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Delito de Opinião

Joana e os jornalistas

Pedro Correia, 31.01.19

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Que tenha sido uma psicóloga, num espaço televisivo de comentário político, a revelar ao País aquela que foi até agora a notícia mais importante do ano, divulgando a lista dos megadevedores da Caixa Geral de Depósitos, paga com o dinheiro de todos nós, é algo que devia envergonhar toda a classe jornalística. A começar por alguns directores de publicações, que continuam a ser pagos a peso de ouro por empresas tecnicamente falidas.

Nas últimas duas décadas, proliferaram como cogumelos os jornalistas especializados na "área económica". Deviam ter sido estes - ao menos um deles - a difundir aos portugueses a informação que Joana Amaral Dias divulgou, prestando assim um autêntico serviço público. Tal como deviam ter sido eles a alertar em devido tempo para os riscos sistémicos da governação Sócrates, em irresponsável conúbio com o Grupo Espírito Santo, instrumentalizando e depauperando grupos empresariais como a PT e a CGD.

A diferença, neste caso, é que Joana Amaral Dias nunca aceitou férias milionárias na neve, pagas por Ricardo Salgado, que assim - durante anos - foi comprando o silêncio de directores e editores de órgãos "de referência" na comunicação social. Será também ela a revelar-nos um dia a tal misteriosa lista de avençados do Grupo GES que nenhum "jornalista de investigação" até hoje conseguiu trazer a público?

Já li o livro e vi o filme (250)

Pedro Correia, 30.01.19

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BOLA DE SEBO (1880)

Autor: Guy de Maupassant

Realizador: John Ford (1939)

Um dos melhores contos alguma vez escritos, sobre passageiros de uma diligência em fuga na Normandia durante a guerra franco-prussiana, inspirou Cavalgada Heróica, inimitável filme de Ford, com John Wayne à frente do elenco e o cenário transposto para o Oeste americano. Duas obras-primas, cada qual no seu género.

Estátuas dos nossos reis (157)

Pedro Correia, 30.01.19

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thumbnail_UNADJUSTEDNONRAW_thumb_9daf[1].jpg                                                                                   foto do leitor António Cabral

 

D. João V (1706-1750)

 

Autor: Leopoldo Batalha

Ano da inauguração: 1989

Localização: Mafra, na Praça da República, fronteira ao Convento e Palácio Nacional

Barão Negro.

Luís Menezes Leitão, 30.01.19

Se alguém quer aprender a sério a realidade da política basta olhar para a série Barão Negro na RTP2. Está lá tudo: o caciquismo, o tráfico de influências, o desvio de dinheiros públicos, a manipulação, a compra de votos, a traição, a fuga à justiça e até o regresso à política depois da prisão. E especialmente a insistência em políticas erradas. Registo esta lição: “A política é como o jazz. Se te enganas numa nota deves insistir nela e todos pensarão que se trata de uma improvisação a seguir”. É assim que se explica o estado a que chegámos.

Post-it

Fernando Sousa, 29.01.19

O Conselho Superior da Magistratura recusou arquivar o caso do juiz Neto Moura, do Tribunal da Relação do Porto, que em 2017 desvalorizou uma agressão grave praticada pelo marido contra a “mulher adúltera”. Muito bem. Fiquemos agora preocupados por a decisão ter sido tomada por uma diferença de um único voto - oito a favor e sete contra. E receosos ainda por a eventual punição em que o homem incorre poder ficar-se por uma mera repreensão e o correlativo risco de continuação dos actos repreendidos. Neto Moura assinou, com a sua colega Maria Luísa Arantes, um acórdão com considerações tão repugnantes que ainda dão náuseas lembrar. 

Estrelas de cinema (27)

Pedro Correia, 29.01.19

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TIRO E QUEDA

*****

Esteve quase para ser uma mini-série, dada a crescente tendência migratória dos melhores realizadores contemporâneos para os circuitos televisivos. Mas acabou por tornar-se longa-metragem. E este formato faz todo o sentido: estamos perante uma assumida homenagem ao western, género cinematográfico por excelência dos Estados Unidos. Nada estranho aos irmãos Coen, que em 2010 assinaram o assombroso Indomável (True Grit no original), com Jeff Bridges no papel que quatro décadas antes valera a John Wayne o único Óscar da sua carreira para melhor desempenho masculino.

