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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 31.05.19

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Ana Margarida Craveiro: «As Anas Gomes deste mundo só gostam de tortura sobre coitadinhos do outro lado do mundo. A tortura dentro de portas, apoiada por um sistema judicial podre, não interessa grande coisa.»

 

Cristina Ferreira de Almeida: «Lembrei-me disso e fiquei orgulhosa quando o meu nome foi projectado no ecran do cinema S. Jorge como uma das primeiras 800 assinaturas de um movimento que pede igualdade de direitos no acesso ao casamento. Até me sinto ridícula de tão óbvia que me parece esta reclamação, mas a verdade é que muitas coisas que nos parecem hoje óbvias tiveram que ser conquistadas. Toca lá a assinar, vá.»

 

João Carvalho: «O candidato-mor do PS viu-se obrigado a deixar de lado a agenda politiqueira. Primeiro a prometer e primeiro a deixar os temas que queria que fossem exclusivamente europeus, Vital Moreira anunciou hoje que ia flectir no rumo que tem mantido e dedicou o dia à cultura. Numa Europa que é assumida e felizmente multicultural, nada mais acertado para começar a responder às dúvidas e expectativas dos eleitores...»

 

Leonor Barros: «Surpreendente que aos quatro, cinco anos aquela mãe não consiga impor-se, ceda às chantagens do pequenote e que fique desesperada. Menos surpreendente é, pois, que quando adolescentes não lhes consigam fazer nada.»

Isto cheira cada vez pior

Pedro Correia, 30.05.19

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Esta minuciosa investigação do Luís Rosa e da Sara Antunes de Oliveira é um retrato perturbador mas fidedigno do país político e da tentacular administração pública portuguesa em descarado concubinato com redes de esquemas e negociatas. Tudo temperado com o nepotismo agora tão em voga, apesar dos platónicos alertas do Presidente da República. 

Em suma: um país em falência moral. Depois admirem-se que tantos portugueses virem costas às urnas e tanta gente esteja pronta a ovacionar o primeiro populista que irrompa ao virar da esquina. E desta vez nem precisa de vir montado num cavalo branco, como o Sidónio há cem anos: basta aparecer de vassoura em riste.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 30.05.19

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Ana Margarida Craveiro: «A pequena Europa do passado tinha vencedores consensuais. Hoje, a competição pelo poder é feita a 27, com maiorias de esquerda ou direita. Ou seja, existe uma verdadeira democracia na Europa. A nossa campanha desrespeitou essa democracia europeia com a politiquice portuguesa do costume.»

 

Teresa Ribeiro: «Naquela foto de página está tudo: a mágoa e sobretudo o espanto de quem se vê, ao fim de mais de 30 anos de profissão, a ser entrevistado e fotografado por colegas. De repente do outro lado. Não a fazer perguntas de gravador na mão, mas inquirido por dois profissionais de um meio que o regurgitou. Diz que foi despedido durante uma conversa que durou dois minutos. Trabalhava no Diário de Notícias há  32 anos e foi um dos 122 trabalhadores do grupo Controlinveste que receberam, no princípio do ano, guia de marcha.»

 

Eu: «Verdadeiramente enigmático, para mim, é que um partido que se intitula monárquico e poderia fazer a diferença neste particular não inclui uma só linha, uma só palavra, em defesa da monarquia. Poderia mencionar Isabel II de Inglaterra, ou Juan Carlos de Espanha, ou Margarida da Dinamarca. Mas não. A grande referência internacional deste desconcertante PPM é Barack Obama.»

Prémio Camões: Mário de Carvalho é uma omissão chocante

Pedro Correia, 29.05.19

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Chico Buarque: justa distinção

 

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Chico Buarque é o galardoado este ano com o Prémio Camões. Acho muito bem. Pelo menos três álbuns dele são discos da minha vida. Sei de cor dezenas de canções que ele compôs. E confesso-me admirador da ficção que tem publicado: vai fazer três anos, cheguei até a analisar no DELITO um desses livros, Leite Derramado, de que muito gostei.

Em 2016, quando foi anunciado o Nobel da Literatura a Bob Dylan, na caixa de comentários de um texto meu elogiando tal escolha, deixei esta observação: «Em português, elegeria sempre Chico Buarque.»

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Recordo isto só para que fique bem claro: aplaudo o prémio a Chico, como aplaudi o de Dylan. Nada contra, tudo a favor.

Mas registo omissões nesta lista de premiados que já leva três décadas - algumas das quais considero chocantes.

