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Delito de Opinião

Correio spam

José Meireles Graça, 31.10.22

A Direcção-Geral das Contribuições e Impostos, que há muito mudou de nome para “Autoridade” Tributária e Aduaneira para inculcar a ideia, hoje enraizada, de que o Estado está ao serviço dos cidadãos em abstracto, mas cada um em concreto lhe deve prestar vassalagem, de preferência abjecta, enviou-me um e-mail.

O texto não vem assinado, de modo que o autor das patetices abusivas se reveste da majestade que imagina assiste ao serviço em que trabalha, fazendo-o assinar por Autoridade etc., ofendendo a obrigação que têm os funcionários de se identificarem quando se relacionam, no exercício das suas funções, com cidadãos.

Nada que interesse muito: o contribuinte que não cumpre reais ou imaginárias obrigações tem à sua espera multas draconianas, custas e juros e, se reclamar hierarquicamente, indeferimento, ou, se recorrer para os tribunais, obrigação de pagar ou apresentar garantias e aguardar decisão, que nunca virá em tempo útil; o funcionário da AT autor de abusos, descasos e prepotências, tem direito à impunidade e prémios de desempenho. Se o tribunal vier a decidir a favor do contribuinte, se ainda estiver vivo, os funcionários envolvidos nos procedimentos jamais são incomodados e em havendo obrigações de restituição o Fisco arrasta os pés – os senhores juízes são lestos a criminalizar desobediências de cidadãos sem que jamais lhes ocorra que a desobediência dos serviços é mais, e não menos, grave.

Que diz então esta gente? Que se eu aderir a um “serviço” no site respectivo passam a, nesse site, consignar notificações que me sejam dirigidas. E acrescentam esta coisa extraordinária: “Fica disponível uma certidão que atesta, quanto a cada notificação ou citação efetuada, a data e hora do registo da disponibilização na plataforma informática, bem como a data da presunção legal de notificação ou citação”.

Traduzindo: Não há cá e-mails (não obstante conhecerem o meu endereço, como se atesta por este que recebi) nem correio comum, o que passa a haver é a obrigação de lhes visitar a droga do site.

Deve haver gente que adira a esta nova obrigação. Afinal, a Autoridade Tributária é um Estado dentro do Estado, com propósitos mafiosos e organização do Santo Ofício, cujo inquisidor-geral é um ajudante de ministro geralmente muito considerado. Tão considerado, e com obra maléfica e execrável tão bem acolhida que, seja do PSD, do CDS ou o mefistofélico actual titular, todos têm vindo consistentemente a demolir os direitos dos contribuintes. E todos igualmente, presumo, fazem a barba ao espelho, sem vergonha do que este lhes mostra.

Ler

Sérgio de Almeida Correia, 31.10.22

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"(...) Depois de mais de setenta anos no exercício do poder, o PCC logrou constituir-se como uma dinastia orgânica – a primeira dinastia orgânica da história da China. Essa osmose com a cultura política tradicional viu-se fortalecida com a adopção de uma institucionalidade própria que assegura uma série de regras para evitar que os processos de sucessão, tão delicados nestes sistemas, gerem lutas fratricidas." (p.373) 

O que ali se escreveu já perdeu, entretanto, actualidade com a revogação da regra da limitação de mandatos ou a incerteza da idade de aposentação em relação a alguns dirigentes, mas o nome de Xulio Ríos é suficientemente importante entre os estudiosos e analistas do fenómeno chinês actual para não poder passar despercebido.

Natural seria, por isso mesmo, que o seu último trabalho merecesse a devida atenção, tanto mais que foi traduzido e publicado em português. Não havia desculpa para não estar incluído na minha lista de prioridades.

Tivesse aguardado mais uns meses e o autor poderia ter alargado a sua análise ao XX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC). Seria interessante conhecer a sua interpretação do episódio Hu Jintao.

