Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 04.08.20

21523202_SMAuI.jpeg

 

João Campos: «Ontem, quando fui comprar cigarros a um café perto de minha casa, deparei com um velhote com os seus setenta anos, concentrado na leitura de uma tradução portuguesa do Mein Kampf

 

Pinho Cardão: «Projectando quadros macroeconómicos normalmente delirantes, a servirem a propaganda do Governo e que, nunca se confirmando, conduziram a medidas de política erradas, o Ministério das Finanças tem constituído um dos maiores passivos da governação socialista. Basta consultar os cenários constantes dos Orçamentos de Estado dos últimos seis anos e a realidade para confirmar os desvios grosseiros e a desvergonha a que se chegou.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «O problema, olhando para Cunha Rodrigues, para o senhor que lhe sucedeu e cujo nome lamentavelmente não me ocorre, e para o actual titular do cargo, não é de homens. Não é de nomes. Todos eles são excelentes pessoas e magistrados qualificadíssimos. Mas olhe-se para o sindicato, para os seus sindicalistas militantes, analisem-se as suas declarações públicas (basta ir ao respectivo site) e perceber-se-á o resto da história. O porquê das declarações. O problema é apenas de estatuto, de organização e de mentalidade. Tão simples quanto isso.»

O exclusivo da cassete

Cristina Torrão, 03.08.20

A silly season está a ser abalada por uma polémica da vida política nacional. O Partido Comunista mostrou-se muito incomodado por o líder do “chega chega a minha agulha” lhe ter roubado o exclusivo da cassete.

«Não há direito», lamentou um porta-voz do partido. «Detemos este exclusivo há quarenta e seis anos e tudo faremos para impedir que outros se apropriem dele. Ainda para mais, sendo eles detentores de uma agulha. Que usem um disco! A luta continua!»

Pelo seu lado, o líder do “chega chega a minha agulha”, cada vez mais gordinho (um regalo de menino que orgulharia qualquer mamã) declarou não ter paciência para a ladainha daquela minoria. Entre duas colheradas de Cerelac, afiançou: «As cassetes são livres. E já reparou neste meu talento para criar slogans? Seria um desperdício. Apesar de a minha minoria ser mais minoritária do que a minoria comunista, ninguém me impedirá de usar a minha cassete, era o que mais faltava!» A fim de reforçar esta sua convicção, logo fez uso de uma das máximas já gravadas: «É que eu sou politicamente incorrecto!»

 

Cassete.jpg

 

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 03.08.20

21523202_SMAuI.jpeg

 

Ana Vidal: «Corra a alugar uma Vespa por oito dias e dilua-se sem medos no alegre e turbulento enxame que invade todas as cidades, estradas e praias. Não há melhor transporte para se passear em Itália, acredite: é barato, prático e divertido, além de dar-lhe uma mobilidade e uma liberdade ímpares. Se acha a experiência radical de mais, alugue um carro (não maior do que um Smart, de preferência, por questões de estacionamento) ou use os transportes públicos. Ficará limitado aos horários, obviamente, mas a oferta é grande e funcionam bem. Depois... bem, depois entregue-se ao prazer de explorar cada centímetro de uma costa de beleza indescritível, cada cidade ou aldeia, cada esquina, cada recanto menos conhecido. Mesmo nas terrinhas que não constam dos roteiros turísticos há sempre uma casa bonita, um ângulo diferente da costa, uma esplanada ou um restaurantezinho onde vale a pena parar.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Aproveitei para olhar à minha volta e dar um primeiro mergulho nas águas quentes e cristalinas da baía. Com 27º C, dentro e fora da água, apenas com uma ligeira brisa, a coisa prometia. Quando à noite me deitei, iluminado pelo luar prateado, tendo a meus pés a violenta sinfonia provocada pelas ondas e os acordes distantes da “Rainha Estrela” de Tito Paris, dei comigo a pensar na sorte que Deus me deu. Se a ASAE existisse naquele lugar a praia teria sido encerrada. O barulho semelhante ao ribombar de um trovão provocado de cada vez que as ondas se esmagavam na praia e contra as rochas seguramente que excedia os limites aceitáveis da lei do ruído.»

