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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 27.02.20

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João Campos: «Ao Aurea Mediocritas, por exemplo, posso agradecer a descoberta do melhor webcomic que conheço, e horas incontáveis de gargalhadas - não me canso de visitar aleatoriamente os arquivos. Recomendo.»

 

Eu: «O boy socialista Rui Pedro Soares, que prestava funções no Departamento de Marketing da PT Multimédia, passando depois pelo departamento de gestão de edifícios da mesma empresa, chegou à Comissão Executiva da PT após a vitória socialista nas legislativas de 2005. Uma promoção espectacular. Quem disse que Portugal não é um país de oportunidades?»

Obesidade mórbida

Paulo Sousa, 26.02.20

Olhando para o site da Direcção Geral do Orçamento e comparando a relação de grandeza entre o total da despesa pública e o PIB no ano de 2019, podemos afirmar que a riqueza produzida no país deixou de ser consumida pelo estado apenas no dia 23 de agosto pelas 12 horas e 14 minutos.

Neste rectângulo à beira mar plantado nunca o contribuinte luso foi chamado a contribuir com tanto para os cofres do estado. Podemos por isso afirmar com toda a propriedade que vivemos tempos históricos.

Esta data é simbólica mas serve para provar o excessivo peso do estado na vida dos seus cidadãos. Infelizmente não inclui todo o esforço que temos de despender para cumprir com todas as burocracias que nos são impostas.

A título de exemplo basta imaginar quantas horas terão sido gastas nestes últimos dias a conferir e validar facturas no portal das finanças? Cada contribuinte ou agregado terá consumido no mÍnimo duas ou três horas a fazê-lo, e a partir daí basta fazer as contas.

Fosse o estado um daqueles clérigos glutões tão bem descritos por Eça e estaria à beira de uma apoplexia.

Vasco Pulido Valente bloguista

jpt, 26.02.20

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Após a sua morte, e como é normal, muito se escreveu sobre Vasco Pulido Valente. E muito se partilhou, textos antigos, entrevistas antigas, etc. Mas que eu tenha visto - e que o google mostre - ninguém recordou o breve blog que criou em parceria com Constança Cunha e Sá, em plena era blogal (2006). Julgo, se a memória não me atraiçoa, que o encerraram no dia seguinte a terem passado a liderar as audiências blogais nacionais de então, medidas e muito seguidas na lista elaborada pelo contador sitemeter. Ultrapassando o muito lido Abrupto, de José Pacheco Pereira, que desde sempre encabeçara essa lista. Vivia eu em Maputo e ao ver aquilo ocorreu-me um enfastiado "ai, aquela Lisboa ...".

Enfim, não seja por esses meneios, que o tempo tudo apaga. E talvez até tivesse sido coincidência ... De facto, apenas vim lembrar o bloguista VPV. E, já agora, o blog ainda está disponível para quem o queira ver. É O Espectro

Já li o livro e vi o filme (264)

Pedro Correia, 26.02.20

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     GAIVOTAS EM TERRA (1959)

Autor: David Mourão-Ferreira

Realizador: Jorge Brum do Canto (1964)

Extraído do primeiro livro de ficção de um escritor mais conhecido como poeta, o filme chama-se Fado Corrido (quase homónimo do último conto desse volume, intitulado "Agora o Fado Corrido") e é inferior ao texto que o inspira. Apesar da presença luminosa de Amália à cabeça do elenco e de um momento sublime, quando canta Gaivota pela primeira vez.

O Estado a que chegámos

Pedro Correia, 26.02.20

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Depois de amanhã, na zona de Belém, é inaugurada uma exposição que está a ser muito propagandeada com cartazes distribuídos pela capital. Uma exposição do Museu Van Gogh, de Amesterdão, que conta com patrocínios oficiais - incluindo do Governo português e da Câmara Municipal de Lisboa.

