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Delito de Opinião

O Presidente e os Cardeais

jpt, 31.07.22

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O Presidente da República decidiu intervir, isentando a priori o cardeal de Lisboa (e o seu antecessor) de qualquer responsabilidade na ocultação de crimes de pedofilia e, por inerência, na preservação de pedófilo(s) em funções - e fê-lo numa conferência de imprensa decorrida a propósito da visita de um Chefe de Estado estrangeiro (!), assim sublinhando o desatino desta atitude de Rebelo de Sousa.

É consabida a incontinência verbal do presidente, o seu afã de sobre quase tudo pontificar - um desvio atitudinal que o leva a extremos tais que é possível vê-lo, até, a comentar jogos de futebol no cenário das entrevistas imediatas (flash) em pleno campo de jogos. Será legado psicológico das décadas de comentariado televisivo que o conduziram a Belém. Há quem aprecie, nisso veja uma salutar aproximação da instituição com o eleitorado, há quem veja nessa encenação de familiaridade uma depreciação da instituição. 

Mas, independentemente do que se possa pensar desta pose presidencial, não é aceitável que o PR intervenha numa gravíssima situação destas, deixando a sua presunção (pois nada mais é do que isso) desresponsabilizadora. A igreja católica enfrenta um problema gravíssimo, de âmbito mundial. Os seus efeitos institucionais chegaram agora a Portugal. Vive, e desde há séculos, sob uma cultura institucional que (pelo menos) induz a sexualidade pedófila, hetero e homossexual. Algo que, é evidente, deriva do seu molde organizativo - o qual nem sequer assenta em dogmas fundamentais mas em opções estratégicas de cariz económico (para quem tenha interesse deixo este célebre The Development of the Family and Marriage in Europe do antropólogo Jack Goody, que explicita o desenvolvimento histórico do celibato eclesiástico).

Diante do que se passa, da generalizada (auto)consciencialização dos contextos católicos - e da sua instituição religiosa matriz - da horrível chaga que vêm acoitando, não me parece que seja admirável recuperar um anticlericalismo "iluminista" setecentista nem o exaltado "mata-fradismo" tão vigente até à nossa I República. Poderemos, crentes e incréus, aceitar a religião que nos é estruturante (mas não mandante) e a sua instituição fundamental. E nisso exigir, mas com esta última ombreando, o seu expurgar das horríveis práticas que os seus oficiais vêm cometendo. Ou seja, deverá a sociedade portuguesa - tal como tantas outras - exigir a responsabilização e combater silêncios e os biombos que a pesada instituição clerical veio procurando manter nestas últimas décadas. Como têm sido noticiados em tantos outros países. Ora nenhuma destas posições, justas, "humanistas" (no sentido de humanitárias e também no de vivificadas pelo respeito aos saberes antigos), ecuménicas no respeito às religiões, se acolhem sob esta intempestiva intervenção do presidente. Apenas um apressado, destravado até, acto de conivência com as autoridades clericais - e é importante recordar que noutros países várias autoridades eclesiáticas, até cardinalícias, foram apontadas pelo acto de denegação sem que tivessem sido alvo de defesa apriorística por parte das autoridades políticas democráticas. Ou seja, Rebelo de Sousa, nas suas funções de presidente, opta por defender - aprioristicamente, repito - não só os cardeais. Pois nisso, também, procura socorrer a igreja católica, desvalorizando à partida a hipótese das suas responsabilidades, minimizando as teias de silêncio a que esta recorre(u).

Esta inaceitável atitude do presidente não advém do seu catolicismo. Mas da sua concepção política. Sobre esta insisto naquilo que já escrevi: Rebelo de Sousa tem o projecto mais conservador ("reaccionário", para utilizar o velho termo) que este regime já acolheu. Por um lado, e num verdadeiro mimetismo do Estado Novo tardio, encena uma pose política que intenta a efectiva despolitização da sociedade - um populismo "lite", que invoca já não um pater familias até autoritário mas sim um "magister familias", o Professor afável - num rumo que é, verdadeiramente, antidemocrático ainda que nada ditatorial.

E por outro lado - e sem que isso tenha convocado reacções na sociedade, seja no espectro partidário, atrapalhado com outras circunstâncias, nem na intelectualidade ou na vasta sub-intelectualidade estabelecida no comentariado nacional -, Rebelo de Sousa investiu contra a laicidade do Estado, que é característica do nosso regime. Fê-lo, sem qualquer rebuço, desde o início do seu mandato - recordo que no dia do seu primeiro empossamento se deslocou a um templo lisboeta para se reunir com uma série de autoridades clericais de várias congregações religiosas, assim assumindo-as explicitamente como interlocutoras políticas. O que é um traço do secularismo estatal mas não é, bem pelo contrário, uma característica dos regimes laicos. E nesse viés anunciado colheu total silêncio por parte das elites partidárias, dos intelectuais e dos sub-intelectuais radiotelevisivos.

