Leituras
«Um cavalheiro não fala dos impostos que pagou nem das mulheres com quem dormiu.»
Haruki Murakami, Homens Sem Mulheres (2013), p. 97
Ed. Casa das Letras, 2020 (3.ª ed.). Tradução de Maria João Lourenço
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«Um cavalheiro não fala dos impostos que pagou nem das mulheres com quem dormiu.»
Haruki Murakami, Homens Sem Mulheres (2013), p. 97
Ed. Casa das Letras, 2020 (3.ª ed.). Tradução de Maria João Lourenço
STEVIE WONDER "Don't Drive Drunk"
Aconteceu-me que em pleno dia de Natal, indo a caminho da casa da minha irmã para as tradicionais celebrações, estreei-me em acidentes rodoviários após 39 anos de condução. Estraguei o meu dia, incomodei a minha filha, que lá me esperava, a qual padece deste pai. E sofri uma fractura exposta no osso orgulho. Para além um derrame na conta bancária, que seria letal não fora o caso desta estar já ligada à máquina, em condição dita irreversível.
Atendendo à data festiva, e concomitantes folgas, tive de esperar umas horas pelo reboque. Era já início de noite quando chegou, levando-me da via rápida verdadeiramente fronteira ao Trancão até à planície nas cercanias do Sado. Simpaticíssimo o motorista, e basto falador - tentando (e conseguindo, justiça lhe seja feita) animar-me, macambúzio que me encontrou, culminando ambos (e logo na Vasco da Gama) num quase nada estóico "foi só (pouca) chapa e plástico" "que se lixe!", isto que sobre angústias monetárias não me deixei espraiar...
E nisso o homem foi-se alongando, confirmando-me que são estes dias, os das Festas, de muita azáfama. Pois poucos colegas de serviço e muita gente a ter problemas, "no Natal saem da casa das famílias com um copito a mais...", no "Ano Novo vêm das festas...". Às vezes cenas dramáticas - e algumas contou mas tenho pejo de as convocar - mas a maioria das vezes pequenas coisas, toques, choquezitos, a perturbarem ou mesmo a magoarem mesmo que felizmente não irremediáveis. Aquele copito de vinho a mais no Natal, só mais, só mais um brinde de Ano Novo - "Feliz" terá ele de ser -, até com o raisparta do espumante, ou mesmo a saideira seguida da abaladiça, e nisso já se está num registo mais desengonçável...
Enfim, lá me largou ele diante da oficina onde parqueei o carro (emprestado, ainda por cima). E agora, antes do reveillon de tantos, ou da "passagem" de outros, nem sequer tenho de me lembrar daqueles inícios dos 80s, antes da instauração do "balão" e das campanhas - nem o cinto de segurança era prescritivo -, das loucuras acontecidas, dos amigos perdidos... Lembro-me só da conversa desta semana com o loquaz motorista de reboque, a desmontar-me a ideia de que após tantas décadas passadas, tantas campanhas feitas, as coisas ao volante tinham mesmo mudado.
Eu sei que a esta canção é foleira, e o vídeo também. Mas muito mais foleiro é guiar acima dos limites da segurança. Portanto, hoje em especial, "não guies com os copos". Mesmo que seja só aquele "bocadinho" de nada... Esse que se calhar até é o pior, dá aquela sensação de "falsa segurança" que a dra. Graça Freitas e a ministra Temido tanto combatiam - quando nos queriam convencer a não usar máscaras e a não nos testarmos.
«Preciso de munições, não de boleia.»
Volodimir Zelenski, citado a 25 de Fevereiro pela Associated Press
«Nunca peças nada a ninguém. Sobretudo a quem for mais poderoso do que tu.»
Mikhail Bulgakov (1891-1940)
Hoje é O Dia de S. Silvestre
«São Silvestre foi o 33.º Papa, de 31 de Janeiro de 314 a 31 de Dezembro de 335, dia em que faleceu. Foi responsável pelo início da paz na Igreja, ao conseguir pôr fim à perseguição aos cristãos no Império Romano.
Em diversos países realiza-se neste dia a tradicional Corrida de São Silvestre, prova de atletismo aberta a homens e mulheres de várias idades.
Em Portugal a tradição da corrida de São Silvestre também se faz sentir, com a realização de cerca de 50 corridas, com destaque para Lisboa, Porto e Amadora. Outrora realizadas na noite de fim de ano, com o aumento das provas de São Silvestre as corridas espalharam-se no calendário, com a realização de provas em Dezembro e Janeiro. As corridas têm tradicionalmente a extensão de 10 quilómetros.»
