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Delito de Opinião

O comentário da semana

Pedro Correia, 03.10.21

«Preciso da bicicleta para ir tratar de tretas burocráticas ao Campus da Justiça.
Ir e vir a pé demora um bocado.
Se for para passear faço nas calmas 13 kms seguidos e vou passear até Belém.
Eu passeio a pé (...) . A defesa de bicicletas e trajectos pedestres para mim é uma questão de higiene e saúde pública.

Sempre me fez impressão gente ainda muito nova e obesa e que só consegue sair de casa enfiando-se no carro.

É a geração "labrega-à-amaricana-rica". Julgam-se sempre a conduzir em L.A.»

 

Da nossa leitora Zazie. A propósito deste meu postal.

Pensamento da semana.

Maria Dulce Fernandes, 03.10.21

"As máscaras vão manter-se obrigatórias em locais concretos, como sejam os transportes públicos, os hospitais e lares, ou as grandes superfícies comerciais. Nas lojas do comércio local deixam também de ser obrigatórias."

Finalmente podemos tirar as máscaras! Mas devemos ou queremos até pô-las longe das nossas vidas?

Pessoalmente, não vou deixar de usar a máscara no meu local de trabalho. Não sinto que as condições de segurança, no que concerne à saúde pública, sejam as ideais para começar a embandeirar em arco.

 

Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 03.10.21

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J. M. Coutinho Ribeiro: «Tenho como válido que os poderosos não devem deixar de ser perseguidos criminalmente porque são poderosos - trata-se de cobardia da Justiça; mas também não devem ser perseguidos porque são poderosos - trata-se de perversão do sistema. Os poderosos devem ser perseguidos se (e porque) praticam crimes, em igualdade de circunstâncias com os demais cidadãos.»

 

João Carvalho: «A uma semana das eleições regionais, o líder do CDS-PP da Madeira contou com a presença do seu líder nacional e disse, para quem quis ouvi-lo e com as palavras todas, que parte das verbas tranferidas de Lisboa para a reconstrução da ilha após a catástrofe foi desviada para as vistosas iluminações de Natal e para o Carnaval (imagino incluído o desfile pseudo-brasileiro que costuma abrilhantar a tradição madeirense).»

 

José António Abreu: «Com os anos, a nossa infância vai-se transformando numa realidade estranha, num amontoado de recordações que parecem falhar o essencial. Por exemplo: como fazer corresponder ao adulto que somos os indícios da criança que fomos?»

 

Luís Menezes Leitão: «Confesso que, assistindo ao falhanço total do programa da troika na Grécia, fico preocupado que se insista em que essa via continua a ser a mais adequada para Portugal. Conforme tenho salientado, a definição perfeita de irracionalidade é repetir várias vezes o mesmo comportamento, esperando que ele alguma vez conduza a um resultado diferente.»

 

Rui Rocha: «Nas ciências sociais, a uma tese sucede, mais das vezes, a sua antítese. A uma visão da sala de aula em que o professor era o protagonista principal, o eduquês respondeu com a sobrevalorização do papel do aluno. À visão da escola como ensino, veio contrapor uma abordagem centrada num certo conceito de aprendizagem. Estará talvez na altura de compreendermos que urge fazer a síntese. Aprender exige esforço, memorização e compreensão de conceitos abstractos. E o papel do professor é fundamental. Mas não pode ser só isso.»

Leituras

Pedro Correia, 02.10.21

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«Viejo, un amigo es más que un padre y un hermano. Una amistad significa las cosas pasadas. Tu y yo llevamos más de 20 años juntos, a bordo del Pilar. De dónde veníamos los dos? No importa, un día nos encontramos, tú con tu historia, yo con la mía. Dos amigos equivalen a dos historias que se unen

Norberto Fuentes, Hemingway en Cuba (1984), p. 273

Ed. Arzalia Ediciones, Madrid, 2019

As homenagens da Câmara Municipal de Lisboa

jpt, 02.10.21

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Na recente morte de Jorge Sampaio a Câmara de Lisboa tratou de o homenagear, utilizando espaços comerciais disponíveis, forma ágil de trazer essa evocação até ao quotidiano dos munícipes. Julgo muito curial que a Câmara homenageie deste modo, sentido e bastante visível, um seu antigo presidente, na hora do seu falecimento. Presumo que tal não tenha acontecido na morte de Nuno Krus Abecasis (1999) e de Aquilino Ribeiro Machado (2012) - não encontro registos fotográficos disso -, mas nada obsta a que se encete agora uma simpática e honrosa prática.