Lamentavelmente, os cartazes da exposição estão redigidos praticamente na íntegra em inglês. Que nem é idioma oficial na Holanda, país de origem da exposição, nem de Portugal, país que a acolhe em lugar nobre e com o espavento que talvez mereça.

Nem uma frase em português, no título ou na legenda. Nem um arremedo de versão bilingue, que seria compreensível. Só faltou o endereço vir também impresso na língua natal de Boris Johnson e Donald Trump para a rendição ao idioma anglo-amaricano ser completa.

Que isto aconteça com tão elevados patrocínios diz muito do Estado a que chegámos na defesa, promoção e valorização do nosso idioma.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 26.02.20

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João Campos: «Os blogues - esses marotos - são, para o jornalista e "escritor", o lixo de Portugal. O que eu compreendo. É uma chatice um blogue não poder servir, por exemplo, para calha daquele móvel lá de casa. Ou para suporte para copos. Felizmente, há quem continue a publicar livros que, não podendo proporcionar leituras minimamente interessantes, servem muito bem para aquelas finalidades.»

 

João Carvalho: «Há sucateiros assim. Ganham dimensão, tornam-se próximos do poder, estendem os tentáculos; fazem dinheiro fácil e até se dedicam a valiosas antiguidades. Mas não deixam de ser sucateiros.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Registei com particular emoção os donativos do Governo de Timor-Leste para apoio à reconstrução da Madeira. Se há gestos que tocam esse foi um deles. Em especial vindo de quem teve que ouvir há alguns anos, não muitos, alguns de entre nós dizerem que o dinheiro que para lá se mandava era mal gasto e que para lá não deveria seguir nem mais um tostão porque havia portugueses com fome. Na altura houve quem por lá ouvisse e triste e envergonhadamente calasse (a pobreza será sempre triste e envergonhada). Pois é, só que os tempos mudam e a gratidão ainda é uma coisa muito bonita. A dos pobres poderá não ser mais verdadeira mas é mais tocante. E vale por mil bofetadas de luva branca.»

 

Teresa Ribeiro: «Em The Hurt Locker ela [Kathryn Bigelow] de facto não filma a guerra - essa coisa que tanto fascina os homens - mas os homens na guerra, que é o que nos fascina a nós, porque os revela em estado puro, a contas com a sua capacidade de vencer o medo que é o que os move a partir do momento em que aprendem a andar à latada com os putos da vizinhança e a medir pilinhas.»

 

Eu: «Paulo Rangel, um veterano da blogosfera, percebeu antes de outros que as campanhas internas nos partidos também passam pelos blogues - hoje mais que ontem, amanhã mais que hoje. Mas, aqui entre nós, 'Libertar o Futuro' é um slogan ainda mais frouxo do que a célebre 'asfixia democrática', que emoldurou a derrota eleitoral do PSD em 2009. No quartel-general da candidatura não haverá ninguém capaz de arranjar melhor?»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 25.02.20

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Adolfo Mesquita Nunes: «Se por absurdo um primeiro-ministro é ilegalmente filmado a matar alguém, filmagem essa sem qualquer valor probatório, podem os cidadãos ignorar tais imagens se, por alguma forma, elas se tornaram públicas, alegando que não tendo qualquer valor probatório elas nada provam?»

 

João Carvalho: «O Chevrolet Bel Air de 1957 que está no topo é um carro normal que tem pouco de normal: enorme, luxuoso e gastador, como todos os carros norte-americanos do tempo do Elvis (e não só). Já o carro idêntico que se segue não é normal e tem tudo para ser normal: só um europeu é que o acharia anormal. Contrastes do sonho americano que tantas vezes é um pesadelo para o mundo.»

