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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 29.03.20

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João Campos: «Se eu fosse militante, o meu voto não teria caído em Passos Coelho. A sua vitória parece-me porém inequívoca (sê-lo-ia mesmo que tivesse sido por uma margem menor), e há que dar os parabéns ao vencedor. Contudo, não creio que a vitória de Passos Coelho tenha inaugurado uma nova era na política portuguesa, como alguns comentadores parecem dizer. Resolveu, pelo menos por enquanto, o "problema" da liderança laranja. Mas só isso.»

 

Paulo Gorjão: «Um leitor coloca um comentário. Cinco minutos depois já está a enviar novo comentário acusando o blogue de censura, entre outras considerações. Como se alguém tivesse de aqui estar ao serviço da comunidade em registo 24/7 para libertar os comentários de imediato de sua excelência. Foram logo os dois comentários para o lixo que tenho mais que fazer do que aturar anónimos com falta de ar.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Finalmente, o primeiro-ministro vai voltar a ter alguém com quem se confrontar, alguém que dispensa o histerismo fácil, o dichote fulminante, e que cultiva uma certa pose de estadista. Aquilo que servia para Menezes, Ferreira Leite ou Rangel não serve para Coelho. A receita vai ter de ser outra e o PS só tem a ganhar com a vitória de Passos Coelho já que isso o vai obrigar a reformular um discurso que começava a dar evidentes sinais de esclerosamento e pela necessidade de introduzir alguma inteligência e moderação na vida política.»

Blogue da Semana

Diogo Noivo, 29.03.20

Os tempos são de clausura. Sendo certo que as oportunidades impostas nunca são tão prazenteiras como as voluntárias, a reclusão em casa permite meter as leituras em dia. Com isso em mente, o Ministério dos Livros é o nosso blogue da semana. Tem sugestões para todos os gostos, sinopses em barda e alguma análise. Se não sabe a que páginas se dedicar, espreite a nossa escolha da semana e pode ser que encontre companhia para a quarentena.

Dat kan niet

João André, 29.03.20

Já vivendo e/ou trabalhando há uns bons anos entre Holanda, Alemanha e Bélgica, há uma coisa de que me apercebi: cada país tem as suas características gerais e estas, com maior ou menor variação interna, definem os seus habitantes como grupo e definem em traços grossos as suas decisões. Dirão muitos, e com boa razão, que eu já o deveria saber há muito. Acontece que vivi durante muito tempo com a ilusão que somos todos europeus e essencialmente semelhantes. As diferenças que eu hoje percebo como regionais num único país em tempos entendi como regionais pela Europa inteira.

Os holandeses, como todos os outros povos, têm as suas caracaterísticas genéricas. Notam-se mais quando estão em grupo - em especial quando os encontramos em grupo fora da Holanda, por contraste aos demais - mas estão sempre presentes. Essas características em si não são boas nem más, depende dos pontos de vista de cada um, preferências pessoais e situações individuais. O moralismo é uma característica que lhes é frequentemente atribuída, mas eu prefiro olhar para eles como julgando frequentemente actos e pessoas. Isto está obviamente ligado à moralidade, mas eu prefiro pensar nessa característica desligando-lhe esse elemento. Cada um julga pelo seu prisma, que em muitos casos é moral e noutros não tanto.

Ora mais que moralistas, os holandeses têm um hábito enraizado de julgar outros. Todos o fazemos, não há povo que não o faça e não acredito que haja quem não o faça, mesmo que o façam de forma bem intencionada. O julgamento holandês, mais que moralista, é informado por uma crença de existir uma forma correcta de fazer as coisas. Os holandeses gostam de discutir toda e qualquer decisão ou posição e esperam que os outros tenham uma opinião sobre qualquer assunto, seja ele qual for. Da mesma forma, valorizam que toda a gente contribua, mesmo que seja simplesmente para repetir o que os outros disseram. Quem não tem uma opinião é visto com desconfiança, como não estando preparado.