Não obstante, e pese embora uma incorrecção e uma ligeireza na parte que diz respeito à geografia de Macau e a Luís de Camões (vd. p. 149), trata-se de um trabalho de fôlego, produzido com isenção e independência, embora nem sempre possa estar de acordo com o autor.

Xulio Ríos passa em revista toda a história do PCC, nos seus momentos mais marcantes, desde a sua fundação, congresso a congresso; sem esquecer as influências externas, o conflito com o KMT, a fundação da RPC, até chegar à situação de Hong Kong, aos problemas do Tibete, de Xinjiang e Taiwan, a reaproximação ao confucionismo e ao legismo, e o processo de sinização do marxismo até ao neo-mandarinato actual e ao xiismo.

Irrepreensível divisão histórica, capítulos bem alinhados, conclusões pertinentes e a merecerem discussão. No final, possui uma interessante bibliografia, alguns números relativos aos congressos e um índice onomástico para ajudar os leitores menos comprometidos com a realidade chinesa e as dinâmicas do PCC a compreenderem os papéis de alguns dos protagonistas.

Valeu a leitura, recomendo-a, e agradeço à minha amiga F. a generosa oferta que me fez.

A demagogia e os seus apoiantes

jpt, 31.10.22

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Vejo este naco de programa do "Expresso" e fico estupefacto com a desfaçatez (justifica-se ver o breve trecho que liguei). O locutor, dirigente do PS, recupera o tópico de que Passos Coelho mandou os portugueses emigrar - algo que nasceu de uma sua resposta a uma entrevista sobre professores partindo para Angola (e outros países africanos). Eu na época era professor em África, muito me interessei sobre o assunto e fui ver o que o PM havia dito. E era a óbvia a deturpação que lhe faziam (sobre isso escrevi "Passos Coelho e a emigração dos professores", e "O novo mergulho do Tejo" - a propósito de Rebelo de Sousa ter "surfado" essa deturpação demagógica -, e um texto em que procurei analisar as razões de tamanha aldrabice generalizada, "O Emigrão").
 
Enfim, o que este tipo, dirigente do PS, agora diz na tv é uma vergonha: há uma década os portugueses eram obrigados pelo governo a emigrar, agora a emigração portuguesa é virtuosa. Mas é tão escandaloso, no conteúdo e na forma, que tive de ir pesquisar quem é este indivíduo a que o jornal "Expresso" dá voz. E nisso concluo:
 
eu tenho familiares e amigos simpatizantes do PS. E ao longo da vida conheci muitos simpatizantes, alguns militantes e até um ou outro dirigente da "nuvem socialista". E faz-me sempre imensa confusão como é que não têm vergonha disto, deste tipo de gente (e bem azedei nisso durante o longo socratismo). Não só por estas vergonhosas declarações. Mas também devido a quem se trata. Pois este demagogozito - que irá longe, não haja dúvidas -, chama-se João Torres, foi este ano eleito secretário-geral do PS com 93% dos votos. Ou seja, os simpatizantes, militantes e até dirigentes a que aludo são este tipo, aprovam-no efusivamente. E para além desta tralha que tem não vergonha de ir dizer ao "Expresso", este João Torres foi aquele secretário de Estado do governo anterior que quis contratar um seu querido e mui especial amigo, um viril capitão, como motorista pessoal. Coisa que o Exército terá negado, recusando o destacamento do seu oficial para tais funções, mas não posso aventar as razões para tal decisão.
 
É este rapazinho (à falta de melhor termo) que 93% dos "simpatizantes, militantes e até dirigentes" escolhem como secretário-geral adjunto. E aplaudem-no, apoiam-no. Nele confiam. Nestas asneirolas que diz na tv. E em tudo o resto...

Cem Prémios Nobel justamente atribuídos (31)*

João André, 31.10.22

1946, Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina

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Hermann Joseph Muller, «pela descoberta da produção de mutações por meios de irradiação de Raios X».

