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Delito de Opinião

Tempestade imperfeita

José Meireles Graça, 30.11.22

A Roménia vai no próximo ano dizer-nos adeus, somando-se a outros países que quanto ao PIB por cabeça, corrigido em paridades de poder de compra, já nos ultrapassaram. Foram eles a Polónia, a Hungria, a Estónia e a Lituânia. Não há muitos anos, na minha cidade, havia Romenos que andavam pelos cafés a pedir; e a uma fabriqueta de que sou sócio, pela mesma altura, foi roubado cobre, ao que se veio a descobrir por Romenos. Veremos, em devido tempo, emigrantes portugueses em Bucareste a arrancar dentes, projectar casas e engenheirar pontes, que Portugal aprecia investir na formação de quadros para promoverem outras economias.

De modo que o país político ficou comovido, e deve levar mais de uma semana a mudar de preocupação para outras infelizes notícias, das quais há cerca de quatro por mês.

Ouvi por acaso o programa Tempestade Perfeita, na Rádio Observador, onde a prestigiada académica Susana Peralta e o não menos ilustre Ferreira do Amaral se pronunciaram sobre esta matéria.

E o que dizem? Extraordinário: Para rebater a constatação do deslizamento sistemático do país para os últimos lugares do desenvolvimento (num continente que ele próprio cresce menos do que outras regiões do globo) começam por chamar a atenção para alguns aspectos em que esse deslizar não tem lugar. O que, evidentemente, não é o que está em questão e é apenas um mecanismo de anestesia da opinião pública ao qual a propaganda socialista vai recorrer. Depois, ao enunciar as razões do atraso vem o palavreado da desigualdade e das falhas e insuficiências disto e daquilo como se em todos os países que crescem mais não houvesse falhas e insuficiências. Acrescentam que Portugal está a crescer e, por definição, há sempre quem fique para trás, triste realidade que nos deve servir de refrigério; que a diferença prevista para a Roménia é de alguns poucos euros, uma irrelevância; que em Portugal se vive melhor, segundo os indicadores xis e ípsilon, do que em países que têm o atrevimento de nos ultrapassarem; e que o que tem faltado é investimento, o qual, ai, só não houve pelo compreensível esquecimento de se o decretar.

Estes dois comentadores são de esquerda e o que isso significa é que simplesmente não entendem os mecanismos de criação de riqueza e, além das tradicionais queixas sobre o que não funciona bem (como se falar nisso sem adiantar soluções servisse para alguma coisa), não fazem a menor ideia de como se inverte o acentuar do atraso relativo. A tragédia da nossa economia é que a esquerda tem uma data de bandeiras ideológicas que prejudicam o crescimento; e a direita é, com frequência, reaccionária nos costumes (o que não é necessariamente mau mas pouco tem a ver com economia), mas é refém do Estado obeso. E tudo isto sob o manto da suposta lucidez dos economistas, dos quais a maior parte nem sequer realiza o que lhes falta e que adquiriram uma injustificada importância na magistratura da opinião.

Não disseram, mas poderiam ter dito com orgulho que a Bulgária, a Grécia, a Croácia, a Letónia e a Eslováquia ainda estão para trás e que, fora da União Europeia mas dentro da Europa, há muitos países que tomaram eles ter o brilhante desenvolvimento que a esclarecida governação do nosso tem proporcionado. Um deles é a Albânia, para a qual podemos olhar com sobranceria, coitada, a par da Bósnia Herzegovina. E se a estes dois juntarmos a Sérvia, o Montenegro e a Macedónia do Norte, e este conjunto aderir à União Europeia, o PS poderá dizer com verdade e justificado orgulho que nos afastamos cinco posições do fundo da tabela.

Aqui está uma exaltante missão para o estadista Costa, se conseguir o lugar cimeiro que na UE deseja e merece.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 30.11.22

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Hoje é O Dia Internacional da Cidade Educadora 

«Esta é uma celebração internacional que visa alertar a opinião pública para a importância da educação.

Hoje a data volta a ser assinalada sob o lema escolhido pelas cidades associadas de forma participativa: “A Cidade Educadora, cidade de paz e oportunidades”.»

 

Eu e o meu marido somos bastante  participativos! Existe um número para o qual ligamos sempre que algo está mal, ouvem-nos atentamente e muitas vezes vêm reparar o que não está conforme. Quando acontece haver celeridade e um trabalho bem feito, telefonemas a agradecer.

