes da tal mesquita se indignem agora com o Santo Palco. E, ao invés, que muitos dos apoiantes do novo altar se tenham indignado com o projecto da tal mesquita do Martim Moniz. Qu'isto vai quase tudo por cardápio.

A matéria de agora nem sequer é muito relevante. É pacífico dizer que o Papa é bem-vindo a Portugal e que a organização das tais jornadas é algo relevante e que é normal que autarquia e Estado se associem a uma realização de tamanha monta. Os custos do palanque são enormes mas a infra-estrutura é extraordinária e poderá vir a ser um equipamento importante para a cidade (ou ficará um "elefante branco", tratar-se-á de o saber dinamizar). Nada escandaloso num país da nossa dimensão que há pouco construiu 10 (dez) estádios para acolher um torneio de futebol... (vários deles logo tornados os tais "elefantes brancos"). Ou seja, a ocasião pode servir para uma construção marcante. A condição da aceitabilidade seria óbvia: após estas jornadas o "santo palco" torna-se um "grande palco", retiram-se os símbolos religiosos e fica um espaço cívico.

Entretanto o presidente Rebelo de Sousa, auditor-mor da vox populi, já se veio demarcar da dimensão dos custos, ainda que a hierarquia católica o tenha previamente informado. Servirá isto para que o presidente da câmara, Carlos Moedas, que sempre tão gentil tem sido com o PR - um pouco para além das óbvias obrigações exigidas pelas suas funções autárquicas - se desiluda sobre a lealdade institucional que habita em Belém...

Entretanto esta polémica lembrou-me um já antigo livro, que sobre uma época agora recuada matizava as associações entre Estado e igreja católica: "Pode, pois, dizer-se que o salazarismo foi, do ponto de vista das relações entre o Estado e a Igreja, não um nacional-catolicismo, à semelhança do acontecido em Espanha, mas um "catolaicismo", em que à laicidade do Estado se associou uma orientação católica dominante, à separação jurídica se juntou uma estreita colaboração moral, com a independência dos poderes conviveu um entendimento na prossecução dos interesses que, em muitos aspectos, foram coincidentes. Entendimento porém que sofreu uma evolução ao longo da extensa duração do regime, passando de uma aceitação quase unânime e de uma colaboração forte em muitos domínios, por parte dos católicos para com o regime nascente, nos primórdios, para uma crescente tensão e insatisfação, e para uma desagregação dessa colaboração, com passagem aberta a uma oposição expressa, tanto em termos hierárquicos como em termos laicais, à medida que ia mudando a Igreja, com os tempos, e o regime persistia em não se adaptar a eles." (Manuel Braga da Cruz, O Estado Novo e a Igreja Católica. Bizâncio, 1998, p.15). E que cada um interprete como quiser o que a história - em particular a desse "catolaicismo" - nos pode ensinar. E avisar. Bem para além dos maniqueísmos.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 27.01.23

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Hoje é O Dia Internacional em Memória da Vítimas do Holocausto 

«De 1941 a 1945, a Alemanha e seus países cúmplices organizaram o assassínio sistemático de mais de seis milhões de judeus. O Holocausto, também conhecido como Shoah, foi a “Solução Final” da Alemanha nazi para eliminar todos os judeus ao seu alcance. No final da II Guerra Mundial, cerca de dois terços da população judaica da Europa tinha sido assassinada.

A Assembleia Geral da ONU, em 2005,  instituiu este Dia Internacional da Memória do Holocausto. Para o mundo recordar este genocídio e evitar que possa repetir-se.

Muitos países estabeleceram Dias em Memória do Holocausto. Vários destes marcos no calendário, como o Dia em Memória do Holocausto no Reino Unido e Europa ocorrem a 27 de Janeiro, enquanto outros, como o Yom HaShoah de Israel, são assinalados noutras datas. Milhares de pessoas reúnem-se a cada ano em todo o mundo, para evocar a memória dessas vitimas, honrar os sobreviventes e todos aqueles cujas vidas foram alteradas de forma irremediável pelo Holocausto.»