Muller teve mais algumas curiosidades na sua vida. Era um proponente de Eugenia, ou pelo menos de uma versão algo mais "suave" que não discriminava fortemente contra imigrantes. Os seus trabalhos no entanto demonstraram a importância e influência do meio ambiente no nosso código genético, assim ajudando a descridibilizar o conceito. Muller foi também um forte crítico do capitalismo tendo inclusivamente trabalhado e dirigido um laboratório em Leninegrado. Mais tarde, com a ascendência de Lysenko, acabou por sair da União Soviética.

O ponto mais importante terá no entanto sido a forma como demonstrou a influência de radiação em seres vivos. Isto veio a ser a base dos estudos sobre a influência de cinza nuclear (radioactive fallout) num mundo pós ataques nucleares sobre os seres vivos.

 

* - falta de tempo impediu-me de publicar a continuação nos últimos dias. Segue hoje.

Arouca-Sporting (1-0)

jpt, 31.10.22

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Acerquei-me deste fim-de-semana prenhe de boas crenças para o jogo em Arouca - "positivismo", como agora sói dizer-se -, e mesmo antevi o sucesso do Sporting acoplado ao empertigar do açoriano Santa Clara face ao campeão Porto e à reprise da recente bem sucedida incursão flaviense à capital, neste caso anseio avivado pelo apreço por aqueles transmontanos, herança dos meus ancestrais matrilineares vindos dali entre Gimonde e Mogadouro, mas também devido às memórias daquela era, que para eles será até lendária, das suas andanças sob o coriáceo Raul Águas e o magnífico Radi Zdravkov. 

O estágio que antecedeu o embate foi culminado com este muitíssimo recomendável pato confitado pré-fabricado, apresentado sob a patente "Patos da Quinta da Marinha", que para o efeito fora adquirido, ao que constou, na "grande superfície" Pingo Doce. Notável produto, e não só pelo seu preço muito acessível, pois suculento e pródigo. O quarteto à mesa acompanhou-o com um arroz (carolino) frito, um bom esparregado de espinafres caseiro, cujo fautor conduziu sob apreciável conservadorismo culinário, promovendo-lhe uma recomendável consistência e apurado (e avinagrado) sabor. Tudo isto foi vagarosamente deglutido na companhia de uma diversificada conversa debruçada sobre as múltiplas coisas do mundo e por uma garrafa de um bebível San Felipe tinto, feito na Argentina no ano passado. Entretanto, abandonada na sala, a televisão muda transmitia o jogo do Sporting.

Já preparava eu a máquina da loiça, após a talhada de marmelada caseira amancebada ao naco de queijo de Marinhas,  quando da sala ouvi o provocatório e jocoso "golo do Arouca!", o qual me convocou ao habitual sofá das lamentações. Lá se ligou o som à tv e dediquei um pouco de atenção aos rumos da bola, tendo estranhado alguns dos nossos jogadores que ali a pontapeavam. Tanto assim que enquanto o guarda-redes safava o Sporting de ser atingido por mais um ou dois golos fui ao telefone ver o rol ali titular, para logo constatar que se apresentara uma equipa típica da Taça da Liga. A mente benfiquista que ali comigo ombreava, solidária de décadas de amizade, confortou-me num "ainda marcam dois, vais ver...", o que teve a gentileza de repetir, a espaços, por mais duas ou três vezes. Mas eu, veterano deste sofá (e de tantos outros), vendo ali o meu Sporting num amansado desatino tornei-me marxista, rematando "nada, o homem aburguesou-se, abandonou o "jogo a jogo", não há nada a fazer!". E aduzi-lhe, "nem hoje nem daqui para a frente!". E assim foi, com uma equipa sportinguista a fazer-nos regressar a tempos que julgara, utópico, já idos, aquilo mesmo do "não há nada a fazer".