Enfim, agora surge com estas declarações sob assunto tão gravoso. As quais não lhe eram requeridas, bem pelo contrário. Poderiam ser "inaceitáveis" se efectivamente o fossem, se não estivesse a sociedade obnubilada pelo "Marcelo", tudo lhe aceitando. E assim serão consideradas apenas como mais um episódio do afável e gentil "Marcelo", justificadas (apolitizadas, entenda-se) pelo seu "catolicismo" e pela "amizade" pessoal que vota aos cardeais. 

E não haverá muito mais a dizer, tudo isto segue politicamente impune. E até moralmente impune. Sobre o assunto - de facto é mesmo (também) sobre esta matéria - recordo um postal que escrevi em 27.09.2018, encimado pela mesma fotografia. Porque disse tudo o que tinha a dizer...

Marcelo Rebelo de Sousa diz que não saudou o presidente americano por respeito à posição portuguesa sobre o multilateralismo ( 25.9.2028  ). Ou seja, explicita que as suas formas de saudação denotam a posição do país, dado que ele é Presidente da República. Muito bem. E a posição portuguesa, do Estado e da sociedade, sobre a laicidade, essa conquista da democracia? Pode o Presidente da República, nessa condição, saudar o Papa neste gesto de "islão", de submissão expressa no beijo ao anel? Não. A "direita" portuguesa, mais ou menos católica, (pelo menos disto) gosta. A "esquerda" portuguesa, entre os descendentes da capela do Rato e a igreja PCP, encolhe os ombros. Está-lhe grata, pela protecção ao governo na cena dos fogos, pela protecção ao regime na cena da substituição da Procuradora-Geral da República - e é estruturalmente avessa à laicidade [Nem a compreendem, ignorantes seguem confundindo-a com um secularismo de tempero multicultural] (...) E os "tudólogos"? Falam do resto ... 

Escadas

Maria Dulce Fernandes, 31.07.22

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O meu pai costumava dizer que a vida era como uma escadaria que tínhamos de subir, degrau a degrau. Quantos revezes não nos fizeram descer um lance por cada degrau que subimos… A verdadeira sabedoria, aquela que só se adquire com o tempo e alguns trambolhões, ensina-nos duas coisas importantíssimas: para cair, basta estar de pé e cabe a cada um de nós o saber reerguer-se. Já subi e desci incontáveis escadarias, escadas e degraus. As primeiras de que tenho recordação são as da casa da minha Avó em Belém, escuras, de madeira e que rangiam debaixo dos pés de quem me transportava ao colo na subida. Depois havia as escadas que levavam ao sótão, onde a luz do sol que entrava por entre as telhas brincava alegremente nos degraus, tornando aquele lugar um reino encantado cheio de brilhos e cor. A “casa velha" da minha mãe tinha uma escadinha de pedra que desembocava num quintal ridiculamente pequeno, mas sempre florido, onde existia um tanque de pedra. Aí já subia pelo meu pé, amparada pela mão de alguém. A “casa nova” da mãe, na mesma rua, novinha a estrear, era um 3.º andar com a vista para o Tejo mais bonita que eu já vi em toda Belém. Nessas escadas, de ascensão desgastante, na subida já estava entregue a mim própria.

Os meus castelos tinham obviamente escadas, mas felizmente não tive o prazer de travar grande conhecimento com elas, tampouco fazer amizade porque ao melhor estilo “beam me up, Scotty”, subimos sem mexer os pés, naquela maravilhosa invenção da tecnologia chamada elevador, versão urbana/familiar e melhorada do fantástico Elevador de Santa Justa, obra de Mesnier de Ponsard, que nos ascende para uma vista espectacular da Baixa de Lisboa. Outras escadas houve que marcaram a minha vida, como a maravilha de “Stairway to Heaven”, dos Led Zeppelin (paixoneta habitual pelo Robert Plant), que ouvia, e ouvia, e ouvia… gratas as despreocupações de uma adolescência feliz, ou todas as escadas que povoam o expectante e inquietante imaginário dos filmes de Hitchcock. As Escadas da Bica, as Escadinhas de Alfama, o Bom Jesus, a Penha, Montmartre, a escada em caracol com quase duzentos degraus do Arco do Triunfo, e a outra espiral no Vaticano, os quase quatrocentos degraus de Notre Dame, a Piazza di Spagna…. Foi sempre a subir, degrau a degrau, e tantas vezes à beira de desistir a meio.