 

Luís M. Jorge: «Na minha meninice devorei os romances de Harold Robbins: nessas narrativas corajosas, em palavras duras, os protagonistas ficavam multimilionários e conduziam bólides nas 24 Horas Le Mans. (...) O que me agradava sobremaneira nas aventuras dos canalhas mais ricos do mundo era a exibição das suas acrobacias eróticas: esses homens, leitor, tinham falos, e esses falos, leitor, só conheciam dois estados — ou estavam erectos ou, hélas, entumescidos. Pontualmente também os encontrávamos rijos, túrgidos, e até mesmo, se a memória não me falha, tumefactos — mas nunca, nunca por amor de deus se achavam moles, tenros, frouxos, indolentes ou descaídos.»

 

Eu: «É consolador saber, como ontem revelou Henrique Monteiro na Assembleia da República, que temos um primeiro-ministro com disponibilidade para falar mais de uma hora ao telefone com o director do Expresso, numa noite de quinta para sexta-feira, procurando dissuadi-lo de publicar uma notícia que lhe dizia respeito. Mais consolador é presumir que este procedimento deve decorrer ao abrigo de uma alínea qualquer do Estatuto do Jornalista que ainda há poucos dias Arons de Carvalho enaltecia, também no Parlamento, como demonstração cabal de que não existem condicionamentos à liberdade de imprensa em Portugal.»

Contra a preguiça intelectual

Pedro Correia, 24.02.20

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Vasco Pulido Valente foi meu professor na Faculdade. Leccionava Ciência Política e era uma das celebridades daquele curso. 

Julgo que quase todos o líamos religiosamente na última página do Expresso, numa coluna intitulada "O País das Maravilhas". Eu começava precisamente por ali, sábado após sábado. Por aquele rectângulo destacado na linha gráfica do jornal com uma prosa que parecia saída do bisturi dum cirurgião. Prosa limpa, sem "poréns", sem "entretantos", sem "outrossins". Sem reticências nem pontos de exclamação. Sem atalhos para chegar onde queria. À inglesa, libertando-nos da retórica afrancesada que ainda marcava tantos dos seus parceiros de geração. 

Porque ele não nos ensinava só a pensar. Também nos ensinava a escrever. Este foi um dos seus maiores méritos: mudar a forma como se escrevia nos jornais, traçando linhas de fronteira. Antes dele proliferavam os gongóricos, cultores imoderados do adjectivo e e do advérbio. Depois dele, a nossa escrita ficou mais limpa.

 

Estou a revê-lo no alto do estrado, na Universidade Católica. Era o primeiro dia de aulas e nós, caloiros, tínhamos pela frente aquele professor ainda jovem mas já famoso pela tal coluna onde zurzia nos políticos. 

De blazer e gravata de malha, ele olhou-nos de cima para baixo e rompeu enfim o silêncio com uma lâmina em forma de pergunta: «Algum dos senhores leu Os Fidalgos da Casa Mourisca

Sentiu-se um embaraço colectivo na sala enquanto olhávamos uns para os outros: ninguém havia lido aquele livro. 

«Era o que eu pensava», disparou em tom cáustico, cruzando os braços enquanto continuava a olhar-nos fixamente. O Vasco colunista confundia-se com o Vasco professor: agora éramos nós os zurzidos. 

«Os senhores nunca saberão o que foi a história do século XIX em Portugal sem lerem esse romance», prosseguiu, sem a menor preocupação em cativar-nos pela simpatia. Não era para isso que ali estava, mas para rasgar-nos horizontes. E a primeira lição fora dada: não há limites estanques no domínio do saber. Um romance pode ser a primeira janela aberta para a política. 

 

Meses depois, O País das Maravilhas saiu em livro. Andei com ele literalmente debaixo do braço. Lido e relido, sublinhado, transcrito. Já com as virtudes e até alguns dos defeitos que obras posteriores confirmaram - no campo da crónica, da biografia, do ensaísmo histórico. Obras como Às AvessasPortugal -- Ensaios de História e de Política, Retratos e Auto-Retratos, Os DevoristasEsta Ditosa PátriaMarcello Caetano: as Desventuras da RazãoUm Herói PortuguêsIr Prò ManetaGlória. Até à última, não por acaso intitulada O Fundo da Gaveta, sobre a qual escrevi aqui.