Enfim, meia hora depois, com mais um ou outro pontapé para a frente, mais um ou outro cruzamento para trás, mais umas substituições ("tardias, bolas", contive-me eu, dada a senhora na sala e a minha filha também), regressei à marmelada, a uma breve fatia, orleia-a com uma noz de queijo de Castelo de Vide. Despedi-me, simpático, e paternalmente amoroso. E fui para a cama, ler uns pdfs.

(Postal no meu Nenhures, no qual tenho vindo a acompanhar este meu Sporting 22/23)

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 31.10.22

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Hoje celebra-se O Dia Mundial da Poupança 

«O objectivo deste dia é sublinhar a necessidade de poupar. Uma necessidade reforçada em tempo de graves contingências financeiras, como aquele em que vivemos.

A ideia de criar uma data especial para promover a noção de poupança surgiu em Outubro de 1924, durante o primeiro Congresso Internacional de Economia, em Milão. Este dia passou a ser assinalado a partir do ano seguinte, pelo Instituto Mundial de Bancos de Poupança, em 1925, também em Itália.

Os estudos demonstram que nos períodos de crise registam-se os maiores índices globais de poupança. As famílias portuguesas têm feito esforços para reduzir custos e conseguir poupar.

Para auxiliar e facilitar a poupança, existem cada vez mais ferramentas e técnicas fornecidas por entidades bancárias, governos e economistas. Na internet também se encontram vários sites destinados à poupança.»

 

- No poupar é que vai o ganho, A poupar se gasta e a gastar se poupa, Poupar enquanto há; não havendo, poupado está, Mais vale poupar no princípio que no fim, Grão a grão enche a galinha o papo.

São vários os provérbios que nos alertam para sermos mais formigas do que cigarras da fábula de Esopo. Tenho para mim que as cigarras apenas mudam para pior, que para elas o ter esmaga o poder e depois... depois engrossam a estatística da pobreza em Portugal. É certo que a o nível de vida se degradou bastante e quem vivia bem passou a viver assim assim, e que para manter o status quo é preciso dar passos maiores do que as pernas. 

Deixo ainda uma frase do Tio Patinhas, que é o meu mentor financeiro, apesar de eu não ter uma caixa forte: "Tostão poupado é tostão ganho."


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A 31 de Outubro assinala-se O Dia Mundial das Cidades

«Esta data foi instituída pela ONU. Pretende sensibilizar a comunidade internacional para a urbanização global e fomentar a cooperação entre estados para enfrentar os desafios da urbanização, além de incentivar o desenvolvimento urbano sustentável.

O tema deste ano é "Valorizar as nossas comunidades e cidades", pelo que se pretende evidenciar o papel importante que as comunidades locais têm em manter a segurança, contribuir para a economia e na defesa da igualdade e justiça através dos seus movimentos organizados.»

 

No alto de uma torre deu-me qualquer Templo, de uma qualquer fé, do meio de uma ponte que, imensa atravesse o rio de margem a margem, no centro verdejante de um parque ou de um jardim. Do topo de um edifício central, vemos a cidade. A cidade é luminosa e tem uma magia própria. Eu adoro a minha cidade. Em caminhadas diárias vou andando, para poder andar, vou andando por aí. Caminho amiúde pelo passeio marítimo. Hoje vim a matutar no antigo restaurante "Mónaco", onde o Tobias tocava piano, onde todos que eram ou queriam ser alguém marcavam presença diária, onde a elite Internacional marcava passagem, com jantares faustosos e glamorosas festas dançantes. 

Há alguns anos que p'ra ali está, encerrado, abandonado, uma ruína. Já li que vai ser um hotel... mais um. Era o nosso Rick's Café, apenas não era Américain, mas tinha a luz e a mística que a sétima arte confere aos locais de culto.