Subo a escada no trabalho todos os dias, tanto em termos de hierarquia, como para chegar ao andar de cima (como na anedota da galinha) – o que eu costumo dizer que vale por uma ida diária ao ginásio, por tantas serem as vezes que me obrigo degraus arriba. Subo o pequeno escadote que tenho na cozinha, para poder alcançar os apetrechos que não utilizo todos os dias, tabuleiros, formas para bolos e pudins.

Espero que, quando chegar a minha vez de enfrentar a última grande escadaria, me seja concedido o direito de a poder subir, e eu, que nessa altura não devo estar mesmo com pressa nenhuma, vou pé ante pé, devagarinho, degrau a degrau.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 31.07.22

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Hoje é O Dia Mundial do Vigilante da Natureza

"Esta data visa homenagear o trabalho dos vigilantes da natureza de todo o mundo, na conservação da flora e fauna selvagem. Foi assinalada pela primeira vez em 2007. Em Portugal atribui-se ao Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico a responsabilidade de criação e gestão de um Corpo de Vigilantes da Natureza.

A Quercus considera que estes profissionais são fundamentais para a protecção da natureza devido ao seu conhecimento do terreno e dos habitats, e exige ao Governo melhores condições e recrutamento de mais profissionais para esta área.

A falta de vigilantes da natureza deixa muitos milhares de hectares de áreas protegidas sem fiscalização. Existem áreas com mais de 26 mil hectares entregues a apenas um vigilante da natureza.

A Quercus lembra que, além da fiscalização das construções ilegais, é aos vigilantes da natureza que compete impedir o abate ilegal de árvores, controlar as actividades de caça e pesca, e monitorizar algumas espécies protegidas, pelo que é urgente uma maior contratação nesta área."

Que poderão vir a ser fundamentais para a protecção da natureza, é uma verdade. Se os há em número suficiente e capaz para produzirem algo de valor, duvido. 

 

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No dia 31 de Julho assinala-se O Dia Internacional da Mulher Africana

"A instituição desta data remonta a 1962, na Conferência das Mulheres Africanas, em Dar-Es-Salaam (Tanzânia). Neste evento foi criada uma organização também relacionada com o sexo feminino - a Organização Panafricana das Mulheres. A meta é discutir o papel feminino em vários problemas/situações do continente africano.

Em África as mulheres continuam a ser as mais pobres e é sobre elas que recai a violência de todo o tipo. A SIDA (vírus HIV) é também um problema, visto que o sexo feminino é ali o mais vulnerável à infecção pelo vírus."

Concordo que se celebre o Dia da Mulher Africana, sempre tão sofrida e martirizada. E as outras mulheres? Na Ásia, na América Central e do Sul, na Oceânia? Porque não a mulher da Europa, pergunto, com os olhos postos na Ucrânia. Estas são discriminações difíceis de entender.

 

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A 31 de Julho celebra-se O Dia Internacional do Orgasmo

Também o orgasmo tem data para ser comemorado. Foi criada em Inglaterra por uma rede de sex shops. Segundo os terapeutas sexuais, o sucesso do orgasmo é o autoconhecimento. Primeiro é preciso conhecer o corpo e como ele reage aos estímulos. "Se as pessoas não encontraram o prazer que procuram, podem até quebrar alguns tabus, mas alimentaram muitos mitos também."

Dever-se-á chamar também O Dia Mundial dos Necessitados? Na verdade uma sexualidade saudável, seja de qual tipo for, afasta a amargura, o ressentimento e o ressabiamento, torna as pessoas mais felizes e compreensivas, sem necessidade de procurar sempre os pontos defeituosos nos outros, em vez de se virarem para o seu próprio Ponto G, onde, pode até ser, a sublimação os aguarda aberta de braços e mãos. Já pensaram que a energia acumulada, bem libertada e canalizada, pode ser suficiente para as iluminações de Natal?

 

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Este é também O Dia Internacional do Rafeiro (SRD)

"SRD é uma sigla usada para os cães ou gatos Sem Raça Definida. O termo é usado para definir que o cão ou gato é a mistura de uma ou mais raças."

Já tive quatro gatos, todos adoptados da rua ou de ninhadas rafeiras. Nenhum é, ou foi, de "marca". O carinho e a amizade dos nossos amigos de quatro patas não têm nada a ver com raça, apenas com afeição e retribuição .

O meu rafeiro favorito foi sempre o Rafeirosen (Zøødvinsen) mas nunca tive um bicho que se qualificasse para tal nome.

Sporting 2022/23

jpt, 31.07.22

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Para os sportinguistas os dois últimos anos foram óptimos. O clube acalmado, bem gerido. Inúmeros títulos nas "modalidades". E, acima de tudo, o futebol sénior a correr bem. O título tão ambicionado na penúltima época. E no ano transacto uma bela época, excelente presença na Liga dos Campeões, belo campeonato, bom futebol. Nisso tudo o dedo mágico de Rúben Amorim, e uma direcção a contratar bem e a ceder quem tem de ceder. A deixar medrar boas, até excelentes, expectativas para este ano. 