Uma escrita elegante, cáustica, direita ao osso, sem vias sinuosas. A palavra certa estava sempre lá. Mas também uma visão de Portugal marcada por um inabalável pessimismo, ancorado na ancestral geração de 70 e nas torrenciais páginas desse romance excessivo em tudo, até no campo das ideias, que Eça de Queiroz nos deixou em legado: Os Maias. A visão por vezes desfocada de um país asfixiado pela mediocridade irrevogável das suas elites. 

 

Lembrarei sempre Vasco Pulido Valente, acima de tudo, como meu professor. Um dos mais estimulantes que tive - e, felizmente, foram vários. Capaz de nos fornecer pistas de análise, de nos sacudir da tentação da apatia, de nos alistar no combate à preguiça intelectual. Até para discordarmos dele.

Anoto isto e reparo agora que, tantos anos depois, continuo sem ter lido Os Fidalgos da Casa Mourisca. Algum dos senhores o leu?

Canas ao Tribunal Constitucional

jpt, 24.02.20

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A indicação de Vitalino Canas para o Tribunal Constitucional é algo extremamente gravoso e que só seria surpreendente se ainda vigorasse qualquer dúvida sobre o carácter de António Costa e da elite socialista sua apaniguada. Enviar um homem da actividade empresarial, e muitíssimo próximo de José Sócrates, para o Tribunal Constitucional é a total impudicícia. Sufragada ou acolhida com silêncio pela massa de apoiantes.

Em 2006 este Canas equiparou os terroristas fundamentalistas islâmicos aos caricaturistas dinamarqueses - notai bem, o PS propõe para juiz do Tribunal Constitucional alguém que considera ""estão bem uns para os outros, os caricaturistas irresponsáveis e os fundamentalistas violentos." ... E os colunistas e académicos ditos de "esquerda" que gastam páginas elaborando sobre as características ideológicas dos nomeados para o Supremo Tribunal dos EUA nada dizem agora.

Então, há já 14 anos, bloguei a minha memória de quando Canas, então Secretário de Estado, foi a Maputo, algo que acontecera em 1998. Garanto-vos, foi o político mais intelectualmente incapaz que cruzei. Uma coisa atroz. Deixo aqui a ligação para essa narrativa, para quem se possa interessar sobre a "densidade" política e pessoal deste homem.

E é este indivíduo, pois fiel amigo de Sócrates, que Costa coloca no Tribunal Constitucional. E nós assistimos ...

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 24.02.20

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Ana Vidal: «Miguel Sousa Tavares, entusiasmado ao princípio por achar que lhe arrancaria uma qualquer reacção que traísse desconforto, tristeza ou  hesitação, foi desistindo aos poucos até desanimar completamente, ao perceber que falava com um muro de cimento armado. Esta entrevista teve em mim um efeito revelador. Percebi finalmente, com enorme apreensão, qual é o grande trunfo de Sócrates: nada o demove porque nada o comove. E não sei o que se passa convosco, mas a mim preocupa e assusta saber que o país está entregue a uma espécie de robocop em versão Armani.»

 

Paulo Gorjão: «Paulo Rangel esqueceu-se -- ou terá deixado para data posterior? -- que cada pescador também é um soldado. Na entrevista concedida a Judite Sousa em Outubro de 2009, entre outras coisas, Paulo Rangel incluía também as pescas nas suas preocupações de segurança e defesa nacional. Na altura entendia também que havia imensas pessoas qualificadas no PSD para serem líderes do PSD. Pelos vistos candidataram-se os únicos três militantes que ele entendia que não reuniam as qualificações. É preciso ter azar. Habituem-se.»