 

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Hoje é O Dia das Bruxas

«O Dia das Bruxas, ou Halloween, é celebrado na noite de 31 de Outubro. As crianças mascaram-se com visuais assustadores e percorrem as ruas em grupo, batendo de porta em porta a pedir guloseimas às pessoas. Quando a porta abre costumam dizer "doçura ou travessura?" Se não lhes derem doces ou guloseimas, as crianças têm permissão para fazer uma travessura.

O Dia das Bruxas é uma celebração pagã que surgiu há mais de dois mil anos. Teve origem no povo celta, que festejava as boas colheitas do ano. A comemoração original chamava-se Samhain, que significa "fim de Verão".

No Reino Unido, a data passou a marcar o Dia de Todos os Santos, daí ter surgido o nome Halloween, pois este resulta da junção dos termos hallow, que significa "santo", e eve, que significa "véspera".

Portugal não tem uma tradição tão forte neste dia, mas também é celebrado no nosso país, sobretudo pelas crianças e jovens, que saem às ruas para fazer travessuras. Em Montalegre, Trás-os-Montes, realizam-se encenações especiais.»

 

A veneração ao horror tem sido introduzido dia a dia, cada vez mais nas nossas vidas. É o horror da guerra. É o horror da fome. É o horror da morte no mar, o fim da esperança e do sonho e da vida. O horror já não nos abala. Tem-nos sido inoculado todos os dias, em doses maciças. Tudo o que é dantesco ou assustador nos instila a adrenalina tão necessária à reacção acalorada, que durará talvez dois ou três minutos. É quanto basta.

Hoje celebra-se o  horror. Outra festa importada é certo, mas as suas raízes celtas tornaram-na pluricultural. 

Vou fazer múmias de salsichas para os meus netos e ver o Nightmare Before Christmas, o melhor filme de Halloween de sempre. 

(Imagens Google)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 31.10.22

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Ana Cláudia Vicente: «Está vista a força da Técnica contra a técnica da Força*, neste caso, claro, a da Natureza: a Técnica quebra ou verga, a Natureza não. E manda, mesmo naquele que ainda é um centro do mundo. A Gawker, como tantos outros grupos, ficou apeada um dia inteiro, e regressou há pouco em modo de gerador-ligado-na-garagem, para dar conta das novidades do costume, mas também informar os que lá estão sobre como e quanto tempo vão ficar sem as coisas de primeiro mundo. Passam amanhã 257 anos sobre o dia em que nos calhou coisa assim.»

 

João Campos: «Nota-se que Vítor Gaspar não é um internauta assíduo, ou um homem habituado a conversas de café ou a caixas de comentários online - caso contrário, a analogia salazarenta do deputado João Galamba não o chocaria ou ofenderia, pois ela não mais é do que a versão portuguesa, pequenina e esquerdista da Lei de Godwin. Quanto ao deputado achar que o discurso do ministro das Finanças não tem lugar em democracia, enfim, é uma opinião que não deixa de ter a sua ironia, ainda que decerto involuntária.»

 

José António Abreu: «O actual governo nasceu de um acto eleitoral com menos de ano e meio e tem por isso legitimidade para governar. De resto, a democracia não pode vergar-se a ciclos de poder demasiado curtos ou nunca qualquer governo terá hipótese de aplicar medidas impopulares.»

 

José Gomes André: «Desde há alguns dias, e até às eleições, a SIC Notícias tem apresentado um "Especial Eleições EUA", em jeito de diário, com comentários, sondagens e análise do estado da corrida. Sempre à uma da manhã, em emissões de 15 minutos. Esta noite vou ter o prazer de estar no programa, a convite de Martim Cabral.»

