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Delito de Opinião

A francesa a arranhar inglês em Portugal

Pedro Correia, 30.11.21

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A presidente da TAP, escolhida a dedo pelo ainda ministro Pedro Nuno Santos, é uma francesa incapaz de dizer duas frases em português que concede entrevistas em Portugal falando num inglês macarrónico - e forçando os jornalistas portugueses a dialogarem com ela nesse alegado idioma. 

É dela o rosto daquilo a que alguns ainda chamam a nossa "companhia aérea de bandeira". Seja lá o que isso for.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 30.11.21

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Cláudia Köver: «Band of horses é um grupo indie/rock alternativo americano (ou assim o diz a wikipédia). A música de hoje fez parte da banda sonora de "127 horas". Filme que, infelizmente, ainda não vi. A banda tem três álbuns e é provavelmente uma das mais conhecidas que até agora aqui vos apresentei. Fica a esperança que não conheçam a música de amanhã.»

 

Ivone Mendes da Silva: «A Eugénio de Castro juntam-se Alberto Osório de Castro, Alberto de Oliveira, António Nobre, Júlio Brandão, entre outros. Eram os “nefelibatas”, designação um bocadinho pejorativa. Vem do grego: são os que andam nas nuvens. O Simbolismo português é, antes de mais, uma atitude estética, não é a filosofia do decadentismo francês de final de século. É um virar de costas ao pesadume exaltado do ultra-romantismo, é “de la musique avant toute chose”.»

 

João Carvalho: «Como se sabe, o transporte de doentes é muitas vezes vertiginoso, o que constitui não só um perigo potencial para os restantes transportes em circulação, mas também para a tensão arterial dos próprios doentes ambulatórios. Recomenda-se, portanto, que a selecção das respectivas viaturas seja feita com muita calma...»

 

José António Abreu: «Antes quase não se discutiam decisões governamentais de centenas de milhões de euros com impacto ao longo de décadas. Agora discutem-se ferozmente alugueres operacionais de viaturas de oitenta e seis mil euros. Proclama-se que deviam ser anulados. Apesar de resultarem de contratos assinados pelo anterior governo, culpa-se o actual. O Ministro (que se enreda ao procurar explicar-se; note-se como Zorrinho preserva o orgulhoso silêncio que tão bem resulta por cá) devia demitir-se ou, no mínimo, voltar a andar de scooter (não está claro se poderia manter o motorista mas provavelmente Mota Soares preferiria guiar a ter de seguir abraçado a ele).»

 

Luís M. Jorge: «Perdi o maldito livro hoje mesmo. Ao sair para tomar café e levantar dinheiro no multibanco e visitar uma loja de electrodomésticos onde há umas merdas a bom preço (sou um Scrooge no que toca a electrodomésticos e detergentes, ao contrário da minha mulher-a-dias que é a raínha de Sabá, a Ivana Trump dos limpa-vidros) de repente olhei para as mãos — e tungas, estavam vazias. Regresso à loja de electrodomésticos, ao multibanco e ao café, entrei por desfastio numa frutaria, numa loja de candeeiros e no Celeiro, quase comprei uma barra energética com sementes de sésamo e alfafa, e telefonei para a minha namorada a choramingar. Ela é uma santa, mas mais gira, disse-me deixa lá querido, oh que azar, coitadinho, não penses nisso

 

Rui Rocha: «A vida não está fácil para os pensionistas. Primeiro, foram os cortes previstos no Orçamento de Estado para 2012. Agora, é a Lusa que os quer pôr a trabalhar

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 29.11.21

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Ana Cláudia Vicente: «Parabéns à Cooperativa de Produtores de Queijos da Beira Baixa / Idanha-a-Nova pela Medalha de Ouro conseguida nos World Cheese Awards deste ano. Enquanto uns lamentam o presente, outros investem, arriscam, preparam o futuro.»

 

Cláudia Köver: «A crónica esteve provisoriamente "perdida" entre o trabalho e o lazer. No entanto regressa hoje aos nossos ouvidos com "How you like me now?" de "The Heavy", uma banda inglesa que figurou na Hot List da revista Rolling Stones em 2008. Esta mesma música foi usada num anúncio da KIA durante o Super Bowl 2010 e integrou a banda sonora de The Fighter. Se não a tiverem ouvido aí, também a podem reconhecer de séries como "White Collar" ou "Entourage".»