Mas... Olho, descorçoado, para esta  pré-época. Transferido o trinco titular, João Palhinha, haveria espaço para maior afirmação do talentoso Daniel Bragança, para isso contando com os dotes tácticos do treinador. Mas lesionou-se com gravidade. O reforço ansiado para o centro da defesa, St. Juste, lesionou-se e não fez a pré-época, o que terá custos físicos e no arranjo táctico inicial. E agora lesiona-se o guarda-redes, parece que ficando impossibilitado para os dois primeiros meses - pior ainda pois numa época de concentração de jogos antes do Mundial. Assim, não só defesa e meio-campo não estarão muito reforçados como a baliza ficará entregue neste início de época a um jovem guarda-redes sem qualquer experiência de futebol de primeira - nem sequer de "banco", como o actual jovem guarda-redes do Porto já tinha quando ascendeu à titularidade. 

Ou seja, parece-me que por efeitos da fúria divina, fustigando o clube, este ano será para baixar as expectativas. Principalmente num campeonato tão desequilibrado como o português, onde uma ou duas escorregadelas (como no ano passado) logo custam os títulos. Uma pena. Mas será de recordar este contexto inicial quando, lá mais para o meio da época, começarem as críticas ao presidente, à direcção. E, decerto, ao treinador. Pois este ano, assim, só restará "correr por fora...". E tudo o que vier será lucro. Até inesperado.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 31.07.22

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João Carvalho: «Pequim considera que o projecto para 2013 «evidenciará a importância crescente do país como potência, a sua capacidade tecnológica e o sucesso do Partido Comunista na transformação de uma nação pobre num país próspero». Ora aqui está o que pode ser muito pedagógico para os partidos comunistas. E não só: Portugal também poderá passar com facilidade da pobreza à prosperidade: basta mandar uma nave para o espaço. Se for com pequenos animais a bordo, falem comigo que eu tenho algumas ideias.»

 

Patrícia Reis: «Não sei o que é ter subsídio de férias ou de Natal há 15 anos.»

 

Rui Rocha: «Enquanto os líderes políticos de certos países do sul da Europa suam as estopinhas para preparar o orçamento para 2013, estando em alguns casos impedidos, inclusivamente, de gozar férias no estrangeiro, Frau Merkel repousa numa estância do Tirol italiano. Depois venham contar-nos histórias sobre a  cigarra e a formiga.»

Os Muros

Maria Dulce Fernandes, 30.07.22

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Todos nós nascemos e crescemos (salvo por algum bambúrrio da sorte) num espaço edificado e entre paredes de madeira, de tijolo, de lona, de colmo… A parede é a estrutura da vida tal e qual a conhecemos. A expressão “entre quatro paredes”, com todas as nuances que lhe queiramos atribuir, significa lar, privacidade. Significa Construção, força.
A nossa vida está repleta de paredes e de muros, que no sentido real ou figurativo regulam a existência humana e são quase sempre sinónimos de divisão, exemplo da Grande Muralha da China, da Muralha de Adriano, do Ghetto de Varsóvia, do Muro de Berlim, da Muralha de Gaza… ou tão simplesmente das divisões na arquitectura dos edifícios.
A tantos obstáculos contornáveis ou incontornáveis que se nos apresentam durante a nossa existência chamamos muralha da indiferença, muro do silêncio, ficar em cima do muro ou descer do muro, dar com a cara na parede, entre a espada e a parede ou simplesmente falar para uma parede. São todas expressões triviais, figurativas do carácter de alguém, mas nem sempre abonando em seu favor.
Finalmente há os muros de cada um, aqueles que nós próprios edificamos, que nos escudam de todas as agressões exteriores e que vamos aumentando todos os dias, pedra a pedra, tijolo a tijolo; há a fachada pública que normalmente adquire revestimento antichoque, e há a outra, aquela em que, pedras à parte, podemos ser nós próprios.
Eu não queria ter um muro à minha volta. Não me agrada a ideia de andar por aí couraçada, qual Golem bíblico, contra as investidas das tormentas, mas neste país, que em pleno século XXI podemos comparar ao Muro das Lamentações, é preciso ter-se consistência e fortificar o intelecto e as acções e, quantas vezes, empedernir o peito. Lamentavelmente, por cada ideia de abertura e transparência pela qual me queira pautar na vida em sociedade, vejo-me a acrescentar mais um tijolo no muro.