Com a guerra na Ucrânia, a memória de todas as atrocidades cometidas por regimes totalitários contra os seus próprios povos está mais em foco do que nunca. Como é possível que um povo se volte a submeter aos caprichos de um ditador e continue a massacrar decidida e inexoravelmente toda uma nação? A história nunca ensina seja o que for à tirania. Mas devia. Nunca qualquer um deles deixou um país cujos valores, as fronteiras e a própria independência não acabassem por soçobrar como castelos de cartas.

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Hoje é O Dia Internacional do Vinho do Porto

«Hoje realizam-se actividades lúdicas em diversas adegas com provas de Vinho do Porto. As fotos do dia podem ser partilhadas nas redes sociais com a hashtag #PortDay. A data foi criada em 2012 pelo Center for Wine Origins, instituição dos EUA da qual o IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto) faz parte.

A 10 de Setembro, desde 2014, também se comemora o Dia do Vinho do Porto, uma vez que a 10 de Setembro de 1756 foi criada pelo Marquês de Pombal a primeira Região Demarcada e regulamentada do mundo, o Douro Vinhateiro.

Esta região engloba cerca de 250 mil hectares, com 44 mil compostos por vinhas e 32 mil autorizados a produzir Vinho do Porto. Em terra de socalcos existem mais de 100 castas aptas à produção. Se a região é demarcada há mais de 260 anos, a produção na região é já milenar, antecedendo a ocupação romana. Cerca de 65 mil pessoas estão hoje aqui envolvidas na produção do vinho.

O Douro é considerado Património da Humanidade pela UNESCO como “paisagem cultural evolutiva e viva”, estando dividido em três sub-regiões (Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior).

  • 85% da produção deste vinho é para exportação (7,5 milhões de caixas por ano).
  • França, Portugal, Reino Unido, Holanda, Bélgica e EUA são os países que mais consomem esta bebida.
  • O Vinho do Porto está presente em cerca de 120 mercados.
  • As vendas rendem 365,4 milhões de euros (em 2013).
  • O seu nível de álcool varia entre 16,5% (branco leve seco) e 22%.
  • Existem quatro estilos de Vinho do Porto: Tawny (envelhecido em pipa), Ruby (envelhecido em garrafa), Branco e Rosé.
  • EUA, Argentina, África do Sul e Austrália são alguns países que produzem imitações fraudulentas do vinho do Porto.»

O Vinho do Porto é um dos nossos produto mais exportados, mas curiosamente, em muitas partes do mundo, existem pessoas que acreditam que é um vinho espanhol. Em sendo Portugal uma província de Espanha, faz até todo o sentido. Os espanhóis não desmentem, os portugueses também não, ou pelo menos não explicam, para além de qualquer dúvida que este país não é uma província espanhola. Claro que existe o Turismo de Portugal, como existe o Turismo de Lisboa, o Turismo da Madeira ou o Turismo dos Açores, por exemplo. 

  (Imagens Google)

O palco

José Meireles Graça, 27.01.23

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Não sou católico, a Jornada Mundial da Juventude não me aquece nem arrefece. Salvo pelo facto de a ICAR, no Ocidente esfarelado pelas demências woke originadas nos E.U.A., representar mais vezes sim do que não um polo de resistência ao corte absoluto com o passado e um obstáculo à instalação de sociedades onde toda a gente é livre de dizer o que pensa, se o que pensa couber nos apertados limites do bem-pensismo de esquerda em matéria de costumes, direito de propriedade, ensino, imigração, minorias, poderes do Estado e regime económico.

O investimento para o efeito é de um pouco mais de 80 milhões de euros, divididos pelo Governo e câmaras municipais de Lisboa e de Loures, conforme aqui se diz, além do que gastará a Igreja, que ainda não esclareceu quanto é nem tem de o fazer. Podemos estar certos de que apesar de a previsão ser de 80 milhões o custo total será superior – o Tribunal de Contas em devido tempo, isto é, quando tudo estiver esquecido, fará uma estimativa, em parecer que não comoverá ninguém.

