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Porto, 2018. (Sim, continuo a gostar de batráquios.)
«Fui (sou...) leitora do Pedro Rolo Duarte, o que me levou a criar com ele uma empatia, pelo seu jeito de ver o mundo, pela filosofia meio lúdica, meio blasé com que ele revestia o seu quotidiano, que queria simples e verdadeiro, despojado do entulho tóxico das diversas concessões aos poderes fácticos. Não o conhecendo pessoalmente, era essa a imagem que fui construindo dele, e que me agradava.
Agradava-me a emoção com que falava daquilo que verdadeiramente lhe importava e que eram os seus temas recorrentes: a família, os amigos, o jornalismo, o entusiasmo pela natureza - o Verão, o Alentejo, o mar, a praia, o prazer de criar e usufruir momentos gourmets, na companhia de amigos. Agradava-me a maneira assumida, nem um pouco cínica, de se posicionar no que ele considerava ser o lado certo da vida, e de respeitar as suas convicções com transparência e sempre com elegância.
Pela descrição que o Pedro Correia fez do lançamento póstumo do seu livro, que bom que os muitos amigos o recordaram e prestigiaram. Também ouvi o filho, António, de quem o pai tanto se orgulhava, e sim, acho que com muita razão para isso. Saudades da sua voz!»
Da nossa leitora Fátima MP. A propósito deste meu texto.
Chega agora a notícia de que o Diário de Notícias vai passar a semanário (importam-se de repetir?) mantendo apenas uma edição digital. Não é nada que me espante. Já assisti à sucessiva queda de jornais de referência, como a República, O Século, o Diário de Lisboa, o Diário Popular e até mesmo a títulos que marcaram uma época, como O Independente. O caso do Diário de Notícias era, porém, especial pois era um jornal com uma aceitação generalizada e uma enorme audiência. Lembro-me perfeitamente de ter sido o jornal que chegou a nossa casa a noticiar em primeira mão o 25 de Abril, tendo mesmo contactado o General Spínola, que não tinha achado oportuno dizer nada. O Diário de Notícias estava sempre na linha da frente das notícias, tendo sido o único jornal da manhã que noticiou a acção militar.
O Diário de Notícias era, porém, muito permeável ao poder político e os militares quiseram logo avançar para o seu controlo, sob a liderança de José Saramago, que não hesitou em demitir os principais jornalistas e transformar o jornal num pasquim de apoio a Vasco Gonçalves. Mas o Diário de Notícias rapidamente recuperaria desses tristes tempos, para agrado dos seus leitores. Nessa época o Diário de Notícias era um jornal enorme, tendo que ser dobrado e estendido no chão para o podermos ler. Mas nunca o deixávamos de fazer, seguindo avidamente as notícias que diariamente surgiam, sendo que a sua credibilidade o tornava um jornal de referência.
Esses tempos passaram e o jornal foi-se reduzindo, não apenas em formato, mas também em referência e credibilidade. Nos últimos tempos transformou-se num jornal especialista em fazer fretes ao partido socialista, tendo ficado célebre aquela primeira página a negro, em que revelou correspondência particular relativa a fontes de outro jornal. Desde então nunca mais comprei o Diário de Notícias, pois não tenho paciência para adquirir um jornal que se transformou numa sombra do que era. Agora pelos vistos vão dar cabo dele de vez. As instituições não são eternas e a história é implacável. Mas é pena que o Diário de Notícias tenha sido destruído desta forma por quem devia ter cuidado de uma instituição centenária. Está visto que os jornais também se abatem.
Ana Gomes, ontem, na reunião magna do PS:
«Errámos deixando que o pântano atolasse o País.»
«Não vale a pena varrer para debaixo do tapete o que do passado nos pode enraivecer e envergonhar.»
«Contra a corrupção, tráfico de influências, portas giratórias entre Estado e consultadorias privadas, contra a impunidade, exige-se acção.»