 

José António Abreu: «Dois rapazes de São Francisco que se autodenominam raparigas e cantam sobre rapazes sonhando com raparigas. Estranho? Mesmo nada quando se sabe que a história de um deles inclui, graças à mãe, passagem por um culto radical, deambulações pela Ásia e Europa enquanto criança e nunca ter pisado uma sala de aula. Hoje na Discoteca Lux, em Lisboa, amanhã na sala 2 da Casa da Música, no Porto. Claramente, têm um fraquinho por ícones da indústria automóvel americana.»

 

José Gomes André: «Foi isto escrito no Economist de ontem? No Der Spiegel da semana passada? Não. Data de 1791, quando uns ainda jovens Estados Unidos se viam a braços com uma colossal crise financeira. Não deixa de ser curioso ouvir nos "media" os relatos histéricos sobre a "crise dos nossos tempos". É no que dá desconhecer o passado. Como nos diz Santayana, acabamos condenados a vivê-lo uma e outra vez...»

 

Laura Ramos: «A revisão da política do medicamento em Portugal era urgente por variadas razões, nem todas especialmente novas - como a transparência do mercado farmacêutico - mas agora assume um papel redobradamente importante, actuando também na suavização dos efeitos da austeridade. Quer pelo lado do consumidor privado, porque a baixa generalizada dos preços lhe facilita o acesso a terapêuticas de custos comportáveis. Quer pelo lado do consumidor público, o Estado, que assim poderá reduzir os seus gastos sem comprometer uma parcela dos objectivos do SNS.»

 

Luís M. Jorge: «Nouriel Roubini, o homem que previu a recessão de 2008, faz uma síntese exemplar da crise do Euro e enumera as soluções que ainda nos restam. A Alemanha está contra, evidentemente.»

 

Rui Rocha: «António José Seguro cunhou a expressão violenta abstenção. Todavia, ao que parece, melhor falaria de uma abstenção violenta, sendo que esta descreve não a posição do PS em relação ao Orçamento, mas a situação vivida no próprio grupo parlamentar socialista. Na verdade, e de acordo com vários relatos, Seguro pretendia votar favoravelmente a proposta dita de modelação dos cortes salariais na função pública. A decisão terá mesmo sido comunicada à bancada do PS pelo líder parlamentar. Todavia, alguns deputados socialistas manifestaram a intenção de quebrar a disciplina de voto, o que levou a liderança (se é que assim se pode dizer) a recuar e  a optar pela abstenção.»

 

Eu: «Tanto vamos sabendo, no contínuo bombardeamento informativo de que somos alvo de manhã à noite. Mas tanto permanece por desvendar nas entrelinhas das notícias. E muitas vezes é precisamente quando as notícias terminam que a vida verdadeira começa, com o seu permanente jogo de sombras e luzes.»

Uma bênção

Cristina Torrão, 28.11.21

Hoje é o primeiro Domingo do Advento. Na Alemanha, devido à proximidade das Igrejas Católica e Luterana, o Advento é uma época de preparação para o Natal intensamente vivida. Para isso, muito contribui a Coroa do Advento, um arranjo com folhas de azevinho ou de pinheiro manso, contendo quatro velas. No primeiro Domingo, acende-se uma vela e, nos seguintes, vai-se acrescentando mais uma, até chegar às quatro, no último Domingo antes do Natal. A Coroa do Advento é uma invenção luterana do século XIX e não falta em nenhuma casa alemã, seja Católica, seja Protestante. O Calendário do Advento, com a mesma origem e, no início, pensado para crianças, é igualmente uma grande tradição.

Vivemos tempos difíceis, com a pandemia mais activa do que nunca, evitando grandes convívios nos mercados de Natal alemães (alguns tornaram mesmo a ser cancelados). Também muitas famílias já se perguntam se será avisado reunirem-se para a Consoada. Devido à tristeza e à falta de esperança, crianças e jovens ligados à Igreja Luterana andaram ontem, no centro de Stade, a distribuir bênçãos.

