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Delito de Opinião

Portugal no Mundial (fim).

Luís Menezes Leitão, 30.06.18

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Resultado óbvio. A defesa de Portugal era um buraco e o meio-campo não existia. No primeiro jogo Cristiano Ronaldo levou a equipa às costas, mas nos jogos restantes os adversários garantiram que isso não voltaria a acontecer. No Mundial, mais do que os valores individuais, são as equipas que fazem a diferença. E o Uruguai já tinha demonstrado que possui uma equipa a sério. Hoje limitou-se a confirmá-lo.

Abaixo de tudo

jpt, 30.06.18

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Uma fotografia destas dá pano para mangas? um texto a la semiologia, sobre a reapropriação simbólica? uma invectiva comparativa (Paulo Portas de punho erguido a debitar o FMI do Zé Mário Branco)? uma crónica de café sobre o como os portugueses "inscrevem", qual José Gil? Um peludo e carnal palavrão, como se em blog individual? Ou um postal de facebook, como o bloguista jpt: 

"Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? (...) Não sentimos o cheiro da putrefacção divina? (...) Com que água nos poderíamos lavar?" (...) Que ritos expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar?", retirei de um livro de auto-ajuda, julgo que de Pedro Chagas Freitas (tenho a minha nota de leitura referência incompleta, não posso agora afiançar). Sim, sei que milhares pulam ali. E trauteiam. Ainda assim? Não, é mesmo por isso mesmo. Esta merda (sim, os Xutos. E o resto ...) está mesmo morta. Está é mesmo mal enterrada.

Mas não, uma foto destas não é pano para mangas. É um rolo de papel higiénico. Imundo, usado.

 

Adenda: os meus CDs dos Xutos acabam de ir pela conduta do lixo abaixo. Aqui no Delito de Opinião deixei um textito em homenagem ao Zé Pedro, no 1 de Dezembro de 2017, aquando da sua morte. Apaguei-o agora.

Por estes rios acima (4)

Pedro Correia, 30.06.18

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RIO ARDA

 

Nascente: Cruz das Eiras, Arouca

Foz: Rio Douro, em Pedorido, concelho de Castelo de Paiva

Afluentes: Rio Urtigosa

Extensão: cerca de 30 km

 

«Se à nossa esquerda chama a atenção o Parque Eólico que vai até à Serra da Boneca, o deslumbre, pese embora alguma névoa instalada, é do lado direito, na margem esquerda do Douro, bem lá no alto, o saudoso miradouro contíguo à Ermida do Monte de S. Domingos da Serra. Quantas vezes subimos aquela rude escarpa, começando pelos caminhos das Minas do Pejão, próximo da foz do Rio Arda!»

 

Do blogue Passeios da Caramulinha

 

Por estes rios acima (3)

Pedro Correia, 29.06.18

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RIO ARADE

 

Nascente: Serra do Caldeirão

Foz: Oceano Atlântico, em Portimão

Afluentes: Ribeiras do Arade, Boina, Odelouca

Extensão: cerca de 75 km

 

«A minha primeira ideia do Arade era a do rio que desaguava nas pedras, lá para a ponta da areia na Praia da Rocha. Ali em frente de Ferragudo, terra de lamas, de fábricas e de um convento secreto.

Mais tarde comecei a perceber que o rio Arade não nascia ali, ao pé da minha casa. Vinha de longe, provavelmente de muito longe, pois de vez em quando trazia as laranjas de uma terra distante, que eu não conhecia, mas saboreava, depois de as limpar da terra argilosa que deixava esculturas de barro nos dedos.

Comecei a perceber que aquele rio pardacento que refrescava o meu corpo nos verões de Portimão vinha das serranias abruptas do Algarve, mas deveria ser adocicado por culturas tão antigas quanto belas nalguma cidade da moirama.»

Helder Faustino Raimundo, Barlavento

Ética republicana.

Luís Menezes Leitão, 29.06.18

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Um exemplo típico da ética republicana é este parecer do parlamento, a dizer que os deputados podem declarar a morada que quiserem para efeitos de receber subsídio de deslocação, que ninguém se vai dar ao trabalho de os fiscalizar. Não me espantaria que a esmagadora maioria dos deputados passasse de repente, em consequência deste parecer, a residir na Ilha do Corvo. O que o país sabe hoje sobre os nossos políticos é apenas isto: que não há limites para a sua falta de vergonha.

