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Delito de Opinião

Maus costumes

Cristina Torrão, 31.01.21

Apesar de Portugal pertencer ao triste grupo dos cinco países mais afectados pela pandemia, o Ministro dos Negócios Estrangeiros apressou-se a criticar a decisão do governo alemão de interditar a entrada de cidadãos portugueses naquele país, mesmo sabendo que, nesta proibição, não estão incluídos os portugueses residentes na Alemanha, nem está em causa a circulação de mercadorias.

Um dia mais tarde (hoje), foi anunciado que a Alemanha vai enviar profissionais de saúde e equipamento médico para Portugal.

Os portugueses costumam ser muito lestos a criticar os outros. Será para esconderem melhor os seus defeitos?

Portugal não é um país de brandos costumes. É um país de maus costumes.

 

Nota: sei que é duro uma crítica deste género, em momento catastrófico. Mas seria bom que Portugal olhasse mais para dentro de si, uma capacidade que certamente teria ajudado a evitar chegar ao estado a que chegou.

 

Adenda: Sim, é verdade o que esta infecciologista diz. Na Alemanha, por exemplo, a variante inglesa entrou antes do Natal.

Bye Bye, Claxon

Maria Dulce Fernandes, 31.01.21

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Sábado à noite, era noite de Claxon.

Crime, mistério, sexo, muita acção, violência e um sem-número de alusões à nona arte da nossa juventude, esta fantástica série foi gravada em 35mm com pós-produção cinematográfica, provavelmente a pensar no grande ecrã, quando se ficou por 13 fantásticos episódios televisionados.

O país em 1991 ainda não estava preparado para este tipo de seriado dito de antologia.

António Cordeiro protagonizou o anti-herói Claxon, um detective desorganizado que se movimentava nas sombras da noite e nos meandros do submundo do crime na cidade corrupta. Nas suas quase sempre emocionais investigações, contava com a ajuda inestimável da sua secretária Ruby Tuesday (Margarida Reis) e do enciclopédico repórter Rick Planeta (Ricardo Carriço) que o traziam informado e focado nas averiguações.

Com dezenas de participações especiais, Claxon foi uma série fora de série e considerada uma das melhores ficções nacionais de todos os tempos.

António Cordeiro deixou-nos ontem, vítima de doença prolongada.

Até sempre, Claxon

 

Foto retirada do Google

O comentário da semana

Pedro Correia, 31.01.21

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«A incompetência dos quadros superiores da máquina administrativa do Estado está a vir ao de cima. Ele é no Ministério da Saúde, ele é na Segurança Social, ele é na Administração Interna, em todo o lado. Tudo ou quase tudo gente do PS, alcandorada a níveis para os quais não têm competência.

O caos das ambulâncias no Hospital de Santa Maria, é um bom exemplo da incompetência reinante: os responsáveis pelo encaminhamento de doentes demitiram-se das suas funções; as ambulâncias a chegarem àquele hospital sem qualquer triagem; os centros de saúde, preparados para atender urgências, fora do sistema; dezenas e dezenas de camas do hospital ocupadas com doentes com alta, impedindo internamentos de casos graves; enfim, o caos.

Mas a malta do INEM já estava toda vacinada, em três centros que criaram no país, para onde foram encaminhados, alguns percorrendo distâncias enormes, quando estavam a fazer falta nas suas bases.

Não é so corrupção, é sobretudo incompetência.»

 

Do nosso leitor Tiro ao Alvo. A propósito deste texto do Paulo Sousa.

Entre os mais comentados

Pedro Correia, 31.01.21

Em 20 destaques feitos pelo Sapo em Janeiro, entre segunda e sexta-feira, para assinalar os dez blogues nesses dias mais comentados nesta plataforma, o DELITO DE OPINIÃO recebeu 20 menções ao longo do mês, voltando assim a fazer o pleno. 