 

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Hoje é O Dia da Segurança do Computador 

«Este dia foi criado em 1988 nos Estados Unidos para combater os riscos de insegurança dos dados pessoais na utilização de um computador. É uma data que tenta alertar-nos para os perigos que corre qualquer computador não protegido. Tanto em empresas como em casa, é importante tomar medidas de protecção de um computador (e dos aparelhos a ele ligados).

Neste dia podemos fazer um despiste de vírus nos nossos computadores. As senhas devem ser mudadas de seis em seis meses para maior segurança. 

Devemos também fazer cópias de segurança dos dados contidos no computador e fazer compras apenas em sites com protocolo "https" (com a imagem de um cadeado), onde a informação é encriptada.»

 

Curiosamente, creio que o meu computador não tem outro antivírus que não a protecção do Windows. Isto há anos! Não é uma boa prática,  mas nunca me lembro que posso ser "assaltada" e ficar sem as fotos das férias ou as facturas da luz e da TV... 

 

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Em Portugal celebra-se O Dia das Livrarias

«Em 2012 comemorou-se no nosso país o Dia da Livraria e do Livreiro, nessa altura por iniciativa do movimento Encontro Livreiro e da Fundação José Saramago, assinalando o aniversário da morte de Fernando Pessoa e de Fernando Assis Pacheco (este último, precisamente numa livraria de Lisboa) a 30 de Novembro.

Em 2020, e após alguns anos de pausa, a RELI – Rede de Livrarias Independentes - fez renascer a iniciativa para salientar a importância das livrarias independentes no tecido cultural das cidades e na vida de cada leitor. »

“Um famoso adágio diz que conhecimento é saber que o tomate é um fruto; sabedoria é saber que não se põe tomate na salada de frutas. O mesmo se passa com os livros. Conhecimento é saber que os livros se encontram em todo o lado, mesmo em supermercados e bombas de gasolina; sabedoria é comprá-los nas livrarias independentes, de bairro, de conforto. Ainda por cima com uma vantagem extra: é nelas que podemos encontrar verdadeiros livreiros, os linces da Malcata do comércio.” 

Pedro Vieira

 

Ir à Baixa com a minha Mãe, para mim, tinha sempre uma cenoura na ponta da vara, que era ir à Bertrand, à Ferin, à Sá da Costa... na verdade só recorria a outras se não encontrava o que procurava na Bertrand. Um livro para dar ao meu pai era sempre algo em que pensava bastante antes de comprar. "Mataram a Cotovia" foi um dos primeiros. Como estava desejosa de o ler, comprei para oferecer ao meu pai no aniversário. A quem possa pensar que é cínico, entenda que foi muito prático. Eu tinha 16 anos e não trabalhava. Ganhava umas gorjetas por entregar fatos e pintava pratos para turistas. Esticava os escudos para conseguir dar presentes de aniversário, por isso tentava tirar o melhor partido das situações. Depois, e porque sabia que a II Guerra Mundial o fascinava, vai de comprar todos os livros do Leon Uris sobre o tema, alguns adaptados a filmes que já tínhamos visto. E sempre por aí fora. O cheirinho a livro não tem igual e as livrarias então são inebriantes. Tenho saudades de ir à Bertrand do Chiado, era muito mais aconchegante do que qualquer outra. Normalmente fico-me por aquelas da grande superfície mais próxima, que têm sempre de tudo, apesar de serem mais frias e impessoais. Lembro-me de na Bertrand do Chiado me interpelarem a oferecer ajuda, enquanto nas das grandes superfícies nem sempre é fácil encontrar um "funcionário de secção" que ajude a encontrar um título.

 

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Hoje assinala-se O Dia em Memória das Vítimas da Guerra Química 

«Este dia pretende homenagear todas as vítimas das guerras químicas e promover o cumprimento da Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de Armas Químicas e sua Destruição (1993), destacando os ideais de paz, segurança e multilateralismo. Esta data foi instituída em 2015.»

 

Os gases e agentes químicos mais conhecidos por terem sido utilizados em actos terroristas e na "solução final" são Zyklon B, o cloro (asfixiante), o gás mostarda (que produz bolhas dolorosas em todo o corpo) e agentes neurotóxicos como o sarin, o VX e o Novichok (que produzem paralisia e a morte). Em 1988 Ali o Químico, no contexto do genocídio no Curdistão, mandou bombardear Halabja com gás mostarda e gás sarin. Foi julgado e condenado à morte por crimes contra a humanidade. Depois da " solução final" é difícil entender como estes facínoras continuam a mandar matar homens, mulheres e crianças sem um pingo de remorso.