Tendo um cunho tao colegial, as posições tomadas por holandeses são também muito fortes e enraizadas. Uma vez decidido um rumo, é frequente vê-los decididos a avançar mesmo quando lhes são apresentados dados suficientes para o colocar em causa. Se um holandês disser «isso não pode ser», seja lá qual for o tom, está a indicar algo que não vai considerar de forma nenhuma. É uma tradução de «dat kan niet» e não consigo imaginar expressão mais forte na língua holandesa.

Os holandeses são vistos como muito directos na sua comunicação. É simplesmente a forma de ser deles. Frequentemente essa componente é visto como mais, como ofensiva. Não é, ou pelo menos não é suposto ser. Quando alguém se ofende com as mensagens que eles enviam, os holandeses ficam genuinamente confusos: não compreendem porque razão alguém se há-de ofender com uma opinião dada francamente, honestamente e de forma directa, sem rodeios. Da mesma forma, as culturas que preferem rodeios (e a nossa gosta deles mais que os holandeses, mas francamente menos que os japoneses), não conseguem entender porque razão alguém fala assim, sem enquadrar antes a sua opinião.

Quando um ministro holandês diz que gostaria de investigar o que foi feito antes de entregar dinheiro, está genuinamente a indicar que gostava de saber porque razão a preparação não existia. Do ponto de vista dele não existe um ataque, antes uma avaliação honesta e sincera de uma situação e a explicação para a sua relutância. Quando um governante de outro país lhe diz que as declarações são repugnantes, ele não entende e ficará ainda mais reluctante em tomar a decisão de apoiar financeiramente. Na óptica dele, este é apenas mais um dado para avaliação da situação e é um que lhe diz que os outros querem o dinheiro e não querem prestar contas. O governante, no entanto, vê as declarações do holandês como uma quebra de um espírito europeu.

Note-se que não sei o que Hoekstra pensou nem qual o objectivo de Costa quando cada um prestou as suas declarações. Apenas faço uma análise perante aquilo que sei da cultura holandesa. E tudo nesta situação irá empurrar os holandeses, mais ainda que no passado, para uma posição de «dat kan niet». E não creio que qualquer pessoa que tenham nos respectivos staffs lhes explicará as diferenças culturais, ou, explicando-as, que as entendam. Para certos aspectos é necessário viver tais diferenças ou comunicá-las de forma clara.

O que isto significa é que os holandeses, já convencidos da sua justeza na questão dos eurobonds (ou coronabonds como alguns lhes chamam agora), fincarão ainda mais os pés perante as posições dos outros países. Para um holandês, não deve haver segredos (as finanças holandesas conhecem o montante que tenho no banco sem que eu lhes diga nada) e como tal, verificar as acções dos outros é algo absolutamente normal. Para um português (ou espanhol, italiano, etc), espreitar pela janela de casa é bisbilhotar e ofensivo. Um holandês tem a sua janela do rés do chão com as cortinas abertas.

Podemos agora argumentar para a frente e para trás quem tem razão ou não. A verdade é que depende da bússola pessoal e de para onde aponta o norte de cada um. Os holandeses, por exemplo, decidiram avançar para um percurso de combate ao covid-19 que é diferente da maior parte da Europa. Aconselham as pessoas a não ir trabalhar se o puderem fazer a partir de casa, fecham escolas, mas não fecharam nada. O valor mais recente de casos é de cerca de 10 mil, mas deve ser brutalmente subavaliado, dado que não estão a fazer testes a não ser a certos grupos (pessoas que têm que ser internadas com problemas, pessoas com sintomas indicativos que pertençam a grupos de risco, etc) e apenas nos hospitais (onde só se entra em emergências ou com o médico de família a indicá-lo). É uma estratégia e há muitos que avisam ser má, mas é a que foi decidida há semanas e os holandeses não mudam de rumo. Dat kan niet.