 

Eu: «Trabalhei diariamente com ele no DN durante sete anos, entre 1997 e 2004, e guardo do Mário [Bettencourt Resendes] a melhor das recordações como director. Mantinha a porta do gabinete aberta, em comunicação permanente com a redacção, e nunca regateava uma palavra de incentivo e estímulo a todos no jornal, particularmente aos jornalistas mais jovens. Gabava-se - e com razão - de ter um raro instinto para descobrir talentos e percebia como poucos a importância da motivação nas empresas jornalísticas modernas embora jamais se esquecesse de recomendar aos recém-chegados que não basta a competência técnica: é igualmente necessária a qualidade humana.»

Blogue da semana

Sérgio de Almeida Correia, 03.08.20

Tenho dúvidas que corresponda ao estereótipo dos blogues a que estamos habituados. De qualquer modo, o que hoje escolhi é classificado como blogue e tem uma média de cinco publicações por dia, apresentando características muito específicas. Pareceu-me oportuno referi-lo e aqui trazê-lo numa altura em que a situação em Hong Kong é cada vez mais incerta. A covid-19 tem servido para justificar muita coisa, mais do que aquelas que a própria doença consegue explicar, e a última que descobriram foi o adiamento das eleições legislativas que estavam agendadas para 6 de Setembro. Tal como no tempo da outra senhora, em Portugal, era necessário ler o que as fontes não alinhadas com o regime escreviam para se poder comparar com o que era debitado pelos megafones oficiais e oficiosos, e assim se ter uma aproximação à verdade, o mesmo continua a acontecer hoje nas sociedades dominadas por regimes autoritários e totalitários. E dado que a informação nunca fez mal a ninguém, o Hong Kong Free Press (HKFP) é a minha escolha desta semana. Para ir acompanhando nos próximos tempos.

O comentário da semana

Pedro Correia, 02.08.20

«Depositar uma dezena ou mais de livros sobre uma mesa, e elaborar sobre eles como leitura da semana, não é coisa que mereça, creio, especial credibilidade. Desde logo considerando um mundo de pessoas normais e considerando-nos parte delas: pessoas que trabalham e/ou estudam (e terão possivelmente documentação profissional ou académica a ler), que se deslocam (por vezes penosamente), fazem compras, convivem e necessitam, ainda que não podendo ser as oito "de lei", de um aceitável punhado de horas de sono diário e contínuo.

Mas ainda assim um tipo comum - isto é: um contribuinte, na gíria administrativa portuguesa - há-de conseguir, querendo (querendo; sentido-lhe a falta, uma bizarria para muito boa gente) e podendo (isto é, sobrando-lhe para isso, depois de consumar esse seu estatuto administrativo), ter em mãos, com verdadeiro proveito, mais do que um livro em simultâneo. Não vejo, desde logo, por que se não poderá conciliar a leitura simultânea (digamos paralela) de uma obra de ficção e outra que o não seja. Não afasto isso sem mais e taxativamente.

Em todo o caso, quem dera se tivesse um só e como hábito regular. Teríamos provavelmente outro país, ligeiramente diferente. Para melhor.»

 

Do nosso leitor Costa. A propósito deste meu postal.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 02.08.20

21523202_SMAuI.jpeg

 

Ana Vidal: «Não saberia explicar-vos porque me sossega tanto a confirmação de um desassossego assumido e irremediável. Mas é exactamente isso que acontece, ao reconhecer-me neste livro como se ele fosse um espelho. Não resisto a incluir pequenas citações dele nas crónicas que se seguirem. Se é verdade que o mundo vai resistindo sempre às nossas tentativas de traduzi-lo em palavras, não o é menos que toda a viagem é uma possível aproximação da compreensão desse mundo. Tentar, tentar sempre, é o que nos cabe.»