 

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Hoje é O Dia da Mousse

«Tradicionalmente francesa, a mousse é uma sobremesa conhecida em todo o mundo. A mais popular é a de chocolate, primeira versão a ser criada. No século XIX, era comum misturar outros ingredientes à chamada “espuma” (feita de claras de ovos ou nata de leite) para dar sabor tanto a receitas doces quanto salgadas. No início do século seguinte, o pintor Henri Toulouse-Lautrec teve a ideia de misturar chocolate amargo à espuma, dando origem ao que então chamou “maionese de chocolate”. Com o tempo, a receita foi mudando, assim como o seu nome, e chegou à mousse que conhecemos hoje".

 

Mousse que é mousse, não cai da colher. Basta ovos, açúcar, chocolate com 80% de cacau e manteiga sem sal. O segredo está em bater tudo por ordem, durante o tempo necessário. Quem disser que faz mousse em 5 minutos, não faz bem feito. Não pode. A mousse escorre e sente-se o açúcar. Isso é um doce de chocolate e dificilmente se poderá chamar de mousse.

(Imagens Google)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 30.11.22

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José António Abreu: «De mini-saia e sapatos de salto alto parecia um carro desportivo com jantes de vinte polegadas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Se já nos estamos a ver gregos com o Orçamento para 2013, imagine-se o que será em 2014, em que vai ser preciso cortar 4.000 milhões para pôr o défice nos miraculosos 2,5% do PIB, que aliás ainda estão longe dos 0,5% exigidos pelo Tratado Orçamental. Conhecendo o actual Governo, imagino as propostas que aí vêm.»

 

Eu: «Passam as décadas, mas o PCP permanece igual a si próprio: tolerante e solidário com ditaduras, implacavelmente crítico com as democracias. Imaginam por instantes um partido da oposição - assumindo que ele existisse - reclamar hoje, como reclama Jerónimo de Sousa, que a palavra seja "devolvida ao povo", senhor do seu "próprio destino", através de eleições democráticas e livres, em Havana, Pequim ou Pionguiangue?»

Pequenos fantasmas nos nossos tempos

João Pedro Pimenta, 29.11.22

As semanas mais recentes trouxeram-me um ligeiro travo aos anos trinta e quarenta.

As imagens da libertação de Kherson, das ruidosas manifestações de alegria dos seus habitantes e da visita de Zelensky trouxeram-me de imediato à memória as da libertação da França, em 1944, e da chegada de De Gaulle a Paris, recriada na tela e com alguns testemunhos fotográficos. O presidente da Ucrânia tem sido comparado a Chrchill, mas naqueles momentos transfigurava-se mais como a voz da liberdade e da libertação dos ucranianos, aquele que parecia perdido na início da invasão mas cujas palavras soam a esperança diante do temível Inverno que está a chegar. E tal como a libertação de Paris não significou o fim da guerra, a de Kherson está longe do termo do conflito.

 

Entretanto decorre o criticado Mundial do Qatar (embora seja exagero chamar-lhe "o Mundial mais controverso de sempre", se recordarmos o que decorreu na Argentina em 1978, sob o infame regime militar que despejava corpos para o mar a partir de aviões, e que até levou à história, apesar de falsa, de que Cruyff não comparecera em sinal de protesto). Os estádios no meio do deserto tiveram a autoria, entre outros, como Zara Hadid, de Albert Speer. Sim, o filho com o mesmo nome do célebre arquitecto de Hitler e co-autor do estádio Olímpico de Berlim. O descendente não seguiu definitivamente as preferência políticas do pai, apesar de algumas controvérsias, explanadas neste artigo da New Yorker. Mas não deixa de causar algum frisson que um evento tão criticado pelo tratamento local dos Direitos Humanos tenha tido o dedo do filho, com o mesmíssimo nome, de um dos autores dos Jogos Olímpicos de Berlim e do projecto da demencial Germania.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 29.11.22

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Hoje é O Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano.

«As Nações Unidas promovem este 29 de Novembro uma conversa global marcando o Dia Internacional da Solidariedade com o Povo Palestino com a hashtag #PalestineDay. 