 

José Navarro de Andrade: «Excluímos a morte dos nossos cálculos existenciais como se ela fosse um acidente. Tratando-se de uma inconveniência e um imponderável, incómoda aos negócios correntes que todos os dias temos que levar adiante, ganhámos-lhe nojo e passámos a considerar como obscena a sua exposição. Isto é uma atitude eminentemente europeia, quase sem equivalente noutras culturas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Se há algo que não faz qualquer sentido é que os bancos sejam o único negócio que nunca pode falir, tendo que ser ajudado pelo Estado. Os bancos conseguiram assim a suprema liberdade. Já os cidadãos tornaram-se escravos do Estado, tendo que pagar em impostos e cortes de salários e pensões a irresponsabilidade dos outros.»

 

Teresa Ribeiro: «"A saúde é um estado transitório que não augura nada de bom." Esta frase, que ouvi uma vez a um médico, lembra-nos que por mais saudáveis que sejamos um dia fatalmente o nosso sistema baixará a guarda e precisaremos de ser assistidos. O aumento da esperança de vida só contribui ainda mais para essa certeza, por isso é normal que a atrofia progressiva do SNS provoque a maior preocupação nas pessoas que como eu consideram que um sistema de saúde universal tendencialmente gratuito e de qualidade é o modelo por que todos devíamos lutar.»

 

Eu: «Contrair empréstimos internacionais com juros pesadíssimos que constituem encargos incomportáveis para as gerações futuras será inconstitucional?»

A espada de D. Dinis, Alcanices e os meus antepassados espanhóis

Cristina Torrão, 30.10.22

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A recuperação da espada funerária de D. Dinis, em sequência do restauro do seu túmulo, é uma sensação arqueológica mundial. Escolhi, de propósito, uma imagem com legenda em inglês, de uma página do Facebook intitulada Swordmaker, a fim de mostrar o quanto este achado já agitou a comunidade internacional, tanto de profissionais, como de entusiastas e amantes da época medieval. É uma espada lindíssima, que será restaurada e dará informações preciosas sobre a arte e a estética medievais ibéricas, mas também sobre a sua relação com as restantes tendências europeias.

Com a abertura do túmulo, recuperaram-se, igualmente, restos mortais, nomeadamente, o crânio, possibilitando uma reconstituição do rosto de D. Dinis (algo que aguardo com grande expectativa), assim como os tecidos das suas vestes. Ainda há muito para descobrir sobre a Idade Média. Em muitos campos, como o do vestuário, continua a trabalhar-se com hipóteses ou probabilidades (não exclusivamente).

D. Dinis é conhecido por ter sido poeta/trovador, fundado a Universidade e incrementado a agricultura, mas os seus quarenta e seis anos de reinado (1279-1325) tiveram bem maior significado. O cognome Lavrador não lhe faz justiça. Além da agricultura, ele incrementou a pesca e o comércio. Além disso, incentivou a substituição do latim pelo português nos documentos oficiais (dando um grande contributo para a uniformização da nossa língua), reformou quase todos os castelos e foi um diplomata de excepção (importantíssimo para a estabilidade do reino castelhano, à época, cheio de convulsões internas). O seu reinado teve, porém, facetas amargas, como o conflito armado com o irmão Afonso e os desentendimentos com o seu próprio herdeiro, futuro D. Afonso IV, que mergulharam o reino numa guerra civil e terão inclusive tirado anos de vida ao Rei Poeta.

Há ainda algo que raramente se refere, mas de uma importância extrema: D. Dinis foi o responsável pelas fronteiras definitivas de Portugal, ao incluir no reino, de forma pacífica, as localidades de Moura, Serpa, Noudar e Mourão, e alguns lugares de Ribacoa, como Castelo Rodrigo, Almeida e Sabugal. Foi este o resultado do Tratado de Alcanices (ou Alcañices), assinado a 12 de Setembro de 1297, entre D. Dinis e D. Fernando IV, sob a tutela de D. Maria de Molina, mãe do rei castelhano, que, à altura, tinha apenas onze anos.