 

João Carvalho: «Anunciado o fim dos chumbos dos alunos, afinal vai-se ver e não é bem dos alunos, também não é bem dos chumbos e nem sequer é bem o fim. Até porque ainda é só o princípio. Portanto — reconheço agora — enganei-me. Não por ter avaliado mal a ministra. Não. Apenas me faltava um dado importante: estamos perante o governo dos Mendonças. Está explicado.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Há coisas que não deviam acontecer. Uma delas é ter um voo marcado para as 10:00, vê-lo reagendado para as 06:45, e no fim sair às 10:10 sem que um tipo chegue a perceber por que razão o fizeram saltar da cama às 03:30. Tirando esse pormenor, enquanto se espera vai-se imaginando como será o mar na baía de S. Pedro. Apreciam-se os rostos que nos começam a cercar e as expressões e os sorrisos a que não estamos habituados. Logo na Portela percebi que esta deslocação seria bem mais do que um breve período de descanso. O enorme pássaro elevou-se, rumou a sul e a leitura do Público também ficou para trás. Não é preciso sair de Portugal para se viajar na língua, mas sem se sair do rectângulo nunca se perceberá a dimensão da lusofonia.»

 

Eu: «O realismo social costuma funcionar com personagens-tipo - figuras modelares num determinado contexto histórico e político mas em regra destituídas de espessura psicológica. O que John Ford consegue nesta sua magnífica adaptação a cinema do romance mais célebre de John Steinbeck é inverter esse estereótipo: As Vinhas da Ira oferece-nos uma galeria riquíssima de personagens, bem demonstrativas de um período dramático da história dos Estados Unidos, sem deixar de ser, simultaneamente, um poderoso libelo contra a injustiça social.»

Conversas em família (1)

Maria Dulce Fernandes, 01.08.20

21871871_1bRDS.jpeg

 

Primeiro veio a desilusão. A ideia acalentada da piscina na cozinha não era de todo exequível e fora substituída por dois borrifadores meios de água. Acatou e adaptou-se, com aquele dom tão cândido que os pequenos possuem, para lidar com as questões existenciais. Borrifo, portanto existo, é quase tão bom como chapinho, portanto existo, e ainda posso dar uma abada na avó.


E foi assim que começaram as hostilidades ao som do jingle do Intermarché. Entre risos, borrifos e escorregadelas passámos vinte minutos deliciosos e acabámos que nem uns pintos, cansadas mas satisfeitas. Roupa enxuta, waffles com agave e uma caneca de leite, bem enroscada e com um sorriso de orelha a orelha, pediu-me para ir buscar a lata velha e lhe contar as histórias dos retratos, principalmente aqueles em que eu estou em bebé ou criança novinha. Calculo-lhe o espanto e a confusão e sorrio, tentando explicar cada foto o mais descomplicado possível, de modo que lhe seja possível entender a evolução que resultou na pessoa  que ela conhece desde sempre, mas não se produziu do éter na forma em que hoje se apresenta. A avó, como todas as pessoas que conheces, já foi bebé. Mais pequenas do que o mano? Muitas delas sim! Ri-se divertida à ideia de eu, o avô, a mãe e o pai termos usado fraldas. Antigamente eram de pano. De pano!? Sim, fechavam-se à altura da barriga com alfinetes de ama e usavam-se com uma cuequinha de plástico por cima para conter os molhados. E depois, jogavam-se fora, os panos? Não! Sabes o que quer dizer descartável? É que se pode deitar fora? É isso mesmo. Mas antigamente não havia descartáveis. As garrafas devolviam-se, as latas lavavam-se e davam-se ao funileiro. Não havia sacos de plástico, por exemplo, a avó velhinha ia às compras com uma alcofa. De bebé? Não neta, de palha. Era a alcofa de ir à praça.


Tínhamos frigorífico, fogão, esquentador, televisão, telefone e aquecedores a gás. E mais nada.
Nada de máquinas de lavar, secar, microondas, computadores, tablets, telefones… sei lá.


Olha as fraldas, por exemplo, eram lavadas num tanque com sabão azul e branco ou sabão Clarim, que é meio amarelado. O que é um tanque? É para peixes? Também há tanques para peixes, mas estes eram tanques da roupa. Todas as casas tinham um tanque de cimento para lavar à mão, isto muito antes das máquinas de lavar. Enchia-se com água, punha-se lá a roupa, ensaboava-se e esfregava-se na “tábua" que neste caso era de pedra. E porque é que nas casas já não há tanques? Porque deixaram de ser funcionais e eram muito grandes e pesados.


Sabes, avó, tenho pena que já não tenhas um tanque em casa. Punha-se na cozinha, enchia-se com água e fazíamos uma mini-piscina. Havia de ser muito giro, havia.