Zé Pedro: «Acredito no paraíso»

Quem fala assim... (45)

Pedro Correia, 30.07.22

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«Tenho um grande fascínio pelo Keith Richards. É o meu guitarrista-herói»

 

Lembro-me bem de conversar com ele: revelou-se tímido, com humor discreto, sem sombra de arrogância. Revisitando esta entrevista feita a Zé Pedro - fundador em 1979 dos Xutos & Pontapés - comovo-me com certos trechos. Como aqueles em que nos fala do maior sonho e do maior pesadelo. Outros fazem-me sorrir, incluindo as alusões aos Stones, paixão de sempre. O guitarrista da mais popular banda portuguesa da sua geração faleceu em 30 de Novembro de 2017, ainda com tantas metas por cumprir.

 

Tem medo de quê?

Tenho medo de uma doença prolongada.

Gostaria de viver num hotel?

A minha vida passa muito por hotéis. Acho até que passo mais tempo em hotéis do que em casa. Não tenho nada contra.

A sua bebida preferida?

Hoje em dia, água. Sobretudo Água das Pedras. Levíssima.

Que número calça?

42.

Que livro anda a ler?

Acabei de lei a biografia do Slash [guitarrista]. Vou começar agora a ler um livro sobre os Rolling Stones que me trouxeram: Exile on Main Street.

Tem muitos livros à cabeceira?

Bastantes. Muito mais de música do que de qualquer outro género. Quando tenho as minhas pausas musicais leio sempre umas coisas que me agradam.

A sua personagem de ficção favorita?

Talvez o Corto Maltese. Houve uma altura em que consumia muita banda desenhada e ainda hoje sou fã das aventuras dele.

Rir é o melhor remédio?

É. De certeza absoluta.

Lembra-se da última vez em que chorou?

Costumo comover-me e gosto que isso aconteça. Acho que é saudável. A última vez que chorei foi há dias, ao ver o filme O Estranho Caso de Benjamin Button.

Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?

Gosto tanto de uma coisa como de outra.

É bom transgredir os limites?

Convém conseguirmos conservar os pés no chão embora seja bom levantá-los de vez em quando.

Qual é o seu prato favorito?

Já houve um tempo em que era arroz de pato. Hoje gosto bastante mais de peixe. Talvez um bom pregado grelhado...

Qual é o pecado capital pratica com mais frequência?

É a gula. A minha atracção pelos doces é um verdadeiro pecado.

A sua cor preferida?

É o preto. Não só por causa dos Xutos mas também pela Académica - o meu primeiro clube. O Benfica é o segundo.

Costuma cantar no duche?

Não sou muito de cantar no duche. Às vezes trauteio...

E a música da sua vida?

Há muitas. Pode ser, por exemplo, Sympathy for the Devil [dos Rolling Stones]. Para mim é como se fosse música sagrada.

Sugere alguma alteração ao hino nacional?

A gente já se habituou ao hino. Se houvesse um novo, levaria vários anos até o aprendermos. Não vale a pena mudar.

Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?

Tenho um grande fascínio pelo Keith Richards. É o meu guitarrista-herói. Só não sei se estaria muito à vontade a jantar com ele...

As aparências iludem?

Iludem. Muito.

Qual é a peça de vestuário que prefere?

Um bom casaco, nesta altura do ano, dá sempre jeito.

Qual é o seu maior sonho?

Gostaria muito de ter um filho ainda este ano. Estou preparado para isso.

E o maior pesadelo?

A doença é sempre um pesadelo enorme.

O que o irrita profundamente?

A arrogância.

Qual a melhor forma de relaxar?

Talvez ouvir música.

O que faria se fosse milionário?

Já sou milionário. O meu coração dá-me a vida saudável que tenho.

Casamentos gay: de acordo?

Não sou nada contra, antes pelo contrário.

Uma mulher bonita?

A Carla Bruni é uma figuraça.

Acredita no paraíso?

Acredito.

Tem um lema?

Ser honesto.

 

Entrevista publicada no Diário de Notícias (24 de Janeiro de 2009)

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 30.07.22

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Hoje assinala-se O Dia Mundial Contra o Tráfico de Pessoas

"O Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas foi criado para afirmar a necessidade de se pôr termo à exploração humana e ajudar quem foi vítima a reconstruir a sua vida. O tema deste ano é «A voz das vítimas lidera o caminho».

O tráfico humano estende-se a todo o mundo e afecta sobretudo mulheres e jovens destinadas ao mercado sexual ou a trabalhos forçados. Cenários de conflito ou que incluam fluxos de refugiados ou migrantes também contribuem para este crime.

O Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas foi proclamado pela ONU em 18 de Dezembro de 2013."

 

Se afirmar que o ser humano é o único animal que mata por prazer os animais da sua espécie é coisa dum imaginário infantilóide, reiterar que o ser humano é o único animal que prende, tortura e escraviza os da sua espécie com propósito de ganho financeiro  deve ser um conto de fadas.