Mas o contrário pensarei se esta acção for dedicada a homenagear o antigo Presidente da República, como julgo ter sido o caso pois esta acção vem na sequência do realizado aquando da morte de Mário Soares. Pois se esta for uma prática a dedicar a todos os presidentes da República que venham a falecer isso será um  mimetismo das práticas simbólicas do Estado central, e assim uma intrusão nas funções que a este competem. O que transporta uma implícita reclamação de um estatuto especial da câmara da capital, um "centralismo municipal" lisboeta. O que se torna mais visível neste contrafactual: face ao registo relativamente contido do cerimonial do nosso Estado democrático muito nos impressionaria, até desagradavelmente, se todas as centenas de câmaras existentes inundassem os seus territórios com homenagens pictóricas por ocasião da morte de um antigo presidente da república. Estou crente que produziria até um travo autocrático, como se de tempero norte-coreano ou afim. Porquê então aceitá-lo na câmara da capital?

É certo que estas homenagens poderão ser justificadas por se terem dedicado a cidadãos naturais do concelho (Soares e Sampaio nasceram em Lisboa) que ascenderam ao mais alto cargo do Estado. Se assim for então serão totalmente curiais. Deixando assim espaço para que na ocorrência de futuros falecimentos de antigos presidentes (longe vá o agoiro) sejam as câmaras respectivas a homenagearem esses seus ilustres naturais. Mas se for esse o vector que imprime esta homenagem póstuma então tem que ser explicitado. E não o é.

Um retrato do País oficial

Pedro Correia, 02.10.21

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O ministro da Defesa desautoriza o Presidente da República, anunciando a intenção de exonerar o chefe do Estado Maior da Armada, à revelia de Belém, o que mereceu pronta reacção de repúdio da parte de Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto comandante supremo da instituição militar.

ministro das Infraestruturas desafia a autoridade do titular das Finanças, seu colega no Conselho de Ministros, com críticas destemperadas.

Demite-se o director financeiro da TAP após escassos três meses em funções.

Demite-se o director clínico do Hospital de Setúbal em protesto contra a situação de rotura nas urgências. 

Um banqueiro condenado a dez anos de pena de prisão já sem recurso - por crimes de fraude fiscal qualificada, abuso de confiança e branqueamento de capitais - foge para o estrangeiro, perante a passividade da juíza titular do processo. Enquanto a inócua ministra da Justiça, fiel à sua imagem de marca, fala em «desconforto» .

Três magistradas, alegando pretextos vários, recusam julgar um perigoso gangue denominado Hells Angels.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras reteve mais de 3 milhões e meio de euros de fundos comunitários para acolher refugiados em Portugal, entre Janeiro e Setembro.

O Governo que tanto apregoa a «transição digital» remete o País para a cauda dos Estados comunitários em redes móveis de quinta geração: na União Europeia, só Portugal e Lituânia ainda não dispõem de serviços comerciais 5G. O ministro da Economia limita-se a exprimir «preocupação», como faria qualquer de nós.

Cento e cinco dias depois, continuamos sem saber a que velocidade seguia a viatura do ministro da Administração Interna que atropelou mortalmente o trabalhador Nuno Santos na A6, perto de Évora.

 

Eis, em poucas linhas, um retrato do País oficial.

Nada lisonjeiro. Mesmo nada.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 02.10.21

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Ivone Mendes da Silva: «Adriana ficará presa na sua idade de ouro, enquanto o detective que o pai da noiva americana contratara para seguir a noite de Gil se vê perdido em Versalhes, na Galeria dos Espelhos. É Paris mas podia ser Xangai. Quando o cinema não for um jogo de espelhos, mais vale ficar em casa.»

 

José Gomes André: «Se há coisa de que tenho pena é o cinismo que traz a idade. Tenho saudades do tempo em que acreditava que tudo era possível, que podia mudar o mundo, que não havia limites para o meu engenho e perseverança. Ganha-se em maturidade o que se perde em sonho.»

 

Leonor Barros: «Sessenta aninhos, meu rico menino [Sting].»

 

Luís M. Jorge: «A opinião está barata, como qualquer produto em mercados saturados, mas a esperança não. Talvez não possamos mudar a realidade, mas está ao nosso alcance mudar alguma coisa em nós. Podemos ser um pouco mais observadores, um pouco mais capazes, e tentar fazer coisas que ainda não fizemos.»

 

Rui Rocha: «Durante muito tempo, com Postiga e Djaló, o Sporting jogou com 9. Agora, jogar com 10 é uma bricandeira de crianças.»

Outras consequências da conquista de Lisboa

João Pedro Pimenta, 01.10.21

Ainda sobre as autárquicas, a conquista de Lisboa pela coligação liderada pelo PSD pode ter outras consequências a médio prazo. Dizia-se, aquando da apresentação de Carlos Moedas como candidato, que uma eventual vitória poderia ser um trunfo para Rui Rio mas também uma ameaça, já que o ex-comissário europeu seria então uma forte hipótese para a liderança do partido.