A Derrota dos Porcos

Rui Rocha, 28.06.18

Era uma vez três porquinhos que moravam na Brandoa. Cresceram e decidiram ir viver para Lisboa. A mãe avisou: cuidado, é lá que vive o especulador mau e não vou poder proteger-vos da gentrificação. Ainda assim, foram. O mais novo arrendou uma assoalhada na Graça. O do meio comprou um prédio em Alfama. E o mais velho uma casinha para restaurar no Largo do Rato, junto ao bar do filho do Dr. Costa. O porquinho mais novo só pensava em brincar. Fez um arrendamento de curto prazo. O do meio pediu um empréstimo avultado. Construiu um anexo onde passou a morar e dedicou o edifício principal ao Alojamento Local. Tornou-se um porco capitalista. O mais velho lembrou-se dos conselhos da mãe. Poupou e reconstruiu com modéstia e tijolo. Só foi brincar depois de terminar a obra. Um dia, quando estavam os três a saltar e a fazer as coisas que os porquinhos fazem para se divertirem, apareceu o especulador mau. Os especuladores maus têm dentes afiados e parecem lobos. Mas são ainda mais ferozes. Às vezes, até andam de Uber. Vendo-o, os porquinhos fugiram, cada um para sua casa. O especulador perseguiu o mais novo: sai daí que vou… Ya, mitra, já sei a tua cena, interrompeu o porquinho. Vais soprar e deitar a palhota abaixo e o caraças. Só que a palhota não é de palha, tás a ver. É mesmo uma casa, tás a ver. “Palhota” é calão urbano, tás a ver. Mas não é mesmo de palha à séria. É como a Eurovisão, tás a ver. É “Euro”, mas a Austrália participa e tá-se bem. É como o Dr. Costa dizer no Congresso que o PS esteve na 1ª linha do combate à corrupção. Só que não, tás a ver. Quando o porquinho acabou, o especulador riu-se e explicou que, agora, só soprava nos casos difíceis. Normalmente, bastava denunciar o contrato de arrendamento. E o especulador denunciou o contrato de arrendamento com tanta força que o porquinho teve de fugir para o anexo do irmão do meio. O especulador não desistiu e continuou a rondar, ameaçador. Preocupado, o Estado decidiu intervir. Estabeleceu quotas para o Alojamento Local. E regulou-o. E taxou-o. E o porco capitalista faliu. Endividado até aos chispes, entregou a propriedade ao Banco Mau. Os especuladores são todos maus. Os Bancos não. Há os Banco Maus e os Bancos Bons. É como o PS. O PS Mau era o do Eng. Sócrates. Tinha os Drs. Costa, Vieira da Silva, César e Santos Silva. Já o PS Bom tem os Drs. Costa, Vieira da Silva, César e Santos Silva. É muito diferente. O certo é que os dois porquinhos fugiram para a casa do irmão mais velho. O especulador, vendo-os juntos, afiou os dentes. Encheu o peito de ar e soprou com força. A casinha não abanou. Aliviados, os irmãos saltaram e fizeram as coisas que os porquinhos fazem quando estão contentes. O especulador é que não se deu por vencido. Tinha feito carreira num call-center, daqueles que ligam para fazer inquéritos de satisfação nos momentos mais inconvenientes, e não desistia assim à primeira. Tentou entrar pela chaminé. O porquinho mais velho, esperto, preparou um caldeirão com água a ferver. Quando o especulador desceu, queimou o rabo e ficou ainda mais furioso. In extremis, o porquinho sábio tirou do bolso uma política de protecção de dados e exibiu-a. Foi como se tivessem mostrado ao Diabo uma cruz. Em pânico, o especulador fugiu no primeiro tuk-tuk que apareceu. Os dois porquinhos mais novos agradeceram ao irmão e aprenderam uma grande lição: a protecção de dados é eficaz na relação entre privados. Estranhamente, não se aplica ao Estado. Os anos passaram e os porquinhos envelheceram. Cansados, decidiram vender a casinha e receberam muitas propostas interessantes. Mas o Dr. Costa bateu-lhes à porta. Que estava interessado, que o xôr porquinho podia vender-lhe, que aquela casinha era o sonho da filha, que assim ficava perto do bar do irmão, que era uma questão de solidariedade, que podia pagar poucochinho. E o porquinho mais velho, um coraçãozinho de banha derretida, vendeu barato. Os três porquinhos, tão velhinhos, pegaram na trouxa e regressaram à Brandoa, onde viveram infelizes para sempre. Já o Dr. Costa, ao fim de dez meses, vendeu a casinha pelo dobro do preço. No Europeu, foi o Éder que prejudicou os franceses. Já os porquinhos, não foi o especulador mau, foi o Dr. Costa que os comeu.