A celebração foi destaque no Seminário Internacional de Mídia das Nações Unidas sobre Paz no Oriente Médio que reuniu jornalistas, especialistas do setor, grupos de reflexão, diplomatas e acadêmicos, em meados deste mês. Entre os participantes do Oriente Médio estiveram israelitas e palestinianos, além de cidadãos da Europa, dos Estados Unidos e outras partes do mundo. O centro das discussões foi a dinâmica e as tendências do conflito entre israelenses e palestinos. 

Em mensagem, o secretário-geral das Nações Unidas destaca que a situação nos territórios palestinos, incluindo Jerusalém Oriental, continua representando um desafio significativo para a paz e segurança internacionais.  

António Guterres sublinha as “violações persistentes dos direitos dos palestinos”, juntamente com a expansão dos assentamentos, que aumenta o risco de desgaste da perspectiva de uma solução de dois Estados. 

O chefe da ONU disse estar incentivado pelos recentes compromissos das duas partes aliados aos esforços internacionais para o reinício do diálogo. No entanto, destaca que conter a situação israelense e palestina não é suficiente. 

Para Guterres, de uma forma geral a meta continua sendo a criação de dois Estados: um israelense e outro palestino convivendo pacificamente, e atendendo às fronteiras baseadas nas linhas de 1967 e Jerusalém como a capital de ambos. 

O líder da ONU apela às partes a evitar medidas unilaterais que possam minar as chances de uma resolução pacífica do conflito com base no direito internacional e nas resoluções adotadas na organização sobre a questão. Outro pedido é que haja um empenho “de uma forma construtiva” para que termine o bloqueio à Faixa de Gaza e melhorem as condições de vida de todos os palestinos. 

A comemoração anual foi proclamada pela Assembleia Geral para lembrar a adoção, em 1947, da resolução sobre a Partilha da Palestina.  

Em 2005, o órgão propôs que todos os anos seja organizada uma exposição sobre os direitos palestinos ou um evento envolvendo a Missão Palestina nas Nações Unidas.  

A organização é feita pelo Comitê sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis ​​do Povo Palestino e a Divisão dos Direitos dos Palestinos.  A resolução sobre a comemoração do Dia Internacional da Solidariedade com o Povo Palestino também incentiva os Estados-membros a continuarem o amplo apoio e divulgação à comemoração da data.»

 

Sentimentos nobres, estes da ONU, estabelecer um dia em Novembro para sermos todos solidários com o Povo Palestiniano que vive enclausurado atrás de um muro. Nos outros 364 dias do ano, no pasa nada, mas neste dia vamos lá ser solidários caramba! Afinal de contas é uma data importante a celebrar.

 

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Hoje é O Dia de Deitar os Restos no Lixo

«O objectivo deste dia é fazer com que todos nós joguemos fora as sobras que estão a apodrecer no frigorífico e, francamente, muito longe do consumo. Estocar é uma coisa, mas acumular comida, especialmente as sobras, não é apenas ruim para a frigorífico, mas também prejudicial à saúde. Comer sobras de dias anteriores regularmente pode roubar nutrientes importantes ao seu corpo, porque quando a comida é mantida longe por muito tempo, os níveis de nutrição diminuem e alguns alimentos podem até se tornar tóxicos. Então faça um favor ao seu intestino e jogue fora as sobras! Com nossas agendas lotadas, cozinhar alimentos frescos todos os dias pode ser bastante agitado. Armazenar alimentos em recipientes ou embrulhados em folhas de plástico é bastante comum hoje em dia. Embora esteja tudo muito bem, às vezes simplesmente esquecemos que há comida no frigorífico! Isso resulta na obtenção de alimentos estragados, indo para o lixo e, por fim, estragando o frigorífico. Não há nenhuma razão real pela qual o Dia de Deitar Fora as Sobras se originou, excepto para nos lembrar de limpar nossas frigoríficos.

Mas como acabamos acumulando sobras? Além do esquecimento, muitas vezes é um mau hábito pessoal. Os mais comuns são maus hábitos de compra de alimentos. Muitos de nós lutamos para estimar quanto devemos cozinhar para nossas famílias e, portanto, acabamos exagerando. Isso é muito comum quando recebemos convidados e não sabemos quanta comida será consumida durante uma refeição. Para evitar constrangimentos, muitas vezes compensamos demais e cozinhamos muito além do que é consumido. Quando inevitavelmente acabamos com muita comida, os extras vão para a geladeira, e seguidamente  esquecemo-nos deles. Outra coisa com a qual devemos nos preocupar é o quanto a comida antiga faz bem à nossa saúde. Na maioria dos casos, o sabor não é muito comprometido, mas você pode sentir a diferença entre a comida recém-cozinhada e as sobras. No entanto, alguns argumentam que o valor nutricional dos restos de comida é muito menor do que os alimentos recém-cozidos e é melhor não os consumir por longos períodos. O dia de deitar fora as sobras é a oportunidade perfeita não apenas para limpar sua geladeira, mas também, por exemplo, avaliar suas roupas.»