Emociona-me que D. Dinis possa, sete séculos depois da sua morte, contribuir tanto para entendermos melhor a sua época. Ele tem sido uma presença recorrente na minha vida, ao longo da última década. Comecei por gozar da sua “companhia” nos dois anos passados em trabalhos de pesquisa e na escrita da sua biografia romanceada, hoje existente apenas numa reedição de autor (neste caso, de autora).

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Mas o meu elo de ligação ao Rei Lavrador passa também por Alcanices, uma ligação que não reside apenas no facto de já lá ter passado dezenas de vezes, nas minhas viagens entre a Alemanha e Portugal, pois entro pela fronteira de Quintanilha. Uma das minhas bisavós (avó paterna do meu pai), Maria de Jesús Rodriguez, era natural de Fonfría, uma localidade do concelho de Alcanices, por onde aliás também passo (não há auto-estrada entre Zamora e Quintanilha). Os pais e os avós de Maria de Jesús Rodriguez (meus tris- e tetravós) eram todos daquela zona. Além de Fonfría, registam-se outros lugares com nomes tão interessantes como Carvajales, Mancenal del Barco e Perrilla de Castro. Tudo isto eu apurei no Arquivo Distrital de Bragança, onde já passei horas e horas a consultar, transcrever e fotografar registos dos livros paroquiais antigos. Se quiser ir mais longe na árvore genealógica, terei, aliás, de ir ao Arquivo de Zamora.

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Esta zona espanhola (eu gosto de dizer leonesa), tão parecida com Trás-os-Montes, no seu isolamento e nas suas pequenas aldeias (algumas não chegam a atingir a centena de habitantes) tornou-se de grande importância para mim. Não passo lá uma única vez sem imaginar os meus antepassados nos seus trabalhos quotidianos e D. Dinis a assinar um dos tratados mais importantes da nossa História.

Blogue da Semana

Paulo Sousa, 30.10.22

Com um inspirado excerto do The Daily Star como mote, “Em tempos de crise, para que os vossos sapatos durem mais, dêem passos maiores”, o Herdeiro de Aécio, é um blog a que regresso com frequência.

Com uma regularidade diária, A. Teixeira assinala o aniversário de diversos acontecimentos históricos. Uns mais recuados, outros mais recentes, mas a todos acrescenta umas notas que enquadram e valorizam quem por lá passar.

Recomendo. É o Blog da Semana.

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Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 30.10.22

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A 30 de Outubro assinala-se O Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama 

«Neste dia faz-se um apelo à mudança de comportamentos perante a doença e divulga-se informação sobre o tratamento, o rastreio, o diagnóstico e a prevenção do cancro da mama. Uma ecografia ou mamografia basta para detectar a doença, que tem 95% de hipóteses de bom prognóstico numa fase inicial.

Em Portugal são detectados anualmente cerca de seis mil novos casos de cancro da mama e 1500 mulheres morrem vítimas desta doença. Apesar da gravidade dos números, a taxa de mortalidade tem vindo a diminuir ao longo dos anos. Segundo a Direcção-Geral da Saúde, este é o cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o da pele) e a segunda causa de morte por cancro na mulher. Uma em cada oito mulheres portuguesas sofre de cancro da mama.

A partir dos 40 anos, é aconselhável realizar anualmente uma mamografia por prevenção. A eficácia do tratamento é muito mais eficaz na sequência de um diagnóstico precoce.

Factores de risco do cancro da mama

  • Idade - uma mulher com mais de 60 anos apresenta maior risco. O cancro da mama é menos comum antes da menopausa.
  • Reincidência - uma mulher a quem tenha sido diagnosticado cancro corre maior risco de contrair a doença na noutra mama.
  • Genética - o risco é agravado se a mãe, tia ou irmã tiveram cancro, especialmente em idades mais jovens (antes dos 40 anos).
  • Primeira gravidez após os 31 anos.
  • Raça - este cancro ocorre com maior frequência em mulheres caucasianas.
  • Obesidade após a menopausa.
  • Falta de actividade física.»

