Ana Sofia Couto: «Ninguém foi impedido de votar. Os eleitores não tiveram pachorra para esperar. João Soares, no programa "A Torto e a Direito", ontem à noite.»
Ana Vidal: «Ao jornalista da SIC N que pergunta ao mui douto Rui Santos se "acha normal uma atitude tão irritada de Jesus", em vez do interminável arrazoado do filósofo do esférico - que o deixou exausto e baralhado - respondo eu, de uma maneira muito mais simples: Claro que sim, homem! Já não se lembra do que aconteceu com os vendilhões do Templo?»
Fernando Sousa: «Allende suicidou-se, e pronto. Qualquer que seja o resultado das investigações do juiz Mario Corrazo, nada alterará isso. Primeiro pelo peso das declarações da única testemunha da morte, um dos seus médicos pessoais, segundo porque as verdades que acompanham os mitos são, por natureza, indestrutíveis, terceiro porque, mesmo que se provasse que fora morto pelos prussianos que assaltaram La Moneda, a justiça chilena, demasiado pútrida, jamais encontraria os culpados, se os encontrasse nunca os processaria, se os processasse nunca os julgaria, se os julgasse nunca condenaria, e se os condenasse eles jamais cumpririam qualquer pena. Estamos portanto perante um caso encerrado antes de aberto – aliás aberto só por o nome do antigo Presidente constar na lista dos mais de 700 casos nunca investigados.»
João Campos: «Já que Vital Moreira dá o mote, continuemos. Pergunta o eurodeputado, e bem, para que serve a inutilidade do número de eleitor hoje em dia; e eu pergunto, se me permitem: para que serve o número de contribuinte, o número de utente e o número da segurança social hoje em dia, se um único número, o de identificação (o do BI) seria suficiente por ser, enfim, único? É que ao contrário do que pensam muitas cabeças socráticas e simplexes, fazer um cartão que agrega cinco (quatro?) números diferentes não reduz a burocracia - apenas acrescenta mais uma camada de burocracia, a tal da simplificação (palmas para a ironia).»
João Carvalho: «As reportagens (da SIC e não só) no aeroporto da nossa capital a quem regressa apressada e assustadamente do Egipto incluem uma pergunta que parece ter-se tornado obrigatória: "O que é que sente agora em Lisboa?" A pergunta, insistente à exaustão, é tão inteligente que me cai o queixo de espanto.»
Paulo Gorjão: «Dois meses depois das eleições de 28 de Novembro, mais do que fazer prevalecer os resultados das eleições na Costa do Marfim, uma e outra procuram evitar que a crise não as contamine, abrindo fissuras difíceis de sarar. Quem diria, em retrospectiva, que a retórica e as posições públicas assumidas nos primeiros dias de Dezembro, dariam lugar no final de Janeiro a um exercício de controlo de danos muito para além da situação na Costa do Marfim. A realpolitik africana a isso obriga.»
Rui Rocha: «Decorreu hoje a Comissão Nacional do PS. Entre outros assuntos, foram analisadas as consequências das eleições presidenciais. O porta-voz Fernando Medina esclareceu os portugueses nos seguintes termos:
Fernando Medina 1 - o PS viu na vitória de Cavaco "a leitura de que há um forte sentimento de estabilidade política na sociedade portuguesa", que é também um desejo de estabilidade política ao nível do Governo".
Fernando Medina 2 - A derrota de Alegre não pode ser entendida como uma derrota do PS, porque "são eleições unipessoais" e "qualquer leitura de extrapolação para eleições legislativas é abusiva".»