 

Imagem do Google

Vítor Melícias: «Milito na sardinha assada»

Quem fala assim... (7)

Pedro Correia, 01.08.20

ng3290701.jpg

«Uma mulher bonita é um dom de Deus que devemos louvar»

 

O sacerdote franciscano respondeu com bonomia e uma gentileza não isenta de algum formalismo inicial. Mas foi-se soltando, em tom risonho, à medida que a conversa prosseguia. Revelando inegável mestria na arte de fintar as entrelinhas. 

 

Tem medo de quê?

Tenho medo de ter medo.

Gostaria de viver num hotel?

Não gostaria nada. Mas num convento sim.

A sua bebida preferida?

É água. Mas também gosto de vinho.

Branco ou tinto?

Sobretudo tinto.

Tem alguma pedra no sapato?

Que me recorde, não tenho nenhuma. Aliás faço sempre questão por não ter. Até por esse motivo prefiro usar sandálias.

Que número calça?

Não sei.

Que livro anda a ler?

Ando a ler sempre tantos ao mesmo tempo que não consigo mencionar nenhum em particular.

Existe algum livro que mantenha sempre à cabeceira?

Pelo menos dois: a Santa Bíblia e o de São Francisco de Assis.

A sua personagem de ficção favorita?

De ficção, não sei. A minha personagem histórica favorita é Amílcar Barca, aquele general cartaginês que atravessou os Alpes montado num elefante.

Rir é o melhor remédio?

É. Um remédio absolutamente recomendado contra todas as doenças. E também funciona muito bem para as prevenir.

Lembra-se da última vez em que chorou?

Lembro. Foi num funeral de uma pessoa de família. Aliás, emociono-me com frequência. Emociono-me com o sofrimento humano, com situações de pobreza extrema.

Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?

Gosto mais de conduzir.

É bom transgredir os limites?

Não é nada bom. Mas às vezes...

Qual é o seu prato favorito?

Pertenço à facção militante da sardinha assada e do bacalhau cozido com batatas.

Qual é o pecado capital que pratica com mais frequência?

Já não me lembro bem quais são os pecados capitais. Se calhar é a parvoíce. Às vezes sou parvo quando não devia.

A sua cor favorita?

Verde.

No futebol também?

Claro. Sou membro do Conselho Leonino! [Órgão entretanto extinto no Sporting.]

Costuma cantar no duche?

Sim, todos os dias.

E a música da sua vida?

Gosto de tantas... Pode ser aquela que diz: «Se fores a São Francisco não te esqueças de levar umas flores no teu cabelo.»

Sugere alguma alteração ao hino nacional?

Sou daqueles que preferiam que o hino nacional não falasse em guerra nem mencionasse a existência de canhões. Preferia um hino que transmitisse uma mensagem de convivência fraternal e sã entre os povos pertencentes às mais diversas raças, culturas e crenças. Mas percebo que, por motivos históricos, o hino permaneça como está.

Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?

Com o meu amigo António Guterres, que já não vejo há muito tempo. Tenho saudades dele.

As aparências iludem?

Às vezes iludem memo.

Qual é a peça de vestuário que prefere?

Uma camisola de gola alta. Assim escuso de pensar em vestir roupas mais complicadas.

Qual é o seu maior sonho?

Que as pessoas saibam encontrar sempre caminhos para o bom entendimento mesmo que pertençam a culturas, religiões ou clubes diferentes. Todos diferentes, todos iguais.

E o maior pesadelo?

É temer que as pessoas, sem sequer haver motivos para isso, se envolvam em conflitos sem solução.

O que o irrita profundamente?

Ouvir pessoas a pronunciar-se sobre alguns assuntos de forma doutoral sem perceberem nada do que estão a dizer.

Qual a melhor forma de relaxar?

Na natureza, com a natureza, pela natureza.

O que faria se fosse milionário?

Ajudava quem não é.

Casamentos homossexuais: de acordo?

Não. É uma matéria que está muito longe dos meus parâmetros.

Uma mulher bonita?

É um dom de Deus que devemos louvar.

Acredita no paraíso?

Acredito. Mas há várias formas de lá chegar.