Vinham na forma de um pequeno saquinho de papel, atado com um lacinho. O Horst e eu também tivemos direito, sem fazer ideia do que vinha lá dentro. Resolvemos abrir só hoje, no primeiro Domingo do Advento. Eu escolhi o lacinho verde (o outro era prateado) e deparei com uma velinha enfeitada com três estrelinhas e um poema, escrito num papel vermelho. A sua autora chama-se Hanna Buiting e eu gostei tanto, que resolvi traduzi-lo, embora seja extremamente difícil traduzir poesia. Mas darei o meu melhor.

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Do que se necessita

Há muito esperada

Envolta em eternidade

Em todo o lado conhecida

E no entanto

Rodeia-te um mistério

A ti, criança do presépio

Início de todos os inícios

Realizadora de desejos

Pessoa-saudade

Como te hei-de receber?

Diz-me

Murmura nos meus sonhos

A tua bênção

Para que ela me envolva

E o Natal aconteça

 

É esta a verdadeira função da Igreja: ser uma luz na escuridão, um sinal de esperança, um momento de reflexão. Obrigada, Igreja Evangélica Luterana de Stade! Obrigada às crianças e aos jovens que distribuíram as bênçãos!

 

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A nossa alternativa à Coroa do Advento. Hoje acendemos a primeira luzinha.

Leituras

Pedro Correia, 28.11.21

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«A vida não é apenas cada um de nós. É preciso que pensemos em alguma coisa mais do que no nosso egoísmo, em alguma coisa que seja mais elevada e diga respeito a todos. (...) Quando nós pensamos em todos os outros, sentimo-nos com menos importância.»

Ferreira de CastroA Tempestade (1940), p. 206

Ed. Guimarães, 1980 (10.ª ed). Colecção Vozes do Mundo

Nada muda para que tudo mude

Pedro Correia, 28.11.21

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Foto: José Coelho / Lusa

 

Na noite em que desperdiça a enésima oportunidade de pugnar pela unidade do PSD optando por disparar contra dirigentes distritais e concelhios após novo triunfo tangencial para a presidência do partido em eleições internas que não desejou nem convocou, Rui Rio abriu uma garrafa de champanhe. É caso para isso, na óptica de quem nele apostou. Os laranjinhas estão mais perto de concretizarem o desígnio que o líder vem acalentando há quatro anos: regressar ao poder, agora de braço dado com o PS. António Costa é potencial aliado, não adversário - daí as palavras cautelosas que Rio sempre utiliza quando alude ao primeiro-ministro. O mesmo que durante estes quatro anos o desprezou com desdém olímpico.

O PSD é partido com vocação para o exercício do poder - e este impulso prevalece sobre qualquer outro, como demonstra o escrutínio de ontem, em que participaram 36 mil militantes, com o presidente em funções a vencer por uma diferença de 1700 votos. Teve 52%, contra os 48% de Paulo Rangel. Em Janeiro de 2018 vencera Santana Lopes com 54%. Em Janeiro de 2020 vencera Luís Montenegro com 53%. Agora diminui um pouco mais a margem do triunfo, parecendo satisfeito por liderar meio partido. Quem o conhece bem diz que só assim se sente «picado» - e apenas picado salta com espírito guerreiro para o recinto de luta.

O homem que em 2008 não se sentiu suficientemente «picado» para concorrer à liderança social-democrata no auge do poder socrático e em 2019 perdeu por larga margem as legislativas contra o PS de Costa vai certamente guardar outra garrafa de champanhe - desta vez para celebrar nas eleições de 30 de Janeiro a nível nacional. Pode ser que vença, mesmo saindo derrotado. 

Rangel foi perdendo firmeza e segurança à medida que se escoavam as escassas semanas de campanha contra um adversário que sempre recusou enfrentá-lo cara-a-cara e classificava esta pugna interna de «balbúrdia»«tempo perdido». Tanto quanto me recordo, foi a primeira vez que algo semelhante sucedeu no PSD: um líder rejeitar o debate com um companheiro de partido. Talvez aqui tenha funcionado a lógica adoptada há um ano pelo grupo parlamentar social-democrata quando tomou a iniciativa de propor o fim dos debates quinzenais no parlamento com o primeiro-ministro: havia que «deixá-lo trabalhar».