Há muito, muito tempo, era eu uma criança... bem, tinha 19 anos e combinámos no trabalho ir fazer a corrida da Amadora. Este episódio remonta a 1979, se não estou em erro, numa altura em que o encerramento era à meia-noite, mas tínhamos cerca de quinze minutos de tolerância para o réveillon. Naquele ano não conseguimos os quinze minutos e perdemos a corrida. Nunca mais alimentámos esse tipo de expectativa.
A 31 de Dezembro celebra-se a Véspera de Ano Novo
«Chegamos à recta final do ano, em noite marcada pela tradicional ceia festiva, geralmente ao som de música, que acolhe o primeiro dos próximos 365 dias do calendário.
Algumas tradições de passagem de ano :
Como é dia de festa, e cheio de superstições, há um cuidado especial com a indumentária. Muitas pessoas optam por vestir roupa especial.
As opções para esta noite são várias:
É um dia propício ao balanço do ano que termina, sendo lembrados os momentos bons e maus que ficaram para trás, tanto a nível pessoal como profissional.
É também o momento apropriado para as resoluções que a mudança de ano proporciona.»
Este ano o balanço é positivo, porque apesar de tudo o que aconteceu estou viva para contar a história, tenho a minha família saudável, tenho casa, comida e vivo em paz.
(Imagens Google)
Ana Lima: «2013 vai ser um ano difícil... a todos os níveis. Até na forma como se pronuncia. A avaliar pela quantidade de vezes que já ouvi dizer "dois mil e treuze"...»
João Campos: «Que não se pense que o Expresso apenas inova na escolha das suas fontes e dos seus comentadores de Economia. Nada disso. Também para o processo de estupidificação em curso (vulgo Acordo Ortográfico) o vetusto semanário dá o seu contributo quase diário. Hoje, às portas do final do ano, foi o duplo "r" que caiu. Deve ter ido pendurado no hífen.»
José António Abreu: «2012 foi o ano em que ficámos a saber que um corte de despesa no sector público sem um correspondente aumento de receita à custa do privado é inconstitucional. 2013 será o ano em que ficaremos a saber se inconstitucional é afinal o corte de despesa no sector público, tout court.»
Laura Ramos: «O novo ano não é dado a votos superlativos. A desmotivação é óbvia. O desalento é humano. A lamentação? Chata, inútil e incomodativa... Mas não deixa de ser quase imperiosa. Ainda assim, nós, as vítimas destas grandes pequenas perdas e tormentas, enjoamos mais do que um bravo marujo português numa caravela batida no mar alto. Um daqueles que deitava a sola de molho, para o outro dia jantar. Porque será? Porque verdadeiramente não temos norte? O Norte astrolábico que eles tinham?»
Eu: «[Paulo Portas] candidato desde já a figura nacional do ano que começará daqui a poucas horas. Será um ano muito difícil a vários níveis - e não só em Portugal. Um ano que todos lembraremos mais tarde. Um ano em que cada gesto do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros será alvo de escrutínio máximo. Ele sabe, melhor do que ninguém, que somos escravos das nossas palavras e donos dos nossos silêncios. E procederá em conformidade, sem nunca esquecer este lema. Crucial na política, como na vida em geral.»
Goodbye Again, John Denver
(Álbum: Rocky Mountain High, 1972)
«Os carneiros nunca salvaram a própria pele a balir.»
Elia Kazan, América, América (1962), p. 62
Ed. Ibis, Amadora, s/d. Tradução de Maria da Graça Cardoso
(créditos: Macau Daily Times)
Até há algumas semanas, os estrangeiros estavam impedidos de entrar na China, qualquer que fosse a porta e a razão para quererem entrar, mesmo não estando infectados com Covid e com todas as doses e reforços de vacinas que a Medicina colocou aos dispor das nações. Pais ficaram anos sem poder ver os filhos, casais foram separados, filhos impossibilitados de acompanharem os pais à sua última morada. Mesmo aos nacionais e residentes permanentes que se ausentassem para o estrangeiro foram impostas quarentenas de 28, 21, 14, 10 e 5 dias, códigos vermelhos e amarelos, e inúmeras despesas supérfluas para se garantir a política de tolerância zero ou "zero dinâmico".