Do lado brasileiro, destaco as três que me parecem mais gritantes: Nélida Piñon, Adélia Prado e Luís Fernando Veríssimo. Tanto mais que entre os distinguidos do Brasil figura pelo menos um, Raduan Nassar, que não tem obra nem currículo para merecer o Camões: publicou quatro títulos em 21 anos, não tem um original editado desde 1994 e a obra completa deste autor não excederá 500 páginas. Ele próprio, aliás, não escondeu a sua admiração no discurso de agradecimento, em 2016: «Tive dificuldade para entender o Prémio Camões, ainda que concedido pelo voto unânime do júri.»

Também eu tive.

 

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Graça Moura: esquecido pelo júri

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Quanto aos portugueses, o essencial do cânone está cumprido. Alguns até fora do cânone mais óbvio, como esse singular poeta das pequenas emoções quotidianas que foi o Manuel António Pina. 
Faltou Fernando Assis Pacheco, que já não foi a tempo: este prémio não é concedido a título postúmo. Vasco Graça Moura, infelizmente também já falecido, é uma omissão escandalosa. E (só por factores cronológicos) talvez seja ainda um pouco cedo para o meu amigo Francisco José Viegas, autor daquele que considero o melhor romance português da primeira década deste século: Longe de Manaus.

 

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Mário de Carvalho: prémio já tarda

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Por mim, não hesitaria em atribuir o Prémio Camões a Mário de Carvalho, de longe o melhor romancista (mas também contista e ensaísta) português vivo, autor de obras-primas como Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde e Era Bom que Trocássemos umas Ideias Sobre o Assunto. Omissão que também já começa a ser escandalosa. 

Caramba, alguém julgará que Pepetela (premiado em 1997) merece mais que ele?

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Fora dos trilhos canónicos, daria sem pestanejar o galardão a Vasco Pulido Valente, para mim o mais brilhante - desde logo porque controverso, iconoclasta - ensaísta, historiador e cronista português contemporâneo.

Muito mais merecido que certas "glórias" efémeras das letras lusófonas, condenadas num futuro pouco distante a dissolver-se como bolhas de sabão. 

 

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Vasco Pulido Valente: se pudesse, votava nele

Efemérides históricas ao tempo da formação de Portugal (3)

Cristina Torrão, 29.05.19

Faz hoje 911 anos que morreu um infante hispânico com apenas quinze anos de idade, de seu nome Sancho. E que importância pode ter um acontecimento destes para Portugal, ocorrido numa altura em que o nosso país ainda nem existia (talvez D. Afonso Henriques ainda nem fosse nascido)?

Na verdade, esta morte modificou o curso da História hispânica de forma radical. Caso o jovem Sancho tivesse sucedido a seu pai, seria até provável que o reino de Portugal nunca se tivesse formado. Estamos a falar do único filho varão do imperador D. Afonso VI, pai de D. Teresa e avô de D. Afonso Henriques.

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Afonso VI de Galiza, Leão e Castela, imagem daqui, sem indicação de data e autor

Num certo aspecto, a história de vida de D. Afonso VI, rei de Leão Castela e Galiza, o que lhe valeu o título de imperador, assemelha-se à de Henrique VIII de Inglaterra, que haveria de nascer quase quatro séculos depois da sua morte: esperou, durante toda a sua vida, por um herdeiro varão. Apesar de ter casado cinco vezes, nasceu-lhe apenas uma criança legítima: a infanta D. Urraca, a conhecida meia-irmã de D. Teresa.

À medida que envelhecia, D. Afonso VI via-se incapaz de se conformar com este destino e, no início do século XII, terá casado com Zaida, a sua barregã moura, legitimando assim o filho de ambos. Zaida ter-se-ia convertido ao Cristianismo, sendo baptizada com o nome de Isabel, tendo o seu filho adquirido o nome de Sancho (não sabemos como anteriormente se chamaria). Este casamento do imperador não é consensual, entre os historiadores, pois não há forma de o provar. A ter sido celebrado, foi-o de forma muito discreta. No entanto, encontram-se referências a uma “rainha Isabel”, em alguns documentos coevos, e o Professor Abel Estefânio, da Universidade do Porto, refere, num seu artigo na revista Medievalista online, que “é pela autoridade do bispo Paio de Oviedo que somos informados de Zaida que «babtizata Helisabeth fuit vocitata»”.

Do que não há qualquer dúvida é que D. Afonso VI, nos primeiros anos do século XII, decidiu apontar esse seu filho, nascido em 1093, como seu sucessor legítimo, apelidando-o de «infante Sancho». O jovem passou a confirmar os documentos oficiais da corte, em conjunto com sua mãe, a tal «rainha Isabel».