A Balada de Buster Scruggs – prémio para melhor argumento no último Festival de Veneza – é um filme em seis episódios, independentes entre si, tendo apenas como traço de união os ecos mitológicos do velho Oeste onde imperava a lei do mais forte. Mas não se pense que estamos perante uma récita de lugares-comuns: Ethan e Joel Coen pegam no western e dão-lhe a volta com desenvoltura artística cruzando-o com outros géneros, da comédia ao drama, sem esquecer o musical. Beneficiando da colaboração de Bruno Delbonnel, que em 2001 se destacou como director de fotografia desse êxito de crítica e de bilheteira que foi O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Estamos no território eleito da mais célebre dupla contemporânea de cineastas, no auge do seu transbordante talento. Um território onde as fronteiras da imaginação se dilatam, como ocorreu em Fargo (1996) ou Destruir Depois de Ler (2008), abrangendo uma vasta gama de registos, do cru realismo ao mais delirante nonsense. Constituindo, em qualquer dos casos, um tributo explícito à conquista do Oeste, indissociável da idade de ouro do cinema, que a reconfigurou pela mão de gigantes como John Ford, Howard Hawks ou Raoul Walsh.

Seguramente qualquer dos mestres aplaudiria estas histórias – começando pela primeira, que dá nome ao filme, sobre Buster Scruggs, um cowboy cantor (à imagem de um Roy Rogers ou um Gene Autry) «procurado por misantropia», vivo ou morto, cruzando notas musicais com balas do seu colt justiceiro. Ford talvez elegesse a última, rodada no interior de uma diligência, em citação óbvia do seu western seminal Cavalgada Heróica (de 1939), o filme que Orson Welles jurou ter visto pelo menos 40 vezes antes de rodar O Mundo a Seus Pés.

Há aqui de tudo: heroísmo, bravura, depravação, luxúria, cobiça e traição. Como na vida, afinal. Cada espectador terá os seus episódios preferidos: o meu é protagonizado por Tom Waits, na pele de um velho garimpeiro que sonha encontrar pepitas no mais idílico dos cenários, perante um deslumbrante panorama natural. Mas tal beleza é-lhe totalmente indiferente: este solitário caçador de ilusões, de pá e picareta, revolve o solo semana após semana, em busca de uma fortuna idílica que jamais achará.

Como dizia Gary Cooper na última fala de um western antigo, «se a terra fosse coberta de ouro, os homens batiam-se por um punhado de lixo».

 

 

A Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs, 2018). De Ethan Coen e Joel Coen. Com Tim Blake Nelson, Liam Neeson, James Franco, Brendan Gleeson, Zoe Kazan, Tyne Daly, Harry Melling, Tom Waits. Produção norte-americana. Duração: 132 minutos. 

Maldita hemeroteca

Diogo Noivo, 28.01.19

"A maneira como PSD e CDS têm gerido a relação, sempre sensível, com as Forças Armadas, as magistraturas, a diplomacia e as Forças de Segurança combina tentativas ilegítimas de manipulação política e um desprezo ostensivo pelo estatuto e a centralidade destes braços indispensáveis do Estado. Promete-se o que se sabe não poder cumprir; joga-se o jogo perigoso das alianças táticas e circunstanciais, em torno, as mais das vezes, de bandeiras populistas e acenando com promessas de benefícios corporativos; e acaba-se invariavelmente por mentir, adiar, fugir e mentir outra vez."

Augusto Santos Silva, "O desprezo da direita pelo Estado" (4.8.2015)

 

O furto em Tancos, o desinvestimento nas Forças de Segurança, a descoordenação nos incêncios florestais, a guia de marcha a Joana Marques Vidal, os cortes no orçamento da Polícia Judiciária e outros casos de "desprezo ostensivo" são, seguramente, ficção.

Ba e a polícia

jpt, 28.01.19

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Ba disse que a polícia é uma "bosta" (nota: "bosta" é um termo canónico). Muita gente indigna-se, pois Ba é do BE e não deveria dizer isso. Torço o nariz. Não sei se ele tem razão na interpretação do caso que causou as declarações - pelo que se vê nas curtas imagens, feitas pela vizinhança, é um típico caso de "porrada no beco", com os cidadãos a investirem contra os polícias ali convocados para sanarem a situação. E estes a responderem. E daquele pouco que tenho lido de Ba e seus correligionários - alguns deles demagogos com palco usual no jornal "Público" e galões universitários - acho aquele discurso histriónico e sob uma ideologia execrável: são racialistas, e no caso dos académicos a adesão a essa ideologia é uma estratégia de obtenção de recursos, económicos e estatutários. Mas isso são contas de outros rosários.