Julgo que esse cenário é improvável. Recém chegado à câmara, e com muito trabalho pela frente, Moedas não deve estar certamentea pensar em liderar o partido. É verdade que a presidência da CML é tida como um trampolim para voos maiores, com propriedade, tendo em conta os casos de Sampaio, Santana e Costa. Mas será ainda muito cedo para pensar em algo mais, até porque não faltam outros candidatos à liderança laranja. De resto, Rio marcou pontos com as suas escolhas certeiras, como Coimbra e Funchal, e, evidentemente, a capital.

É no outro partido do poder que este resultado pode ser mais determinante. Perdida de forma inesperada a governação Lisboa, o seu grande trunfo, Fernando Medina viu certamente esfumar-se qualquer veleidade a chefiar o PS no pós-António Costa. Isso abre ainda mais o caminho a Pedro Nuno Santos, que com a sua combatividade e o conhecimento (e controlo) do aparelho socialista, vê crescer amplamente as suas ambições a liderar o partido no futuro. 

Sucede que, a ser este o cenário, aliás provável. Pedro Nuno herdará um PS desgastado pelo poder e pelos inúmeros problemas com que se deparou, alguns por culpa própria. Além disso, representa uma ala mais esquerdista do partido. O sempre decisivo eleitorado de centro, talvez agora menos numeroso, não deixará de olhar para o PSD como alternativa óbvia. Rio ou qualquer outro líder do partido terá então uma boa oportunidade para ganhar o poder, ou pelo menos de ficar em primeiro, a reboque e por via indirecta da conquista de Lisboa.

 

Entre os mais comentados

Pedro Correia, 01.10.21

Em 22 destaques feitos pelo Sapo em Setembro, entre segunda e sexta-feira, para assinalar os dez blogues nesses dias mais comentados nesta plataforma, o DELITO DE OPINIÃO recebeu 21 menções ao longo do mês. 

Incluindo dois textos na primeira posição, quatro na segunda e cinco na terceira.

 

Os postais foram estes, por ordem cronológica:

 

Luzes, câmaras, acção: há um novo herói na política (26 comentários) 

A Lisboa de Medina (11) (46 comentários, o mais comentado do dia)

Felizmente há livros (22 comentários) 

A propósito de Paulo Rangel (47 comentários, terceiro mais comentado do dia)

Das vacinas aos vinhos passando pelos golos (32 comentários, segundo mais comentado do dia)  

Dez livros para comprar na Feira (20 comentários)

O dia mais longo (26 comentários)

Pensamento da semana (48 comentários, terceiro mais comentado do dia)   

Os mesmos (26 comentários) 

Do IMI em Braga à batalha de Waterloo (36 comentários, segundo mais comentado do dia)

A arte de resistir à sedução do poder (26 comentários)

Renotícias para caçar votos (74 comentários, segundo mais comentado do fim de semana) 

A Lisboa de Medina (16) (38 comentários, terceiro mais comentado do dia)

A Lisboa de Medina (17) (44 comentários, segundo mais comentado do dia)

A Lisboa de Medina (18) (28 comentários)

Ainda os insultos a Ferro Rodrigues (33 comentários)

Como dar xeque-mate ao lugar-comum (32 comentários, terceiro mais comentado do fim de semana) 

A Lisboa de Medina (22) (146 comentários, o mais comentado do dia)

O campeonato dos pequeninos (36 comentários)

Contas à moda do Porto (34 comentários)

Entre o Terreiro do Paço e São Bento (42 comentários, terceiro mais comentado do dia)

 

Com um total de 862 comentários nestes postais. Do JPT e de mim próprio.

Fica o agradecimento aos leitores que nos dão a honra de visitar e comentar.

Leituras

Pedro Correia, 01.10.21

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«Havia, sem dúvida, uma espécie de biombo entre facto e memória, deu-se conta disso, embora não fosse capaz de lhe dar um nome. Mas claro que era capaz, pensou segundos depois: o nome era instinto de conservação

Patricia Highsmith, Ripley Debaixo de Água (1991), p. 122

Ed. Relógio d'Água, 2017. Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues. Colecção Crime Imperfeito, n.º 45

A Capa Alquímica

jpt, 01.10.21

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A capa desta última "Sábado" é ordinária, abjecta. Remete para um texto da jornalista Maria Henrique Espada, que levou o algo desengraçado título "34 Histórias do Senhor 34% em Lisboa". Mas tem uma característica interessante, rara: tudo nela provém do texto mas não tem nada do que está no texto. Pois a capa transmuta os elementos que combina. É assim alquímica. E nisso demoníaca, pois apenas os desvirtua.