 

Eu: «Há 25 anos que o PSD vive dominado pela figura tutelar de Aníbal Cavaco Silva. É um ciclo que já devia ter terminado. Se tem ambições de futuro, o partido laranja devia iniciar um novo ciclo, sem qualquer resquício de tutela cavaquista. É algo que já se percebeu que não sucederá nesta campanha interna, onde o cavaquismo surge em força. Alexandre Relvas, o director da campanha presidencial de Cavaco Silva, é um dos principais apoiantes de José Pedro Aguiar Branco. Carlos Blanco de Morais, consultor do Presidente da República para os assuntos constitucionais, contribui para a elaboração da moção de estratégia de Passos Coelho. E Eduardo Catroga, que foi o ministro das Finanças preferido de Cavaco Silva, inclui-se entre os apoiantes de primeira linha de Paulo Rangel.»

O comentário da semana

Pedro Correia, 23.02.20

«Faz-me confusão discutir-se a eutanásia quando as insuficiências no Serviço Nacional de Saúde são cada vez mais frequentes e graves. Conheço o interior (a parte do território nacional a 200km do litoral) e o seu abandono. Em Beja há um cardiologista (ou havia, até há pouco tempo). O Hospital Distrital esteve um mês sem TAC. Em Lisboa tenho um amigo que se viu obrigado a recorrer ao privado para uma ecografia tiroideia, porque o hospital público, onde fazia questão de ser seguido, não a conseguia realizar dentro de um prazo aceitável (não era urgente, embora com uma tiroidite /hipotiroidismo dificilmente alguém consiga trabalhar). Coisas básicas.»

 

Do nosso leitor Vorph Valknut. A propósito deste meu postal.

Blogue da semana

Sérgio de Almeida Correia, 23.02.20

Fumei o meu último cigarro em 1 de Janeiro de 1993. Nos primeiros seis meses não fumei nada. Também dispensei a ocasional cigarrilha. Nunca me fizeram falta. E tornei-me alérgico ao cheiro e ao fumo do tabaco dos cigarros, dispensando os ambientes de fumo, embora nunca tivesse feito campanha contra quem fumava.

Sempre considerei que essa era uma opção individual e cada um deve ter o discernimento e a liberdade necessária para fazer as suas próprias opções.

Mas, apesar disso, para desgosto de alguns familiares e amigos não deixei totalmente de fumar. A razão é simples: um dia resolvi fumar um charuto. E gostei.

Vai daí, resolvi começar a fumar um charuto de cada vez que me apetecia. Seguindo as regras dos bons apreciadores. Sem incomodar ninguém. Porque a minha liberdade não deve ser um incómodo à liberdade dos outros, e se o fumo dos cigarros me incomoda, é natural que haja muitos a quem o fumo dos charutos perturbe muito mais.

Porém, tal como outras coisas que nos dão prazer e devem ser consumidas com a devida moderação, e eu não queria ficar prisoneiro daquilo de que me libertei, passei a fumar, disciplinadamente, um charuto por semana. Por vezes, por uma razão ou por outra, sou capaz de passar quinze dias ou três semanas sem pegar num charuto.

Para fumar um charuto também é preciso ter disposição e tempo. Quando estou de férias, proporcionando-se, sou capaz de fumar dois ou três numa semana. Só dos melhores. E fico por aí. Sem obrigação, por puro prazer. Quase sempre ao ar livre, longe do incómodo dos outros, num local aprazível, entre amigos que também os apreciam, não raro na mais completa solidão, enquanto leio um bom livro ou vou pensando sobre o que me atormenta. E de Inverno, quando estou sozinho, junto à lareira, no conforto da minha poltrona, lendo noite fora.

Talvez por isso, e por não suportar a ditadura do politicamente correcto, seja em que circunstância for, resolvi hoje aqui trazer um blogue diferente. Um blogue que também me dá prazer, onde me confronto com algumas das minhas opções e também aprendo alguma coisa. Uma escolha livre, como são todas aquelas que faço. Só para os apreciadores. O Blog do Charuto é a minha escolha desta semana. Os outros que me desculpem.