 

Infelizmente acontece-me mais vezes do que gostaria, ter de deitar fora as sobras que acondiciono e guardo religiosamente no frigorífico. Em casa dos meus pais éramos no mínimo cinco à mesa. Na minha casa, éramos quatro ou cinco, conforme a disposição da minha mãe, depois passámos a ser seis, sete, oito e nove. Presentemente, quando nos juntamos somos normalmente oito pessoas à mesa. Isto tudo para explicar que eu não sei cozinhar bem pequenas porções, e como tal tenho sempre de "despachar" metade para uma das filhas e a outra metade vai bem acondicionada para o frigorífico. Quantas vezes lhes perco a lembrança não sei dizer, mas que cerca de 60% das minhas sobras acabam por ir para o lixo, é uma triste verdade.

 

(Imagens Google)

Doze mil quilómetros já em pré-campanha

Pedro Correia, 29.11.22

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A próxima eleição presidencial será só em 2026. Mas há um candidato já em pré-campanha que não perde uma oportunidade para se exibir nas pantalhas em busca da notoriedade que ainda lhe falta junto de muitos portugueses.

De cachecol ao pescoço, como se houvesse frio nos quase 30 graus de ontem no Catar, o presidente da Assembleia da República não perdeu a oportunidade de perorar sobre a selecção nacional de futebol, dando a entender que a evental ausência dele em Doha seria um delito de lesa-pátria. Por isso decidiu voar cerca de 12 mil quilómetros, ida e volta, fomentando as emissões de dióxido de carbono: segundo os activistas do ambiente, as viagens aéreas contribuem para 5% do aquecimento global.

 

Seria interessante saber quantos presidentes de parlamentos europeus já lá foram em romagem por estes dias. Muito poucos, sou capaz de apostar. Também teria interesse indagar se Augusto Santos Silva aproveitou a ocasião para conferenciar com o seu homólogo catariano - se é que podemos chamar parlamento à denominada Assembleia Consultiva do Catar, com 45 membros mas apenas 30 eleitos por sufrágio popular. Os restantes são escolhidos pelo Emir. Nenhum deles pode questionar o primeiro-ministro excepto com aprovação prévia de dois terços dos supostos deputados, o que raras vezes - ou nunca - ocorre.

Sobre os direitos humanos que ali são violados de diversas formas, o presidente da AR chutou para canto: nem ousou um sopro de indignação. E até nos equiparou ao Catar numa frase capciosa em que compara o incomparável: «Todos temos de avançar muito nessa e noutras matérias [direitos], temos muito de melhorar. Isso aplica-se a todos os países, incluindo a Portugal.» 

Vai longe o tempo em que Santos Silva gostava de «malhar na direita». A não ser que o Emirado do Catar agora seja de esquerda, hipótese a considerar.

 

ADENDA. Espantosa ironia: o putativo candidato presidencial do PS faz-se fotografar e filmar defronte dos logótipos da Coca-Cola, do Visa e da corrupta FIFA. Nem sei que legenda hei-de pôr nesta foto.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 29.11.22

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José António Abreu: «Parece que chegámos finalmente ao ponto em que a realidade está prestes a embater na Constituição. Mas talvez a realidade se desvie. Aliás, esperemos que sim porque já se percebeu que a Constituição não o fará; a Constituição é um obstáculo imóvel.»

 

José Navarro de Andrade: «A arte contemporânea é difícil. Talvez esta dificuldade tenha começado a sério com Jackson Pollock cujo trabalho consistia resumidamente em atirar com pinceladas de tinta contra a tela e deixar que ela escorresse. Para complicar vieram críticos dizer que se tratava de gestualismo, elaborando teses sobre as maravilhas dos resultados. E mais bizarro ainda, os seus quadros começaram a valer milhões e são disputados por todos os museus.»

