Os comentários da semana
«O vírus mata todos os que puder levar, independentemente do credo político, religioso, da raça e do sexo, não estando eu bem certo quanto a estes últimos dois, existindo estatísticas que mostram o contrário. Mas adiante.
O vírus é essencialmente democrático. Não discrimina os que contagia e mata aqueles que tiver oportunidade. Tal como aconteceu com a gripe espanhola, a peste bubónica, a peste negra e tantas outras pestes e pandemias. É o pleno da democracia, unicamente ofuscado pela diversidade genética e pelo facto de nós sermos nós e as nossas circunstâncias.
O vírus mata comunistas, fascistas, ditadores, republicanos, democratas, monárquicos, muçulmanos, cristãos, budistas, judeus, nacionalistas, revolucionários, negros, brancos, vermelhos, amarelos, xenófobos, islamofóbicos, misandríacos, misóginos, ateus, agnósticos, sensatos, irascíveis, simpáticos, inteligentes, estúpidos, figuras conhecidas, pessoas anónimas, ricos, pobres e remediados. E de todos os géneros da "construção social" sistematicamente arrasada pela Biologia.
Mata os que pode e, quanto mais mata, com menor probabilidade de "sobreviver" e de infectar fica. Por isso o vírus, para além de democrata, é estúpido.
Assim como são estúpidas todas as reacções motivadas pelo pânico, pelo medo do desconhecido, pelo stress a que toda a mudança de paradigma obriga, desde que não fundamentada em sólidas bases científicas. Mas esta é a condição humana, espelhada com o destaque habitual nos meios de comunicação e na actuação da generalidade dos governos europeus. Nada de novo, portanto.
Que a "cura" que nos foi imposta se pode vir a revelar pior do que a doença, disso não tenho dúvidas. Que há que aplanar a curva de infectados em função do tempo, para evitar o colapso dos sistemas de saúde, também não me restam dúvidas. Que não se pode parar a actividade económica sem que haja consequências, não há quaisquer dúvidas, basta olhar para o aumento da taxa de mortalidade entre 2009 e 2015.
Entre outros factos ridículos, destaco a inexistência de estimativas, mesmo que grosseiras, do número de vítimas indirectas que a crise económica já instalada irá provocar, por contraposição à multitude de modelos epidemiológicos existente. Até parece que as crises económicas não conduzem a aumentos da taxa de mortalidade.
E não me venham dizer que estou a pretender trocar vidas por euros. Não é verdade. Apenas gostava de poder equacionar óbitos com óbitos, sem ter em conta os custos. Para depois poder equacionar óbitos com óbitos e respectivos custos.
PS - Pelo que tenho conhecimento, já há pessoas a passar fome, devido à paragem forçada da economia que as levou a ficarem sem receita mensal. Entretanto, do outro lado do mundo, em Taiwan e na Coreia do Sul, a vida tem decorrido com a normalidade possível, os restaurantes têm estado sempre abertos e não houve necessidade de quarentenas cegas investidas na qualidade de comissões liquidatárias da economia que nos resta. Ridículo.»
Do nosso leitor Elvimonte. A propósito deste texto do José Meireles Graça.
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«Muito antes da pandemia já trabalhava a partir de casa (três dias em casa e dois dias no escritório). Tenho a sorte de trabalhar numa empresa que não vê o trabalho a partir de casa como um bicho de sete cabeças e que até me incentivou quando propus este modelo por razões pessoais (passei de uma cidade a 50 quilómetros de Lisboa para uma aldeia a 140 quilómetros). A minha vida melhorou substancialmente, com muito mais tempo para os miúdos.
No meu círculo de amigos tenho alguns que se queixavam (isto antes do Covid) que não tinham tempo para os filhos, por causa do trabalho. Que os deixavam na escola às 7h e iam busca-los às 19h.
Trabalham todos em Lisboa, mas são naturais de várias zonas do país (Alentejo, Oeste, Beira Alta, entre outras), o que me levou a dizer-lhes muitas vezes para voltarem para as terras, mantendo os mesmos trabalhos, propondo à empresa para trabalharem a partir de casa (todos temos trabalhos que podemos trabalhar a partir de casa, basta um computador). As respostas eram "Achas que a minha empresa concordaria?", "Passada uma semana despediam-me", entre outras. Agora todos estão em casa a trabalhar remotamente e a produtividade não diminuiu.
Agora já pensam de maneira diferente e alguns ponderam mesmo abordar os responsáveis para trabalharem remotamente.
Obviamente que esta situação é crítica e anormal, mas não deixa de ser oportuna para se pensar em como podemos melhorar a nossa vida no pós-Covid. E o trabalho a partir de casa irá com certeza tornar-se uma realidade. Os gestores das empresas julgo não terem desculpas para não aceitarem este modelo como uma mais-valia garantindo assim o equilíbrio trabalho-vida pessoal que tanta gente apregoa.»
Do nosso leitor Trigueiros. A propósito deste meu postal.