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«Cronos, filho de Urano (Céu) e de Gaia (Terra), era casado com a irmã, Reia. Teve seis filhos (Zeus, Hades, Poseidon, Hera, Héstia e Deméter). Temia uma profecia que prenunciava que lhe seria tirado o poder por um dos seus filhos. Decidiu matá-los e devorá-los. Mas Reia conseguiu salvar Zeus, e este, já crescido, com a ajuda dos titãs, fez Cronos vomitar os irmãos.
A propósito das viagens nos anos setenta serem só para ricos, ocorre-me o velho truismo, mais ou menos intemporal, que diz que "só viaja quem é rico". Exageros à parte (não é necessário ser-se rico para viajar), à época, isto era muito mais verdade do que hoje. Sendo que os pobres, obviamente, não viajam. Contudo há sempre circunstâncias mais ou menos favoráveis, independentemente da condição social, que propiciam alguns prazeres e até devaneios que à partida não são as nossas prioridades: eu passei a viajar muito a partir dos dezasseis anos (com autorização escrita, devidamente assinada pelos meus pais e reconhecida notarialmente) porque tinha um amigo, filho único, que não era rico, mas o pai era um industrial relativamente bem-sucedido, culto, tal como a mãe, e muito felizes da vida. Ele já era maior de idade, tinha automóvel, e fazia questão que eu o acompanhasse em viagens por essa Europa fora durante as férias de Verão. Ficávamos sempre em parques de campismo - mesmo nas grandes cidades -, não só para facilitar a socialização mas também para poupar. Apesar de tudo o dinheiro não é elástico.
Recordo-me de acampar em Monte Carlo - onde até o campismo era diferenciado (como é costume dizer em gestionês) e testemunhar uma das mais hilariantes tradições/rituais/adições de que tenho memória: uma parte bastante considerável dos 'pés descalços', que não aparentavam outra coisa senão o que realmente eram, quando caía a noite, passada uma hora ou duas após o jantar, aperaltavam-se, eles com smoking e laço ou gravata preta, elas com vestidos de noite, e iam felizes da vida gastar o pouco que tinham (mera presunção minha) durante a noite no chiquérrimo casino do principado.
Além disso, por feliz acaso, passei a ir muitas vezes a Paris, de comboio - onde passei muitos e inesquecíveis meses -, porque lá vivia, por razões profissionais, uma das minhas irmãs. Nessa altura também vagueei muito pelo norte de África. Mas viajar para outros continentes não era muito comum. Nos tempos que correm viaja-se para todos os continentes com enorme facilidade. E os jovens universitários fazem Erasmus onde querem.
Eu sei que é preciso ter alguma sorte, mas, como vêem, não é necessário ser rico.»
Do nosso leitor JM. A propósito deste texto da Maria Dulce Fernandes.
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«O impacto advém sobretudo da existência da foto, que corporaliza o número, e da "orgiástica" (bem escolhido o termo) publicidade alocada, por parte da empresa espanhola que se dedica a este tipo de eventos. Sem a imagem e sem o comentário que lhe subjaz, o assunto teria passado bem mais despercebido.
Um ponto que pode ajudar a fazer compreender a situação: não era suposto numa época normal haver lá uma manada tão numerosa. Foram várias as "caçadas" anuladas durante o ano à conta do Covid, o que resultou numa superpopulação da coutada.
Haveria outras alternativas a este extermínio? É certo que o plano de impacto ambiental da futura central fotovoltaica a instalar naqueles terrenos prevê a transferência dos animais para um cercado próximo. Mas provavelmente o cálculo foi feito a um número muito mais reduzido. E penso que é o que irá acontecer com os espécimes que sobreviveram à "acção de controlo".
Foram respeitados os procedimentos? Como de costume, já começamos a assistir ao típico lava-mãos: "Nós não fomos avisados", "Nós não sabíamos de nada". Ainda se vai descobrir que a culpa, afinal, é dos ucranianos.
As pessoas comovem-se e indignam-se? Claro que sim, sobretudo aquelas que numa ingenuidade alucinada acreditam que a sede de violência e o prazer de matar no ser humano são um distúrbio, ou no mínimo um instinto facilmente sublimável.
E daqui a um mês já todos sorrirão ao ver o ar deliciado com que o canídeo ou o bichano lá de casa consome aquela refeição gourmet elaborada à base de carne de caça...»
Do nosso leitor Sampy. A propósito deste texto do JPT.