Catar 6 - Portugal - Uruguai, o hat-trick conseguido

jpt, 28.11.22

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Lá no Catar anda endiabrado o nosso Bruno Fernandes, até agora sempre tão contestado pelo seu rendimento na "equipa de todos nós". Se no jogo anterior oferecera dois golos agora ainda mais se aprimorou e não só bisou como esteve prestes a alcançar o tricórnio, o famoso hat-trick, que teria conseguido não fora o esforço final do guarda-redes adversário e ainda a férrea oposição do poste alheio.

Mas um verdadeiro hat-trick, glorioso, conseguiu-o este atleta popular, irrompendo campo afora, com codícia surpreendendo a defesa de betão da equipa FIFA, numa magnífica investida box-to-box, tão escorreita que escapou ao escrutínio televisivo do VAR. Jogada enleante e letal e num ápice 1-0, pela Ucrânia, 2-0 pelo povo iraniano, 3-0 por isto de vivermos e amarmos como queremos sem sermos perseguidos por isso.

Sem qualquer dúvida foi o melhor jogador em campo...

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Escuteiros

Paulo Sousa, 28.11.22

A minha filha é escuteira há pouco tempo e Sábado esteve de serviço para o Banco Alimentar.

O dia estava farrusco e pouco convidativo para ali ficarem plantados à entrada de um supermercado, de calções, a abordarem quem passava.

Chegou a casa com várias estórias, que registei. Estava indignada com as pessoas que respondiam logo Não! ainda antes dela ter tido tempo de perguntar se queriam ajudar. Mas vinha também contente porque no seu turno tinham conseguido encher três carros de compras.

A chefe dos Lobitos disse-nos que são os miúdos pequenos que conseguem sempre reunir mais donativos, embora precisem também dos mais velhos para os ajudar. A chefe contou ainda que, além de um saco com diversos bens para o Banco Alimentar, um senhor comprou também uma caixa de bombons, de marca bem conhecida, para cada um dos escuteiros, e que eles foram perguntar à chefe se os podiam colocar junto com os bens doados.

Lembro-me de há uns anos, uma cadeia de electrodomésticos ter lançado uma campanha publicitária com o slogan, Eu é que não sou parvo, e que ilustrava essa passagem com uns escuteiros com ar de parvos dentro de uma dessas lojas. Gozar com os escuteiros é aceitável, tal como o é também com uma série de outras organizações e instituições. Não merecem o tratamento dedicado a algumas minorias, escolhidas a dedo, mas eles não ligam a isso. Dispensam que tenham pena deles e gostam mesmo é de fazer coisas desafiantes.

Nas primeiras noites dormidas fora de casa, acantonados na sede, há sempre uma eventual lágrima derramada na hora de dormir, mas acabam por chegar a casa com aquela indiferença, fingida, de que tal como as pessoas crescidas, às vezes passam a noite fora de casa. Além disso ela tem ainda o gosto de seguir as pegadas do irmão, bem mais batido naquela vida de calções.

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Em algumas actividades são distribuídos em grupos mistos compostos por escuteiros de diferentes idades e é giro ver como os mais novos são ajudados pelos outros. Também cozinham para si próprios, fazem grandes caminhadas a navegar por um mapa, e, como nem todos têm as mesmas capacidades, gosto de ver como tomam conta um dos outros.

Nas festas há sempre uns que tocam guitarra e todos cantam muitas canções. A que eu mais gosto é uma dos Pioneiros que diz: Criança não sou, adulto tão pouco, sou escuteiro e podes confiar em mim.

Quando saem para algum raid, apenas os guias de cada grupo podem levar telefone, que só usam se precisarem de ajuda. Para os outros, o que seria impensável em casa, é ali o normal e lá vão conversando uns com os outros, tal e qual como antigamente.

Nos dias de hoje, em que alguns miúdos com dez, doze ou mais anos, por falta de necessidade, não sabem usar uma faca para cortar um bocado de pão, as capacidades adquiridas nos escuteiros parecem ser de uma escala próxima aos super-poderes.

Nada disto seria possível sem os dedicados chefes. Tomar conta dos filhos dos outros e, gratuitamente, abdicar de tempo livre, apenas para assegurar que, semana após semana, o agrupamento continua a funcionar e que os escuteiros continuam a querer regressar no Sábado seguinte, é algo apenas reservado a pessoas realmente positivas e dedicadas aos outros.