Agora, perante uma vaga de infectados sem precedentes na China, com milhões doentes, sem qualquer controlo, e com vacinas de eficácia muito questionável, há dois aviões procedentes deste país que à chegada a Itália apresentam cerca de 50% de infectados. E que faz o país de destino? Impõe restrições à entrada de viajantes, sem discriminação de nacionalidade, exigindo que sejam feitos testes de despistagem. Os EUA fazem o mesmo, anunciando que a partir de 5 de Janeiro de 2023, quem quiser entrar nesse país, procedente da China, de Hong Kong ou Macau, terá de apresentar um teste PCR negativo. E tal como estes, outros mais (Espanha, Malásia, Coreia do Sul, Japão) farão o mesmo.
Não me parece que seja algo de excessivo ou incompreensível perante a situação que actualmente se vive e que os próprios órgãos de comunicação chineses têm difundido. A TDM tem passado no seu Telejornal algumas reportagens bastante esclarecedoras, algumas da CCTV, como sucedeu, por exemplo, nos passados dias 26 (minuto 12:40), 28 (minuta 13:40) e 29 de Dezembro (minuto 07:50). Repare-se que apresentar testes com resultado negativo para se entrar num país não é o mesmo que fechar fronteiras aos estrangeiros e não-residentes permanentes, ou criar obstáculos à saída de nacionais e obrigar os residentes a fazerem quarentenas pagas em hotéis e baterias de testes PCR à sua custa e com pagamentos antecipados para se poder viajar.
Curiosamente, depois de tudo aquilo que as autoridades chinesas fizeram, e das limitações que impuseram às suas próprias populações, aos residentes estrangeiros e a todos os nacionais de outros países que queriam entrar no país, até por razões humanitárias, veio o porta-voz do MNE chinês, Wang Wenbin, naquele estilo e com o adorável tom a que já nos habituou, com a maior desfaçatez deste mundo, dizer que, "para todos os países, as medidas de resposta à COVID têm de ser baseadas na ciência e proporcionais, e aplicar-se igualmente às pessoas de todos os países sem afectar as viagens normais e o intercâmbio e cooperação entre as pessoas", esperando que "todas as partes sigam uma abordagem de resposta baseada na ciência e trabalhem em conjunto para assegurar viagens transfronteiriças seguras, manter estáveis as cadeias industriais e de fornecimento globais, e contribuir para a solidariedade global contra a COVID e a recuperação económica mundial".
Para quem fez exactamente o contrário daquilo que afirma, inclusive contra as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e que ainda em Outubro, no XX Congresso do PCC, reafirmava a linha da tolerância zero, não deixa de ser curioso que perante uma situação de quase catástrofe interna haja quem queira, agora, que os outros países deixem entrar livremente os seus infectados, com todas as variantes e mais algumas, e que façam aquilo que a China não fez durante quase três anos: acreditar na ciência, respeitar a proporcionalidade das medidas de contenção do vírus e não discriminar.
É só olhar para os exemplos recentes de Macau e de Hong Kong e para os custos sociais e económicos que foram impostos a estas regiões e às suas populações.
Há coisas que, de facto, não lhes faltam. Mas hoje vou respeitar a quadra, e o Pelé, e poupar-vos a lê-las.
Bom Ano para todos. Sem Covid, com saúde.
«Ilumino-me / do imenso.»
Giuseppe Ungaretti (1888-1970)
Condução que induz à reflexão e descoberta dos próprios valores. Espera-se que existam valores e que esses valores sejam sólidos.
Legenda da foto : Traz um amigo, também.
(Imagem Google)
A 30 de Dezembro celebra-se O Dia da Sagrada Família
«A Sagrada Família celebra-se no domingo seguinte ao Natal. Caso o Natal calhe a um domingo, festeja-se a 30 de Dezembro.
A Sagrada Família é constituída por Jesus Cristo; sua mãe, a Virgem Maria; e pelo seu pai adoptivo e terreno, São José. A festa da Sagrada Família remonta ao século XVII e consiste na celebração da família de Jesus como exemplo de vida familiar para todas as comunidades cristãs. Amor incondicional, simplicidade, união, trabalho e sacrifício são algumas das lições a aprender com a Sagrada Família, "a primeira de muitas outras famílias santas", na palavras de João Paulo II no Ano Internacional da Família, celebrado em 1994.
"Sagrada Família de Nazaré,
desperta na nossa sociedade a consciência
do carácter sagrado e inviolável da família,
bem inestimável e insubstituível.