A efeméride terá lucro – este tipo de iniciativas, tal como as sucessivas uebesâmit ou a Expo 98 ou, antes dela, a XVII não sei quê da Arte e Cultura, ou as capitais europeias da cultura (já tivemos Lisboa, Porto e Guimarães e vamos ser contemplados com Évora, Braga, Aveiro e Ponta Delgada – para Paços de Ferreira é que não está previsto nada) dá sempre lucro por causa das externalidades. Neste caso, o responsável, José Sá Fernandes, em raciocínio prudente mas cartesiano, estima que o retorno será de 350 milhões.

O nosso Presidente, em entusiasmado discurso, põe a coisa nos cornos da Lua, e haveria decerto muita gente a partilhar a excitação de Marcelo se este não tivesse tendência a esgotar-se em hipérboles para gabar todo o fait-divers que ilustra a sua versão de patriotismo.

Mas o que verdadeiramente mobiliza a opinião é o palco do evento, que vai custar mais de 4 milhões de Euros, fora as fundações. O palco é cómico e uma incompreensível discrição leva a que não se saiba quem é o autor de semelhante aberração – por mim pensei em Cabrita Reis ou Joana Vasconcelos, que têm inclinação para coisas grandes, caras e horrendas. Já o crismei de skatedromo, e decerto se o conservarem no fim da festa os praticantes daquela modalidade dar-lhe-ão uso intensivo.

Costa, esse, está satisfeitíssimo: enquanto se falar do palco não se fala do desmoronar da sua associação de malfeitores, comummente designada por governo.

Infelizmente, muita gente aproveita o evento não para o inserir na litania de munificências do Estado em prejuízo do contribuinte, mas para exercitar a sua militância anticatólica. E esta atitude serôdia (essa guerra foi a da I República e teve resultados desastrosos) atinge o seu clímax nesta extraordinária argumentação de um reputado constitucionalista: o Estado não poderia gastar um cêntimo com as Jornadas porque a violação do princípio constitucional da separação entre o Estado e as igrejas “consiste na própria edificação de um altar religioso, com cruz e tudo, por uma coletividade pública”.

Fantástico: se a câmara edificasse um palco para um “concerto” de cantautores a trinarem umas mensagens políticas empolgantes enquanto esgaçam desastradamente guitarras, ou para uns actores rebolarem no chão em defesa da interseccionalidade, nada a dizer. Já para os católicos, que são muito mais numerosos do que os apreciadores de má música ou peças teatrais fajutas, nada. Ou, se quiserem alguma coisa, que a paguem eles.

E isto sem falar da dignidade da Igreja Católica e da sua história, que é indissociável da do país, nem da sua acção assistencial, nem do consolo que a sua existência representa para milhões de portugueses.

É possível em termos jurídicos rebater cada um dos argumentos de Vital Moreira. E, para estar em igualdade de condições (o próprio costuma pesporrentar envolto em autoridade), nada melhor do que um constitucionalista – encontram-se com facilidade, para dizer tudo e o seu contrário.

Por mim, estaria disposto a censurar esta despesa se o Estado não fosse o alfa e o ómega de todo o investimento na “cultura”, como tal se entendendo não museus, nem bibliotecas, nem monumentos, nem escolas, nem investigações em humanidades ou arqueologia ou outras indispensáveis, mas o sustento de pessoas que dela se reclamam sem que ninguém lhes compre os gorjeios, as pinturezas, as “instalações” e os delírios, as peças teatrais a que ninguém quer assistir ou os filmes que ninguém quer ver.

O palco, que de toda a evidência é o novo unicórnio da Websummit, tem servido para um mundo de piadas com bom ou mau gosto. Tenho dado o meu contributo, na secção de foleiras. E estou grato por isso, ainda que, como contribuinte, ache carote e entenda que só por um milagre da Senhora ninguém encherá os bolsos. Mas também já “investi” e sustento o CCB, na esperança de que um dia seja convertido para prisão, finalidade para a qual reúne os requisitos, de modo que estou habituado.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 27.01.23

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Gui Abreu de Lima: «Aqui, da Lisboa onde me encontro, que em sorte me calhou este romântico Chiado e uma rua que acaba em rio azul – que meu braço atirado à janela lhe sente a aragem e os olhos míopes me enervam, que não distinguem o que vai nos azulejos que meu vizinho da frente exibe desde o tempo da senhora D. Maria II – sinto-me muda de palavras, essas mesmas que respeito não conhecem, se esgatanham todo o tempo cá por dentro e chegam quando bem lhes apetece. Tenho quilómetros delas e tantas vezes duvidei que fossem minhas. Impossíveis de tanta força. Densas como nunca fui, leves como horas bem passadas. Gozam que nem perdidas, como se fossem donas de todas as avenidas.»