 

* artigo originalmente publicado na edição de Junho do Dia 15.

Um travão contra o populismo

Pedro Correia, 28.06.18

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 Joana Marques Vidal com a ministra da Justiça, Francisca Van Dunen

 

O Governo anda cheio de vontade de afastar a procuradora-geral da República que mais resultados obteve no combate ao chamado crime de colarinho branco desde o 25 de Abril. A tal ponto que logo no início do ano a ministra da Justiça, certamente com conhecimento e autorização de António Costa, se apressou a mostrar-lhe a porta de saída - ainda por cima cometendo a deselegância de o fazer numa entrevista a um órgão de informação, a TSF.

Joana Marques Vidal respondeu não com palavras mas com resultados. Que estão à vista de todos. Ontem, por exemplo, com a chamada Operação Tutti Frutti, que investiga adjudicações superiores a um milhão de euros a militantes do PSD por parte de juntas de freguesia de Lisboa que estão ou estiveram controladas por este partido. Uma investigação que também abrange o PS - a tal ponto que os gabinetes dos vereadores Duarte Cordeiro, Manuel Salgado e do próprio presidente da Câmara, Fernando Medina, também estão na mira da Judiciária.

O combate às práticas criminosas na política é decisivo para travar os movimentos populistas anti-sistema que proliferam pela Europa e não tardarão a chegar aqui. Porque nada como a corrupção mina tanto a credibilidade das instituições políticas. Mais um motivo para o Presidente da República reconfirmar Joana Marques Vidal no final do Verão, quando o mandato dela se abeirar do fim. Convém lembrar que neste processo de recondução ou exoneração da procuradora-geral da República a palavra decisiva será sempre a do Chefe do Estado - como, de resto, estipula a Constituição portuguesa.

Os estados de alma do Governo importam pouco.

PSL.

Luís Menezes Leitão, 28.06.18

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Não tenho paciência nenhuma para as fitas de Santana Lopes. O seu governo foi um desastre para o PSD, que atirou para uma derrota história, permitindo a maioria absoluta do PS de Sócrates, que depois conduziu o país à bancarrota. Agora também teve grandes responsabilidades na derrota autárquica, fazendo o partido hesitar meses na candidatura a Lisboa, a que depois renunciou devido ao compromisso com a Santa Casa. Esse compromisso naturalmente desapareceu logo para se candidatar à liderança do PSD contra Rui Rio, onde até teve uma votação razoável, podendo ser o rosto da oposição no partido. Mas a oposição a Rui Rio também desapareceu logo no dia inaugural do Congresso, quando entraram os dois de braço dado, fazendo uma lista única. Pouco tempo depois, rompe outra vez com Rui Rio, mas no PSD já ninguém lhe ligou nenhuma. Agora anuncia um novo partido, o que também já anda a anunciar desde 1996, o célebre Partido Social Liberal, com a sigla PSL. Só o nome do partido já mostra a contradição em que Santana Lopes vive desde sempre, sendo o seu projecto político apenas o seu próprio ego. Que forme o novo partido, que rompa com ele, que forme outro ainda, e que volte a formar outro mais uma vez. A mim preocupa-me mais o combate político contra este governo.

Podia ser pior

João Pedro Pimenta, 28.06.18
Claro que com a surpreendente eliminação da Alemanha na Rússia sobreveio a esperada vaga de piadas com referências à 2ª Guerra. Mas não é catastrófico: apesar de tudo caiu em Kazan, muito a leste de Moscovo. Já é um progresso.

E podia ser ainda pior: olhem se tivesse perdido em Volgogrado/Estalinegrado ou em Kaliningrado/Koenisgberg, berço da Prússia. As piadas tinham logo o dobro do sentido. Citando uma dessas piadas correntes, já é não é a primeira vez que a Alemanha vai à Rússia mal preparada.

Por estes rios acima (1)

Pedro Correia, 27.06.18

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RIO ÁGUEDA

 

Nascente: Serra do Caramulo, concelho de Tondela

Foz: Rio Vouga, em Requeixo, concelho de Aveiro

Afluentes: Rios Cértima, Alfusqueiro, Agadão

Extensão: cerca de 60 km

 

«(...) só depois é que me explicaram que aquele não era o Rio Águeda da minha querida terra, ainda fiquei desconfiado, mas lá acabei por perceber que aquele era outro Rio Águeda lá do norte, fosse como fosse, Águeda de Baixo ou Águeda de Cima (...)»

Manuel Alegre, Rafael

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