Ba é um assessor do grupo parlamentar do BE. É um emprego. Presume-se que o exerça devido a que o BE nele tenha confiança política. Mas não representa a coligação estalinista-maoísta. É empregado. Não é autarca, não é deputado, não é membro do governo. Se o fosse a crítica às suas declarações teria em conta essas funções de representação (e/ou executivas). Neste caso é "apenas" um cidadão a ter declarações. É conotável com a tal coligação? Sim. Mas qualquer cidadão pode ser conotável com um movimento político. Melhor dizendo, tem o direito de ser conotável com um movimento político. Assim sendo, se o que Ba diz é conotável com o BE e se isso é positivo e negativo é apenas problema do tal BE - raciocínio que não se aplica quando deputados da coligação ecoam essas posições, pois a função de representação tem outras implicações. Mas isso, outra vez, são contas de outros rosários. Há quem resmungue que Ba é dirigente da SOS Racismo e como tal não poderia dizer coisas destas. Mas essa é uma organização da sociedade civil, representa-se a si própria, aos seus membros. As declarações de Ba podem ou não ser prejudiciais para a organização, podem ou não vinculá-la, é problema deles.

Ou seja, pode-se criticar o conteúdo das declarações de Ba, a sua pertinência. Mas nunca pôr em causa a pertinência de as proferir. Esta é algo que deverá ser questionado (não é a pertinência do seu conteúdo, é o acto de as realizar) por aqueles que pertencem à sua organização e pelos seus empregadores. E isto é límpido como água cristalina, como se diz na língua dos imperialistas racistas e dos afro-americanos. O coro de ofendidos, que refutam não o conteúdo mas tê-las ele proferido, é um coro ignaro, desafinado. E hipócrita.

Entretanto o deputado do PSD João Moura manda Ba à "bardamerda" (nota: "bardamerda" é um termo não canónico). Moura é deputado. Não deveria dizer coisas destas, é representante do eleitorado. Ou por outras palavras, não é empregado do PSD (ele se calhar sente-se bem empregado, mas isso é outra coisa), é seu representante. Mas, pior do que citar o antigo Primeiro-Ministro Pinheiro de Azevedo (que utilizou o célebre termo em invectiva impessoal, um desabafo, "vão bardamerda com o fascista", que era o termo de moda que os sindicalistas do PCP contra ele utilizavam), é a patetice de Moura, que vem dizer a posteriori que não utilizou o termo com vontade insultuosa. Patetice pura. E conviria que um deputado não fosse tão pateta. Ou que, pelo menos, não o mostrasse.

Mas as declarações deste João Moura são algo bem pior do que patetice. Pois mostram bem o fascistazeco que habita no pobre deputado - e nos seus apoiantes, que os deve ter, caso contrário não seria parlamentar. Ba afirma que tem sido ameaçado. Há imagens dele a ser confrontado por indivíduos do PNR. Estes não foram violentos, foram incisivos, e quem se expõe em público arrisca este tipo de confronto, pois "quem anda à chuva molha-se". Mas as coisas não são tão simples. Por um lado porque Ba afirma que tem sido ameaçado e, infelizmente, isso é de crer. Em segundo lugar porque este PNR é comandado por um homem (a quem a RTP de serviço público dá espaço de antena por se candidar a chefiar uma claque da bola; a quem um Goucha entrevista longamente para tentar ganhar audiências contra a Cristina) - errata: nos comentários um leitor avisa que o PNR não é comandado, mas apenas integrado por esse indivíduo - que foi preso por cumplicidade num assassinato cometido pelos militantes desse partido, cujo móbil foi exactamente o facto do assassinado ser ... negro. Ou seja, é normal que Ba se preocupe. E é totalmente curial que solicite protecção policial.  A polícia existe para isto, é esse o seu dever numa sociedade liberal, democrática, o de proteger a vida dos cidadãos (já agora, precavendo ressalvas de comentadores "inteligentes", sendo eles naturais ou estrangeiros, residentes ou turistas, "originários" ou selenitas, neo-nazis do PNR ou estalino-maoístas com frescuras new age). Ao apoucar esse direito, ao insultar Ba por solicitar protecção, o deputado Moura mostra assim o quão está longe de compreender o que é o chamado Estado de direito, democrático. É um morcão? É. Mas, acima de tudo, e talvez nem o saiba, talvez seja apenas uma besta, mas é uma besta fascistóide.