 

José António Abreu: «Quando surgem notícias sobre mulheres violadas penso quase sempre nesta canção de Tori Amos (Me and a Gun, do álbum Little Earthquakes, lançado em 1992) e, mais especificamente, nesta actuação em Montreaux. É raro mas desta vez pude pensar nela por um bom motivo: o post da Ana Vidal sobre a evolução da Lei em Marrocos.»

 

Tiago Cabral: «Com este texto voltei aos meus verões. Verões passados na aldeia dos meus avós, Alcafozes, na Beira Baixa. Verões quentes e secos. Temperaturas escaldantes que hoje me custam aguentar, mas que à época o corpo franzino de um primário adolescente aguentava sem sequer reparar no calor. Os finais de tarde em que a minha avó, a única que me sobra nestes dias, regava o largo defronte da casa, o cheiro a terra molhada que só consigo associar a Alcafozes, esse cheiro intenso que absorvo cada vez que o sinto que me transporta anos e anos atrás, às memórias dos verões.»

Duzentas e dezassete sondagens depois

Pedro Correia, 26.01.23

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Desde 2017, o PS não era destronado nas intenções de voto dos portugueses expressas em sucessivos barómetros e sondagens. Que há ventos de mudança no ar, fica evidente nestes números ontem divulgados na pesquisa da Pitagórica para a CNN Portugal e a TVI: o partido laranja lidera agora, com 30,6%, enquanto os socialistas baixam para 26,9% - uma queda abrupta de nove pontos percentuais desde o inquérito anterior. Sinal inequívoco de que a maioria absoluta obtida há um ano nas urnas por António Costa se esfumou sem remissão por efeito das incontáveis trapalhadas deste governo. Duzentas e dezassete sondagens depois.

Mais significativo ainda: segundo o mesmo estudo de opinião, 53% dos portugueses avaliam negativamente o desempenho do executivo Costa, que praticamente não precisa de oposição para naufragar em toda a linha. A cada passo vai cavando a própria sepultura. Tendo um prazo de validade já indicado por Marcelo Rebelo de Sousa: ou o partido ainda absoluto ganha juízo ou haverá eleições legislativas antecipadas em 2024.

Sinal inequívoco de decadência. Quando até o Presidente da República, que tem andado com o governo ao colo, já se confessa farto de assistir impávido a tão monumentais tiros no pé

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 26.01.23

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Hoje é O Dia Internacional das Alfandegas

«Sob a égide da Organização Mundial das Alfândegas – OMA – a celebração deste ano centra-se no tema
"Relançamento, Renovação, Resiliência: as alfândegas ao serviço de uma cadeia de logística sustentável".
 

​​​Este lema traduz uma mobilização da comunidade aduaneira internacional para ultrapassar a situação pós-pandemia e apoiar pessoas e empresas contribuindo para o reforço da cadeia logística mundial. Os avanços tecnológicos vão permitir a renovação desta actividade crucial para os negócios à escala global.»

 

Ainda me lembro da primeira vez que fui ao Brasil e do meu espanto pela praticidade da selecção na alfândega. Botões grandes, ao melhor estilo de concurso televisivo, nos quais todos os provenientes de voos internacionais teriam de carregar até acender uma luz. Se acendia a vermelha, as bagagens (e nós, quem sabe) eram revistadas. Se acendia a verde era para seguir rumo à saída e à festa familiar que nos aguardava. Como boa tuga e prevaricadora de truz, levava as malas carregadoras de presuntos, azeitonas de Elvas e enchidos diversos que seriam na altura, e provavelmente ainda são, "apenas" os artigos proibidos de trazer na bagagem numa espécie de candonga. Também levava à mão um envelope com umas notas de dólar, não fosse dar-se o caso de os valentes inspectores alfandegários pedirem emolumentos, porque não há qualquer dúvida de que pediam. Felizmente nunca foi necessário, mas à luz do conhecimento que temos hoje, das duas uma, ou não sei se arriscaria, ou arriscaria a dobrar, ou a triplicar, quem sabe.