Em relação aos eurobonds, a posição que cada um terá depende também da sua bússola e da sua perspectiva perante a Europa. Comecei por escrever que vejo os povos como muito mais diferentes do que no passado, mas isso não significa que nos veja como separados. Há uma história comum (que em Portugal é muito ignorada) e o projecto de construção europeia tem centenas de anos. De certa forma, é aquilo que nos une, mais que qualquer outra coisa (mais que qualquer cristianismo que motivou algumas das piores guerras do continente). A ideia de uma Europa que nem sequer tem fronteiras decentemente marcadas a não ser por caprichos de cartógrafos. É uma ideia indefinida, mas existe. E é o que nos une.

É suficiente para os eurobonds? Cada um que pense por si. Sei qual a opinião dos holandeses. Dat kan niet.

Repugnâncias

Sérgio de Almeida Correia, 28.03.20

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Compreendo a reacção de António Costa às palavras do ministro das Finanças dos Países Baixos no final do Conselho Europeu extraordinário de 26 de Março p.p.. 

Um português com o seu temperamento, perante o que foi dito, e tem sido dito nos últimos anos pelos ministros das Finanças holandeses em relação aos portugueses e aos povos do Sul, teria dificuldade em reagir de outra forma.

Também percebo a resposta holandesa. O amor aos euros, como antes em relação ao florim, está-lhes na massa do sangue. E tudo justifica. Daí a sua indiferença perante a morte, e lhes faça muita confusão a preocupação com os outros que sofrem.

Mas eu não teria dado importância ao fulano.

Continuo a ter muita dificuldade em levar a sério gente, como dizia um tio que os conhecia bem, que não toma banho todos os dias; que passando férias em Portugal, em Espanha ou em Itália anda sempre com os pés imundos, e quando vai a um jogo de futebol, entra num bar para tomar uma cerveja, ou num avião no final das férias, normalmente cheira mal.

Tivessem eles bons hábitos de higiene, lavassem as mãos, e não fossem tão porcos e arrogantes, e certamente que não haveria hoje nos Países Baixos mais de oito mil infectados e quinhentos e quarenta e seis mortos devido ao Covid-19. De ontem para hoje foram mais cento e doze.

Isto é que para mim é repugnante. Mais a mais quando acontece num país rico e desenvolvido pelos indicadores que se usam em qualquer universidade.

Quanto ao resto, o tal de Hoekstra deve orgulhar-se dos números. Um palerma. Como o Dijsselbloem também era.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 28.03.20

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Ana Sofia Couto: «O problema do filme dos irmãos Coen é que não há filme. Mas há boas ideias. O prólogo (?) sobre mortos que regressam e a história do homem que queria manter a seriedade têm em comum o facto de nos deixarem numa posição em que não temos muitos instrumentos para interpretar aquilo que vemos, aquilo que (nos) acontece. Todo o filme é como a história contada pelo primeiro Rabino (o mais velho, que reduz a teologia a um exercício sem finalidade), porque estamos à espera daquilo que não podemos ter: uma explicação, um fim que explique a desgraça de um homem. Por mais desgraças que aconteçam a Larry Gopnik (ou a nós), só temos a história absurda do Rabino. Mesmo se soubéssemos que Deus estava a brincar connosco, isso não alterava grande coisa.»

 

Teresa Ribeiro: «Ontem, no Eixo do Mal, o Ricardo Costa deixou-me a meditar no que disse: "Para os candidatos Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel foi fácil rejeitar o PEC. Mas se qualquer um deles já fosse líder do PSD acabaria por decidir como Manuela Ferreira Leite."»

Oh meu!! A tua atitude é repugnante!!

Paulo Sousa, 28.03.20

Um fanfarrão que se preze sabe que há combates que não vale a pena travar.

Depois de começar a levar murraças do diabo invisível, aka covid-19, o António Arrasa Pandemias Costa convocou o “focus group” com urgência e foi-lhe recomendado que devia mudar rapidamente de nome artístico.

Foi tudo muito rápido. Ele ofereceu porrada à pandemia num dia e a ordem dos médicos desmentiu-o no dia seguinte. O público esquece as promessas, é certo, mas deviam ter passado mais umas horas.