Incluindo seis textos na primeira posição, oito na segunda e seis na terceira.

 

Os postais foram estes, por ordem cronológica:

 

O boletim de voto das presidenciais (35 comentários, terceiro mais comentado do fim de semana) 

Pensamento da semana (105 comentários, terceiro mais comentado do dia)

12 anos e 41.533 postais depois (56 comentários, o mais comentado do dia)

Pacheco, Rio e o ódio a Passos (62 comentários, o mais comentado do dia) 

Presidenciais (1) (88 comentários, o mais comentado do dia)

Presidenciais (2) (76 comentários, o mais comentado do fim de semana)  

Presidenciais (4) (42 comentários, segundo mais comentado do dia)

Presidenciais (5) (36 comentários, segundo mais comentado do dia)  

Achismo lusitano (2) (42 comentários, segundo mais comentado do dia)   

Presidenciais (6) (62 comentários, segundo mais comentado do dia) 

Fiscalização a olhómetro (45 comentários, terceiro mais comentado do fim de semana) 

Presidenciais (8) (72 comentários, o mais comentado do dia) 

Dez meses, nove mil mortos (46 comentários, segundo mais comentado do dia)

Momento zen do dia (28 comentários, terceiro mais comentado do dia)

Presidenciais (10) (56 comentários, segundo mais comentado do dia)

Presidenciais (13) (44 comentários, segundo mais comentado do fim de semana)

Presidenciais (18) (34 comentários, terceiro mais comentado do dia)

Presidenciais (19) (46 comentários, segundo mais comentado do dia) 

A ética da responsabilidade (96 comentários, o mais comentado do dia)

Os negacionistas bolsonarescos (50 comentários, terceiro mais comentado do dia)

 

Com um total de 1121 comentários nestes postais. Da autoria do João Sousa, do JPT, da Maria Dulce Fernandes e de mim próprio.

Fica o agradecimento aos leitores que nos dão a honra de visitar e comentar.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 31.01.21

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António Eça de Queiroz: «Há palavras portuguesas (ou aportuguesadas) que me irritam de duplicidade, outras que me ofendem pela sua sonoridade, outras que me assinalam o seu utilizador como um perfeito cretino – e por aí fora. Não é certamente uma fatalidade nacional, mas é aqui que vivo e é aqui que as sinto activas, saltitantes, a rabear de boca em boca, de jornal em noticiário, de político em intelectual – seja lá o que esses alargadíssimos conceitos queiram abraçar. Existem duas que se diz possuírem um significado específico mas que têm outro muito mais adequado e compreensível. Fazem parte do léxico político, mas sujeitam-se a transvases popularicados pelo jornalismo enfatuado e desnutrido e pelos seus principais attachés de presse – os analistas profissionais.»

 

Rui Rocha: «O inquérito da Universidade do Minho é útil para prevenir acontecimentos idênticos no futuro. Infelizmente, chego à conclusão que deveriam ter sido solicitados mais dois estudos. Um sobre o sentido da responsabilidade política e outro sobre a exigência de rigor na coisa pública. Espero que, à falta destes dois instrumentos, não cheguemos a resultados completamente medíocres.»

 

Eu: «A tentativa permanente de amesquinhar os adversários, a necessidade imperiosa que sente de mostrar que ainda é um "animal feroz" (expressão que se lhe colou à pele e diz muito dele), a tentação contínua que revela de confundir as funções institucionais com as de comentador político, regressando aos tempos em que fez tirocínio para secretário-geral do PS num estúdio televisivo ao lado de Santana Lopes - eis características de Sócrates na Assembleia da República, sessão após sessão. Características que contribuem para degradar a qualidade do debate político em Portugal. E depois alguns destes políticos (a começar por ele) ainda se queixam de que os cidadãos andam indiferentes à política...»

Blogue da semana

Sérgio de Almeida Correia, 31.01.21

Escritora, poetisa, editora, tem uma escrita simples, directa e cristalina. Como convém a quem quer escrever bem.