Não se abre novo ciclo: vai prosseguir o anterior. Nada muda para que tudo mude - era este o lema de Don Fabrizio Corbera, Príncipe de Salina. Um homem que se desligava das paixões terrenas contemplando os astros. Questiono-me em quem votaria se vivesse neste Portugal de 2021.

Pensamento da semana

Paulo Sousa, 28.11.21

As empresas privadas geridas de forma anacrónica por empresários com a 4ª classe, descrição recorrente e simplista feita pelas forças conservadoras do país, estão entre as entidades que beneficiam da reduzida atractividade da nossa economia.

A barreira fiscal, a espessa burocracia dos serviços, a disfuncionalidade da justiça, são incapazes de atrair o investimento estrangeiro, que introduziria competitividade ao nosso mercado. Assim, estas limitações acabam por ser o maior seguro de vida que se possa dar aos que já esgotaram o seu potencial.

Sem reformas na fiscalidade e no funcionamento dos serviços públicos, o marasmo das últimas duas décadas irá mesmo perdurar.

 

Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 28.11.21

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Ana Vidal: «Acaba de chegar às livrarias um dos motivos que me têm afastado do DELITO ultimamente. Agora já não me pertence e espera o vosso veredicto. O texto é meu, a capa é um belíssimo quadro do pintor Joaquim Baltazar, que traduz na perfeição o espírito do livro. Enfim, uma sugestão para o Natal

 

José Maria Gui Pimentel: «Em relação à proposta do Governo, para a eliminação de quatro feriados, acho que faz algum sentido. Mas apenas isso: algum. Isto porque em Portugal no papel até se trabalha muito, em muitos sítios bastante mais do que na maioria dos países europeus. O nosso problema diz sim respeito à produtividade. Aumentar a produção por outros meios pode resultar mas acarreta consequências sobre a qualidade de vida (já das mais baixas da UE) que não são despiciendas.»

 

Leonor Barros: «Resisto a quase tudo menos a uma livraria recheada de títulos novos, livros baratos e o ambiente de uma religiosidade veneranda de silêncios pontilhados de virar de páginas virgens à espera de serem lidas. Um livro. Falta-me sempre um livro. Os olhos recaem sobre o mais recente livro, à data, de Wladimir Kaminer, Meine russischen Nachbarn, e é esse que há acompanhar-me nos dias de Berlim, dias de sol e de chuva, dias de muito ver e de digerir história e gente a cada esquina. Não o acabarei, contudo. A cidade absorve-me.»

 

Luís M. Jorge: «Eis o canto do cisne da escola económica judaico-cristã. Agora que os efeitos da crise chegam à Espanha, à Itália, à França e à Bélgica, e já nem a Alemanha consegue colocar as suas obrigações de dívida pública a dez anos, suponho que vai ser um pouco mais difícil encontrarmos preguiçosos e irresponsáveis para incriminar.»

 

Eu: «Notícias frescas da eurozona: Itália à beira da recessão, no próximo ano o desemprego continuará a disparar em Espanha, a Economist vaticina o colapso do euro. E os nossos vizinhos até já admitem sem rodeios um cenário de regresso à peseta. "Mereceste reinar", escreveu Quevedo num soneto dedicado a Filipe III. De quantos dirigentes europeus contemporâneos poderá um historiador futuro dizer o mesmo?»

Os melhores romances e novelas portugueses do século XX

VII - Década 1961/1970

Pedro Correia, 27.11.21

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Barranco de Cegos, de Alves Redol (1961)

Domingo à Tarde, de Fernando Namora (1961)

Angústia para o Jantar, de Luís de Sttau Monteiro (1961)

Viver com os Outros, de Isabel da Nóbrega (1964)

A Torre da Barbela, de Ruben A. (1964)

Alegria Breve, de Vergílio Ferreira (1965)

O Delfim, de José Cardoso Pires (1968)

Montedor, de Rentes de Carvalho (1968)

A Noite e o Riso, de Nuno Bragança (1969)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 27.11.21

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Ana Vidal: «É oficial: o Fado foi reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade. Estão de parabéns todos os portugueses, quer gostem ou não deste género musical. E estão de parabéns, particularmente, os principais impulsionadores desta candidatura, com especial destaque para Rui Vieira Nery. Por mim, ergo com muito gosto a bonita guitarrinha estilizada que recebi na homenagem que a Sociedade Portuguesa de Autores fez recentemente a todos os que de alguma forma estão ligados ao Fado: autores, intérpretes e instrumentistas. É uma honra fazer parte desse universo.»