O Conselho Europeu por video-conferência foi assim a ocasião ideal para fazer esquecer o desaire anterior.

Senhoras e senhores, e a nova estrela chama-se... António Arrebenta Ministros Holandeses Costa.

O bom senso recomenda que não se façam ameaças que não se esteja disposto a cumprir, mas isso não trava o António Arrebenta Ministros Holandeses Costa. Ou recuas ou a UE acaba!!

O público sabe bem que sem o dinheiro da UE para distribuir o PM português nunca teria público, mas a realidade é um detalhe, aqui joga-se com a ilusão. E ele não vacila, de mangas arregaçadas, grita para o écran, através do qual o holandês se protege: Oh meu, lembras-te do golo do Maniche no Euro? Não tás bem a ver com quem te estás a meter!! A tua atitude é repugnante!!

O público, que estava retraído já há uns dias (já havia quem dissesse que António Arrasa Pandemias Costa era um fanfarrão) levantou-se numa ruidosa ovação. Isto sim! Política espectáculo!

Agora que já só há futebol na RTP Memória, valha-nos o António Arrebenta Ministros Holandeses Costa para animar as hostes.

Por-tu-gal!! Por-tu-gal!! Por-tu-gal!!

Hoekstra, o canário na mina

José Meireles Graça, 27.03.20

O meu vizinho veio-me com o pedido de eu lhe avalizar um empréstimo que quer contrair por estar sem trabalhar, ter os sogros em casa, o Covid e não sei quê. Afinal, moramos na mesma rua, acrescentou.

Pois moramos, disse-lhe eu, mas porra: você tem aí esse carro quase novo, precisava de o ter comprado?

O homem respondeu, indignado, que comprou a merda do carro no meu stand e que, se ele e outros como ele não puderem continuar a viver como até aqui, a porcaria do stand vai levar um chimbalau; e que este caramelo que aparece na fotografia diz que temos que ser uns pr'òs outros.

Inda estou pr'a decidir mas já fui dizendo que a culpa foi de quem nos pôs a viver na mesma rua.

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O ambiente de comentário nos blogs

jpt, 27.03.20

Deixei um postal, meio esparvoado, sobre comentadores televisivos. Um desses azedos comentadores anónimos, aqui habituais, que se saracoteia na internet como "makiavel", pergunta qual o assunto do postal - precisamos de ter assunto numa actividade gratuita como é blogar? Continuo a perguntar-me, qual a pertinência do azedume espetado nos comentários de um blog, gratuito, sem agenda e até algo heterogéneo em termos intelectuais e ideológicos? Discordar de textos sim, mas há um punhado de anónimos que aqui vem constantemente deixar fel (até agora, neste terrível momento nacional e internacional, de congregação moral, caramba). Eu não falo de "Lavoura", que é - cônscia ou inconscientemente - algo pitoresco nas suas constantes picardias. Falo de outros, sob alcunhas, que os leitores habituais do blog já conhecerão. 

Para sublinhar a sua reacção ao postal sem assunto deixa o tal makiavel esta adenda: "“(...) livros e vêm utilidade em lê-los.” Não será ‘veêm’?". O autor do postal, eu-mesmo, deixou um erro ortográfico e o acidozinho logo se solta. Impante.

Cometi eu um erro ortográfico? Foi uma "gralha"? É isso denotativo da falta de assunto do postal, de défice intelectual do bloguista? É isso suficiente para ir comentar com o "leve toque de azedo"?

Foi um erro? Eu reproduzo um velho postal, escrito quando era professor. E sim, o que quis escrever foi "vêem".  E não vejo, continuo a não ver, qualquer interesse em acumular comentários deste tipo de comentadores anónimos.