Muitas vezes sinto-me próximo da sua sensibilidade e da forma como olha para as coisas.

E, depois, tem essa inquestionável vantagem de escrever em páginas com fundo branco, que tornam a sua escrita mais luminosa. E que muitos ainda não perceberam como facilitam a leitura, fazendo-a muito menos cansativa do que a registada em fundos escuros.

Se queriam mais uma razão para ficarem em casa, cumprindo responsavelmente as necessidades de confinamento impostas pela pandemia, então aproveitem para visitar a Maria do Rosário Pedreira, e na sua companhia percorrerem algumas Horas Extraordinárias, "as horas que passamos a ler".

Vale a pena ler (9)

Pedro Correia, 30.01.21

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«Causa-me alguma angústia pensar que muitos jovens não sabem o que foi o Holocausto nazi. Causa-me também igual angústia imaginar que um número ainda maior nem sabe o que foi a União Soviética, o que não é de estranhar tendo em conta os adeptos que esta ainda vai tendo, sobretudo em Portugal onde, neste campo, se tenta reescrever a História.»

Robinson Kanes, Não É que Não Houvesse...

 

«Foi difícil ler as últimas páginas deste livro [A Peste, de Albert Camus], foi doloroso perceber as conclusões e a maneira como foi encarado o fim daquela epidemia. Provavelmente por estarmos a viver toda esta situação, ficamos mais sensiveis a algo que noutro momento seria lido como pura ficção.»

I.M. Silva, Livros Que São Amigos

 

«Alguém fuma muito, e dentro de casa. O cheiro sobe pela ventilação, invade a casa de banho. Deve ser a vizinha do primeiro andar, que vive sozinha e nestes anos nunca largou um "bom dia" ou um sorriso. Nunca vi a vizinha do terceiro. Tem uma empregada interna com uma farda verde e azul turquesa. Que tem medo de andar de elevador, sobe as escadas carregada de compras. Nunca vi a vizinha, mas deve ser uma pessoa alegre. Ninguém sorumbático escolheria aquelas cores para uma vestimenta.»

Concha, Crónicas do Chão Salgado

Não é sobre vacinas

Paulo Sousa, 30.01.21

Todos os casos que têm acontecido à volta da administração das vacinas são exemplificativos de um fenómeno mais alargado a que podemos classificar por pequena corrupção.

O maior motor da pequena corrupção é a escassez. Arrisco-me a afirmar que a grande corrupção terá outros motivos.

A maior parte dos tráficos ilegais desenrola-se e floresce à volta da pobreza. Neste caso tratam-se de vacinas que estão a chegar a uma velocidade inferior às necessidades e às expectativas criadas, mas podíamos estar a falar de um contrato que viabilizará uma empresa em dificuldades, ou de um emprego que estabilizará as finanças de uma família. É fácil que a necessidade fale mais alto do que outras questões morais ou legais. O pequeno favor vindo do chefe de secção, do encarregado pelas compras, do decisor do concurso público, do fiscal, ou de outra figura que tem um ascendente circunstancial, pode acabar por ser a solução para os problemas imediatos. Quem está nessa posição tem consciência disso e é fácil que aceite o jogo que afinal o coloca numa posição de poder.

Se não houver nada para dar em troca, e não me refiro apenas a bens materiais, então fica-se devedor de uma obrigação. No futuro uma outra pequena prevaricação entrará a crédito na respectiva conta-corrente. E essa é afinal a palavra que usamos para agradecer, fico-lhe obrigado.

Esta é a lógica que explica a pequena corrupção. A pobreza ancestral do nosso país, somada à falta de expectativas de crescimento económico (no século XX só houve crescimento económico efectivo nos anos 60 e na segunda metade dos anos 80 e 90) explica, e resulta, da colonização do estado por gente que quer fazer pela vida. As alternativas são escassas e a famosa mão invisível impele os indivíduos a maximizar o seu bem estar. A sobre-dimensão do estado, com a sua teia de esquemas de esquinas arredondadas, resulta e promove a estagnação. É um ciclo que se auto-alimenta.