 

João Campos: «É mais ou menos recorrente: o final do ano traz consigo as "listas" que toda a gente faz, em jornais, revistas e blogues, sobre os melhores livros, filmes e discos do ano. Invariavelmente, ao longo dos últimos anos dou por mim a contribuir para essa tradição, mas sem assinalar nada que tenha sido feito nesse ano, pois nunca ando a par dessas coisas. Acontece que em 2011, por qualquer combinação astral esquisita, posso nomear um livro, um disco, uma música e um filme - todos de 2011.»

 

João Carvalho: «Não é a primeira ilha em que me instalo para ficar nunca-sei-até-quando: a minha primeira ilha foi a Taipa, em Macau. Nem sequer é a segunda ilha onde fico: a minha segunda ilha foi São Miguel, que acabo de deixar para trás, já com saudades. Faço inversão de marcha e regresso a Angra com um dado já adquirido: esta é a minha Terceira...»

 

Teresa Ribeiro: «O ventinho de fim de tarde arrepia a superfície do lago onde vogam os patos. Da janela do 4º andar consegue vê-los todos. Seis, sem contar com os bravos. Menos dois que na semana passada. Junto ao prédio, a bebé do terceiro andar, a fugir aos guinchos da avó, e o miúdo que mora em frente com o som do auto-rádio no máximo, chamam a atenção de um cão vadio. Ao longe um bando de adolescentes fustiga com paus a vegetação que espiga na orla do lago. Serão aqueles que os matam?»

A chico-espertice como método

João Sousa, 26.11.21

Um apoiante de Rui Rio (ou talvez um funcionário do call-center ao qual Rio delegou a sua campanha?) achou por bem criar um perfil no Facebook, supostamente de Passos Coelho, onde este expressaria o seu apoio em Rui Rio. Passos Coelho já veio a público declarar não ter nada a ver com o assunto. A maior ironia é que Rui Rio foi muito mais esforçado na sua oposição ao governo de Passos Coelho do que alguma vez foi na oposição (qual oposição?) ao governo de Costa.

Fui à bola

jpt, 26.11.21

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Esta semana fui à bola, algo que não fazia há anos, desde bem antes do advento do Covidoceno. Sobre isso botei uma memória agradada (no colectivo sportinguista  És a Nossa Fé e no meu recôndito Nenhures). Acontece que não me ocorre nada para aqui deixar dedicado ao fim-de-semana, pois "já me falta o rancor" para arengar sobre sondagens - a semana passada diziam o PS com maioria absoluta e o PSD de Rio quase abaixo daquela hecatombe do PS de Almeida Santos, esta semana afinal o PSD já empatado com o PS, desde que vá com Rio, claro, um verdadeiro teorema Pitagórico que se me escapa... Nem se me puxam as teclas para resmungar sobre as medidas relativas ao covid-19 promovidas por um desaustinado governo, prisioneiro do manto diáfano de propaganda que venera,  nem sobre as reacções avessas dos liberalóides, cuja guincharia em prol de uns quaisquer direitos individuais que estarão a ser assaltados cada vez mais se afirmam como um gorjeio proudly queer (lamento o estrangeirismo mas lembro que a minha irmã e a minha filha me vetaram o uso do vernáculo adequado a estes doutores adamados). Enfim, é certo que poderia botar um postal sobre a Super-Marta, que dá sempre pano para mangas. Mas é sexta-feira, vou tratar de uns papéis e depois irei jantar à tasca operária cá do bairro.

Por isso deixo abaixo, para quem tenha interesse e tempo livre, a croniqueta que meti a propósito da futebolada (tem um pequeno linguajar atrevido, adequado à bancada, mas como é uma auto-citação julgo que a família perdoará):

 

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