(Postal no blog ma-schamba de 7 de Agosto de 2014)

 (Matola-rio, Junho 2014)

Houve uma avaliação aos professores em Portugal. Não faço a mínima ideia do seu conteúdo ou qualidade. Apenas leio uma notícia com o título "Maioria dos professores deu erros [porventura o jornal quereria dizer "errou"] de português na prova da avaliação", "ortográficos [de ortografia?], de pontuação [pontuativos?], de sintaxe [sintácticos?]". O breve título é repetido no DN, no JN e no Público, deixando adivinhar alguma origem que lhes é estranha, talvez até oficial. Enfim, bastará o seu coloquialismo e a ilógica presente nas poucas cinco palavras que descrevem os erros acontecidos para provar que isto de escrever português é um martírio. Infelizmente não há notícias sobre hipotéticos erros em matemática, química, desenho, história ou outras quejandas coisas.

Como os visitantes do blog bem sabem cometo falhas ortográficas. Não muitas, mas algumas: ainda há pouco foi um "insonso" que me valeu insultos de visita discordante, ... E esforço-me, sempre atrapalhado com isto dos hífens, e agora ainda mais devido à tralha ortográfica, sempre entre o dicionário e o google. Quanto à sintaxe e à pontuação é melhor nem falar, uma constante trapalhada - esta tendência de virgular cada arquejo, para travessar cada meneio. Por isso estou solidário com os colegas erradores.

E espero que não levem purrada.

Quantos são? Quantos são?

Paulo Sousa, 27.03.20

É vulgar dizer-se que estudar a história ajuda-nos a evitar a repetição de erros cometidos. Faz sentido. Até por ser frequente isso se confirmar da pior forma, quando erros evitáveis acabam por ser repetidos.

Sobre a maneira de lidar com a ameaça que estamos a viver, podemos olhar para trás e procurar em que período histórico algo idêntico ocorreu, e não encontramos nada comparável que se tenha passado em democracia e nem com um volume de actividade económica e envolvimento internacional comparável.

Governantes realistas, que não pretendessem iludir os seus cidadãos, deveriam assumir que a imprevisibilidade do desafio poderia surpreender a todos da pior forma.

Por mais precavido e apetrechado que seja um sistema de saúde existirá sempre um ponto a partir do qual deixará de conseguir responder. Esse ponto varia de sistema de saúde para sistema de saúde, mas todos têm um ponto de ruptura.

Se as coisas assim forem explicadas à população, jogo aberto sem nada na manga, cada cidadão fará o seu juízo. Existem sempre alguns que gostam que lhe prometam impossíveis e por isso continuam a preferir ser governados por mentirosos, mas quando falamos em maturidade democrática importa falar claro e assumir a realidade. Numa hora de ameaça absoluta Churchill não prometeu mais que sangue, suor e lágrimas. E não desiludiu.

O nosso governo, na figura do Sr. Costa, tem se comportado como um fanfarrão à beira de uma rixa de rua com um possível campeão de pesos pesados, a que ainda nem sequer vislumbrou o caparro. Enquanto arregaça as mangas já tem um olho à Belenenses e já começou a gritar que o animal se vai arrepender, pois ainda nada faltou nem é previsível que venha a faltar ao SNS.

Bem sabemos que o esforço feito nos últimos anos para eliminar o défice desguarneceu alguns serviços públicos. Foi uma opção legítima mas que levou a que o ponto de ruptura do SNS estivesse, mesmo sem pandemia, intermitentemente à vista.

Chegados a este ponto, ninguém com seriedade pode garantir que está preparado para a refrega.

Se tivessem lido os antiquíssimos ensinamentos do mestre Sun Tzu na Arte da Guerra, teriam consciência que não conhecem o adversário, nem o terreno e não tiveram a iniciativa. Não garantir apenas um destes pontos pode ser suficiente para ser derrotado.

Mas ele continua voluntarioso a esbracejar para que no final ao menos se venham a lembrar dele como um fanfarrão enérgico. A imprensa amiga irá tentar cozer-lhe os sobrolhos. As baixas serão uma estatística lamentável, mas a deslealdade com que trata os seus soldados, os profissionais de saúde, ficará para memória futura.