Cada família seja morada acolhedora de bondade e de paz
para as crianças e para os idosos,
para quem está doente e sozinho,
para quem é pobre e necessitado."
(Papa Francisco)
Este dia sublinha a importância de valorizarmos os momentos em família, enaltecendo a educação familiar para vivermos em sociedade.»
As famílias da era digital passam mais tempo a "conversar" com os telefones e com os tabletes do que a conversarem uns com os outros. Falo por mim, que, durante o tempo em que estive basicamente "presa" à cama, dava-me muito mais jeito enviar um SMS ao meu marido a pedir qualquer coisa de que me pôr a gritar por ele. Ao que uma pessoa chega... tornar-se naquilo que mais se detesta.
Hoje é O Dia das Resoluções de Ano Novo
«A antiga tradição de tomar resoluções para o ano novo começou no festival babilónico de Akitu, há mais de 4.000 anos. Abrangendo 12 dias, o "renascimento do mundo natural" seria celebrado pelos babilónios. Um novo rei seria coroado, colheitas seriam plantadas e promessas seriam feitas aos deuses. Eles acreditavam que se essas resoluções fossem cumpridas, os deuses ficariam felizes em vez de vingativos.
Em 153 a.C., para homenagear o deus Jano, o senado romano declarou o 1.º de Janeiro como início do ano novo. Janus era uma entidade com duas faces que tinha a capacidade de olhar para trás e para a frente no tempo - simbolizando o fim de um ano e o início de outro. Mas só cem anos depois, em 46 a.C., o conceito do Ano Novo nesta data foi oficializado por Júlio César.
Na Idade Média, o 'Voto do Pavão' seria renovado no final de cada ano. Essencialmente, eram resoluções com as quais os cavaleiros se comprometiam, colocando as mãos num pavão cozido e renovando juramentos de honra e cavalheirismo.»
Antigamente guardavam-se as notas grandes e a roupa interior azul para a passagem de ano. Então, chegada a hora, de cuequinha azul, as notas numa mão e as passas na outra, subia-se a um banco, agitava-se malucamente o dinheiro, comiam-se as passas e depois da décima segunda badalada fazia-se o brinde e batiam-se os tachos para afastar os maus espíritos. Era então que se proclamava em voz alta uma qualquer resolução maluca a que todos nos policiavam o cumprimento. Presentemente, depois do barulho e de ver os fogos de artifício, não vejo a hora de me ir deitar.
(Imagens Google)
Manuela Velasco
Os dedos de uma mão deverão ser suficientes para se contar os verdadeiros génios que o mundo conheceu no último século. Houve gente magnífica, excepcional, extraordinária nalguns dos seus feitos. Génios, poucos. E não será fácil reconhecer e atribuir esse estatuto a alguém. Seja em que campo for. Da ciência à literatura, da pintura à música, da cultura em geral ao desporto. Não me atrevo, até porque isso poderia ser injusto para outros, a elencá-los, mas sou capaz de reconhecê-los. Sei quem são quando me surgem ao caminho.
Se Edson Arantes do Nascimento foi um homem normal; Pelé foi um génio. Aquele partiu hoje, o segundo ficará para a eternidade.
E de todas as homenagens, deixo aqui as palavras que lhe foram dirigidas por Maurizio Crosetti, no La Repubblica, adiante parcialmente transcritas, e a recordação da sua passagem por Hong Kong, no South China Morning Post, quando com a camisola do seu Santos recusou, para poder ficar com os companheiros, a penthouse suite que lhe estava destinada no mítico e saudoso Hong Kong Hilton, onde há três décadas, antes da sua demolição, ainda tive o privilégio de algumas vezes jantar.
Como alguém escreveu, olhando para tudo o que os outros fizeram, Pelé fez primeiro. Que descanse em paz.