Tem um lema?

«Vida por vida», que é o lema dos bombeiros.

 

Entrevista publicada no Diário de Notícias (28 de Março de 2009)

Entre os mais comentados

Pedro Correia, 01.08.20

Em 23 destaques feitos pelo Sapo em Julho, entre segunda e sexta-feira, para assinalar os dez blogues nesses dias mais comentados nesta plataforma, o DELITO DE OPINIÃO recebeu  22 menções ao longo do mês. 

Incluindo um texto na primeira posição, sete na segunda e doze na terceira.

 

Os textos foram estes, por ordem cronológica:

 

A história e o pedestal (57 comentários, segundo mais comentado do dia) 

Ofereçam um GPS a Costa (36 comentários, segundo mais comentado do dia)

A democracia suspensa? (42 comentários, segundo mais comentado do fim de semana) 

Insegurança e desconfiança (26 comentários, segundo mais comentado do dia) 

"La Pasionaria" da Alameda (84 comentários, segundo mais comentado do dia) 

A nova directora do Museu do Aljube (37 comentários, terceiro mais comentado do dia)  

Crónicas sobre esta estreita faixa de terreno (4) (38 comentários, terceiro mais comentado do dia) 

Quem fala assim... (4) (52 comentários, segundo mais comentado do fim de semana)  

Como é possível? (46 comentários, terceiro mais comentado do dia)   

Amarga lição para o Bloco (38 comentários, terceiro mais comentado do dia) 

Quando Todákino ofendeu Deméter - o mito que faltava (36 comentários, segundo mais comentado do dia) 

A exclusão de eleitores doentes (30 comentários) 

Premiando sempre os mesmos (46 comentários, terceiro mais comentado do fim de semana) 

Pensamento da semana (25 comentários, terceiro mais comentado do dia)

Cristina Ferreira a saltitar de televisão paga por todos nós (108 comentários, terceiro mais comentado do dia)  

Livro é para ler e não para ter (118 comentários, o mais comentado do dia) 

Hossanas de cor azul (36 comentários, terceiro mais comentado do dia) 

Mais um frete de Rui Rio a Costa (42 comentários, terceiro mais comentado do fim de semana)

Os rangers da COVID-19 (39 comentários) 

A extinção do australopithecus futebolis? (37 comentários, terceiro mais comentado do dia)

Higiene visual e auditiva (52 comentários, terceiro mais comentado do dia)

A honra perdida do PSD (33 comentários, terceiro mais comentado do dia)

 

Com um total de 1068 comentários nestes postais. Da autoria do Paulo Sousa, do João André, do JPT, do José Meireles Graça, da Teresa Ribeiro, do João Campos e de mim próprio.

Fica o agradecimento aos leitores que nos dão a honra de visitar e comentar.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 01.08.20

21523202_SMAuI.jpeg

 

João Carvalho: «Com este Executivo é tiro-e-queda: disse ontem, desmente hoje. Não há que termos dúvidas. Só me parece enfadonho que o Governo seja tão repetitivo, tão previsível. Não nos oferece uma pontinha de surpresa, um restinho de emoção. É maçador, mas voltou a cumprir-se.»

 

Eu: «Lisboa despovoada de gente. Quero dizer: daqueles que contam para as estatísticas oficiais, que são contribuintes líquidos dos cofres do Estado, que assumem a sua quota-parte no produto interno bruto, que são cidadãos eleitores devidamente recenseados. Estes desaparecem aos domingos, afogados na imensidão dos subúrbios. Sobram, despejadas ao acaso pelas artérias da capital, as figuras espectrais da cidade. Os marginais, os velhos, os solitários sem remissão. E os brasileiros, muitos brasileiros. Passo por eles, costumam andar em bandos, lá vêm na sua algaraviada. Quase sempre de ar mais alegre do que os portugueses. Mas são gente humilde: não ganham mais do que o salário mínimo. Servem à mesa em cafés ou restaurantes, fazem limpezas domésticas, transportam pizzas aos domicílios da classe média. De manhã muito cedo já despontam em ruas e avenidas. Se não fossem eles, e uns quantos turistas que por aí andam, a cidade parecia ainda mais inóspita em cada domingo que passa.»

Pág. 9/9