O que está a acontecer devido à falta de vacinas é rigorosamente o mesmo que acontece com a riqueza do país. Como o bolo é pequeno, todos lutam por migalhas. Se o bolo fosse maior, todos poderiam ambicionar por mais. Daí a necessidade do crescimento económico que, já vimos, não se resolve por decreto, mas sim e apenas se houver condições para atrair investidores. Com a nossa estrutura etária, não será possível financiar um SNS sem crescimento económico. Também por isso, é necessária uma abordagem diferente.

Crescimento económico, acompanhado por uma educação ministrada pelo exemplo de quem exerce cargos públicos, levar-nos-ia a um patamar superior de salubridade social, mas para isso precisamos de uma mudança, não só de políticas, mas de pessoas. Fernão Lopes, nas suas crónicas da crise de 1383-85, refere-se ao levantar de uma “nova geração”. É disso que precisamos. É necessário atrair para a política gente da sociedade civil, desligada do pântano em que nos encontramos.

O contexto

João Sousa, 30.01.21

O jornal Sol publicou isto na primeira página de hoje:

sócrates censura ou elogio

O que temos aqui é um dos mais óbvios exemplos do problema de titular entrevistas com frases fora do contexto: José Sócrates disse aquilo como censura - ou como elogio? Assim pendurada no ar, a frase até parece sugerir a primeira hipótese. Contudo, conhecendo nós o historial de Sócrates como o conhecemos, só é possível interpretá-la como um arrebatado elogio.

(Agora a sério: se é de uma enorme cara-de-pau Sócrates criticar, com tal argumento, este PS que o renegou quando caiu nas redes da Justiça, também foi de uma enorme cara-de-pau a demarcação por este PS que "nunca viu nada" nos anos em que o aclamava.)

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 30.01.21

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Ana Sofia Couto: «Ninguém foi impedido de votar. Os eleitores não tiveram pachorra para esperar. João Soares, no programa "A Torto e a Direito", ontem à noite.»

 

Ana Vidal: «Ao jornalista da SIC N que pergunta ao mui douto Rui Santos se "acha normal uma atitude tão irritada de Jesus", em vez do interminável arrazoado do filósofo do esférico - que o deixou exausto e baralhado - respondo eu, de uma maneira muito mais simples: Claro que sim, homem! Já não se lembra do que aconteceu com os vendilhões do Templo?»

 

Fernando Sousa: «Allende suicidou-se, e pronto. Qualquer que seja o resultado das investigações do juiz Mario Corrazo, nada alterará isso. Primeiro pelo peso das declarações da única testemunha da morte, um dos seus médicos pessoais, segundo porque as verdades que acompanham os mitos são, por natureza, indestrutíveis, terceiro porque, mesmo que se provasse que fora morto pelos prussianos que assaltaram La Moneda, a justiça chilena, demasiado pútrida, jamais encontraria os culpados, se os encontrasse nunca os processaria, se os processasse nunca os julgaria, se os julgasse nunca condenaria, e se os condenasse eles jamais cumpririam qualquer pena. Estamos portanto perante um caso encerrado antes de aberto – aliás aberto só por o nome do antigo Presidente constar na lista dos mais de 700 casos nunca investigados.»

 

João Campos: «Já que Vital Moreira dá o mote, continuemos. Pergunta o eurodeputado, e bem, para que serve a inutilidade do número de eleitor hoje em dia; e eu pergunto, se me permitem: para que serve o número de contribuinte, o número de utente e o número da segurança social hoje em dia, se um único número, o de identificação (o do BI) seria suficiente por ser, enfim, único? É que ao contrário do que pensam muitas cabeças socráticas e simplexes, fazer um cartão que agrega cinco (quatro?) números diferentes não reduz a burocracia - apenas acrescenta mais uma camada de burocracia, a tal da simplificação (palmas para a ironia).»