Quem sai do seu país para, por exemplo, apanhar fruta além do Tejo,  com promessa de boas condições de trabalho e dá por si e pela sua família escravizados a uma enxerga, como há bem pouco tempo aconteceu a Sul, deve sentir-se no País das Maravilhas. Mas é como tudo. Onde uns vêem o pior, outros vêem o melhor das pessoas. E confiam. A confiança é uma ingenuidade, uma infantilidade que nunca cresceu.

 

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A 30 de Julho celebra-se O Dia Internacional da Amizade

"Esta data foi instituída pela ONU em 27 de Abril de 2011. O seu objectivo é promover a cultura da paz entre todos os povos, celebrando a diversidade cultural e o respeito mútuo.

A ideia para a criação desta data partiu do médico paraguaio Ramón Artemio Bracho, que fundou a Cruzada Mundial da Amizade, um programa que promovia a boa convivência entre os diversos povos.

Nesta data, os amigos costumam trocar mensagens de carinho e afecto e agradecer todo o companheirismo e dedicação.

Além desta comemoração, a amizade também é celebrada em outras datas: 18 de Abril (Dia do Amigo) e 20 de Julho (Dia do Amigo e Internacional da Amizade)."

Que todos os amigos tenham um bom dia.

(Imagens do Google)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 30.07.22

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José António Abreu: «Telma Monteiro perdeu, esboroando-se assim uma das raras hipóteses de atletas portugueses (e não de Portugal) chegarem a uma medalha nestes Jogos Olímpicos. Aguarda-se enxurrada de críticas por parte de gente que nunca esteve em posição de conseguir o que quer que fosse por nem sequer alguma vez se ter aplicado a fundo a tentar consegui-lo

 

Luís Menezes Leitão: «É evidente que António Costa deseja ser Presidente da República ou primeiro-ministro, tendo a sua ida para a Câmara de Lisboa o objectivo apenas de arranjar um perfil mais presidenciável, à semelhança do que fez Jorge Sampaio. Com isso António Costa evitou ser arrastado pela desgraça em que ele bem percebeu que iria cair o governo Sócrates, de que fazia parte. Por esse motivo, António Costa não se envolve nos assuntos correntes da Câmara de Lisboa, apenas aparecendo nas grandes cerimónias, e deixando as polémicas para Manuel Salgado.»

 

Teresa Ribeiro: «Elementar? Só se for para estes senhores, pois por cá é ver a confusão que reina nos twitters, blogs e páginas de facebook de jornalistas que às horas de expediente produzem informação "escorreita, objectiva e independente" e nas folgas e horas nocturnas a comentam livremente nas suas redes pessoais. Alguns, como já aqui afirmei, até se dão ao luxo de comentar na televisão o que escrevem.»

Na minha estrela

Maria Dulce Fernandes, 29.07.22

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Na minha estrela há uma luz que brilha diferente. Gigantes azuis encandeiam sombras anãs vermelhas e fulgem intensa e pesadamente... são tão crédulos da fugacidade da sua existência... 
Pequenos corpos anões explodem em colossais supernovas de genialidade e maravilham a claridade com o seu prisma de cores caleidoscópicas e loucas. Pontuam no breu como velas, candeias brilhantes, ardentes clepsidras geladas de luz que marcam o compasso  dos milénios.
 
Na minha estrela há uma luz que sara, que aconchega, que afaga numa carícia áurea de caramelo como uma cefeida na nuvem de Magalhães, referência de caminhos e distâncias a percorrer.
 
Na minha estrela estou eu, inebriada de brilhos e cores, embalada pelo cintilar e pelo ardor intenso que me acaricia a fantasia e a transporta em caudas de cometas empurrados por ventos de muitos sóis para reinos de névoas distantes em luz e em cor, vagando de constelação em constelação sempre em busca dos infinitos porquês da existência do infinito.
 
Na minha estrela estão os meus amores, que me sorriem todos os dias e me mostram o caminho para que eu possa escolher atravessar os dias da vida com a mesma serenidade que um dia me elevará do buraco negro até à minha estrela.
 
 
(Imagem do Google)

A censura no Facebook

jpt, 29.07.22

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Leio o João Gonçalves (agora também João S. Gonçalves) desde os tempos do seu blog Portugal dos Pequeninos. Verve cáustica, mente inquieta e, acima de tudo, imensa verrina. Concordando ou não - até porque ele estará duas ou três braçadas à minha direita -, gostando ou desatinando, o certo é que nestas quase duas décadas o homem tornou-se item da minha paisagem.
 