Podemos imaginar o impacto que esta medida causou na corte, nomeadamente em sua filha legítima Urraca e seu genro Raimundo, mas também no casal Henrique-Teresa. Esse impacto foi de tal ordem, que levou os dois genros a esquecerem as suas rivalidades, a fim de firmarem, às escondidas do sogro, um Pacto Sucessório, acontecimento praticamente desconhecido da nossa historiografia, mas onde os dois decidiam como seria dividida a herança do imperador, passando por cima do infante Sancho.

O vendaval durou, porém, apenas meia dúzia de anos. O conde D. Raimundo faleceu, de repente, ainda antes do sogro. E o jovem Sancho, nomeado, com apenas quinze anos, responsável pela defesa de Toledo, acabou por perecer na Batalha de Uclés, a 29 de Maio de 1108, na sequência de um ataque sarraceno.

D. Afonso VI, velho, doente e minado pelo desgosto, morreria apenas cerca de um ano mais tarde. Antes disso, porém, reuniu Cortes em Toledo e anunciou a filha Urraca sua sucessora, ao que aliás se opôs o genro Henrique. Este acontecimento originou o rompimento do conde portucalense com o sogro, que o baniu da corte, considerando-o traidor.

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Urraca I de Leão e Castela - Pintura de 1892/94 por José María Rodríguez de Losada na Prefeitura de Leão, Wikipedia

Como sabemos, também D. Henrique acabou por morrer prematuramente, tornando-se as meias-irmãs Urraca e Teresa as principais protagonistas da História Ibérica durante mais de uma década. Ora, se o infante Sancho tivesse, de facto, sucedido a seu pai, não se teriam verificado as lutas pelo poder entre as duas irmãs, rivalidades que foram fundamentais para a formação do reino português.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 29.05.19

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Adolfo Mesquita Nunes: «Por estas bandas, os mais altos representantes dos vários partidos vão dando a entender que a lei e os princípios de direito só servem para ajudar os mais próximos e não para proteger o indivíduo.»

 

Coutinho Ribeiro: «Leio que o país está em polvorosa e eu prognostiquei este tempo - parece que vai piorar -, ávido de tempos novos, dum recomeço com esperança. Lamento - fui apanhado no contratempo, que me dispersa, enquanto vou escrevendo por aí.»

 

Cristina Ferreira de Almeida: «Não defendo que as decisões judiciais devam ter por base os sentimentos populares sobre cada caso - até porque, ao contrário do que acontece no futebol, não temos um vídeo que esclareça a justeza de cada acordão. Mas acho que a Justiça não pode viver isolada de um compromisso: o dos valores sociais que entendemos serem comuns.»

 

Jorge Assunção: «Ana Gomes pede que "topem quem figura neste quadro de horrores das candidaturas ao PE, que o PSE acaba de divulgar". Ora, no quadro de horrores surge Monica Macovei, romena conhecida por lutar contra a corrupção no seu país e não só.»

 

Paulo Gorjão: «A coerência não é, não foi, não será, uma característica dominante na política portuguesa. Nada a fazer.»

 

Eu: «Tentei ler o programa eleitoral do Partido Nacional Renovador para estas europeias. Tentei, mas não consegui: se tem programa, o PNR esconde-o dos eleitores. Resta um apelo do seu líder, José Pinto-Coelho, para que "cada nacionalista" não deixe de votar no partido a 7 de Junho. Não sou nacionalista: a retumbante proclamação do gauleiter luso não se dirige a pessoas como eu. Mesmo assim, parece-me demasiado minimalista este apelo para se votar num programa que fica por divulgar. Como se cada eleitor fosse cego e surdo - e o partido o seu cão-guia.»

Comemorar o 28 de Maio

jpt, 29.05.19

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A notícia é de 28 de Maio ("curiosa data", se glosando Mota Amaral): "Divulgar informação sobre grandes devedores ameaça a estabilidade, avisa o Banco de Portugal", uma veemente defesa dessa verdadeira "evolução na continuidade" feita pelo organismo dirigido por um indivíduo tendente à amnésia. Nesse mesmo dia se soube que o Banco de Portugal "calcula em 23,8 mil milhões de euros os fundos públicos injetados na banca nos últimos 12 anos. Falta recuperar cerca de 80%.". E ainda no vigoroso 28 de Maio, a GNR sai para a estrada para penhorar os carros aos micro-devedores fiscais.

Entretanto, durante a referida data, imensos portugueses se afadigam celebrando a "vitória da esquerda" e, acima de tudo, "a derrota da direita", esta um magma neoliberal ao serviço do capitalismo desumano. Outros, e bastantes, dissertam ainda sobre as causas da "abstenção eleitoral", especulando, implícita ou explicitamente, sobre o quanto esta influenciou a "derrota da (pérfida) direita" e/ou apoucou a "vitória da (bondosa) esquerda".