De facto, pode-se gostar ou desgostar do texto de Espada mas tem de se reconhecê-lo como curial. Trata-se de uma breve biografia do novo presidente da câmara lisboeta, num registo que é comum na imprensa e, julgo, de agrado dos leitores: isso de mesclar alguns detalhes da vida pessoal com o trajecto profissional e político daqueles que ascendem a posições de destaque. O trabalho assenta numa conversa com Moedas, já após as eleições, e em material de arquivo de imprensa, com ênfase em pretéritas declarações dele próprio. E se a abordagem de Espada é algo neutral, pois o texto não é um panegírico, nela até se detecta alguma simpatia para com o seu biografado. Ou, pelo menos, nem no explicitado nem num hipotético sub-texto se notam verrina ou alçapões para especulações avessas.

 

 

Uma questão maior

João Pedro Pimenta, 01.10.21

Já houve vários resumos às autárquicas, partidárias e locais, já se falou na vitória amarga do PS, na derrota doce do PSD, no esvaziamento da CDU, no CDS que se equilibra em arames, no Bloco que continua sem peso autárquico, nos razoáveis mas demasiado histéricos ganhos do Chega, no voto urbano da IL, no peso dos independentes, mas não vi nenhuma análise profunda aos nomes dos candidatos do Alentejo.

Permitam-me então felicitar, no Alandroal, Aranha Grilo (será entomólogo?), que bateu Saruga Matuto; Pena Sádio, de Estremoz; em Mora, 45 anos de presidência de PCP acabaram com o triunfo de Calado Chuço sobre Fortio Calhau; no Redondo, Fialho Galego soube fazer frente a Palma Grave e Rega Recto; em Vendas Novas, Hortelão Aldeias não logrou a reconquista; já na ducal Vila Viçosa, Ludovico Esperança ganhou a autarquia calipolense fazendo jus ao nome, para desconsolo de Canhoto Consolado e do desventurado Ventura Mila.

Mais para baixo, Mestre Bota mantém Almodôvar e Penedo Efigénio roubou Alvito a Feio Valério; Cuba é bem nacional quando Casaca Português não dá veleidades a Burrica Caniço; o histórico Pita Ameixa permanece em Ferreira do Alentejo e em Moura, apesar dos esforços de Ventura, Floreano Figueira não conseguiu destronar Pato Azedo e igual sorte tiveram André Linhas Rôxas e Fialho Acabado. Ao lado, em Serpa, Véstia Moisão, Efigénio Palma e Torrão Félix tiveram de se conformar com a vitória de Tomé Panazeite.
 
Mais a Norte, em Arronches, Ventura Crespo não deu hipóteses a Moacho Feiteira, Vicente Batuca e Amiguinho Cordeiro. Parabéns a Gonçalo Amanso Pataca Lagem, em Monforte, e lamente-se a derrota de Rosmaninho Bichardo em Nisa.
 
Mesmo não tendo o seu partido ganho a câmara, assistimos ao regresso autárquico do grande poeta elvense Chocolate Contradanças (que será feito de Borrega Burrica, de Campo Maior?). Lamentável a todos os títulos é o triste exemplo de Évora, que voltou a dar o triunfo, embora curto, a Carlos Pinto de Sá, em detrimento de Henrique Eva Sim-Sim e sobretudo de Raul Arromba da Silva Rasga.
 
Um abraço para o Alentejo, com desejos de felicidades aos novos (e velhos) autarcas.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 01.10.21

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Ivone Mendes da Silva: «Por razões que não vêm agora ao caso, estive, durante a tarde, a braços com a tragédia Alceste de Eurípides. Apresentada nas nas Dionísias Urbanas de 438 a.C., o seu plot é conhecido: por determinação dos deuses, o rei Admeto só poderá evitar a morte iminente se alguém se sacrificar em seu nome. Os pais, conquanto sejam idosos, recusam-se a abreviar o tempo de vida que lhes resta e só a mulher, Alceste, se dispõe a substituí-lo na morte. Héracles, a caminho do seu 8.º trabalho, é recebido por Admeto apesar do luto em que o palácio mergulhara. Para recompensar o rei pela obediência às leis da hospitalidade num momento tão difícil, traz Alceste da morte para o amor.»

 

Patrícia Reis: «Já li e reli estes onze contos. Na minha opinião há uma ligação entre eles, ténue, como um fio invisível e quase divino. As personagens são de uma construção forte e nada próxima do banal. Não há banalidade na literatura de Agualusa.»

 

Rui Rocha: «Os sucessivos buracos nas contas públicas, o apertão orçamental que aí vem e o contexto internacional pouco favorável, traçam um quadro negro para os próximos anos. Há tempos, António José Seguro perguntava, a propósito da situação da Madeira, quem paga a irresponsabilidade? É uma pergunta pertinente que, todavia, deve ser feita com âmbito mais geral: quem paga anos e anos de gestão vergonhosa do país e das contas públicas? Na verdade, trata-se de uma questão retórica. Já sabemos que quem paga somos nós. Os do costume.»

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