 

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Hoje é O Dia dos Esposos

«Embora se denomine Dia dos Esposos e aparentemente se refira apenas a casais casados, esta data também pode abranger muitas pessoas que não são oficialmente casadas. No fundo, visa celebrar a felicidade.

Ao contrário do Dia dos Namorados, este pretende sobretudo dar tempo, em vez de presentes, e celebrar a vida conjugal. Esta data pode ser a chave para revitalizar os relacionamentos, logo no início do ano novo. Também há quem pense que o cônjuge deve ser comemorado todos os dias, mas a existência de um dia para comemorar o marido ou a esposa tem sempre lugar.

Em Portugal, em 2021, os casamentos não regressaram aos números pré-pandémicos: foram só 29.057, quando em 2019 tinham sido 33.272.»

 

Com a falta de casamentos, é quase impossível haver mais divórcios. A união de facto passou a ser a maneira mais conseguida de sair de casa dos pais, ficar com a namorada(o) e dividir as despesas. Presentemente a situação complicou-se de tal modo que conheço casalinhos a viver em união de facto há alguns anos que regrediram nos seus objectivos, deixaram a casa alugada e voltaram ao quarto da casa dos pais, apenas com a diferença que desta vez precisam de uma cama de casal. Terem um dia só para os dois, para se poderem mimar como casal, carece de extrema importância, para que uma relação possa dar certo.

   (Imagens Google)

Pois então que venha o Rui

Sérgio de Almeida Correia, 26.01.23

(créditos: Bruno Colaço/Sábado)

A Iniciativa Liberal terminou a sua Convenção Nacional e consagrou Rui Rocha como o seu novo líder. Vitória indiscutível.

Não é que a mudança de líder de um partido seja um acontecimento fora do normal, ou a que não estejamos todos habituados nos anos de democracia que levamos. De boa e de má democracia. Se a democracia é sempre boa em si, acredito, verdade que a nossa nem sempre foi boa nos frutos, e ultimamente até tem sido má em muito do que germina, mas nem por isso deverá deixar de ser sublinhada a mudança de direcção nesse partido ainda jovem que é a IL.

Há aspectos para os quais importa chamar aqui a atenção, até porque o Rui Rocha por aqui andou delituando durante alguns anos, o que a todos permitiu conhecê-lo melhor e às ideias que hoje transporta para a liderança da IL. Independentemente da simpatia pessoal que possa ter por ele, não obstante o mar ideológico que nos separa, enquanto estudioso interessado do sistema político, do regime e dos seus actores quero aqui dar-lhe os parabéns e deixar umas breves notas.

Importa realçar que pela primeira vez temos um partido perfeitamente integrado no sistema, ao contrário do Chega que sempre se assumiu como anti-sistema, que toma a posição de querer mudá-lo por dentro.

Bem ao invés de PS, PSD, PCP e do defunto CDS-PP, para já não falar no BE que se tornou numa muleta do status quo, a IL há muita que manifestou o seu descontentamento com o rumo tomado pelo regime, embora comungue dos valores e dos princípios básicos que enformam a nossa democracia. Uma coisa é querer reformar o sistema político-constitucional; outra bem diferente é querer destrui-lo na corrida para o poder, minando a democracia e os seus alicerces enquanto se cavalga a onda populista e se promove a ignorância. 

Um segundo ponto que merece nota é que o novo líder, tal como o anterior, tem um passado, um percurso académico e profissional antes de chegar a S. Bento e à liderança do partido, reconhecidamente íntegro e discreto. Basta olharmos para alguns figurões que fizeram carreira na política e nos negócios pós-vida política para se perceber a diferença entre este e outros que por aí circulam.