Há muitos anos, 30 já, Rushdie publicou "Os Versículos Satânicos" e foi condenado à morte pelo poder iraniano. Isto foi antes da I guerra do Golfo e da expansão do terrorismo do fascismo islâmico. A abjecção por essa via era bem menor na Europa. A esquerda europeia balbuciou um pouco com essa "fatwa", entre a ignorância do que aquilo era e o estupor. Os comunistas gostavam do Irão, porque anti-americano. E aqueles que então eram ainda o embrião desta "nova" esquerda identitarista (os neo-comunistas) também. Estes, tal como hoje, à menor aragem já espirravam referências a Foucault. O qual, no seu desprezo pela democracia, pela razão, pelo ocidente e pelos EUA (apesar de adorar os prazeres de Frisco, onde terá adoecido mortalmente) fora um grande defensor da teocracia homofóbica e falocrata iraniana, sob o lema que perseguiu, o "tudo contra o Ocidente" (excepto, claro, os ares "liberais" de Frisco. E a universidade francesa). Um apreço que se mantém, basta ver como estes identitaristas actuais se indignam mais com um barman dizer que "não tem copos com paneleirices" do que com as penas de morte aos nossos, ateus, ou aos homossexuais, lá pelo Irão foucauldiano ou sítios religioso-politicamente aparentados. Nesse ambiente, de "pacto germano-soviético", de colaboracionismo com o fascismo islâmico, por aversão aos EUA e por ademanes a la Foucault, a tal esquerda europeia algo balbuciou. Entre o tal estupor e o desagrado com a "blasfémia", num "não havia necessidade", a la Diácono Remédios, que Rushdie tivesse sido tão desbragado na sua utilização do corão. 

À direita foi diferente. O escritor fora um crítico do poder tatcheriano. E por isso vieram invectivá-lo por pedir protecção estatal (policial), como se isso fosse paradoxal. O desagrado com o escritor advinha também do repúdio pela "blasfémia", esse refúgio anti-liberdade de expressão que o modelo de "secularização" anglófono (génese do multiculturalismo que depois grassou) carrega, isso de que temos de respeitar as religiões (o que é completamente diferente de respeitar a liberdade de culto). Enfim, devido ao seu repúdio pelo direito à blasfémia e com a oposição a Tatcher, a direita anti-Estado de Direito britânica invectivou escritor e sua necessidade de protecção. Depois, com o tempo e a expansão do terrorismo islâmico, esse repúdio baixou. Rushdie passou a ser pensado (quando ainda o é) como uma das vítimas, e não apenas como um alvo (algo) merecido, devido ao seu "desrespeito".

Ba não é Rushdie, claro. E o PNR e outros feixes de holigões não são o estado iraniano nem as organizações fundamentalistas islâmicas. Mas em termos abstractos as situações são algo similares. Até porque temos em Portugal antecedentes de violência rácica por causas políticas, até mortal. E mesmo que não os tivéssemos. Como tal Ba tem não só o direito inquestionável de pedir protecção policial, independentemente do que pensa sobre a acção policial. Tem também o dever, cívico, de se proteger. Incompreender isto é incompreender a democracia. 

Que um deputado não o perceba, que mande Ba à merda por isto, é inaceitável, e mostra o miserável intelecto que tem, e a sua visceral aversão à democracia. E o PSD deveria perceber o que o Pedro Correia aqui deixou, com ironia, isso de que é hora de serrar fileiras. E expurgar-se deste Moura e de holigões similares que por lá andem. Aboletados, em busca de empregos estatais ou comissões.

Sem catecismos nem sermões

Pedro Correia, 28.01.19

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O título desta série da NBC é um achado: This is Us. Porque associa o pronome colectivo à sigla que costuma definir os Estados Unidos. Pondo em foco, numa família de classe média, o complexo mosaico social da América contemporânea - que não cabe em etiquetas nem estribilhos. Sem clichês, sem caricatura, com personagens que retratam gente de carne e osso. Gente que, à sua escala, incorporou o "sonho americano" e acredita numa sociedade em que o mérito e o esforço valem mais do que o berço ou o estigma.

É difícil catalogar This is Us: tem condimentos de tragédia e de comédia e de melodrama, tudo em doses moderadas, para não desvirtuar o efeito de verosimilhança pretendido. A acção inicia-se em 1980, numa maternidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, quando nascem três bebés prematuros ao casal Rebecca e Jack Pearson. Um dos gémeos não sobrevive, levando Jack a adoptar outro recém-nascido, sem pais identificados, deixado à porta de um quartel de bombeiros. Esta criança tem a pele mais escura do que os seus filhos de sangue, o que não o dissuade de dar tal passo.

Os Pearson – que vamos conhecendo em registos cronológicos alternados, anteriores e posteriores à trágica morte de Jack - formam um clã familiar atípico, imune ao veneno do racismo no país que em 2016 elegeu Donald Trump como sucessor de Barack Obama na Casa Branca. De algum modo é também de política que nos fala esta série, que pelo segundo ano consecutivo acaba de receber o prémio para melhor elenco distribuído pelo Sindicato dos Actores de Hollywood.

Sem catecismos nem sermões - o que contribui para o seu peculiar fascínio.

 

This is Us, terceira temporada – iniciada em Outubro. Com Milo Ventimiglia, Mandy Moore, Sterling K. Brown, Chrissy Metz, Justin Hartley. No canal Fox Life. Cada temporada tem 18 episódios.

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