Acho mesmo que o escutismo ajuda a formar pessoas mais capazes e preparadas para a vida. E tem ainda uma outra vantagem, por não ser obrigatório, só lá anda quem quer.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 28.11.22

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A 28 de Novembro assinala-se O Dia do Planeta Vermelho

«Este dia celebra o lançamento da nave espacial Mariner 4, responsável pela recepção e envio das primeiras fotografias da superfície marciana para a Terra, a 28 de Novembro de 1964. Apesar de ser a quarta série de naves espaciais lançadas para sondar o planeta vermelho, foi a primeira a fazer uma aproximação bem sucedida.

Marte é conhecido como “Planeta Vermelho” devido à sua superfície avermelhada que deriva do alto nível de óxido de ferro. Nomeado a partir do deus romano da guerra, Marte é o quarto planeta a partir do Sol e o segundo mais pequeno no sistema solar. Tem cerca de metade do diâmetro da Terra mas é um planeta menos denso do que o nosso.

Marte pode ser observado sem a ajuda de telescópio. Até por isso tem sido o planeta mais estudado. As agências espaciais estudam a possibilidade da sua colonização pelo homem num futuro longínquo.»

 

Marte sempre me fascinou. Tinha um telescópio muito bom que comprei em 2005. Passei muitas horas a ver estrelas. A Via Láctea, de onde moro, consegue observar-se menos mal, mas enfim. Da Lua consigo fotos espectaculares com o telefone. Vénus e principalmente Marte eram alvos preferenciais, e também constelações. Consegui identificar as ursas, a minha de Leão demorou um tempo, mas fui lá, e outras que creio que do terraço (telhado) consegui reconhecer, mas não ateimo.

O planeta Marte, para mim, é indissociável da Guerra dos Mundos e principalmente de Marte Ataca, um esmero insano de Tim Burton.

 

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Hoje assinala-se A Cyber Monday 

«A Cyber Monday ocorre na primeira segunda-feira após a Black Friday. É uma acção de marketing que promove um evento comercial cibernético, onde muitos produtos se encontram em promoção nas várias lojas online que decidem aderir à campanha.

Para quem não pode deslocar-se a uma loja física, as lojas virtuais são uma alternativa. Tradicionalmente as promoções da Cyber Monday duram uma semana, da última segunda-feira de Novembro à primeira segunda-feira de Dezembro. À medida que a velocidade de conexão e os aparelhos com acesso à internet se foram  modernizando, as compras aumentaram. As pessoas escolhem comprar online para evitar longas filas e comparar preços com maior facilidade.

Esta data surgiu nos EUA em 2005 por iniciativa da Federação Nacional de Comércio Americana para estimular o comércio nesta quadra do fim do ano.

Em Portugal encontram-se vários sites com produtos em promoção neste dia, esgotando-se o stock de produtos apresentados na Black Friday. As compras na internet apresentam diversas vantagens, como a comodidade. Um quarto dos portugueses já faz compras desta maneira.»

 

Não creio que quem gastou dinheiro na sexta-feira tenha de sobra para gastar na segunda-feira, mas tem ofertas muito boas. Os smartphones topo de gama têm, em muitos sites, ofertas que dão muito que pensar.

(Imagens Google)

Eppur si muove

China em ebulição: revoltas na rua contra a ditadura

Pedro Correia, 28.11.22

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 28.11.22

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José António Abreu: «Em comentário ao meu post de ontem à noite, o Rui Rocha indicou-me este vídeoComo o Rui, sendo de Braga, não pode dizer mal de Guimarães aqui no blogue (seria demasiado óbvio), transformo-o eu em post. E vivam o dinheiro dos contribuintes e a macrobiótica parabólica polaroid.»

 

Eu: «Os programas de "debate" onde não há contraditório - todos dizem o mesmo, com uma ou outra variação de pormenor - são a prova evidente de que existe uma enorme distância entre a "democracia" televisiva e a democracia real.»

Blogue da semana

Pedro Correia, 27.11.22

Desta vez destaco o blogue Infotocopiável, do jornalista João Barbosa. Que é também autor de um livro que pode abrir os olhos a muita gente: A Esperança é Mesmo o Farol. Sobre um dos grandes males do nosso tempo: a depressão. Testemunho na primeira pessoa, com desassombro, para acabar de vez com este tabu.

Fica o destaque, em jeito de incentivo para que se torne mais assíduo na escrita bloguística. E possa conquistar ainda mais leitores.

 

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