 

João Carvalho: «As reportagens (da SIC e não só) no aeroporto da nossa capital a quem regressa apressada e assustadamente do Egipto incluem uma pergunta que parece ter-se tornado obrigatória: "O que é que sente agora em Lisboa?" A pergunta, insistente à exaustão, é tão inteligente que me cai o queixo de espanto.»

 

Paulo Gorjão: «Dois meses depois das eleições de 28 de Novembro, mais do que fazer prevalecer os resultados das eleições na Costa do Marfim, uma e outra procuram evitar que a crise não as contamine, abrindo fissuras difíceis de sarar. Quem diria, em retrospectiva, que a retórica e as posições públicas assumidas nos primeiros dias de Dezembro, dariam lugar no final de Janeiro a um exercício de controlo de danos muito para além da situação na Costa do Marfim. A realpolitik africana a isso obriga.»

 

Rui Rocha: «Decorreu hoje a Comissão Nacional do PS. Entre outros assuntos, foram analisadas as consequências das eleições presidenciais. O porta-voz Fernando Medina esclareceu os portugueses nos seguintes termos:

Fernando Medina 1 - o PS viu na vitória de Cavaco "a leitura de que há um forte sentimento de estabilidade política na sociedade portuguesa", que é também um desejo de estabilidade política ao nível do Governo".

Fernando Medina 2 -  A derrota de Alegre não pode ser entendida como uma derrota do PS, porque "são eleições unipessoais" e "qualquer leitura de extrapolação para eleições legislativas é abusiva".»

Confreiras e confrades

Sérgio de Almeida Correia, 29.01.21

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Cumprindo uma tradição que já leva décadas, a Confraria dos Enófilos de Macau realizou o seu jantar anual nas vetustas e sempre acolhedoras instalações da Residência Consular, que foram as do Hotel Bela Vista, ali paredes-meias com a Fortaleza do Bom Parto, outrora debruçada sobre a que foi a belíssima Baía da Praia Grande.

Este ano, devido à pandemia, sem a participação da Hong Kong Wine Society, foi num acolhedor fim de tarde que o Grão-Mestre dirigiu a cerimónia de entronização dos novos confrades que juraram “divulgar os valores da cultura da vinha e do vinho, em Macau e no resto do mundo”, consumindo-o “com constância e moderação” para alcançarem sucesso “em tão nobre tarefa”.

Como habitualmente, a refeição foi acompanhada por vinhos portugueses – Espumante Soalheiro Alvarinho, Minho, 2018, Vinha do Monte Branco, Alentejo, 2017 e Quinta de S. José Tinto, Douro, 2017, para a recepção; Casal de Santa Maria, Mar de Rosas,  Colares, 2019, Pera Manca Branco, Alentejo, 2017, e Papa Figos Tinto, Douro, 2017, para o jantar; e Sandeman Port Old Tawny 10 anos, Graham’s Port Old Tawny 20 anos, Warre’s Vintage Port 2016, Pintas Vintage Port 2011, Warre’s Vintage Port 2000 e Moscatel de Setúbal 1996, para o final – sendo precedida por uma prova cega, na qual participaram cerca de quatro dezenas de enófilos.

A prova foi dedicada em exclusivo a tintos produzidos no Douro, tendo sido seleccionado um lote de oito preciosidades.

Para quem se interessa por estas mundanidades deixo aqui o resultado a que se chegou:

  1. Xisto, 2015;
  2. Quinta da Romaneira, Touriga Franca, Vinhas Velhas, 2017;
  3. Quinta das Murças, Reserva, 2015;
  4. Quinta da Gaivosa, 2015;
  5. CARM CM, 2013;
  6. Chryseia, 2015;
  7. Quinta do Monte Xisto, 2016;
  8. 100 Hectares, Vinha Velha Gold Edition, 2015.