Que dizer de tudo isto, desta gente festiva? Só "Ah, Ah, Ah", para citar José Berardo, o apaniguado de José Sócrates.

O cobrador do fraque

João Sousa, 28.05.19

Instantes em sépia com capa de muitas cores (7)

Maria Dulce Fernandes, 28.05.19

Mescalina 

 

Embarquei no Karaboudjan numa tarde cinzenta de Junho. Quis fugir aos arraiais, ao cheiro a peixe assado à folia e aos autos de fé que emergiam das brasas de cada fogueira, ao som da excomunhão pimba, esganiçada na voz de um qualquer debochado animador de 5ª categoria. Que local melhor para enterrar recordações do que a bordo dum pesqueiro enredado em mistério e vício, onde caras lúgubres desapareciam em cada canto de cada sombra, como enguias negras viscosas e escorregadias, deixando no ar promessas de aventuras ilícitas, tórridas e tão sujas como o chão do passadiço, que fedia ao negrume duma noite que se anunciava breve. 

Não gosto de barcos. São prisões flutuantes repletas de enjoo e perversão, onde gritos e gemidos se confundem com o marulhar das ondas que fustigam incessantes de bombordo a estibordo, entontecendo, agoniando, golfando espuma e vinagre sob aquele odor permanente a mofo e sal. 

Dois dias sem largar a enxerga, sem noção da irrealidade que se dependurava da parede numa lâmpada fraca e suja, sem conter sustento nem reconhecer hálitos nas faces desfocadas que iam e vinham. 

Ao terceiro dia avistámos a ilha Kirrin, encimada pelo triste e pequeno castelo em ruínas. Atracámos e vi-os olharem-me, fixos e vazios na escarpa mais alta. Contei-os. Eram cinco. A sua presença sobrepunha-se a todos e a tudo ao seu redor, enormes e assustadores gigantes de pedra. Estavam dois meses, quase três atrasados: a Páscoa fora em Abril. 

Uma velha escura e enrugada de mãos postas e ancas bamboleantes, pôs-me um Katak ao pescoço e ofereceu-me um galo preto e um Cohiba, enquanto subíamos pelo trilho dos druidas, vereda estreita e frondosa, pontuada  com dolmens do tamanho de casas em que o musgo criara cabelo dançante à passagem das almas e onde por debaixo dos nossos pés se movimentavam exoesqueletos maiores do que punhos fechados. 

Sob a sombra dum salgueiro ululante, serviram-me um gumbo de peixe quase em papa numa marmita amolgada que fedia a ranço e amarelo, acompanhado duma zurrapa alcoólica com sabor a cacto e a miragem. 

Do promontório, o azul do mar era uma bênção. Lembrei-me das Célticas e de Puck, e deixei-me chorar as tristezas que correram pelo glaciar do fiorde maior e se transformaram imediatamente num gelo cinzento, tão cinzento como os meus dias. 

O Delta via-se já ao longe, por entre a folhagem e o serpentear do rio. A chaminé fumegava e a grande roda girava, ruidosa. Era o Mary, orgulhoso e imponente, rodando as pás em volta do eixo, como a terra no seu periélio após cada solstício!  Espreitei para dentro da manga e vi lá o às de espadas. Apertei o passo, louca de alegria, como se tivesse 7 anos e um brinquedo novo. Estava quase lá. 

Europeias (25)

Pedro Correia, 28.05.19

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O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS ELEITORES

 

Anda por aí um irado clamor contra a «gigantesca abstenção», acompanhado pelas habituais ladainhas que recomendam a punição contra «os portugueses», que são incapazes de cumprirem elementares «deveres cívicos». Acontece que, como há muito venho escrevendo, os índices oficiais de abstenção não correspondem à abstenção real. Alguém acredita que um país com 10,3 milhões de residentes tenha 10,7 milhões de eleitores inscritos, mesmo com mais um milhão automaticamente descarregados nos cadernos eleitorais enquanto residentes fora do território nacional?

Esta desproporção de números - que pelas anteriores regras já fixava em 9.696.481 o número de recenseados nas europeias de 2014 - deriva do facto de não haver efectiva limpeza dos cadernos eleitorais, que vão perpetuando nomes de mortos de escrutínio em escrutínio, agigantando assim o número de portugueses em idade adulta. O que parece invalidar a tese do "inverno demográfico". Parece, mas não invalida. Não pode haver cada vez mais "eleitores" quando a população é cada vez mais escassa.

Estamos perante um caso grosseiro de "abstenção técnica", eufemismo utilizado pelos burocratas de turno e pelo jornalismo preguiçoso para justificar o injustificável. Somos poucos a votar, é certo. Mas não tão poucos como se diz.

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