Após a "intervenção militar" russa na Ucrânia o João Gonçalves embicou, e com afã, contra as posições europeias e um (aparente, digo eu) unanimismo ucranófilo. No início, uma ou duas vezes lá terei resmungado em comentários - julgo que aquela posição é um erro de compreensão - mas depois desisti. Pois às minhas atoardas guardo-as para o meu mural (e blogs), para quê chatear os outros em sua "casa"? Ora, e até porque o seu mural é muito activo (imensos "gostadores", múltiplos comentários), o "Algoritmo" mostrava-me os seus vários postais diários e a azáfama dialogante que lá sempre acontece. Também por isso um dia irritei-me com aquilo e cortei a ligação, num "quando acabar a guerra pedir-lhe-ei "amizade" outra vez"..." em busca das (outras) caneladas que ele vai distribuindo a eito. Passados uns tempos ele criou um outro perfil (João S. Gonçalves) e reestabeleceu a ligação e eu, que estaria em dia menos zelenskiano, acolhi-a sem mais.
 
Percebi agora que as suas duas contas foram "canceladas" durante um mês. Não sei exactamente porquê. Talvez por motivos lexicais, não me surpreenderá - um amigo co-bloguista acaba de me avisar que ele próprio está suspenso do Facebook porque utilizou um substantivo abstracto derivado da célebre "Mariquinhas" (!!), e eu já fui informado que, e apenas por ter comentado alhures interrogando se tal substantivo era "ilegal", seria suspenso se repetisse tamanha agressão a uns inditos "valores comunitários". Ou então foi barrado devido às suas posições políticas.
 
Independentemente da razão isto é inaceitável. Há no Facebook um controlo global (robótico, dizia-se) iconográfico, algo atrapalhado - o episódio da censura ao "A Origem do Mundo" de Courbet foi um risonho exemplo, tornado ainda mais anacrónico face à recente pornografia via vídeos "reels" divulgados nesta rede - mas que se poderá justificar, pois avesso à transformação da plataforma num avatar dos porn hubs. Mas o controlo lexical é patético, não só por questões de princípios mas também pela polissemia dos termos que se querem barrar - as "mensagens odiosas" de que a empresa Meta se quer expurgar dependem da sintaxe e não do léxico.
 
E há, acima de tudo - e este caso deve depender disso -, o controlo censório avulso. Executado pelos pobres avençados da empresa e, muito, pelos inúmeros utilizadores "denunciantes". Que "denunciam" através do "barrar" de outrem, dando sinal ao sistema que essoutro tem más práticas, algo cujo somatório provoca sanções - já me aconteceu um punhado de vezes, até com gente que conheço, antigas visitas de casa, recentemente um antigo aluno a quem cortei a ligação devido ao seu desbragado putinismo e que assim se "vingou", colegas antropólogos por razões que desconheço -, ou mesmo "denunciam" postais com os quais não concordam.
 
Ou seja, a coberto de uma aparente "cidadania", de uma defesa dos tais "valores comunitários" (quais?, qual "comunidade"?), o que grassa é a vil bufaria, a da maledicência frustrada, ciosa da sua mediocridade. No fundo, bem no fundo, apenas gente dessas "coitadinhas", furiosas diante da "Pretendida, desejada / Altiva como as rainhas / Ri das muitas, coitadinhas / Que a censuram rudemente / Por verem cheia de gente / A casa da Mariquinhas".
 

Alfredo Marceneiro - Casa da Mariquinhas

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 29.07.22

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A 29 de Julho assinala-se O Dia Internacional do Tigre

"Também conhecido como Dia Mundial do Tigre, este dia chama a atenção da comunidade global para a necessidade de conservação deste animal em vias de extinção e do seu habitat.

A data foi criada em 2010 na cimeira de São Petersburgo, dedicada à conservação do tigre, altura em que só havia 3200 tigres em estado selvagem em apenas 13 países. Esta cimeira internacional definiu como objectivo duplicar o número de tigres selvagens até 2022.

O tigre é o maior felino do mundo, com cerca de 2,5 metros e 220 quilos. As suas patas “almofadadas” abafam o som e permitem a este predador capturar as suas presas silenciosamente após quilómetros de viagem. É uma criatura magnífica, com as suas riscas pretas no pelo laranja e amarelo. É um animal solitário que se encontra sobretudo na Ásia. A caça é o maior perigo para este animal. A sua pele, os seus ossos e a sua carne são muito procurados, para fins comerciais e usos medicinais de tradição chinesa."

Não sei explicar porquê, mas sempre odiei roupagens com animal prints. Tigresses podem ser muito sensuais, mas nada têm que ver com a majestade destes grandes gatos. Como todos os animais neste planeta, excepto talvez os insectos, dos quais as baratas se salientam cada vez mais, os tigres  estão em vias de extinção, porque os seus habitats naturais vão desaparecendo, e porque continuam a ser caçados em pleno século XXI. Onde há dinheiro à mistura existe sempre qualquer tipo de extinção, nem que seja a dos princípios ou a da honra.