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«É a pior situação que vivemos»

Pedro Correia, 29.01.21

 

«A versão inglesa do vírus surgiu e propagou-se vertiginosamente, abarcando mais de 50% dos casos em áreas como a Grande Lisboa.»

 

«O número de mortes cresce a um ritmo há meses inimaginável. E, com ele, cresce a perigosa insensibillidade à vida e à morte.»

 

«É preciso agir depressa e drasticamente.»

 

«Temos de estar preparados para confinamento e ensino à distância mais duradouros do que se pensava antes desta escalada.»

 

«Temos de, na medida do necessário, usar o controlo de fronteiras à entrada e à saída.»

 

«Não vale a pena esconder a realidade, fazer de conta, iludir a situação. Porque esta situação é mesmo a pior que vivemos desde Março do ano passado.»

 

Marcelo Rebelo de Sousa, em mensagem ao País, ontem à hora do jantar

 

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 29.01.21

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Ana Vidal: «Não é a primeira nem a centésima vez - e não será certamente a última - que ouço quantificar a área de qualquer coisa em estádios de futebol. Acabo de saber, por um solícito repórter da SIC N, que o novo hospital de Braga terá o tamanho de treze estádios de futebol. Ainda não estou bem familiarizada com esta nova unidade de medida nacional, mas presumo que isto queira dizer "grande".»

 

Paulo Gorjão: «Hoje ficámos a saber que Augusto Santos Silva "teve a honra e o orgulho de trabalhar" com Aníbal Cavaco Silva. Mais. Ficámos igualmente a saber que "o Governo sempre teve as melhores relações" com o Presidente da República. Perante tal descrição idílica -- o leitor por esta altura já deve estar a escutar o chilrear dos passarinhos e lá ao fundo o som de uma cascata --, confesso que não percebo as preocupações expressas recentemente pelo mesmo Augusto Santos Silva, apontando claramente para um Presidente com quem seguramente não seria um orgulho trabalhar e com quem não se teria as melhores relações. Até a hipocrisia deve ser exercida com limites. Se outra razão não existisse, por motivos de eficácia.»

 

Rui Rocha: «Manuel Salgado, vereador do urbanismo de Lisboa, fez o mundo saber que o Qatar manifestou "receptividade positiva" à compra de terrenos em Lisboa proposta pela edilidade de que António Costa é Presidente. Menos mal. Imagine-se que a receptividade tinha sido negativa ou, por absurdo, neutra. De uma carga de trabalhos já ninguém nos livrava.»

 

Teresa Ribeiro: «- Diz que foi morte imediata.

- Antes assim, coitado.

- Desde que soube, ontem à noite, que ele não me sai da cabeça.

- Também. Nem dormi como deve ser.

- Afinal, pelas minhas contas, convivemos diariamente durante mais de dez anos.

- Tinha família?

- Acho que sim, um ou dois filhos.

- Por acaso tinha ideia de que vivia sozinho.

- Pois, acho que sim. Acho que estava separado.

- Coitado.

- Não consigo olhar para aquela secretária vazia.

- Nem eu.»

 

Eu: «Há poucos dias, Jimmy Carter festejou uma efeméride muito pessoal: tornou-se o segundo ex-presidente dos Estados Unidos com maior longevidade desde que cessou funções na Casa Branca. Foi a 20 de Janeiro de 1981 que o democrata Carter passou o testemunho ao republicano Ronald Reagan, tornando-se naquilo que vários analistas, não sem ironia, o vêm classificando nos anos mais recentes: o melhor ex-presidente norte-americano de sempre – um título de algum modo confirmado pela atribuição, em 2002, do Prémio Nobel da Paz devido às suas acções de cariz humanitário em alguns dos mais atribulados cenários do globo.»

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