(Só conseguiu falar enquanto decorria a final da Liga dos Campeões)
O Método Japonês para Viver 100 Anos, de Junko Takahashi
Tradução de Ana Plácido
Saúde e bem-estar
(edição Planeta, 2017)
Gosto sempre de visitar este Frasco de Memórias. Sinto-me bem por lá. Pela escrita serena e elegante, sem consoantes mutiladas. Pelo tom da prosa. Pelo grafismo depurado. Pela diversidade de temas. Pela atenção que lhe merece a boa literatura.
É o nosso blogue da semana.
O Sporting é um clube impróprio para cardíacos.
Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana
«O que achou do discurso de António Costa?» Esta é a pergunta que alguns repórteres, em representação de mais do que um canal de TV, fazem nos bastidores do congresso socialista na Batalha aos principais colaboradores do secretário-geral do PS, tanto no partido como no Governo.
Vida de jornalista, de facto, anda difícil por estes dias.
João Oliveira, líder parlamentar do PCP, no debate em São Bento sobre a eutanásia
Flauta de Luz, n.º 5
Edição e coordenação de Júlio Henriques
Revista literária
(edição Antígona, 2018)
O PS pode andar muito afinado sob a batuta de António Costa. Mas vendo a sessão de abertura do congresso do partido, na Batalha, ninguém diria: duas moçoilas e um mancebo em palco entoam a Grândola, Vila Morena com arrepiante embora convicta desafinação.
Perdoa-lhes, Zeca: el@s não sabem como cantam. Mas no peito dos desafinados também bate um coração.
Não sou sportinguista e assisto à crise dos leões com um misto de precupação e Schadenfreude. Schadenfreude porque como benfiquista é-me difícil não o fazer, mesmo sabendo que é de mau gosto. Mais importante no entanto é a precupação com uma instituição centenária e fundamental ao desporto português e, sim, também ao Benfica.
Nesta outra casa do Pedro e outros autores do Delito de Opinião, muitos posts se têm escrito sobre a crise. Vale a pena ir lendo se se tiver tempo. Há no entanto um autor que eu não costumo ler mas que, para mim, tem sido um exemplo nos últimos tempos.
O Pedro Azevedo tem aproveitado este período para apresentar as suas ideias para o Sporting, numa série de posts com o título "Há vida para além do défice". Estes posts são um exemplo, não apenas para um Sporting que vive muito de um momento cujo alfa e ómega da discussão é "Bruno de Carvalho fora!", mas para toda a sociedade portuguesa, que vive em estados de sebastianismos permanentes, sempre à espera que alguém apresente uma solução para os seus problemas, idealmente sem que tenham que fazer seja o que for.
Seria bom que mais pessoas fizessem o mesmo: apresentassem as suas ideias para os problemas dos quais se queixam. Não precisam de ser soluções perfeitas. Muitas vezes apenas alguns conceitos, por imperfeitos que sejam, servem de excelente ponto de partida para uma discussão construtiva. No caso do Sporting, era óptimo que mais pessoas pegassem nesta discussão e a levassem mais além. O Pedro Azevedo tem dado o seu contributo, espero que alguém pegue nele.
Até porque Schadenfreude é uma coisa muito feia...
O PS, reunido a partir de hoje em congresso na Batalha (António Costa nunca descura os pormenores), deixará de contar com João Galamba nas funções de porta-voz - ou de trombeteiro, como se diz em linguagem popular.
Ainda mal refeito do choque, não consigo imaginar como conseguirá resistir o partido a tão grande perda.
BRUNO DE CARVALHO
SIC Notícias, 3 de Dezembro de 2012
Forças israelitas mataram cerca de 60 palestinianos alegadamente desarmados e o tonitruante coro de protestos não se fez esperar. Nem a representante de Israel na Eurovisão escapou à ira, tendo sido alvo de um boicote tão patético como ineficaz. Ontem, ficou demonstrado que a Rússia abateu um voo comercial malásio matando 298 passageiros - gente, de facto, desarmada. Ninguém saiu à rua. As redes sociais estão serenas e não há pedidos de boicote. Martins, Mortáguas e afins devem, certamente e apesar da chuva, ter entrado em fase estival.
Não Respire, de Pedro Rolo Duarte
Prefácio de João Gobern
Memórias póstumas
"O autor escreve de acordo com a antiga ortografia"