"Può esserci un mondo senza Pelè? Artista e comunicatore istintivo, senza però l'aura maledetta di un Maradona che per sempre gli contenderà il giudizio di mezzo genere umano: meglio Pelè o Diego? Risposta impossibile, è come dover scegliere tra Leonardo e Michelangelo. Pelè è arrivato prima, in un calcio diversissimo e non ancora mondializzato. Pelè era il nome di un sogno, il nome di dio. Aveva una voce profonda e cavernosa da contrabbasso, e quel suono usciva da un corpo per nulla impressionante, un metro e settanta di altezza, neppure 75 chili di peso. Ma si trattava di un'illusione ottica, perché la struttura fisica di Edson Arantes do Nascimento era invece l'assoluta perfezione: gambe ipertrofiche, potenza in ogni gesto e insieme agilità, equilibrio sublime. Qualcosa di esplosivo ed elastico. E poi la tecnica mostruosa, il dribbling unico al mondo, la precisione nel tiro e nel colpo di testa, la visione di gioco che gli permetteva ogni volta di celebrare due partite insieme, contemporaneamente, una al servizio dell'altra: la sua e quella della squadra, cioè il Santos in maglia bianca oppure il meraviglioso Brasile. Mai nessuno così, mai più. Ci ha lasciato dopo un'agonia lunghissima, eppure ne siamo stupefatti."
Gui Abreu de Lima: «O velho desapareceu mas eu não vi. Talvez sonhando que o levavam num caixão dali, se aborrecesse com a morte. Talvez escolhesse a sorte. Regra e pão e outra regra e sempre o pão, para os patos do jardim.»
José Navarro de Andrade: «A história é de quem a vence e tão retumbante foi a vitória do Cinema Novo que ainda hoje, passado meio século, o cinema português vai-se fazendo e pensando em torno do seu eixo programático. Ficou assim para o cânone que “Belarmino” (1964) de Fernando Lopes e “Os Verdes Anos” (1963) de Paulo Rocha, constituem pedras basilares e inamovíveis da cinematografia nacional. Mas se o primeiro parece ainda hoje perfeito e consonante com o que dele se pedia, já em “Os Verdes Anos”, se o conseguirmos ver sem a gravidade sacerdotal em que o velaram, há ali qualquer coisa que não bate certo – o quê?»
Patrícia Reis: «Na Travessa das Pedras Negras nr.1 começa a minha vida em 2013, tudo será melhor, vivemos ciclos de sete em sete anos e há mudanças. Chegada aos 42 anos é o que me espera: um novo ciclo. Quando penso nisto só me lembro de remoinhos e pouco mais. Ou tornados. Ou espirais. Pouco importa. Dizem que o espaço não tem som. Na minha cabeça tudo se atropela e o som é fortíssimo. O resto? O resto é a vidinha.»
Partir é Morrer um Pouco, Carlos do Carmo
(Álbum: Carlos do Carmo, 1972)
O que me lembro de Pelé? O enorme "frisson" - de facto a entrada no mundo da economia global - que provocou quando veio a Portugal, e também ao "Visita da Cornélia", o concurso televisivo da burguesia que se imaginava popular, publicitar a Pepsi-Cola num país onde a Coca-Cola ainda não entrara.
Do que ele jogava ficam-me os elogios, tantas décadas passadas, que dele me fizeram - na Associação Portuguesa, no Piripiri, na Feira Popular, até no bar do Polana - o nunca destronado King, Eusébio, e o Monstro Sagrado, o gigante Mário Coluna. Pelé foi único. E há uma coisa magnifica na sua morte: sabermos que teve uma bela vida!
Na sua morte deixo saudações aos meus amigos brasileiros. E aos meus amigos que gostam de futebol. E, mais ainda, aos que gostam que a vida seja bela.
Edson Arantes do Nascimento, 1940-2022
«Pelé nasceu na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, a 23 de Outubro de 1940. Começou a carreira no infanto-juvenil do Bauru Atlético Clube, em São Paulo, onde conquistou o campeonato de futebol de salão, em 1955. Era o início de um total de 61 títulos oficiais conquistados.
Transferido para o Santos Futebol Clube, foi 10 vezes campeão paulista entre 1958 a 1962, 1964 a 1967 e 1973. Foi campeão da Taça Brasil entre 1961 e 1965. Esses títulos foram o início de um total de 61 títulos oficiais conquistados em sua carreira, entre eles o tricampeonato mundial pela Selecção Brasileira em 1958, 1962 e 1970.
Pelé fez 1282 golos, em 1366 partidas oficiais, com uma média de 0,93 golos por jogo. Em 1977, ano em que se retirou do activo, tornou-se Embaixador Mundial do Futebol. Em 1981foi eleito “O Atleta do Século”, em votação com gente do mundo inteiro, realizada pelo jornal L’ Équipe. Em 2014 foi inaugurado em Santos, São Paulo, no casarão do Volongo, construção do século XIX, no centro da cidade, o Museu Pelé, o único dedicado a um único desportista.»
Qual GOAT, qual carapuça... Rei é Rei.