 

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Hoje é O Dia do Administrador de Sistemas 

"O Dia do Administrador de Sistemas assinala-se todos os anos na última sexta-feira de Julho. É um dia de agradecimento a todos os administradores de redes e sistemas do mundo pelo seu trabalho.

Se a sua internet está segura e rápida, se o seu site funciona o dia todo, se o seu computador trabalha rapidamente, se a sua impressora não encrava, então deve agradecer ao administrador de sistemas. É ele quem assegura a manutenção dos computadores ou da rede da sua empresa. 

Esta data foi criada em 2000 pelo administrador de sistemas Ted Kekatos, que se inspirou num anúncio da revista da Hewlett-Packard, onde um profissional recebia flores e uma cesta de frutas por parte dos colegas de trabalho, agradecendo-lhe por ter instalado novas impressoras na empresa."

Sou a administradora do meu sistema. Não é por não olear as dobradiça que estas rangem, é apenas porque dobradiça é algo obsoleto que tem tendência a desaparecer. Os nossos sistemas individuais são assim. Tentamos mantê-los actualizados, activos e em bom funcionamento, mas chegará uma altura em que as actualizações já não funcionam porque o SO é antiquado demais. Todos os dias ligamos à rede sabendo que um dia  deixará de funcionar. 

 

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Neste 29 de Julho celebra-se O Dia da Lasanha

"Presente à mesa em várias ocasiões, a lasanha tem até um dia próprio para ser comemorado: 29 de Julho. A data surgiu de maneira informal nos EUA e aos poucos foi conquistando adeptos em outros países.

A história da receita é milenar e o prato mudou bastante ao longo dos anos. A lasanha, embora diferente das que conhecemos hoje, é consumida desde o Império Romano. No livro “De re coquinaria”, um dos primeiros compêndios de receitas escritos, Marcos Gavius Apicius menciona um prato chamado “lasana” ou “lasanum”, feito com folhas de massa. Lasanum, no caso, era o nome da panela usada para cozinhar a receita. Com o tempo, o nome da panela torno-se o nome da comida.

A primeira receita semelhante à lasanha moderna foi registada Nápoles, no século XIII. Mas ainda não era feita com tomate – levava queijo e temperos intercalados entre as folhas de massa. Depois, a lasanha era cozida com calda, e não assada, como é hoje.

A maior lasanha do mundo foi criada em 2012 pelo restaurante Magillo, em Wieliczka, na Polónia, de acordo com o Guinness, o livro dos recordes. Mais de cinco mil pessoas juntaram-se para fazer uma lasanha com 25 metros de comprimento e 2,5 metros de altura. Esta lasanha tinha 800 kg de carne moída, 500 litros de molho de tomate, 2.500 kg de massa e 400 kg de queijo mozzarella.

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O gato Garfield, da banda desenhada, é apaixonado por lasanha. E o músico Weird Al-Yankovic fez uma paródia da música “La Bamba”, do grupo Los Lobos, chamada “Lasagna”."

Saber fazer uma boa lasanha é quase como ter conquistado o conhecimento, após longa e aturada pesquisa para alcançar o Santo Graal.

Sempre que me proponho à empreitada, tenho pré-concebido o entendimento de que é mais uma experiência em busca da perfeição. No bechamel, na massa fresca, na marinada, na mozzarella, no parmesão, no manjericão...

Cada finalização é seguramente melhor do que a anterior, mas em nada consegue bater uma fatia celestial que comi em Florença. 

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 29.07.22

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Ana Vidal: «Em época de leveza e ainda embalada pelos ares das Astúrias, aqui fica esta sugestão divertida e irónica que me chegou pela mão da jornalista, escritora e amiga Rosa Montero. O blogue da semana é uma espécie de associação de escritoras... Mal Educadas, mas só no bom sentido da palavra: o da irreverência. Espero que vos divirta um pouco, que os tempos andam negros

 

Rui Rocha: «Pelo visto, o bom velho Winston Churchill também gostava de ir a banhos. Se bem o conhecemos, deve ter visto o pôr-do-sol on the rocks. Pertinho do mar.»

 

Teresa Ribeiro: «Instalou-se no sofá. O corpo pesava-lhe. Pousou o copo na mesa de apoio e estendeu-se. O sono apanhou-o de bruços, a vogar numa sala juncada de jornais atrasados e livros a cheirar a novo, alguns empilhados, outros espalhados sem critério pelo chão, todos iguais. De pescoço torcido e braço pendente, acabou por libertar o comando para cima de um deles, tapando parcialmente a foto da capa que era a do seu rosto sorridente, encimado pelo título "Aprenda a Ser Feliz".»

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