Depois, o novo líder da IL tem uma história de vida que não será muito diferente da de inúmeros cidadãos deste país. O que faz dele uma pessoa normal. Passou por África, sentiu na pele o drama dos refugiados, integrou-se, cresceu, tornou-se um cidadão de corpo e alma, ciente dos seus direitos e das suas obrigações, saído de uma cidade periférica num país dominado pela macrocefalia de Lisboa, do Porto e das suas regiões metropolitanas, que chega à política numa idade em que ainda pode fazer alguma coisa e sem o permanente cheirinho a cueiros daquela rapaziada que passou pelas jotas e chegou aos partidos, ao parlamento e ao governo sem nunca ter aprendido nada e feito na vida algo que se visse e os pudesse recomendar para alguma coisa.

Posto isto, talvez seja de os outros partidos do sistema começarem a arrumar a casa, se não quiserem saltar borda-fora.

Do atavismo do PCP e do BE já ninguém espera nada, a não ser os seus crentes. Tal como do PAN ou do Livre que pese embora algumas boas ideias jamais adquirirão dimensão para as poderem concretizar, salvo casos pontuais e marginais de intervenção política. Reformar os outros partidos duvido que seja possível enquanto estiverem enxameados pela tropa de Montenegro e de Coelho, de Santos e de Costa, por essa gente moluscular cujo único ideal é fazer carreira na política e resolver vitaliciamente, se possível com pouco ou nenhum esforço, os seus problemas de emprego e da família, tornando-se rentistas ou lobbyistas de qualquer coisa, seja do partido, de uma autarquia, de uma empresa pública, de uma construtora ou de um canal de televisão.

Se a meta de alcançar os 15% pode nesta altura parecer distante, o que acontecer nos próximos meses nos partidos e no Governo poderá torná-la facilmente alcançável, provocando a reestruturação e reconfiguração do actual sistema de partidos. Com o seu posicionamento e o discurso actual, a IL pode beber à direita e à esquerda, provocando problemas acrescidos a PSD e PS, seja por via de uma radicalização do discurso ou de serem empurrados mais para a direita e mais para a esquerda em virtude do espaço que a IL for capitalizando no eleitorado do centro para atingir o objectivo agora definido de romper com o bipartidarismo, o que não será seguramente fácil com o actual sistema eleitoral.

Finalmente, não obstante a pressa com que vem, convém que o novo líder tenha em atenção as pessoas de quem se vai rodear, posto que este tem sido um dos cancros das actuais lideranças. Será muito importante saber de onde chegam, para onde querem ir e como querem lá chegar aqueles que vão ajudar o líder a concretizar os objectivos definidos para o partido. Seria certamente muito mau que o partido se visse inundado de arrivistas e de pessoas sem convicções que num dia apoiam líderes autocráticos, o regime chinês, o russo ou o que estiver mais a jeito, e no outro se apresentam como "liberais" empenhados na mudança do país. O país e os seus potenciais eleitores não lhe perdoariam isso, nem o deslize para a ineficiência.

Que a IL e Rui Rocha, com o seu humor cáustico, preparação e inteligência contribuam para uma renovação do sistema partidário, das mentalidades e da democracia, tornando o país menos cinzento e menos carreirista, trazendo gente mais interessada, mais bem preparada, mais adulta e de convicções para a política são os meus votos.

As últimas sondagens são enganadoras, e podem não representar nada neste momento.

Eu cá estarei para dizer de minha justiça, tendo sempre presente a minha declaração de interesses. Que, aliás, é pública há muitos anos, conhecida dos leitores desta casa, e não muda ao sabor de ventos e marés.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 26.01.23

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Gui Abreu de Lima: «Vida... que corrente de gente que de repente se sente. Que trazes nas frases todas as sintases. Aperto-te o papo - que mais destinais por estes beirais?»

 

Eu: «E se Ernest Hemingway, esse mestre do paradoxo, não tivesse escrito Adeus às Armas, um dos mais belos e amargos romances de guerra e amor de todos os tempos? A Humanidade teria sido privada de uma obra fundamental da literatura do século XX. E nós, cinéfilos do século XXI, ficaríamos privados daquele que é um dos melhores filmes em cartaz neste início de 2013. Um filme que nos baralha, oscilando quase sempre naquele fio da navalha entre o drama e a comédia que só cineastas acima da mediania como David O. Russell (que assinou o excelente Último Round, em 2010) conseguem arriscar com êxito