 

Nunca é demais alertar para o perigo do deixa andar. Falo por mim, que sou uma deixandarista de primeira água. Só me cuido quando me descuido e deixo andar demasiado. E há problemas e doenças graves, até mortais, que podem ter uma chance de ter um final feliz se detectados precocemente, se não deixarmos andar e dermos uma chance à Medicina.


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Este é O Dia do Publicitário

«A data homenageia os profissionais que pensam, criam e desenvolvem campanhas publicitárias destinadas a promover ideias, lugares, empresas, organizações, produtos, pessoas e marcas.

Os publicitários trabalham tendo como principal característica a criatividade, por causa disso são considerados profissionais "despojados", "jovens" e sem horários fixos. A construção de um bom ambiente de trabalho é essencial para o desenvolvimento da inspiração necessária à criação dos seus projectos.»

 

Passava na TV um anúncio a uma espuma de barbear que pretendia concluir que a publicidade era um exagero com o bordão "Estes publicitários são uns exagerados". O mais interessante é que essa frase que alguém criou para vender espuma para a barba passou a fazer parte da gíria e era comumente citada sempre que alguém se excedia numa qualquer narrativa, em casa, entre amigos, no café... como esta, poderemos citar centenas ou milhares, como por exemplo "só ouve o que lhe convém", o gingle do Pingo Doce, etc. Tudo isto saiu da imaginação de um criativo e se tornou "viral" como hoje se diz. A diferença é que as viroses passam em poucos dias e alguns "pregões" vieram para ficar e perduram através dos anos.

(Imagens Google)

O Fim do AO90

jpt, 30.10.22

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Excelente intervenção do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, com rara (eu diria até inédita) clarividência afirmando que nos nossos dois países não falamos a mesma língua.
 
É importante, pode agora Portugal libertar-se do A090, o trambolho ortográfico que se instaurou com o sonho de reforçar uma homologia linguística entre os dois países. Se esta não existe, no real e por decisão presidencial do regime democrático brasileiro, nada nos compele a continuar a amputar a nossa ortografia.

Pensamento da semana

Paulo Sousa, 30.10.22

“Perceber, através da Pordata, que Portugal tem 4,4 milhões de pobres e que esse número reduz para 1,9 milhões após as transferências sociais, permite concluir quatro coisas: que há um enorme número de portugueses pobres; que as transferências do Estado têm um efeito positivo brutal; que, mesmo com apoio, 20% dos portugueses continuam em patamares inaceitáveis de pobreza; que tudo isto demorará muitos anos a alterar e que isso dependerá do crescimento da economia portuguesa.

(…)

A emigração já entrou noutra fase, daquelas em que as políticas públicas quase não têm efeito.

(…)

Neste momento, um quinto dos bebés portugueses nasce no estrangeiro; um valor incrível, mas natural, já que um quinto dos portugueses entre os 15 e os 39 anos vive fora de Portugal. Salvo os países em guerra ou Estados falhados, Portugal é de onde mais se emigra.”

Ricardo Costa
Expresso
21 Out 2022

 

Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 30.10.22

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José António Abreu: «Com um ano de atraso, Passos Coelho parece ter compreendido que tem mesmo de mexer a sério no Estado. Mais vale tarde do que nunca, dir-se-á. Receio que, neste caso, tarde possa equivaler a nunca.»

 

Patrícia Reis: «Eu perco, tu perdes, nós perdemos?»

 

Eu: «Bond sempre foi uma figura próxima do universo dos comics transposta para o cinema. Ou seja, algo que não deveríamos levar a sério. Mas no início havia ironia nas situações em que se encontrava o agente 007 e ele superava todos os embaraços muito mais pela astúcia do que pela força. Com Daniel Craig, passou a beber cervejola em vez de champanhe e martinis. Deixou de integrar a aristocracia da espionagem e transformou-se numa mera máquina de matar.»

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